Mudanças No Internato (Em Hiatus) escrita por DezzaRc


Capítulo 10
Chá gelado na beira da piscina


Notas iniciais do capítulo

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Segurei minhas lágrimas durante todo o caminho e agradeci aos céus por encontrar meu dormitório vazio. Rosalie tinha se reunido com as garotas na biblioteca para adiantar algum trabalho e não voltaria antes do jantar. Assim que fechei a porta do quarto, deslizei pela madeira branca e chorei. Chorei muito. Pela raiva que sentia. Pela dor da humilhação. Por ter me iludido. Por estar aqui. Por tantos segredos... Por tudo.

Eu devia imaginar que pessoas tão importantes socialmente não iriam querer papo com a sem graça da Swan. Mas eu não esperava um golpe tão sujo e baixo como esse. Ainda mais vindo de uma pessoa que parecia ser doce e compreensível. Tudo não passara de um plano para me colocar em meu lugar.

Alice tinha razão. Eu não fazia parte do passado do internato, aqueles segredos não me pertenciam. Porém, eu era um ser humano normal, e assim como todos, tinha curiosidade em saber das coisas. Além do mais, minhas amigas estavam envolvidas nisso. Eu precisava conhecer de verdade quem estava andando comigo, para evitar futuras tragédias.

Alice Cullen me reduzira a um lixo. Ela podia ter suas razões, e eu tinha quase certeza que estavam relacionadas ao passado de sua família, mas não precisava ter me julgado daquele jeito. O melhor para se fazer agora seria evitá-los ao máximo, ou estaria estampada na matéria principal do ICnews: “Os Cullen abandonaram seu cachorrinho, quem quer adotá-la?”. Daria um ótimo título.

Tratei logo de parar com o drama e fui tomar um banho. Para todos os efeitos, o trabalho tinha ocorrido perfeitamente bem, mas que não passara de um trabalho. Minhas amigas não iam saber de nada, pois isso implicaria ter que rever palavras passadas, quando tudo o que eu queria era esquecê-las.

Os dias seguiram tortuosamente lentos. Minhas amigas não se conformavam com minha desculpa esfarrapada sobre à tarde com Alice na semana passada, e o comportamento dos Cullen comigo nessa semana entregou muita coisa. Eles simplesmente nem me olhavam mais. Depois daquele dia não vi Edward e Emmett; pelo que parecia, as coisas estavam corridas na faculdade para eles, e só retornariam ao internato amanhã, para a educação física à tarde. Já os Cullen novos estavam sendo eles mesmos, isto é, ignorando a população estudantil ao seu redor e preso em suas calorosas conversas que roubavam risos de todos eles.

Ainda assim, eu não conseguia odiá-los.

Não mentirei, fiquei bem triste — e humilhada — pelo que Alice fez comigo, ela parecia tão legal quanto seus irmãos mais velhos. Mas algo me dizia que havia sim uma história por trás de seu comportamento amargo, e tudo que ela fez foi defender sua cria. Isso só me instigava mais a querer saber o passado dessa escola, e nenhum papo de que eu não estava inclusa iria mudar minha opinião.

As meninas contaram algumas coisas sobre os Cullen. Edward, Emmett e Alice eram irmãos, já Jasper e Jacob eram apenas amigos das famílias. Segundo Rosalie, as mães dos dois garotos eram muito amigas da Sra. Cullen, e seus filhos cresceram juntos, o que os tornavam quase da mesma família, tanto é que as pessoas os referiam como Cullen, mesmo Jasper sendo um Whitlock e Jacob um Black. Alice se tornou namorada do Jasper muito cedo; aos treze anos começaram o namoro e suas mães botavam gosto no relacionamento, tanto é que havia rumores de que eles se casariam depois do ensino médio. Era uma linda história de amizade a deles.

Finalmente as aulas terminaram e nos recolhemos para os nossos dormitórios. Lauren, Nessie e Jessica preferiram ir diretamente para seus quartos, nos encontraríamos mais tarde no jantar. Rosalie e eu entramos no nosso, e assim que joguei minha mochila sobre a cama, ela parou em minha frente, com as mãos na cintura, fitando-me séria.

— O que foi? — perguntei, enquanto tirava a presilha que prendia duas mechas do meu cabelo juntas atrás.

