– Smiths? Você andou ouvindo Smiths? - Abri os olhos lentamente, reconhecendo o teto da minha sala de estar, e as dores nas costas de alguém que dorme no sofá. Encarei a poltrona, não muito longe de onde estava, e descobri de onde a voz vinha.

Jazzie estava lá, sentada, segurando alguns CDs.

– O que você tá fazendo aqui? - Me sentei, sentindo a cabeça latejar. - Não posso visitar meu irmão? Ajudar ele com uma fossa?

– Fossa? Eu não tô na fossa.

– Você ouve The Smiths quando tá na fossa.

– Dessa vez não. - Fechei os olhos, cantarolando There Is A Light That Never Goes Out, sorrindo de leve.

Sorri até lembrar do porque ter ficado puto e um pouco bêbado na noite anterior.

Me sentia traído. Não só por Alice, mas Tom, cara, Tom. Eu queria acreditar no que ela tinha dito, mas Frankie parecia tão certa, tão confiante!

– Tudo bem, eu posso estar na fossa.

– Sabia!

– Mas não ia acertar só pelos CDs.

– Eu ia acertar pela ressaca, sou a melhor irmã do mundo.

– Jazzie, - Pausei. - se eu fosse uma garota, sua irmã, e eu saísse com o seu namorado. O que você faria?

– Onde você quer chegar? - Perguntou, desconfiada.

– O que você faria?

– Ficaria muito brava, mesmo. Só que mais brava ainda com o namorado, a irmã eu ia perdoar, um dia. Mas, sabe, de quem estamos falando?

– Frankie.

– Frankie não perdoaria, não.

– Você acha?

– Aquilo é uma naja. - Ela disse, como se fosse obvio, colocando os CDs na mesinha ao lado de onde estava. - Por que ninguém fica do lado dela?

– Por que tá escrito na carinha dela que ela é uma attention seeker! - Jazzie fez uma cara esquisita. - Não, pera! Você, - apontou para mim. - saiu com a Victoria?

– A outra irmã. - Desviei o olhar. - Outra irmã? - Jazzie só tinha visto Alice na festa do Danny. Ela não ficava o tempo todo em Londres, já que continuava morando com a minha mãe em Essex. De vez em quando ela decidia aparecer do nada, para implicar um pouco, ou cozinhar para mim. - De amarelo, na festa do Danny.

– Meu Deus, ninguém presta naquela família? - Murmurou. Acho que não era para eu ouvir, mas ouvi. - De fato. - Cruzei os braços, suspirando. - Você também não tem moral, tá pensando o que? - Colocou as mãos na cintura. Era impressionante como ela conseguia lembrar a dona Sam quando queria.

– Jazzie, ela dormiu com o Tom!

– Oh, - Encostou na poltrona. - ela tem menos ainda. E o Tom? O Tom não é esse tipo de cara.

– Ei, Jazz, você não está me ajudando com a fo... - Antes que eu pudesse terminar, o telefone começou a tocar. Decidi ignorar. - não está me ajudando com a fossa. - Repeti, esperando que ela me desse um abraço e dissesse "tudo bem, Dougie, pessoas cometem erros, isso vai se resolver".

Eu sou tão viado.

Jazzie sorriu e ia falar alguma coisa quando a ligação caiu na secretária. Paramos para ouvir.

– Oi, cara. É o Tom. Eu sei que você tá aí, seria bem legal se você atendesse o telefone. É só pra te avisar que Alice vai embora, amanhã. Se eu fosse você, eu não deixava ela ir -- não aconteceu nada. Não entendo sua dificuldade em acreditar nela. - Ele suspirou. - Por que, sei lá, você não pergunta pro Kevin? Bem, é isso. Espero que você entenda antes que isso vire um problema maior. E eu também espero que vocês se entendam, chega dessa enrolação. - Riu.

– Vai perguntar para o Kevin. - Jazzie deu de ombros. - Por que você não foi perguntar? Cara, você acusou a garota…

– Jazzie!

– Tá bom, eu tô do seu lado, maninho. - Ela usou um tom irônico na parte do maninho. - Então se eu for, você vai junto.

– Mas eu espero no carro.