Mentiras dos garotos escrita por JuliaTenorio


Capítulo 5
Capítulo cinco - Juliet Campbell


Notas iniciais do capítulo

Galerinha do mal!!! E ai, como vocês tão, meus Pokémon? Não andam comendo muito né? Por que eu ando e meus próprios amigos estão me chamando de gorda! Não que eu me sinta mal comigo, até acho engraçado. E eu devia ter postado ontem, mas sabe, esqueci. Bem, aí está, beijos lindas!



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Capitulo cinco

Juliet

“Espelho, espelho meu, existem alguém mais bela do que eu?”

Perguntei para o espelho, eu estava no banheiro feminino da academia de boxer perto de casa, trocando a roupa normal por uma roupa mais adequada, todo os sábados eu era obrigada a fazer isso, mas eu não tinha opção, era tênis ou boxer e bem, eu não estava muito disposta a fazer aquele esporte de riquinho. Passei a mão pelo meu cabelo negro, relembrando a frase de A Branca de Neve e os sete anões, eu havia atuado nessa peça no primário por ser tão parecida com a personagem, tirando meus olhos e o comprimento do meu cabelo que naquela época era curto, eu parecia mesmo a personagem do conto de fadas.

Só que claro, eu não tinha nada de princesa.

-Juliet, vai continuar se encarando no espelho ou vai entrar?

Levantei uma sobrancelha para a treinadora Duvance e me virei para ela.

-Você me acha bonita, treinadora?

Ela me olhou surpresa, apesar de ser uma mulher de um metro e oitenta e provavelmente mais de oitenta quilos, sempre soube que ela tinha um grande apreso a ficar olhando a beleza das mulheres nas revistas de moda. Não que eu soubesse das opções sexuais da minha professora de boxer.

-Que tipo de pergunta é essa Juliet?

-Só queria saber – dei de ombros – Se algum garoto se interessaria por mim.

Ela engoliu em seco.

-Você deveria perguntar para um.

-É, claro, eu vou.

Assenti para ela e segui a treinadora de volta para a, olhei para a piscina de natação do outro lado do clube com uma vontade súbita de me jogar. Suspirei, prendi os cabelos em um coque e me juntei a Bella. O local onde treinávamos era amplo, do outro lado da academia podíamos ver o ringue e a minha frente os sacos de pancada para o treinamento básico.

-O que vamos ter hoje?

-Você contra eu, pronta para perder Juliet?

Revirei os olhos para Bella e a luta logo começou, não vou contar nada por que é inútil - só o que posso dizer é que perdi, pela nonagésima vez. Por mais que eu esteja a mais de seis meses treinando, ganhar de Bella é incrivelmente difícil, ela meio que tem uma aptidão para a coisa e quando eu não estou com raiva, no caso de hoje, eu sempre me saia pior do que o esperado. Eu, depois de um bom banho, encontrei Penny me esperando do lado de fora da academia com um grande sorriso no rosto, caminhamos lentamente pela calçada em direção a minha casa, onde ela ficaria durante todo o sábado.

-Blake acha que você está armando alguma.

Fitei minha melhor amiga. Droga, Blake não tinha caído na minha interpretação de quinta.

-Jura? Pensei que tinha sido bem verdadeira.

Ela levantou uma das sobrancelhas bem feitas e riu.

-Você está sendo incrivelmente falsa Jules!

-É. Talvez eu esteja. Mas é só para o seu bem.

Ela balançou a cabeça, como se não estivesse acreditando. Também quem acreditaria? Era meio que evidente quando eu estava sendo falsa, era só ver ser eu tinha pelo menos um fio de ironia em algum lugar.

-Até parece que você quer ser amiga do Blake, Jules. Vocês se odeiam dês de que eu cheguei naquela escola.

Ocultei minha vontade de dizer que antes disso, eu também o odiava, e mais antes ainda, ele era meu parceiro de lama no jardim de infância.

-Estou fazendo meu trabalho e tentando ser legal, não atrapalhe minha interpretação.

Ela revirou os olhos enquanto entravamos no condomínio. Carter abriu o portão e passamos para a calçada, precisávamos entrar na rua de trás para irmos até a minha casa e infelizmente passar pela casa de Blake.

-O que você acha de, já que você está toda amiguinha dele agora, a gente passar lá para dar um “oi”?

-Não.

Ela me olhou com seus grandes olhos chorosos como se estivesse pedindo alguma coisa, o que ela estava, mas claro, isso já era pedir demais.

-Pare com isso, Penny! Esses olhinhos brilhantes que querem ver o namorado não vão me fazer passar mais de meia hora ao lado de Blake, você pode ligar para ele mais tarde.

Ignorei o fato que minha melhor amiga iria dormir hoje na minha casa e também o fato que provavelmente ela ficaria naquela conversa melosa ao telefone com ele a noite inteira enquanto eu fazia as edições finais para o jornal da semana.

-Pensei que estivesse tentando ser amiga dele.