— Você sabe muito bem o que foi, Isabella Swan, só quem não sabe somos nós — disparou, referindo-se claramente a ela e as meninas.

Engoli em seco.

— Não sei do que está falando — desconversei, passando a mão nos meus fios amassados para que eles se endireitassem.

— Sobre sua tarde com Alice, você sabe muito bem. O que houve, Bella? Não adianta mentir dizendo que não foi nada, notamos como os Cullen estão tratando você.

Contornei-a, indo em direção ao banheiro para retirar a maquiagem e ela me seguiu.

— Eles estão me tratando como sempre me trataram, Rosalie, os Cullen mais novos nunca falaram comigo.

— Eu sei que não! Mas eles te mandavam olhares constantemente, principalmente Alice, e não venha me dizer que não sabia, porque eu via tudo. — Fechei a boca quando ia argumentar sobre isso. — E os Cullen mais velhos? Eles sumiram! Isso tem a ver com você.

Olhei-a, incrédula.

— Eu, Rosalie? — bufei. — Francamente!

— Todos eles estão te ignorando e evitando!

— Não foi sobre isso que queria me contar dos Cullen mais novos naquela noite que foi me chamar quando eu estava conversando com Edward no jardim? Você escutou claramente Jacob Black dizendo que não haveria mais espaço na família Cullen.

— Sim, eu sei bem o que escutei — ela rebateu com raiva —, e escutei melhor ainda quando Emmett disse que haveria sim espaço, pois um dia um dos três namorariam alguém de fora.

— Não sei com quem eu iria namorar, e nem quero isso! Os Cullen apenas devem ter notado que não estou apta para aumentar sua família — soltei, e logo me arrependi do que disse, pois Rosalie me olhou desconfiada.

— Então é isso... — ela murmurou lentamente, e pela sua expressão, um quebra-cabeça estava sendo montado em sua mente. — Alice Cullen disse algo a você naquela tarde, não foi? — ela disparou, virando-me pelo ombro e fitando-me cara a cara, ao invés do espelho. — Alice disse que você não era boa o suficiente para entrar na família dela, isso explica seus olhos vermelhos e o nariz inchado naquele dia. — Abri a boca novamente, mas ela me interrompeu: — E não venha me dizer que não estava chorando, eu percebi! Eles te ignoraram depois do teste que fizeram com você, o que não passou. Oh, Bella...

Debati-me em seus braços e empurrei-a pelo ombro.

— Eu não sou um ratinho de laboratório para passar em testes, Rosalie!

— Não foi isso que eu quis dizer, amiga — ela tentou se explicar, mas só piorava as coisas —, não era bem esse o termo que eu queria usar. Olha, Bella, vou te contar uma coisa.

Fitei-a, algumas lágrimas já escorrendo por minha face.

— Você não foi à primeira de fato a entrar na seleção dos Cullen. Lauren também já foi convocada três anos atrás.

— Como? — indaguei, surpresa.

— Jacob Black era a fim de Lauren assim que ela entrou no internato.

Minha boca abriu em espanto e ela continuou:

— Ainda não éramos esse grupo inseparável de hoje, mas todos sabiam da vida dos outros aqui dentro, e os Cullen ainda não tinham rompido as relações conosco de fato, mas já existia a reclusão. Lauren tinha acabado de entrar e estava um pouco deslocada, mas não chegava a ser você, ela tinha uma certa fama na escola anterior e era mais extrovertida. Logo conseguiu amizade com algumas garotas, mas era durante as aulas que tudo acontecia. Diferente de você, ela conheceu os Cullen pelo Jacob.

Encostei meu corpo no mármore frio da pia e cruzei os braços, ouvido-a atentamente.

— Lauren costumava sentar perto de Jacob, e apesar de ser o mais afastado da humanidade, por incrível que pareça, puxou conversa com nossa amiga. E então começaram a ser conhecer melhor...

— Jacob namorou Lauren?

— Não! Quase isso. Lauren é minha amiga, mas é óbvio seu gosto por esse mundo luxuoso, e isso é o que os Cullen mais abominam. Ela tinha intenções erradas ao se aproximar deles, conhecia a fama que os seguia pelos corredores e viu como a oportunidade perfeita para entrar naquele grupo. Esse foi o erro da minha amiga. Jacob estava se apaixonando mesmo por ela, e os Cullen mais velhos ainda não tinham conhecimento disso, nessa época ainda não davam as aulas de educação física para nós.

