Peace escrita por Ayame


Capítulo 1
Paz?




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                                                                   Capítulo 1 - Paz?


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Paz.

Há algum tempo se você me perguntasse sobre a coisa que eu mais desejava, certamente eu responderia isso. Hoje não é mais assim.

Por favor, não me entenda mal, não que eu tenha algo contra a paz.
Para falar a verdade, a paz sempre foi a coisa mais importante para mim. Foi por ela que eu arrisquei milhares de vezes a minha vida. Algumas vezes desejando-a para as colônias, meu lar, e mais tarde desejando-a em todo o universo. Pacifismo total. Isso parecia um sonho um tanto utópico em um primeiro momento, mas nós os tornamos realidade. Certamente tivemos que fazer grandes sacrifícios, mas no final tudo terminou bem.

Meu nome é Duo Maxwell, ex-piloto Gundam. Ex-Deus da morte.
Faz dois anos desde que destruímos os Gundans. Devo admitir, sinto uma falta absurda dos tempos de Guerra. Depois que alcançamos a paz, tudo se tornou muito monótono. Heero diz que isso é normal, afinal, fomos treinados a vida toda para lutar e agora que a luta acabou, temos que mudar completamente o nosso modo de vida e se adaptar. Trowa diz que eu me acostumarei e que em breve pararei de achar esse modo de vida monótono. Quatre sempre sorri e diz que a paz tem seu lado bom – Acho que ele não sente falta do campo de batalha.Wufei nunca me responde, apenas resmunga algo incompreensível. Acho que ele me entende!
No fundo, acho que essa monotonia toda se deve ao fato de eu sentir muitas saudades do meu velho amigo, Deathscythe. As únicas coisas que sobraram dele foram alguns pedaços danificados de sua carcaça, a qual guardo comigo como se fosse um tesouro. Ah.. E eu também sinto falta de ser o Deus da morte. Era divertido!

Depois que tudo acabou eu vim morar na colônia L2, com a Hilde. Montamos nosso próprio negócio. Um ferro velho. Não é legal? Acho que é um modo de não sentirmos falta dos nossos velhos companheiros feitos de metal. Não que isso adiante muito.

Hilde é uma garota fora de série. Nunca conheci alguém como ela!  Tornou-se uma grande amiga minha, desde a época das guerras até aqui. Mas.. Falando a verdade... Bem, acho que ela se tornou até algo mais especial do que uma amiga. Eu não sei exatamente o que é, ou como explicar. Só posso dizer que não consigo mais imaginar a minha vida sem ela. – Ele desviou o olhar para a garota, que sentada sobre um banco, anotava algumas coisas em uma prancheta. –  Acho que ela é o principal motivo que faz eu ainda estar aqui. Trabalhando aqui com ela, as coisas parecem se tornar mil vezes mais simples. Ela me dá motivos para me levantar de manhã e continuar vivendo. E acreditem ou não, ela não precisa falar nada demais. Basta ela vir com aquele sorriso magnífico, gritando: “ Vamos, Duo! Acorde, seu dorminhoco!”. Hahaha! Não há como explicar, eu simplesmente amo quando ela grita isso. Mas se tem algo melhor do que isso, é fingir estar dormindo ainda, para que ela dê seu cotidiano ataque de nervosismo, e comece a me puxar à força da cama. Isso é realmente divertido.

- DUOOO!! – Ela gritou se levantando e deixando a prancheta de lado. – Acabamos por hoje. – Continuou, enquanto caminhava até duo, parando apenas á alguns centímetro dele.  – Acabamos por hoje e pelos próximos três dias. Não disse á você que teríamos uns dias de folga? Nosso próximo carregamento chegará apenas na quinta feira, ou seja, daqui a três dias. Até lá, teremos um tempinho para descansarmos.
- AAH! Que booom! Já não via a hora de poder dormir até tarde! Tava começando a me sentir um escravo, trabalhando em tempo integral!
- Escravos não recebem salário, então não reclame. – Os dois riram juntos.

Os dois caminharam até a entrada da casa, que ficava ao lado do ferro velho. Usaram a porta dos fundos para entrar. Hilde foi direto em direção a pia, lavar a mão e em seguida começou a preparar o jantar. Duo sentou-se à mesa e pegou o jornal para ler enquanto esperava.

- O que teremos para o jantar, Hilde? – Perguntou sem desgrudar os olhos do jornal.
- Espaguete!
- Hum.. Isso é bom! – Não pode deixar de abir um sorriso.

