Laços Fraternos: Megera escrita por MyKanon


Capítulo 17
XVII - Passa-tempo de mal gosto




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_ Eu? Com raiva de você? Por quê? - perguntou Layane.

_ Do jeito que você falou hoje no café... Achei que...

_ Não. Não se preocupe com isso! Às vezes fico chata assim mesmo! Acho que estou é com tpm!

Novamente Lorrayne riu. Perguntou:

_ Você vai para o curso de espanhol?

_ Pois é, tenho que ir. Eu e o Renan já faltamos na segunda-feira... Falando em curso, você já fez curso de espanhol?

_ Ainda não. Só alguns anos de inglês. Do qual agora imagino como foi que a minha mãe... Digo, a Catharina pagou...

_ Hoje a mãe estava comentando de colocar você e o Eduardo.

_ Ele também não fez?

_ Não. Ele não quer nada com nada! Só fez o curso de inglês com a gente porque a mãe obrigou! Mas agora, ela disse que não quer saber, ele vai fazer e ponto!

_ Ah... E, Layane, por favor, não fala pra sua mãe sobre a garota...

_ Ué! E por que eu não deveria falar?

_ Ele sabe que eu fui a única que o vi! E eu já causei muitos problemas pra ele...

_ Se liga Lorrayne! Eu é que tenho problemas! Ele não faz nada da vida! Ele tem que aprender a respeitar a casa que vive!

_ Mas é que...

_ Não se preocupe! Ele não vai tentar nada contra você! Bom, agora deixa eu me arrumar, ainda temos que almoçar! Você espera um pouquinho?

_ Espero.

Lorrayne ficou observando enquanto Layane subia para seu quarto. Pronto! Mais uma vez arranjara encrenca para Eduardo. E o coitado só estava dando uns inocentes beijos na garota... Pensando em Eduardo, Lorrayne saltou do sofá quando a porta bateu. Ficou olhando preocupada para o garoto, enquanto este entrou e subiu.

Renan desceu, e Layane em seguida. Lorrayne os acompanhou até a mesa, e quando se sentaram, Eduardo se juntou aos três. Almoçaram silenciosamente. Layane sentou-se ao lado de Lorrayne, e ocupou-se de lhe explicar como eram usados os talheres.

Renan e Lorrayne olhavam repetidamente de Layane para Eduardo, estranhando aquele momento de paz. Ocorreu a Lorrayne que Layane talvez estivesse respeitando a hora da refeição...

“Não direi nada no almoço, mas o Eduardo será compensado na janta quando a mãe lhe der uma bela bronca” Ponderava Layane.

Logo que terminaram o almoço, Layane e Renan foram juntos para a escola de espanhol que ficava a poucos quarteirões da casa.

Sob muita persuasão de Lorrayne, a empregada aceitou uma mão na cozinha, ainda apreensiva com a possibilidade de Martha flagrá-la e demiti-la por permitir que sua filha fizesse tal serviço.

Foi uma das poucas formas que Lorrayne encontrou de se distrair. Depois de terminado o serviço, foi para seu quarto e ficou ouvindo música.

E pouco tempo depois Layane estava de volta com Renan. Bateu em seu quarto:

_ Posso entrar?

_ Está aberta.

A garota entrou no quarto e sentou-se ao lado da irmã que estava jogada na cama. Perguntou:

_ E aí? Discutiu muito com o Dudu?

_ Não. Nem sei onde ele está.

_ Melhor assim. Bom, só vim ver como você estava. Vou pro meu quarto, beleza?

_ Beleza.

Lorrayne continuou em seu quarto. Ligou o computador, assistiu TV, leu uma revista, até que a noite chegou, e junto com ela, sua mãe, Martha. A garota pôde ouvir a euforia com que Layane saiu de seu quarto e correu escada abaixo. Resolveu sair e também recepcionar a mãe.

A encontrou sentada no sofá, com Layane no colo. Beijou-a no rosto e perguntou:

_ Teve um bom dia, mãe?

_ Claro, meu amor! Venha, sente-se aqui também! Layane dê espaço para sua irmã!

Lorrayne recusava a proposta, quando Martha a puxou e fez com que sentasse em uma de suas pernas. Renan também havia descido, e ficaram conversando.

Depois de esquivar-se de todos, Martha subiu para um banho e logo voltou para o jantar. Todos já haviam se sentado à mesa.

A empregada ainda servia o prato quando Layane começou:

_ É Eduardo, agora sei o que você faz em casa quando não estamos.

Martha olhou interrogativamente para Eduardo, que olhou interrogativamente para Layane. Martha perguntou:

_ Layane, do que você está falando?

_ Oras mãe... A senhora não sabe? Seu querido sobrinho Eduardo aproveita quando não há ninguém em casa, para trazer mulheres e cometer todo tipo de perversão que se pode imaginar...