Suspirei, ela estava certa. Se eu queria fazer um trabalho bem feito, tinha que começar agora. Vamos lá Juliet, é só você imaginar sua comida favorita, bem, você agora é ela, você agora é uma deliciosa torta de morango com chantilly, sabe aqueles pedacinhos horrendos de passas que Frida coloca na sua torta? Pronto, essas passas são o seu ódio por Blake, toda a parte ruim que vem de você. Agora, tire as passas e deixe apenas a imagem de um Blake Walker criança, quando ele não era popular e nem um filho da mãe egocêntrico.

Acho que fiz um bom trabalho.

-Posso enfrentar o risco de uma porta batida na minha cara.

Ela riu e logo depois pegou minha mão me puxando em direção a casa imponente dos Walker. Diferente da minha e de sua construção moderna, a casa de Blake tinha um quê de romantismo, mas era completamente ilustrada em uma arquitetura vitoriana, com toda a certeza a Senhora Walker devia ter um apreço pelo século XIX.

Vi Penny apertar a campainha e logo a porta estava sendo aberta, arregalei os olhos quando uma grande forma se jogou em cima de mim, quase como um lobo e tive medo de que estivesse lendo O cão dos Baskervilles demais ultimamente. Blake apareceu na porta de casa, ele estava sem camisa e parecia ter acabado de tomar banho, o cabelo estava molhado e uma toalha estava pendurada em seu pescoço. Bem, pelo menos agora eu sei por que Penny fala tanto do corpo de Blake.

Espera, por que eu estou pensando no corpo de Blake enquanto um animal selvagem lambe meu rosto sem parar.

-Acho que ele gostou de você, Jules.

Arregalei os olhos e empurrei o cachorro para lá, ele era praticamente do meu tamanho e tinha os olhos castanhos brilhantes quase como se achasse que eu fosse sua dona. Se meu catalago de raças de cachorros não estivesse errado, aquele era um golden retriever.

-Não sabia que você tinha um cachorro, meu amor.

Disse Penny se enroscando nos braços do namorado enquanto eu passeava minha mão pelo pêlo do cachorro. Ele parecia ter mesmo gostado de mim.

-Não tenho, é de Math. Os pais dele viajaram para Madri e ele está aqui em casa, não teve coragem de deixar o JD em um hotel para cachorros.

-JD?

-Jack Daniel’s.

-Bem a cara do McGreen.

Eu disse, queria pegar o cachorro nos braços, mas sei que se fizesse isso iria eu mesma cair por cima dele, eu não tinha força nem para levantar um saco de batatas, quanto mais um cachorro.

-É uma historia engraçada, quando Math ganhou ele acabou perdendo-o dentro de casa no mesmo dia, só foi encontra-lo no dia seguinte, ao lado da coleção de bebidas do pai de Math e com uma poça de Jack Daniel’s bem ao seu lado, o cachorro tinha bebido a garrafa quase inteira.

Ri, vendo Penny balançar a cabeça em negativa, ainda abraçada ao namorado. Deveria estar pensando em como um maluco como Mathews pode deixar isso acontecer.

-Venham, entrem, não vou deixar vocês o resto do dia do lado de fora.

Blake abriu a porta de casa novamente deixado nos duas e JD entramos, o cachorro me seguiu pelos calcanhares e quando eu me sentei no sofá, o mesmo colocou a cabeça no meu colo.

-E onde está a criatura da... O McGreen?

Excitei tanto em chamá-lo por seu apelido carinhoso, tanto por chamá-lo pelo sobrenome. Ontem ele havia agido estranho comigo, quando eu estava no intervalo com Penny e ele trouxera um bilhete do melhor amigo para ela, Mathews não havia falado comigo nenhuma vez e nem olhado nos meus olhos. O que era bastante estranho, afinal, ele sempre tinha uma cantada barata para jogar em mim.

-Saiu com uma garota, com a Amy, aquela nova capitã das lideres de torcida acho.

Ok, Amy acabou de decair no meu índice de pessoas que merecem meu respeito.

-Não gosto quando o Math faz isso, saindo com tantas garotas ao mesmo tempo.

-Bem, ele sempre diz que não gosta delas Penny, Math não costuma iludir garota nenhuma.

 Ela soltou um suspiro e Blake riu roubando um beijo dela, logo depois eles estavam em uma sessão de amassos parecendo terem se esquecido de que eu continuava ali, me levantei para ir para casa, de qualquer jeito, Penny sabia onde era minha casa. Eu quase ia abrir a porta quando uma mulher entrou com tudo, quase batendo a porta em mim.

-Oh, desculpe querida! Não sabia que estava aí.

Ela disse com delicadeza, mas sem olhar nos meus olhos, estava muito ocupada com o números de sacolas em seus braços, todas com os logos das marcas mais caras do país.

-Sem problemas, eu já estava indo de qualquer jeito.

Ela levantou o olhar e pareceu me notar pela primeira vez ali, seu olhar tinha surpresa, como se não esperasse me ver ali. Será que tinha alguma coisa no meu rosto? Ou talvez no meu dente?

-Juliet?

-Mãe! Não havia visto a senhora aí.

Ouvi Blake exclamar, Penny saiu de seu colo, sentando-se ao lado dele com um grande sorriso no rosto.