Por algum tempo, manteve-se em silencio. Virou a página e continuou a ler. Hilde, fazia o jantar tranqüilamente, de costas para Duo. Ele abaixou brevemente o jornal e se colocou á observa-la trabalhar. – Vendo-a assim ela parece uma garota normal. Às vezes é difícil lembrar de nosso passado, quando nos conhecemos. Vê-la trabalhando para a OZ. É estranho. Assim, aqui dentro de casa, com uma vida normal.. É difícil imaginar que essa garota tão delicada já esteve em guerra... Já matou pessoas. E já se arriscou tanto em nome da paz. Heh.. O que estou falando? Isso não faz o mínimo de sentido, partido de mim. Muitas pessoas se assustaram quando souberam que eu, tão novo, era um piloto Gundam. Porque então, Hilde, não poderia ter servido a OZ? Chega á ser hipocrisia minha, não?
Mas.. Deixando isso de lado... Ela realmente é alguém muito diferente de dois anos atrás! Não. Estou errado. Hilde não mudou muita coisa. Continua carismática. Cabelos curtos, franja sobre os olhos azuis claros, pele alva, blusas de gola alta e boina sobre a cabeça. Heh.. A mesma de sempre. O que mudou foi a minha forma de olhar para ela. Há algum tempo a trás, eu jamais havia reparado o quão bela ela é. Hilde possui uma beleza exótica. E eu amo mulheres assim. Esse esoterismo é tão encantador e interessante. – Sorriu, quase sem perceber. –Devo admitir, Hilde é linda. – A garota virou o corpo em direção á Duo, fitando-o com curiosidade.

- O que houve, Duo?

Duo rapidamente corou.

- Ahn.. Nada...! – Resmungou em resposta.

De novo. Porque às vezes, quando ela fala comigo meu coração se comprime tanto? Às vezes acho que ele para por um momento. É tão estranho!

- Tem certeza..? – Ela indagou novamente, um pouco preocupada.
- Tenho!!! – Ele apressou-se para que ela não percebesse qualquer coisa suspeita. Moveu rapidamente as mãos, com aquele largo sorriso bobo nos lábios. – Não é nada não! Nada não!
- Então ta! – Ela sorriu.
- Quer ajuda? – Ofereceu-se.
- Não brigada. Não acho que você seja a melhor pessoa para me ajudar na cozinha. – Ela comentou, rindo brevemente.
- Ah, ainda está chateada com aquilo? – Fez uma careta.
- Não estou chateada, Duo. Só acho que você e cozinha, não são uma combinação muito boa!
- Ah.. Eu não sou tão mal assim. – Resmungou, fazendo bico.
- Não? – Riu.  – Duo, você quase colocou fogo na casa!
- Foi sem querer!

Ela soltou uma alta gargalhada e continuou a cozinhar. Ele sorriu brevemente. Gostava de ouvir a gargalhada de Hilde. Voltou o olhar para o jornal e mudou novamente a página. Havia uma pequena reportagem sobre Relena, relatando sobre o recente acordo de paz que ela havia feito entre a terra e uma colônia que começava a demonstrar pequenos focos rebeldes.


- Heh.. Tão falando da Relena aqui no jornal!
- Sério? Falando o quê? – Indagou curiosa.
- Um acordo de paz que ela fez com a colônia L8.
- Heh.. Relena é incrível, não é?
- É! Ela está fazendo um ótimo trabalho para manter a paz!

O silencio reinou por um misero minuto. Duo tinha um olhar vago, perdido em seus pensamentos. Os lábios moveram-se quase por impulso, deixando uma pergunta sem nexo escapar.

- Hilde... Você está feliz?

- Feliz? – Não entendeu.
- É. Com a paz...!
- Claro. Foi por isso que lutamos, não é? É claro que estou feliz. – Respondeu com naturalidade.
- Porque perguntou. Você não está? – Ela se virou, fitando-o.

Duo não respondeu instantaneamente. Balançou a cabeça esvaindo aqueles pensamentos.

- Estou. Lógico que sim! – Riu sem graça. – Muito!

Mas que diabos eu to pensando? Eu estou feliz. Foi por isso que eu lutei. Eu tenho que estar feliz. Cada batalha que eu enfrentei, foi pensando na paz que eu queria obter. Não faria o mínimo sentido eu não estar feliz depois disso tudo.... Não é?! Se é assim.. Então porque eu me sinto desse jeito? Como se faltasse alguma coisa. Eu ainda sinto que a luta continua. Pelo menos internamente. É como se a minha paz ainda não estivesse completa. Como se faltasse algo para que enfim eu pudesse me sentir em paz. Mas porque isso? As colônias estão em paz. A terra está em paz. O universo todo está em paz. Então, porque, diabos, eu não me sinto em paz?

- Tem certeza? – Ela não acreditou.
- Tenho.  Não se preocupe. Foi uma pergunta idiota! Nem sei de onde tirei isso! – Ele riu, disfarçando.

Ela se virou e continuou a cozinhar.

O Jantar foi tranqüilo. Conversaram e riram, como sempre faziam. Duo lavou a louça, como sempre. Aquele era o acordo. Ela fazia o jantar e ele lavava a louça. Não gostava muito, porém não tinha escolha. Não levava jeito na cozinha. Assistiram um pouco de televisão e mais tarde foram dormir.


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