Martha voltou-se para Eduardo com os olhos estreitos e perguntou:

_ Você pode me explicar isso?

Eduardo olhou fulminantemente para Lorrayne e disse:

_ Não sei do que Layane está falando.

Indignada, a garota falou:

_ Faça-me o favor, Eduardo! Hoje você pensou que não havia ninguém em casa e trouxe uma garota e fez sabe-se lá o quê!

Martha descansou os talheres no prato e perguntou:

_ Você está ficando louco, Eduardo Fernandes? Como você desrespeita essa casa dessa maneira? Lorrayne estava em casa, e se ela tivesse presenciado uma cena constrangedora? Você presenciou qualquer coisa constrangedora Lorrayne?

_ Não mãe... Eles só estavam se beijando...

Sem dar atenção ao comentário de Lorrayne, Martha continuou:

_ E o pior Eduardo! E se essa moça engravida? Como vai ficar perante a sociedade? Não pensei que fosse tão inconseqüente!

_ Tia, não fizemos nada...

_ Só porque Lorrayne apareceu! E mesmo assim, foram para outro lugar continuar o que haviam começado, não é? – interrompeu Layane.

Martha continuou:

_ E ainda na minha casa! Eduardo, não sei o que você tem feito nessa casa, mas que seus atos libertinos não se realizem aqui! Com tanta gente que pode ver!

_ Tia, a senhora vai me desculpar, mas não sou o cara que está imaginando! Se eu pratico atos libertinos aqui, Layane pratica na escola.

Layane levantou-se e furiosa tentou agarrá-lo, mas Martha levantou-se e a segurou. Disse:

_ Eduardo, saia da minha frente, antes que eu perca a cabeça.

O garoto retirou-se e Lorrayne o ouviu resmungar “eu é que perdi a minha!”. Martha fez com que Layane se sentasse. Lorrayne tremia descontroladamente. Martha percebeu quando o copo em sua mão balançava furiosamente. Foi até a garota e acariciou seu cabelo, disse:

_ Fique calma, meu amor. Está tudo bem.

_ Mãe, olha, o que eu vi foi só um beijo, nada demais...

_ Filha, você não tem culpa de o Eduardo ser um sem educação... Não se preocupe com isso.

_ Mas mãe, é verdade... Sabe, a última coisa que eu quero é criar problemas nessa casa...

_ Não, meu amor, você não está criando problemas! Eduardo sempre foi assim! Agora não quero que você sinta-se culpada pelos erros dele, tá bom? Acalme-se e coma.

Martha permaneceu mais algum tempo com Lorrayne e voltou ao seu lugar. Lorrayne deu algumas garfadas no prato, mas já havia perdido o apetite. E o pior era que se parasse de comer, sua mãe talvez desse outra bronca no sobrinho...

Lorrayne percebeu o olhar de cumplicidade entre Layane e Renan. Mas o que significava aquilo? O passatempo de Layane era esculhambar Eduardo? E o de Renan era apoiá-la? Aquela situação ficou incômoda quando Layane olhou para Lorrayne e piscou, em sinal de “bom trabalho”. Lorrayne virou-se para a irmã e abriu a boca, perguntaria o que estava acontecendo, por que ela fizera aquilo, mas não saiu som algum. Layane inocentemente perguntou:

_ Lorrayne? Quer dizer alguma coisa?

_ Não... Eu só ia dizer que já estou satisfeita... E... Estou indo para o meu quarto. Tudo bem, mãe?

_ Claro, querida! Você não perdeu o apetite por causa...

_ Não, mãe. Eu realmente como muito pouco. Não se preocupe. Estou subindo.

Lorrayne levantou-se e foi para seu quarto. Entrou e trancou a porta. Ligou o rádio e jogou-se em sua cama. Seria sua irmã realmente aquela megera que parecia durante o jantar? E sua mãe? Era proibido beijar alguém de outro sexo? Que família mais puritana! Ou tudo aquilo não passava de simples pretexto para mais uma vez entrar em choque com Eduardo? E por que aquilo?

Tinha que falar com Eduardo. E tinha que ser naquele exato momento, antes que alguém subisse e acusasse o garoto de maltratar Lorrayne se o encontrasse conversando com ela. Saltou da cama e desligou o rádio.

Bateu na porta de Eduardo. O garoto abriu a porta sem mesmo saber quem era. Encarou a garota por alguns segundos.

_ Porta errada. – disse fechando-a.

Lorrayne a segurou e disse:

_ Não pra mim. Preciso falar com você.

_ O que Layane quer agora?

_ Não vim a mando de Layane, e se isso adianta de alguma coisa, vim em missão de paz!

_ Paz? Impossível.

_ Olha, me desculpe pelo que aconteceu no jantar... Foi culpa minha...

_ Que bom que sabe, agora que já reconheceu sua culpa, pode ir.

