Através da Tua Alma eu Posso Ver escrita por they call me hell


Capítulo 24
[S02E14] Não há tempo perdido.




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* * *

Kagome permanecera ali durante um período de tempo que lhe parecera infinito. Estivera chorando desde que retornara da outra Era, tendo Inuyasha ao seu lado em tenro silêncio. Ela não desejava conforto e o hanyou sabia disso, permitindo que ela desanuviasse suas mágoas por completo apenas estando ali para que ela se apoiasse.

Nenhum dos dois entendia o que havia acontecido durante sua estadia do outro lado do poço, mas nem por isso se permitiam dizer algo a respeito. Havia confusão em seus pensamentos, mas a dor que jazia no coração de Kagome estava acima de tudo aquilo.

Assim, o hanyou acariciou-lhe o topo da cabeça com leveza, sorrindo para ela como quem dizia “Estou aqui, vai ficar tudo bem”. A garota gostaria de dizer-lhe muitas palavras agradecidas, mas nenhuma delas parecia querer ultrapassar o limite imposto pelos seus lábios rígidos. Deste modo, foi Inuyasha quem quebrou o silêncio entre ambos:

— Obrigado. — Sussurrou em seu ouvido ao ver que suas lágrimas cessavam.

— Pelo que?

— Por tudo.

Ele não precisava especificar aquele tudo. Kagome o havia trazido de volta à vida quando rompera a poderosa flecha que Kikyou utilizara para selá-lo na Go-Shin Boku, deixara sua vida e tudo o que possuía de mais precioso no mundo para permanecer ali na Sengoku Jidai, exercendo uma tarefa que exigia de si além do que a sanidade lhe permitiria. Estar ali protegendo a Tama não era dever dela, apenas coincidência do destino, mas mesmo assim ela prosseguira sem nunca desistir.

— Nós temos um ao outro. — Ela sorriu, levantando-se com a ajuda dele. — Isso faz valer a pena.

— Hai. — Inuyasha riu, puxando-a para si e lhe surpreendendo com um beijo demorado.

Ambos ficaram ali por mais algum tempo até que a Miko se sentisse bem o suficiente para rumar ao lado de fora do Poço Come-Ossos. De repente as lágrimas lhe pareciam ter feito bem, como se o peso do mundo tivesse sido descarregado de seus ombros através daquelas numerosas gotas. Assim, Inuyasha a convidou para apoiar-se em seus ombros e os dois começaram a escalar as paredes do monumento, até que uma voz do lado de fora se fez ouvir:

— Kagome? Inuyasha?

Inuyasha sentiu um arrepio percorrer pelo seu corpo ao ouvir aquela tão conhecida voz. Por um momento julgou ser mais prudente voltar ao fundo do poço, mas já estavam na borda deste e agora era tarde demais para recuarem. Algo em seu coração o fez se questionar se o estado emocional de Kagome suportaria aquilo.

Aquela voz que emanava tão gentilmente pertencera a Sango.

De fato, ela e Miroku estavam ali, perfeitos como haviam estado há tempos. Suas vestes, seus rostos, até seus movimentos eram totalmente naturais, assustando o hanyou. A garota, ao contrário, estava encarando aquilo do melhor modo possível.

Independente do que estivesse ocorrendo, ali estavam os amigos e ela aproveitaria aquele momento sem pensar em conseqüências. Não era hora para depreciar-se, pelo contrário, era momento para exaltar os bons momentos vividos.

Logo que removeu seu apoio no corpo do hanyou pôde notar que Miroku apressava-se a abraçá-la, sorrindo como fazia usualmente. Era até mesmo engraçado lembrar-se agora do jeito como ele sempre estava desinibido.

— Kagome-sama! Há quanto tempo.

— Hai, muito tempo. — Inuyasha estranhou.

— O que há com você? — Sango questionou ao virar-se para o hanyou, não obtendo resposta.

— Inuyasha só está um pouco cansado, Sango-chan. — A Miko abraçou-lhe apertado, rumando ao lado dela.

— Vamos voltar para a vila?

— Melhor não. — O meio-youkai interveio. — Poderíamos aproveitar o pôr-do-sol.

— Hai, excelente idéia Inuyasha! — A Taijiya vibrou em contentamento tendo o houshi ao seu lado.

Por mais que ele se limitasse a dizer, Inuyasha questionara a si mesmo o que poderia acontecer caso Sango e Miroku, obviamente miragens do passado, aparecessem na área onde atualmente era a imensa vila. Haveria um choque entre realidades? Bem, independente do que pudesse ocorrer, desviou-se para outra localidade.

Assim passaram um longo tempo a conversar bobagens, apreciando uns aos outros. Kagome e Inuyasha fugiam sutilmente de perguntas mais reveladoras, convertendo muito bem a situação.

De todo modo, era magnífico ter os amigos ali naquele momento. Eles pareciam não ter noção alguma de que aquilo que estava acontecendo – o encontro de ambos – não era algo natural. Muito pelo contrário, conversavam citando coisas de muito tempo atrás como se houvessem acontecido há poucos dias, o que tornava tudo muito confuso.

Por mais que tudo fosse tão estranho, a garota e o hanyou estavam se sentindo bem ali como não se sentiam havia muito tempo. Ter os amigos de volta, ainda que por tão pouco tempo, era reconfortante após momentos tão conturbados na outra Era.

Mal Inuyasha havia terminado de pensar nisso, a Shikon no Tama reluziu no peito de Kagome e seu brilho passou a expandir-se gradativamente, fazendo com que a garota entrasse em pânico. Sabia o que iria acontecer naquele momento, mas não queria vivenciar aquilo outra vez.

Apanhou a mão de Sango sentindo que ela era afastada por uma força que não podia enxergar, enquanto mesmo assim a luz rosada expandiu-se de modo assustador bloqueando a visão de todos ali. Ao mesmo tempo em que o poder da jóia de quatro almas levava Sango e Miroku para o seu devido lugar, o mundo dos mortos, Kagome gritava apavorada diante da idéia de que ali se fora os amigos mais uma vez e desta, para sempre.

* * *

Kagome não chorara dessa vez, mantendo-se firme, mas aquilo não queria dizer que ela não se sentisse mal com tudo o que ocorrera. Felizmente algo em seu coração esclarecia melhor as coisas agora, fazendo com que ela se sentisse um pouco melhor diante de todas aquelas coisas.

Eis que aquilo que ocorrera a ela e Inuyasha fora apenas o poder benigno da Shikon no Tama permitindo a eles, protetores fiéis da jóia e donos de bons corações, que findassem a saudade que traziam em si, parando de julgarem-se culpados pelo tempo perdido.

Na verdade, não havia tempo perdido. Tudo o que haviam feito – independente de certo ou errado – tinha como objetivo traçar seus destinos e graças a tudo isso estavam ali agora; Vivos, felizes, cúmplices um do outro.

Eis que a Miko levantou-se do chão forrado de relva e apanhou a mão de Inuyasha, levando-o pela conhecida trilha da vila enquanto a luz da lua acompanhava os seus passos. De algum modo, agora ambos se sentiam mais leves e isso era um excelente modo de recomeçar.


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