Laços Fraternos: Megera escrita por MyKanon


Capítulo 39
XXXIX - Fim, agora sim.




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No dia seguinte seria um radiante sábado. Mas ainda não estava tão bem humorada... Talvez no domingo... Mas como no sábado, não foi tão empolgante.

Na segunda-feira, antes de sair para a escola, Lorrayne pediu a Catharina:

_ Mãe, será que eu podia voltar pra minha escola pública?

_ Você quer voltar?

_ Muito. Esse colégio é um saco!

_ Você que sabe. Por mim, sem problemas.

_ Eu acho melhor. Eu termino esse ano letivo onde estou, depois, volto pra minha vida normal.

_ Certo.

Catharina deixou Lorrayne na escola e seguiu para o trabalho. Lorrayne foi recebida por Yshara e Marco, que muito preocupados perguntavam ao mesmo tempo:

_ Lorrayne, o que aconteceu?

_ Ficamos sabendo que você estava doente...

_ E tivemos certeza que a Layane estava metida nisso...

_ E sua mãe também...

_ Mas agora você chegou com a Catharina...

Silenciando aos dois, Lorrayne notificou:

_ Minha mãe Martha morreu. Ela está morta.

Lorrayne continuou a andar. Embaraçados, perguntaram:

_ Você está bem?

_ Precisa de alguma coisa?

_ Estou bem. Acho que Layane foi mandada para um juizado de menores. Renan foi para outro país com a mãe dele. E o Eduardo está em algum lugar da cidade.

_ Então você está morando com a sua mãe? – perguntou Yshara.

_ É estou. Estou bem.

_ E o que aconteceu com você que você foi parar no hospital? – perguntou Marco.

_ Durante o intervalo eu prometo que conto tudo com riqueza de detalhes, beleza?

_ Certo.

_ Beleza então.

O intervalo foi o menos esperado de todos do ano. Em um lugar sossegado, Lorrayne contou tudo que havia se passado desde a terça-feira. Depois de receber algumas palavras de apoio, Lorrayne perguntou:

_ E você Yshara? Vai mesmo embora daqui?

_ Vou. Minha mãe não ficou muito feliz quando soube que eu estava decidida, afinal, perder uma bolsa que custou tanto... Mas ela me entendeu. E você?

_ Também. Falei com a minha mãe, e estou decidida...

Lorrayne foi interrompida por Caroline que se aproximava com suas outras três amigas. Desanimada, disse:

_ Olha Caroline, não estou num dia muito bom. Me dê uma semana, e poderá fazer o que quiser, pode ser?

_ Fiquei sabendo. Meu pai me disse. Ou você achou que um caso desses permaneceria oculto por muito tempo?

_ Não achei nem acho nada, agora se você nos der licença...

_ Eu não queria te aborrecer. Só estou lamentando o que aconteceu com a Layane. Ela parecia uma pessoa ótima.

_ Então, agora que você já sabe que a culpa foi minha, poderia nos dar licença?

_ Também não acho que foi culpa sua. Nem da Layane. Simplesmente aconteceu.

Lorrayne consentiu. Caroline alegou:

_ Era só isso. Espero que você se recupere logo.

Caroline e suas amigas deixaram os três jovens, que se entreolharam estarrecidos.

Ao final da aula, Lorrayne despediu-se de Yshara, e foi acompanhada por Marco até a saída.

_ E você, Marco? Vai sair ou vai ficar?

_ Vou ficar. Eu não tive tantas experiências traumatizantes...

_ Que bom.

_ Sabe, fiquei sabendo sobre você e seu primo Eduardo...

_ Ela contou, não foi? Tudo bem. Acontece que Eduardo não é meu primo. E realmente, eu gosto dele. E acho que ele gosta de mim. Espero que isso não te deixe chateado comigo...

_ Claro que não. Pelo contrário, fico muito feliz por você.

_ Mas, então, você vai ficar com a Caroline de vez?

_ Já disse que não.

_ Vai ficar sozinho? Na maior seca?

_ Na verdade estive pensando em alguém...

Lorrayne sorriu levemente enquanto pedia:

_ Por favor, me diga quem.

_ Ah, você sabe quem. Mas acho que ela só me quer como um bom amigo...

Lorrayne riu da situação. Falavam de Yshara.

_ Então não achava que eu te queria como um bom amigo quando nos beijamos?

_ Claro que achava! E acho!

_ Então. Isso não impediu você de me beijar.

_ Você deixou.

_ Foi você quem pediu. Mas, voltando ao assunto, Marco, tenho certeza que ela não te rejeitaria.

_ Será?

_ Ahan! Bom, tchau pra você. Minha mãe já está ali, me esperando.

_ Tchau.

Lorrayne correu até o carro e abraçou Catharina forte. Disse:

_ Que saudade!

_ Mas a gente se viu há algumas horas atrás...

_ Pra mim é o suficiente!

_ Então abraça de novo!

Lorrayne abraçou Catharina mais uma vez antes de partirem. Durante o caminho, Catharina informou que tiraria a tarde de folga para passar com a filha.

Aceitando a idéia de Lorrayne, saíram para caminhar durante a tarde toda pelo bairro. Ao chegarem, no final da tarde, o telefone tocava. Catharina atendeu-o e o entregou para Lorrayne, que perguntou:

_ Quem é?

_ Sou eu, Yshara!

_ Oi Yshara, beleza?

_ Beleza! Mas, Lorrayne, você não vai acreditar se eu disser!

_ O que foi?

_ Sabe quem veio aqui em casa e até me beijou?

_ Sei.

_ Como isso aconteceu? Estávamos conversando como de costume... E de repente eu estava dando o beijo mais gostoso de toda minha vida!

_ Pois é, né...

