Things That Remain Unspoken escrita por JK2_Faberry


Capítulo 6
Stay With Me


Notas iniciais do capítulo

Escrevi correndo antes de ir viajar então desculpa qualquer erro de portugues nao tive tempo de revisar.



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Já estava ficando cansada de ver relações terminarem, principalmente as minhas, mas sem duvida aquela era a que estava mais me machucando. Como amiga das duas sempre gostei de observar o namoro de Alex e Rachel, e na minha visão, a relação delas era de puro mutualismo. Rachel precisava de alguém pra cuidar da vida dela enquanto corria atrás do seu sonho e Alex tinha toda aquela necessidade de proteger todo mundo. Elas precisavam uma da outra e eu, no meio disso tudo, precisava das duas e confesso que fiquei completamente perdida quando soube que elas haviam terminado.

Queria ser imparcial com a situação, mas sabia que eventualmente teria que escolher um lado e aquilo era impossível. Rach era minha melhor amiga, era como uma irma pra mim e sentia por ela um carinho imenso, mas um dos motivos de gostar tanto de Rach era exatamente ela ter trago Alex pra minha vida. Eu admirava aquela garota, e tudo que ela fazia por Rach, tudo que queria um dia pode fazer por outra pessoa. Nos tornamos grandes amigas e tínhamos tanto respeito uma pela outra que nunca causou ciúmes em Rach e nem precisava. O que sentia por Alex era amor sim, eu amava a pessoa que ela era e amava o quanto ela lutava para fazer Rach feliz.

Talvez por saber isso, e saber o real motivo de Alex ter terminado com ela, acabei ficando mais chateada com Rach, mas também ela não sabia o que estava acontecendo então não podia juga-la por isso. Como tudo aquilo só confundia minha cabeça, resolvi que iria ignorar as duas e esperar passar aquele momento. Queria passar o máximo de tempo possível sem me intrometer, mas percebi que aquilo não seria possível, primeiro quando Alex me mandou uma mensagem dizendo onde estava se escondendo e depois quando escutei o barulho da porta.

– Você? Batendo na porta? Que surpresa.

– A Alex esta aqui? Tem dois dias que não tenho noticias dela.

– Por que você acha que ela estaria aqui?

– Por que ela não voltou pro apartamento dela.

– Acho que depois de quatro anos você sabe, mas caso tenha perdido seu relógio, ela trabalha esse horário, por que não a procura lá?

– Eu procurei, mas disseram que ela não vai ao trabalho desde ontem. Não faço ideia de onde ela esteja e estou começando a me preocupar, ela não retorna minhas ligações e...

– Quer saber, por que você não procura ela naquele hotel no final da cidade, quarto 468, talvez você tenha sorte. – disse empurrando a porta, mas Rachel não deixou que a fechasse.

– Espera Lauren, é impressão minha ou você esta com raiva de mim pelo que aconteceu?

– Sim Rach, eu estou com raiva de você. Eu tenho assistido a Alex tentar todos os dias consertar um coração que ela não quebrou e você a tratando desse jeito?

– Não sei se a Alex te contou toda a historia, mas foi ela quem terminou comigo.

– Claro por que ela é boazinha de mais. Rachel sabe por que todos os meus relacionamentos dão errado?

– Porque você mente e trai todas as suas namoradas?

– Exatamente. Agora me conta que pessoa em sã consciência diria pra namorada que a ex dela esta livre leve e solta e disposta a reconquista-la?

– Ok Lauren eu entendi ela foi sincera comigo como sempre foi, mas ela sabe dessa historia da Quinn desde o casamento, por que resolveu me contar só agora? Talvez ela só quisesse uma desculpa pra me largar e continuar me traindo com a Emily. – aquilo pra mim era o fim e mesmo que Alex ficasse com raiva não ia mais esconder a verdade.

– Pelo amor de Deus Rach ela não esta te traindo, ela esta morrendo.

– O que?

– A Alex esta doente, a muito tempo. Na verdade ela descobriu quando ainda namorava com a Emily. Elas terminaram na época e a Alex fez uma cirurgia que retardou a doença, mas era só uma sentença de morte prolongada. Com o tempo os sintomas voltariam e qualquer cirurgia seria inútil. A Emily descobriu há uns meses atrás essa clinica que estava fazendo pesquisas sobre uma possível cura pra doença e com peso na consciência procurou a Alex e conseguiu uma vaga pra ela no programa. Por isso elas estavam se encontrando, por isso todas aquelas ligações da Emily. – Rach me olhava como se o que eu dissesse fosse uma brincadeira de mal gosto, uma péssima tentativa de fazer elas voltarem.