-Penny querida, é muito bom te ver.

-Igualmente, Senhora Walker.

A mulher balançou a cabeça, negando.

-Senhorita, querida. Mas já disse que pode me chamar de Morgana.

Penny assentiu, com um sorriso, ela parecia ao estar muito confortável de sua sogra tê-la pego entre amassos com o filho dela.

-Pelo visto da conheceu a Juliet.

Morgana olhou para mim, me fitando de cima para baixo.

-Ah sim, você é filha do Eliot, certo?

Estralei meus dedos, me perguntando o porquê dessa mulher achar que tinha o direito de chamar meu pai pelo primeiro nome.

-Conhece meu pai?

-Reuniões de condomínio, querida – ela me soltou um sorriso, que era ainda mais reluzente que o sorriso de Sidney Choo – Sou amiga de George, também.

Ah claro, “amiga”, pelo menos agora eu sei por que não gostei nenhum pouco dela. As amigas de tio George não costumavam ser muito agradáveis, na verdade, eram um poço de luxuria.

-Claro – sorri falsamente – Penny já estou indo, vem?

-Claro!

Ela deu um beijinho em Blake, antes de vir corendo em minha direção.

-Tchau Jack Daniel’s – disse alisando o pelo do animal – Tchau Senhorita Walker, Blake.

Eles acenaram de volta e puxei Penny o mais rápido possível para fora daquela cara.

-Não gostei daquela mulher.

Disse quando já caminhávamos pela calçada, já em minha rua. Penny tinha aquele olhar sonhador no rosto, um olhar ridiculamente apaixonado.

-Não seja exagerada, Morgana é uma mulher muito elegante, mas também é legal.

-Você não entendeu – disse balançando a cabeça – Tem alguma coisa nela, não sei, mas não gostei dessa mulher.

Penny me ignorou e eu suspirei. Eu sabia que tinha alguma coisa errada e só mais tarde, várias semanas depois, eu fui descobrir o que realmente era.

œ

Era por volta de onze da noite quando desci para tomar um copo d’água, fazendo os ajustes finais da redação e conversando com Penélope, eu havia me esquecido totalmente de colocar um copo de água perto da minha cama, afinal, eu sempre sentia sede durante a noite. Penny dormia confortavelmente em sua cama e provavelmente não havia ninguém acordado, só fui notar que isso não era verdade quando vi a luz da cozinha ligada.

-Meu anjo, não quer um pedaço de torta?

Papai havia me pego desprevenida, a porta da geladeira estava aberta e eu quase dei uma bronca nele, como assim o cirurgião chefe sabia costurar um corpo tão bem, mas não sabia que deixar a geladeira aberta era desperdício de energia?

-Adoro essa torta.

Disse fechando a geladeira e se sentando ao lado dele para comer.

-Pegue.

Ele disse me entregando um garfo, dei uma garfada na torta e sorri com satisfação. Estava uma delicia.

-Como sabia que eu estava acordada?

Perguntei por que aquela não era uma das tortas preferidas dele, papai costumava comer essa torta ou quando mamãe estava viva, ou quando eu estava com ele.

-Vi que você não tinha pegado seu copo d’água.

Ele disse dando de ombros e eu sorri por saber que ele me conhecia tão bem. Apesar de ser um homem muito ocupado, ele se importava muito com suas duas filhas.

-Papai, você conhece alguma Morgana Walker? Que morra no nosso condomínio?

-Morgana não usa mais o sobrenome do ex-marido a muito tempo.

Pisquei os olhos, atordoada, pelo visto a mulher não estava mentindo.

-E?

-Sei que ela é professora universitária, por quê?

-Nada.

Disse dando de ombros e não imaginando que uma mulher que comprava tantas coisas de marca podia ser uma boa professora.

-Ah vamos lá Juliet, não tente enganar seu pai.

-Ela é mãe do namorado da Penny.

-Ah, do Blake. Entendo.

Espera, isso está mesmo ficando constrangedor. Como assim meu pai sabe quem é o Blake¿ Certo, ele pode até conhecer a tal da Morgana, por que ela morra no mesmo condomínio que a gente e tudo mais, mas conhecer o Blake? Aí já é demais.

-Como você sabe quem é o Blake?

Vi meu pai dar de ombros, ele parecia mais interessado na torta do que na nossa conversa.

-Facebook.

Revirei meus olhos, não podia mentir, mas eu estava ficando até um pouco paranoica. Uma possibilidade muito grande com a compainha constante de garotos ultimamente.

-Acho que vou voltar a dormir papai. – disse com um bocejo – Se Penny acordar e vê que eu sai do quarto vai ter um ataque, você sabe que ela odeia quando eu a deixo sozinha aqui em casa.

Ele apenas rio, me dando um beijo na cabeça. Subi as escadas, abri a porta do meu quarto e deitei na minha cama. Com sorte, eu não teria sonhos.


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Notas finais do capítulo

Querem que eu fale alguma coisa? Bem, espero que não, por que eu tó mô cansada aqui, minha barriga tá roncando e tá tarde, então... Adios, muchachos!



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