_ Eu não consigo acreditar! Ele disse que podíamos continuar isso amanhã!

_ É...

_ Isso é incrível! Você faz idéia do que eu estou sentindo? É muito maravilhoso!

_ Eu sei, eu sei...

Lorrayne passou longos quinze minutos ouvindo a alegria da amiga. Desligou o telefone. Catharina percebendo sua melancolia, sentou-se ao seu lado e perguntou:

_ Que foi? Parecia ser uma amiga sua...

_ E era. Ela ficou com uma pessoa que ela gostava.

_ Hum... E você também gostava dessa pessoa?

_ Não. Gosto de uma outra pessoa. E isso me fez lembrar dessa pessoa que eu gosto.

_ E quem é o sortudo?

_ Não sei onde ele está. É o Eduardo.

_ O Eduardo? – perguntou Catharina surpresa.

_ Não, ele não é meu primo.

_ Isso eu sei. Mas acontece que vocês viviam na mesma casa... Sei lá... Vocês tiveram chance de fazerem muitas coisas...

_ Mãe! Não fizemos nada de errado! Somos jovens muito conscientes!

_ Me desculpe querida, como fui me esquecer disso! Mas, fico feliz que seja o Eduardo. Ele me pareceu um rapaz muito bom.

_ Ele é. Mas... Não faço idéia de onde ele foi parar. Onde ele está, mãe?

_ A Diana não me disse. Só me disse que como faltava pouco tempo pra ele completar dezoito anos, ele podia viver a vida dele, etc...

_ Você não acha que foi uma atitude desnaturada?

_ Não. A Diana conversou muito com ele. Foi ele quem não quis. O Renan quis.

_ Por que ele está fugindo de mim? Será que ela acha que se voltar, vou querer a todo custo ficar com ele? Ou será que ele está com pena de me dizer um não?

_ Lorrayne, não é nada disso! Ele não precisaria fazer isso! E tenho certeza que ele retribui esse seu sentimento.

A garota pensou por um momento. Suspirou:

_ Sei lá. O jeito é esperar ele dar notícias...

_ Ele vai dar. Tenho certeza que ele vai aparecer logo.

Na terça-feira, Lorrayne presenciou algo que desejava havia muito tempo. Yshara estava radiante ao lado de Marco Aurélio, que também parecia ter descoberto o quanto a garota era importante.

Apesar da alegria de ver seus melhores amigos curtindo a vida, Lorrayne sentia cada vez mais a falta de Eduardo.

No caminho pra casa, Catharina explicou:

_ Lorrayne, hoje tenho que trabalhar. E como você ainda me parecesse um pouco deprimida, queria saber se você vai ficar bem sozinha.

_ Eu estou bem. Sério. Pode ficar tranqüila.

_ Tem certeza?

_ Absoluta.

_ É que eu achei que estivesse sendo precipitada demais em deixar você sozinha tão cedo...

_ Não é cedo. Pelo contrário, já é bem tarde. Mãe, a vida continua. Vou ficar muito bem. Tudo vai ser como antigamente.

_ Tudo bem, então.

Ao deixar Lorrayne no apartamento, Catharina voltou a trabalhar. E Lorrayne reviveu os velhos tempos. Mas agora era muito diferente. Tinha muitas experiências pra contar. E pra viver. Visitar em um reformatório sua irmã que tentara matá-la seria uma experiência bem diferente. E não deixaria de fazê-lo, pois apesar de tudo, Layane continuava a ser sua irmã, e tudo que fizera foi por amor. Um obsessivo e compulsivo, mas era amor. A escola também. Parecia que Caroline havia baixado a guarda, e com os bens que havia herdado de Martha, poderia pagar um colégio para o resto da vida. Talvez pudesse mudar de decisão até o fim do ano letivo.

A única experiência que seria realmente difícil de ser vivida seria passar sem Eduardo. Depois de tudo que haviam feitos juntos, por que o garoto tinha que fugir assim dela?

Mais uma vez, confidenciou em seu diário:

Diário:

Muita coisa aconteceu. A Martha faleceu. A Layane foi pra um reformatório. O Renan foi pro exterior com a mãe dele. E o Eduardo fugiu de mim.

Estou morando com a minha mãe Catharina, e era pra eu estar mais feliz que nunca. Minha tristeza pela Martha é grande, mas pelo Eduardo também.

Cara... Se ele estivesse aqui, grande parte da minha dor diminuiria, e minha vida estaria completa.

Por que ele fez isso? Eu o amo tanto...

Suas confidências foram interrompidas pela campainha que tocou. Seu coração disparou. Como alguém entraria sem ter a chave do portão? Talvez um vizinho?

Apreensiva abriu a porta. Não era uma das últimas pessoas que esperava ver. Era uma das primeiras. Eduardo perguntou:

_ Como é? Vai ficar muito tempo aí?

_ Não sei. O que você está fazendo aqui?

_ Só queria avisar que agora você tem um novo vizinho...

_ Você? Mas que saco!

Lorrayne abraçou o garoto e perguntou:

_ Onde você estava? Por que sumiu assim? Eu precisava tanto de você!

_ Eu estive com minha madrasta e com o Renan. E depois quis dar um tempo para você e Catharina.

_ Por que você não quis ir para a Europa com eles?

_ Meu lugar não é com eles. Não mais.

_ Com quem seria?

_ Com a garota que eu amo. Minha vizinha.

_ Que bom que pensa assim...

Lorrayne beijou Eduardo ternamente. E sabia que aquele beijo era o começo de algo maravilhoso. Talvez não eterno, mas forte enquanto durasse.

Sua vida agora estava completa. Algumas lacunas não deixariam de existir, mas tudo o que precisava, agora estava ali.

***

FIM

***


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