“E então, Alice a convidou. — Ela me olhou profundamente e desviei os olhos. Eu tinha sido mais idiota do que imaginava. — Disse que já tinha descoberto tudo, e que se dependesse dela, Lauren nunca mais voltaria a olhar sua família. Tudo o que aconteceu com você agora é um replay dela”.

— E por que vocês não me contaram antes? Sabiam o tempo todo que os Cullen estavam me testando!

— Bella, apostávamos todas as nossas fichas que você seria uma Cullen, tinha todos os elementos requisitados para ser um deles, e amiga, já está na hora de você desabrochar, seria a oportunidade perfeita para isso. Mas me diga, o que Alice lhe disse exatamente naquele dia?

Fite-a, furiosa.

— Em nenhum momento pensou de verdade em mim, Rosalie! Tudo o que queria era se aproximar do Emmett e levar a Renesmee junto para ficar com o Jacob! Isso não se faz com ninguém! E quer mesmo saber o que Alice me disse naquele dia? Pois bem, eu lhe digo: o único culpado por eu não ter me “tornado uma Cullen” é exatamente de vocês. Se me contassem os segredos desse inferno, eu estaria tomando chá gelado com eles na beira da enorme piscina da mansão Cullen. — Seus olhos se esbugalharam com minhas palavras. — E quer saber de mais uma coisa? Eu estragaria tudo sozinha no final, porque eu nunca me submeteria a um papel ridículo como esse. Pode até ser lindo o jeito que Alice defende a família, mas escolher amigos por uma seleção idiota é a coisa mais soberba que escutei em minha vida, é quase como comprá-los!

Joguei rapidamente uma água no meu rosto e enxuguei-o de um modo rude, deixando a pele avermelhada. Rosalie ainda estava estática no lugar, não dizia nada e eu também nem queria mais escutá-la. Passei direto por ela e saí do quarto. Peguei o elevador, e assim que as portas se abriram, as pessoas ali presentes me olharam curiosas. Continuei andando, mas os olhares me seguiam por onde quer que eu fosse. Mais essa agora!

Antes que eu avançasse a terceira ala feminina, um grupinho de garotas que fofocavam animadamente parou de falar, e uma delas me interrompeu:

— Ei, Bella Swan! — Parei e a olhei interrogativamente. — Trocar um Cullen por um Newton é a coisa mais imbecil que eu já vi em toda minha vida! — Suas amigas começaram a rir com suas palavras e minha testa franziu.

— Do que está falando?

— Seu namoro com o Mike Newton, bobinha!

— Na-Na-Namoro? Mas que namoro? — eu quis saber, alarmada.

Ela se virou para as amigas, confusa, e se entreolharam, até que uma ruivinha baixinha andou relutante até mim e me ofereceu seu tablet. Peguei o aparelho em suas mãos e o logo do ICnews logo atraiu minha atenção. Ah, não! Não, não e não! Eu estava novamente estampada naquelas páginas, e uma foto no dia em que o Newton veio pedir minha ajuda no café para ficar com Jessica estava lá. E o pior de tudo era o título daquela matéria: “Pet Swan perde a coleira e contrai pulgas com o primeiro vira-lata que encontra”.

Senti uma pontada no estômago e meus olhos ficaram úmidos. Quem eram os desumanos que escreviam aquelas coisas? Eu não era bichinho de ninguém! Porém, pior que isso, foi à declaração do Newton na matéria, dizendo que tínhamos começado um relacionamento. Um sentimento estranho brotou em meu peito, uma ferveção que aumentou o índice de adrenalina em meu corpo. Devolvi o tablet a ruivinha.

— Eu não estou namorando ninguém! — sibilei, encarando-as, que deram um passo para trás, assustadas.

[...]

Caminhei com passos decididos, circulando o prédio da ala 26 masculina. Sabia que não poderia estar ali agora, mas eu precisava tirar a limpo aquela história com o Mike. Ele não tinha nenhum direito de sair por aí espalhando sobre estarmos juntos, apenas porque era frouxo demais para se declarar logo a Jessica. Esse foi o motivo da confusão, segundo um dos seus amigos, Tyler, que tinha me explicado antes de eu chegar aqui — além de revelar o número do seu quarto.