_ Não, espere! Eu só contei para a Layane, porque era a única forma que encontrei de fazê-la falar comigo... Ela estava chateada comigo...

_ Legal saber que sou o tema favorito dela, agora...

_ Ei! Será que você não pode me ouvir dois minutos sem me mandar embora?! Que saco! Você sabe o que é estar em uma casa estranha, sem conhecer alguém direito? Eu cheguei aqui ontem, e não podia deixar Layane com raiva de mim, ainda mais por causa de uma mãe que está quinze anos a mais com ela que comigo! Eu só queria te dizer que não farei isso novamente. Não de propósito, como sua outra prima e seu irmão.

_ E?

_ E o quê?

_ Por que veio me dizer isso?

_ Você é difícil, heim moleque! Que saco! Eu vim te dizer isso para quem sabe você não me deteste tanto quanto Layane!

_ Não detesto Layane.

_ Ah, não? Percebe-se, você realmente é muito carinhoso com ela!

_ Só me defendo. Se tem uma coisa que eu não suporto, é ouvir os desaforos de sua irmãzinha! Agora, posso fechar a porta?

_ Não. Você disse que só se defende da Layane, não? Pois bem, então por que está se defendendo de mim? Não estou te desaforando.

_ Não estou me defendendo.

_ Está sendo estúpido.

_ Nem isso.

_ E por que está me tratando com tanta frieza?

_ E por que deveria tratá-la calorosamente?

_ Porque estou sendo simpática e paciente com você!

_ Essa não cola. Você está querendo alguma coisa.

_ O que leva você a pensar assim?

_ Seus laços fraternos.

_ Isso não significa que sou como Layane.

_ É só olhar para um espelho.

_ Ter os mesmos traços físicos não significa ter o mesmo caráter!

_ Foi o que me pareceu ontem à noite.

_ Ontem? Ah! As tachinhas? Foi apenas uma brincadeira! Eu só estava descontando o que você tinha feito no jantar!

_ E o que eu tinha feito no jantar?

_ Você riu da minha cara! Você estava cascando com a minha cara!

_ Eu estava o quê?

_ Tirando com a minha cara!

_ E como aquilo foi realmente traumatizante para você, você resolveu ir além das tachinhas. Inventou a maior história para sua irmãzinha com um simples beijo...

_ Epa! Péra lá! Não fui eu quem fantasiou a história com imoralidades e atos libertinos! Eu só disse a Layane que o vi beijando uma garota na sala! Se de acordo com as acepções dela, isso é devassidão, não tenho culpa...

_ Mas você não precisava contar.

_ Mas ela estava mal-humorada comigo...

_ Escuta, não tenho culpa de seus problemas com sua irmã e não sou confessionário, cansei de ouvir. Posso descansar?

_ Você não estava só ouvindo, você também estava falando...

_ Boa noite.

Eduardo fechou a porta, e Lorrayne foi obrigada a voltar para seu quarto. Abriu seu diário e escreveu:

Diário, já estou em minha nova casa, a casa da minha verdadeira mãe. Ela é uma mulher muito rica. Essa casa é enorme! Ainda tem minha irmã Layane e os meus primos Renan e Eduardo.

De primeiro momento, eu gostava muito de Layane e Renan, eles me pareciam muito legais, já o Eduardo... Logo ontem quando cheguei, já tivemos uns atritos...

Mas hoje acho que pude perceber quem é quem. Não estou dizendo que Layane e Renan são uns horrores, pelo contrário, me tratam muito bem e me dão a maior força. Mas eu pude perceber que o que eles mais gostam de fazer, é maltratar Eduardo. Sabe, qualquer coisa é motivo para que eles briguem! E até minha mãe entra nessa. Ela vai no embalo deles.

Então eu tentei conversar com o Eduardo. Ele é muito fechado e está sempre na defensiva. Também, com todo mundo querendo ver quem o humilha mais...

E isso fez dele uma pessoa quase inatingível. Mas eu vou conseguir me tornar amiga dele, e fazer com que ele deixe de ser trouxa! Não sei como vou fazer isso, mas vou.

E também vou tentar fazer com que Layane e Renan encontrem uma outra forma de se divertirem!

Layane parou por um momento, e voltou a escrever:

Logo Catharina vai se mudar. Ela disse que não vai ficar naquela casa sem mim. Ela não me deu o endereço do novo apartamento. Ela disse que talvez passaria aqui para avisar quando estivesse se mudando. Talvez ela não tenha me dado o endereço, porque eu tenho o número do celular dela. Na verdade, não queria me desligar totalmente dela. Apesar de toda raiva que senti dela, eu a amo. E muito. Ela me criou.

Não sei mais o que pensar. Quando me der a louca, ligo para ela, ou sei lá...

Bom, é isso. Até breve.

Continua


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