– Lauren eu sei que você gosta da Alex não precisa inventar algo tão ...

– Eu não estou inventando nada, não estou mentindo. Todas as noites que ela chegou tarde sem uma boa explicação, ela estava na clinica. A ultima vez foi noite antes do seu aniversario.

– Por que ultima vez?

– Porque, – respirei fundo tentando segurar as lagrimas e tomando coragem – o tratamento não esta funcionando.

– O que isso significa? – parecia que ela já sabia o que eu iria dizer, mas não queria ouvir

– Os médicos disseram que com sorte ela teria mais dois meses de vida. – Rach ficou paralisada e como se suas pernas tivessem fraquejado com a noticia, deixou seu corpo cair sobre o sofá.

– Ela estava tão pra baixo ultimamente, vivia reclamando de cansaço e de dores de cabeça, e eu achando que era coisa do trabalho. – Rach começou a chorar.- Como eu nunca percebi? Como eu fui idiota? Duvidar da Alex? -Me sentei do lado dela, e a abracei. – E as coisas que eu disse, droga ela deve estar me odiando agora.

– Rach é da Alex que estamos falando, a garota é louca por você.

– Lauren eu preciso fazer alguma coisa por ela, não posso abandoná-la, não agora quando ela mais precisa de mim. O que eu faço?

– Mostra pelo menos uma vez que você sente por ela nem que seja um milésimo do que ela sente por você. – Rach limpou o rosto e levantou rápido do sofá.

–Sei como vou fazer isso, mas preciso que você me ajude?

– Eu não vou cantar.

– Como você sabe que vou cantar?

– Por que é o que você faz.

– Ótimo então me ajude com o que você faz.

– O que você quer, que eu de um banho nela, corte os pelos, atualize o cartão de vacinas?

– É não vai ajudar muito. Olha eu sei que você consegue pensar em algo melhor, mas seja como for faça com que a Alex esteja no teatro hoje as 20hrs.

Rach saiu disparada do apartamento. Não queria nem saber o que ela faria, ja estava feliz por Rach tomar a atitude que tinha certeza que ela tomaria quando soubesse a verdade, agora precisava pensar em um jeito de empurrar Alex ate o teatro.

Entrei no primeiro taxi que passou e fui ate o hotel procurar por ela. Quando cheguei encontrei Alex em um estado que nunca vi antes. Tinha os olhos fundos, o cabelo bagunçado, vestindo roupas de dormi e parecia ter bebido.

– Eu te passei meu endereço pra saber onde estava não para me visitar. – e definitivamente de mal humor, ela disse deixando a porta aberta e voltando pro sofá dando mas atenção a televisão do que pra mim.

– Saiu cedo do trabalho hoje?

– Na verdade eu sai do trabalho, me demiti.

– O que? Por quê?

– Eles teriam que procurar outra pessoa de qualquer jeito, só adiantei o processo. - Alex estava longe de ser a pessoa que eu conhecia.

– Vai fazer alguma coisa hoje à noite, afinal é seu aniversario.

– Sim, vou dormi e esperar a noite passar. Desculpa se não estou muito no clima pra comemoração. – aquilo foi o limite, era hora de Alex escutar umas verdades também.

– Por que você não para de ser tão dramatica? – finalmente consegui a atenção dela. – Você esta morrendo. okay, já entendi e acredite isso esta acabando comigo, mas o que mais me dói é ver que ao invés de aproveitar ao máximo o tempo que te sobra, você prefere se afastar de todos que tem amam e se trancar em um quartinho de hotel esperando o dia passar.

– Eu não quero piedade, e não quero ver as pessoas que amo sofrendo por antecipação.

– E é assim que você as recompensa. Se afastando delas?

– Ela não me quer por perto de qualquer jeito.

– Então não são todas as pessoas, é só a Rach? Entao é menos um problema, ela já sabe sobre sua doença.

– Você contou pra ela? – Alex levantou do sofá como se fosse partir pra cima de mim, mas não preocupei com aquela ameaça.