Não que namorar Mike fosse algo ruim, mas bem, não estou atrás de um namorado. Por que eu simplesmente não poderia apenas viver nesse internato sem estar um dia nos holofotes?

Dobrei mais uma parede, voltando ao passeio principal e estaquei quando meus olhos focaram na silhueta escura um pouco mais à frente, encostado ao lado da parede do pavilhão F, escondido pela falta de iluminação do local. Após o susto inicial, recompus-me e continuei próxima à parede do pavilhão E, tentando reconhecer quem era do outro lado. Se alguém me pegasse ali, eu levaria outra suspensão, e não queria isso de forma alguma. Eu poderia simplesmente sair correndo e me passar por um garoto, mas não sabia se ele estava olhando em minha direção ou fazia algo errado como eu.

Parada em silêncio, pude escutar sons abafados que pareciam ser pequenos estalos que vinham do garoto misterioso. Meus olhos já doíam de tanto que eu os espremia para ver algo, e quando ele deu um passo para trás, notei outra silhueta entre ele e a parede. Então eu não era a única quebradora de regras por aqui... Ao menos que ele seja gay, havia uma menina em sua frente.

Vi quando ele segurou a mão da pessoa e a puxou para que saíssem dali. Preferi permanecer onde estava, eu poderia ameaçá-los caso tentassem me delatar ao diretor, mas, por via das dúvidas, preferi permanecer em anônimo. O garoto vinha na frente, e seu corpo me era familiar. Quando seus pés tocaram no passeio iluminado pelas luzes amarelas, reconheci-o de imediato e segurei a respiração, não fazendo ideia de quem era a garota atrás dele.

Edward Cullen saía das escuras, arrastando uma loira a quem estava dando uns amassos segundos atrás, e essa loira com certeza não era Lenna Jusseffet.

Um Cullen traiu sua namorada.

Não sei porque, mas eu sentia algo estranho em meu estômago, um embrulho ou algo assim. Segui-o com o olhar, vendo-o se virar para entrar no prédio do dormitório, desaparecendo de meu campo de visão em seguida. Fitei a placa dourada presa à parede e li os números que continham: “200f – 240f”. Lembrei-me de quando Rosalie me disse quem dormia ali, os garotos Cullen, no quarto 227f.

Aguardei o barulho dos passos cessarem e saí do meu esconderijo, relutante. Como Edward poderia estar fazendo uma canalhice como aquela? Trair a namorada! Tudo bem que Jusseffet não tinha lá sua cara de fiel, porém, ainda assim, essa não era a atitude de um homem que honra suas calças. Não mesmo.

Cada dia que passava eu me decepcionava mais ainda com essa família.

Tomei cuidado para olhar os dois no prédio, mas a portaria estava vazia. Levantei meu capuz para não ser reconhecida e segui direto, lembrando do meu real propósito ali e tratei de acelerar os passos para não encontrar coisas mais indevidas que aquela.

Entrei no prédio de Mike. Como ele dormia no segundo andar, achei melhor ir pela escada para não esbarrar com alguns garotos, e mesmo assim, vi um ou dois lá fora, mas estavam distraídos demais com uma revista nas mãos. Eu não queria nem imaginar sobre o que poderia ser.

Meus passos emitiam ruídos abafados à medida que eu rumava para o seu quarto, parecia até um aviso prévio de que o perigo estava a caminho. Não que eu fosse ameaça para alguém, mas uma Bella furiosa por outro lado... E era exatamente assim que eu estava nesse momento.

Segundo Tyler, Mike Newton estava sozinho. Bati na porta do seu dormitório e tive o cuidado de sair da frente do olho mágico, para ele não saber quem era. No terceiro toque, escutei a trava de segurança da porta sendo retirada e ela abriu em supetão, revelando um Newton apenas com a calça do seu moletom, revelando seu torso liso e branquelo.

Eu não era perita em gostosuras masculinas, mas aquilo ali... urgh.

Ao me ver, seus olhos arregalaram gradativamente e juro que o vi engolir em seco.

