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Inuyasha não voltara a vila ou acompanhara Kagome nos dias que se passaram. Havia sumido discretamente não deixando notícias sobre onde estaria ou o que estaria fazendo, mas a garota sabia que tudo estava bem já que seus sentidos sobre a Shikon no Tama acompanhariam o hanyou aonde quer que ele fosse.

Na verdade, Inuyasha estava vivendo com Toutousai. Ao lado do sábio senhor, ainda que um tanto maluco, o tempo praticamente se arrastava; Porém, haviam muitas coisas para se aprender sobre a Tessaiga e pouco tempo para todas as informações se armazenarem-se.

Era estranho continuar seguindo pelos dias a fora após ter passado pela experiência de conhecer a morte. Havia sido tudo tão rápido... Mesmo assim, ali estava ele, cada vez mais forte e focado em seu objetivo: tornar-se um youkai completo.

Foi naquele dia, o primeiro dia da primavera em que a neve já se fora e as primeiras flores surgiam tímidas nas copas das árvores, que Inuyasha cometeu o seu maior erro. Finalmente descobrira como alcançar a totalidade de poder que a jóia poderia lhe oferecer, mas infelizmente a Shikon no Tama não seria capaz de transformá-lo sem exigir o seu preço.

Inuyasha descontrolou-se diante de tamanho poder, algo que aconteceria com qualquer youkai. Ao corrompê-la no interior do seu corpo, tornou-se um youkai; Tornou-se invencível e de coração tão horrível que nem mesmo o sábio Toutousai lhe aceitara de volta.

Para o forjador de espadas, nada poderia ter sido pior no mundo do que ver o filho do Dai-Youkai levado pelas promessas de poder de uma jóia tão maligna. Sentia vergonha por Inuyasha e até mesmo medo do próprio, mas o avisara enquanto havia tempo.

A verdade era que Inuyasha sempre tivera o sonho de tornar-se um grande youkai, tendo como espelho o que o próprio pai fora, mas agora que conseguira o poder já não sabia mais para que utilizá-lo. Naraku já partira daquele mundo, não havia mal a combater que necessitasse de tamanho esforço. Kikyou estava morta, não precisava ser protegida. Kagome, Inuyasha achava que ainda não o tinha perdoado e envergonhava-se diante de sua presença pelo que fizera.

A alma que habitava a Shikon no Tama abusou dessa sua fraqueza emocional para tornar-lhe o pior youkai da Sengoku Jidai, alguém muito mais poderoso do que Naraku e que aos poucos ficava tão cruel quanto.

Longe dali, Kaede deixava Kagome com palavras doces em sua cabana. A garota amadurecera muito depressa naqueles meses que haviam se passado desde a morte de Naraku. Já estava com dezessete anos, praticamente uma mulher agora.

A velha Miko, cada vez mais debilitada de saúde, mentira para a garota pedindo-lhe que tomasse conta da vila em sua ausência. Já havia aprendido tudo que pudera e possuía o domínio pleno sobre seus poderes herdados de Kikyou, de modo que nada havia de pará-la. Dissera a garota que iria colaborar com as vilas vizinhas levando a notícia de que a paz já se instaurara na Sengoku Jidai, negando de todo modo a ajuda oferecida por Kagome.

Kaede sentia a morte muito próxima de si diante da sua avançada idade e todos os momentos exaustivos pelos quais passara nos últimos tempos. Inuyasha estivera certo com seus resmungos na maior parte do tempo; Ela deveria ter deixado aquilo para os mais fortes, já que não havia conseguido ajudar em nada e apenas desgastara-se. Infelizmente, já era muito tarde para pensar naquilo.

Assim, deixou Kagome e seus amigos na adorada vila e saiu sem direção certa, apenas guardando na mente a última imagem agradável daqueles que tanto eram importantes para ela.

Eis que a morte podia ser temível, injusta e maldosa; Mas no coração daquela Miko que já vira muito mais do que os outros podiam ver havia paz e a certeza de que vivera plenamente. Não havia mais o que temer. Era apenas questão de ser paciente e esperar que a morte aparecesse diante de si e lhe convidasse gentilmente para um passeio.

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Kagome tinha uma difícil decisão a fazer naquele momento. Sentia que deveria ir atrás de Kaede, visto que a Miko estava com a saúde debilitada e já não estava mais em condições de seguir em frente com aquelas idéias insanas de percorrer longas áreas sozinha. E também havia a parte em que deveria dizer adeus à família. Não um adeus eterno, mas um adeus por longos períodos de tempo.

Além do mais, podia sentir a essência da Tama em seu peito machucando como se fossem diversos cacos de vidro e aquilo só podia significar uma única coisa: Inuyasha corrompera a jóia.

A garota, agora uma plena Miko com todas as suas qualidades e responsabilidades, escolhera que ali estava a sua vida. Por mais que amasse os amigos e a família que haviam ficado na sua Era natural, não se imaginava mais sem a vida que levava na Sengoku Jidai. Ali ela era uma líder e como tal possuía o dever de auxiliar e guiar aos seus companheiros. Além do mais, ela era a única que poderia controlar o poderio da Shikon no Tama.

Logo estava saltando o poço em direção à outra Era, sentindo-se desconfiada por não mais ter a jóia em suas mãos. Por mais que Kaede lhe dissesse mil vezes que agora que havia controlado a força da essência da jóia dentro de si conseguiria ir e vir quando quisesse, aquilo lhe parecia muito arriscado.

De qualquer modo, já estava ali. Ao ouvir as portas do templo se abrirem, sua mãe correu o mais depressa que pôde em sua direção com o coração carregado de alegria em revê-la. Saudades era algo muito difícil de conter no peito.

A conversa seria difícil, mas a vida é assim. Às vezes precisamos esticar as nossas asas e dar vôos mais distantes para descobrirmos o que vem pela frente; E após muitas dessas vezes é necessário dizer adeus.