My Friend, My Love escrita por Marcela


Capítulo 1
Último Pôr-do-Sol


Notas iniciais do capítulo

Quem narra esse capítulo é a Marcela.



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Estávamos sentados na areia macia da praia deserta; só havia eu e ele ali, ambos quietos e pensativos. Eu fitava o mar, as ondas que iam e vinham calmas e último pôr-do-sol que veríamos juntos. Senti que as lágrimas queriam pular de meus olhos cor de mel e deles deslizarem por todo meu rosto cansado. Notei que ele me olhava de canto, tentando não demonstrar tal ato; logo abraçou os joelhos, prendendo-os contra o peito. Soltei um suspiro, fazendo seus olhos de um verde bonito olharem para mim.

- Cansada? - Sua voz era uma música para meus ouvidos.

- Não. - Respondi monotonamente.

- Hum.

Falta de assunto é uma tristeza. Ele era meu amigo, meu melhor e fiel amigo, mas eu não o veria mais, pois ele estava se mudando da cidade e não sabia se era para voltar ou não. Logo seus braços másculos me envolveram de lado e ele me abraçou carinhosamente me fazendo suspirar novamente. Descansei a cabeça em seu ombro e ele beijou meus cabelos castanhos e ondulados com seus lábios vermelhos. Ele era tão carinhoso e legal, não queria deixar de vê-lo para sempre.

- Ei Má, fica assim não, a gente ainda vai continuar se vendo. - Ele disse acariciando meus cabelos.

- Promete?

Notei uma certa hesitação quando perguntei isso à ele. O mesmo ficou quieto e mordeu os lábios inferiores me fazendo estremecer. Por que tinha que ser assim? Não queria me afastar dele, me afastar do meu amigo de infância. Eduardo tinha magníficos olhos verdes e um cabelo castanho claro, ele era lindo, ele sabia disso. Era o garoto mais cobiçado pelas meninas da escola, mas sempre ficava na dele, na maioria das vezes comigo, pois éramos melhores amigos.

- Promete que não vai me trocar por ninguém? - Ele devolveu com outra pergunta.

- Por que eu faria isso? - Encarei-o, ainda abraçada com ele.

- Porque você é linda e todos os garotos vão te paquerar este ano, tenho certeza. - Eduardo fez uma cara de bobo.

- E por isso eu vou ter que dar bola pra eles? - Mostrei a língua para meu amigo - E você sabe quantas vezes já TE paqueraram?

- Hum. - Franziu as sobrancelhas - Perdi as contas. - Ele riu.

Ri também, mas sem vontade. Não demorou muito para ele perceber minha angustia de ter que ficar sozinha, sem ele, nesse próximo ano. Esse último verão fora maravilhoso tanto para mim quando para o Du - eu o chamo assim, carinhosamente - que ficou quase todos os dias comigo. Não somos muito de sair para shoppings e essas coisas do tipo, preferimos muito mais caminhar na praia e plantar flores lá no enorme jardim de sua casa.

- Marcela...

- Oi.

- Nada. - Ele sorriu - Eu só queria ouvir sua voz de novo, nem que seja pela última vez.

- Não Du... - Um sorriso amarelo se desenhou em minha face - Não vai ser a última vez.


         Ele riu e deitou na areia macia. Já estava ficando frio, quando eu deitei ao seu lado e ele me abraçou. Sua mão quente acariciou minha face e seus lábios trêmulos beijaram minha testa; estremeci e ele riu novamente. As primeiras estrelas começaram a aparecer no céu negro, e eu e Eduardo começamos a contá-las. Parecíamos dois bobos, deitados na areia da praia, à noite, contando estrelas e vendo os desenhos que as mesmas formavam.


         - Aquelas alí parecem um elefante. - Disse ele apontando para cima.

- Para mim estão mais para um dinossauro.

- Nossa Má! Xiu vai! - Ele riu contente.

Rimos juntos novamente. Fechei os olhos quando senti uma gota gelada beijar minha testa. Antes era uma, depois duas, três, logo eu não podia mais contá-las; a chuva fria começou a lamber nossos corpos trêmulos de frio. Eduardo pegou minhas mãos e me colocou em suas costas, de cavalinho; ri alto, quando ele começou a imitar um. Parecia um retardado correndo e chutando areia para tudo quanto é lado, inclusive em mim.

- Para Edu! - Gargalhei - Para! Para!

Ele parou e me jogou, não brutalmente, na areia molhada. Encostei a cabeça no chão quando ele se aproximou de mim, vagarozamente. Ele prendeu meus braços com os seus e riu, um tanto sem graça. Sua boca foi se aproximando aos poucos da minha, mas antes seus lábios trêmulos roçaram minha buchecha, que estava mais vermelha do que um pimentão sem graça. Ele estava quase encostando sua boca na minha, quando eu suspirei, cortando totalmente o clima.


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