— B-B-B-Bella — gaguejou, ainda segurando a porta. Os nós de seus dedos estavam ficando mais brancos que o normal.

— Mike Newton — pronunciei ironicamente, retorcendo os lábios como se aquilo fosse algo nojento de se dizer. E era.

— O-O-O que f-f-faz aqui?

— Vamos lá, Mike — comecei sem paciência, empurrando-o por aquela barriga sem atrativos, fazendo-o entrar no quarto e me dar passagem. Não estava a fim de fazer um show no corredor e acabar no ICnews mais uma vez. —, pulemos a parte em que você finge não saber o motivo por eu estar aqui, e eu pularei a parte de tentar te entender e ir direto para o soco na sua cara! — terminei de dizer aos gritos e meu pulso foi fechado com tudo contra seu rosto de bebê.

Senti o osso de sua têmpora em contato com os meus dedos, e confesso, doeu um pouquinho, mas nele deveria estar doendo muito mais. Mike desequilibrou-se, não esperando por tal reação de minha parte — nem eu, diga-se de passagem —, e cambaleando, caiu meio inclinado em uma das camas do quarto.

— Agora sim, vamos retornar uma parte — falei calmamente, sentando na cama em sua frente e cruzando as pernas. — Por que todo o internato acha que estamos juntos? O que, aliás, você irá tratar de desmentir amanhã mesmo!

Ele sentou lentamente na cama, uma mão tocando o lado do rosto onde lhe dei um murro, fitando-me, amedrontado. Seu olho direito estava menor que o esquerdo.

— Me desculpe, Bella, eu sei que mereci seu soco, mas não sei o que deu em mim — ele explicava, tendo dificuldade por causa do seu rosto que começava a inchar. — Eu estava hoje no refeitório com os caras, e aí Eric começou a me encher, mandando eu dizer de quem estava a fim, que eu não pegava ninguém, que ninguém me queria... e aí fiquei furioso. Só o Tyler sabe que sou super a fim da Jessica, os outros não fazem ideia. — Ele deu uma pausa e tirou a mão do rosto, só então pude ver o estrago que eu tinha feito. Mordi os lábios para não rir. — Daí lembrei do dia que te pedi ajuda lá no salão, e eles tinham visto, mas disfarcei dizendo que tinha lhe chamado para sair e você tinha aceitado.

Estaquei onde estava e minha boca se abriu em espanto. De surpresa, voltei a sentir fúria.

— Seu imbe...

— Calma, calma! — pedia, tentando me segurar pelo ombro, já que eu tentava lhe dar outro murro.

Eu não acredito na merda que o Newton tinha me posto!

— E então eu disse que saímos e agora namorávamos escondidos — terminou de dizer, depois de ter me acalmado.

Voltei a sentar na cama, fechei os olhos e os apertei, tentando ficar calma. Era só um bobo, um garoto imaturo que queria impressionar os amigos. Releve, Bella, ele realmente parece arrependido.

— Tudo bem, Mike, eu te perdoou. — Ele fez menção de sorrir, mas minha carranca o fez abaixar os lábios rapidinho. — Agora me diga, como essa confusão toda parou no ICnews?

Ele soltou um longo suspiro e levantou, indo até o frigobar do quarto e pegando uma caixa de cubos de gelo, enrolando um num pano, depositando-o em seu rosto em seguida.

— Essa parte eu não sei, sendo sincero. ICnews sabe de tudo, se mete em tudo, e o pior, ninguém sabe quem são ou como estão espalhados por aí. Não se preocupe, Bella, amanhã mesmo irei consertar essa minha burrada, fique tranquila.

Não prestei muita atenção no que ele disse depois do ICnews. Quem são ou como estão espalhados por aí. Isso realmente soava assustador. Parecia algo como aquela série dos EUA, Gossip Girl ou mais assustador ainda, aquela outra, Pretty Little Liar.

— O que mais você sabe sobre o ICnews, Mike? Ou sobre os Cullen? — indaguei-o. — Você estuda aqui desde quando?

Ele voltou a se sentar na cama em frente a mim.

— Há um tempo — respondeu vago —, mas não sei muita coisa, sempre fui um Zé ninguém aqui, então não tinha acesso as bombas — ele riu, sem graça. — Do ICnews não sei nada, mas existe desde que entrei aqui, e sei que bem antes também, é algo como geração. E os Cullen... — ele deu uma pausa, tentando se lembrar de algo — já foram mais legais. Tenho medo da garota de cabelo espetado.

— Alice — murmurei.

— Não diga esse nome aqui! — repreendeu-me, assustado, olhando para os lados.

Não entendi sua reação.

— Por que não?

— Prefiro não comentar sobre isso agora — respondeu-me vago, depois de segundos em silêncio.

Outro segredo.

— Há mais alguma coisa que eu deva saber sobre esse internato? — indaguei relutante, olhando seriamente. Ele tirou o gelo do rosto e o colocou sobre o colo, fitando-o.

— Tome cuidado com quem anda e as coisas que diz para elas. Não existem pessoas boas aqui, Bella, apenas gente com passados infelizes.

Soltei o ar lentamente dos pulmões e vi que aquela era minha deixa para ir. De todo o modo, não tinha sido uma visita à toa, mesmo que Mike não soubesse nada sobre o Internato Cullen. Despedi-me dele, que ainda se desculpava a todo segundo afirmando que tudo voltaria ao normal amanhã, e saí. Pus novamente o capuz na cabeça, e quando passei na frente do prédio dos Cullen, lembrei da cena de mais cedo com Edward. Será que aquilo iria para o ICnews? Ou viraria um segredo nosso, mesmo que ele não soubesse que eu presenciei tudo?

Ao entrar em meu dormitório, encontrei-o vazio. Rosalie deveria estar com as meninas, eu ainda estava magoada com ela. Sabia que a perdoaria, mas por enquanto, manteria meu orgulho. Tomei um banho, tentando relaxar sob a água quente daquele dia estressante. Quantas coisas em um dia, meu Deus. Tinha medo do que me esperava amanhã.

Saí do chuveiro, enxuguei-me e usei aqueles cremes que minha mãe insistia em comprar. Eu não ia mentir, amava aquelas essências de baunilha e frutas cítricas. Depois que terminei com minha hora de beleza, fui usar um pouco a Internet, porém, na verdade, queria ver que bombas tinham posto no jornal da escola hoje.

Esperei a página carregar, e no slide de últimas notícias, minha foto apareceu novamente. Fiquei confusa ao notar que não era sobre meu suposto caso com o Newton, e sim um depoimento meu. Cliquei na matéria, já trêmula, e coloquei a mão sobre a boca, abismada.

Eu simplesmente não acreditava no que meus olhos viam.

Ali, em minha frente, estavam as exatas palavras que eu tinha dito a Rose horas atrás, sobre o que Alice tinha feito comigo naquela tarde, porém, editadas de um modo comprometedor:

Se me contassem os segredos desse inferno, eu estaria tomando chá gelado com eles [Os Cullen] na beira da enorme piscina da mansão Cullen”, disse Isabella Swan, em desabafo, sobre suas intenções em ser uma Cullen. Cuidado, querida, águas rasas revelam fundos sujos!

Meus olhos se encheram de lágrimas imediatamente. Rosalie não poderia ter feito isso comigo!


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Notas finais do capítulo

Certo, sei que desculpas não é suficiente, e não vou nem dizer mentiras esfarrapadas. A grande verdade é que eu estava sem inspiração nenhuma para aqui (como sempre), então as coisas tendem a ser extremamente lentas. Não quero abandoná-la, de forma alguma, tenho ideias futuras para ela, mas preciso trabalhar as presentes por enquanto.
Bem, mas cumpri minha promessa, e postei mais um, o que não justifica o fato de você ler e não comentar. Faço minha parte, e vocês a de vocês! Ficaria feliz também em receber uma recomendação, não tenho nenhuma =[
Gente, sobre o Edward trair a Lenna, vocês vão odiá-lo um pouquinho, mas será importante para Beward acontecer. A partir desse capítulo, as coisas entre eles começarão a caminhar melhor.
Enfim, visitem minhas outras fics (tenho várias finalizadas) e comentem por lá também. Gostaria que dessem uma olhada no tumblr do meu livro: http://oenigmadosschneider.tumblr.com/ e no outro de ajuda na escrita: http://eus2escrever.tumblr.com/.
Beijos, Feliz Natal e um próspero Ano Novo!