–Sim, e vendo você desse jeito não me arrependo. Ela quer conversar com voce, pediu que a encontra-se no teatro hoje.

– Eu não vou.

– Sim você vai, por que eu não vou sair daqui sem você e eu te levo nem que seja arrastada. – ela ficou calada, como se estivesse se acalmando. – Alex eu nunca te pedi nada então, por favor, vem comigo, vamos ao teatro e você só escuta o que a Rach tem pra te dizer, da uma chance pra ela.

– Tudo bem, eu vou com você ao teatro, mas não importa o que a Rachel diga eu não vou voltar com ela. – apenas concordei, a minha parte era levá-la, os resultados disso dependiam de Rach. – E outra coisa Lauren, considere isso como um favor, que eu vou precisar de te cobra mais tarde.

Alex entrou pro quarto e fiquei esperando na sala enquanto ela se arrumava pensando em que favor seria esse que ela me cobraria, não importava também, já tinha conseguido o que queria. Meia hora depois Alex estava pronta e nos duas deixamos o hotel procurando um taxi.

Quando chegamos ao teatro ficamos um tanto surpresas. Alem do pessoal que trabalhava com Rach, alguns jornalista e câmeras faziam uma aglomeração em frente ao palco. Alex parecia desapontada com todas aquelas pessoas.

– Achei que a Rachel queria conversar comigo. O que eles estão fazendo aqui?

– Não faço a mínima idéia, ela só me disse pra trazer você. Vem – disse puxando Alex ate um dos bancos no fundo do teatro. – o jeito é esperar pra ver.

Antes que Alex começasse a fazer mais perguntas que não saberia responder, Rach apareceu no palco. Toda a atenção foi para ela, todos pareciam curiosos pra saber o que ela tinha de tão importante pra falar, então Rach começou um discurso que nunca pensei que a veria fazer.

– Bom primeiro queria agradecer por terem vindo ainda mais assim em cima da hora, mas o que tenho pra falar é muito importante e não posso esperar mais nem um minuto. Não quero mais esconder isso de ninguém – Rach respirou fundo e continuou. - Eu sou gay. – foi a primeira vez que ouvi-la dizer aquilo realmente me surpreendeu. – Com isso acho que podem acabar os rumores sobre Jesse e eu já que isso nunca vai acontecer. – enquanto o pessoal da peça trocava olhares, os jornalistas não perderam tempo e começaram a tirar fotos, levantando a mão para encher Rach de perguntas, mas ela não parecia disposta a respondê-las e continuou falando – Sei que vocês querem saber detalhes, mas apesar dessa revelação, essa noite não é sobre mim. É sobre aquela garota maravilhosa sentada ali atrás. Minha namorada, ou pelo menos era ate eu estragar tudo, e esse é o jeito que encontrei de me redimir, de mostra pra ela o quanto eu a amo – todos olharam rápido para Alex, que parecia não acreditar no que estava acontecendo, e então voltaram a atenção para Rach que começou a única coisa que para mim era previsível aquela noite.

Time, is going by, so much faster than I,
And I'm starting to regret not spending
all of it with you.
Now I'm, wondering why,
I've kept this bottled inside,
So I'm starting to regret not telling
all of it to you.
So if I haven't yet, I've gotta let you know...

You never gonna be alone
From this moment on,
If you ever feel like letting go,
I won't let you fall...
Never gonna be alone!
I'll hold you 'til the hurt is gone.

And now, as long as I can,
I'm holding on with both hands,
Cuz forever I believe that there's
Nothing I could need but you,
So if I haven't yet, I've gotta let you know...

You never gonna be alone!
From this moment on,
If you ever feel like letting go,
I won't let you fall.
When all hope is gone,
I know that you can carry on.
We're gonna see the world out,
I'll hold you 'til the hurt is gone.


You've gotta live every single day,
Like it's the only one, what if tomorrow never comes?
Don't let it slip away,
Could be our only one,
You know it's only just begun.
Every single day,
Maybe our only one, what if tomorrow never comes?
Tomorrow never comes...

Time, is going by, so much faster than I,
And I'm starting to regret not spending
all of it with you.

Rach desceu do palco e caminhava na nossa direção. Quando ela já estava se aproximando, Alex apertou minha mão e sem olhar pra mim disse às palavras que acabaram com aquele momento.

– Lauren, não estou bem.

Não tive tempo de perguntar o que ela estava sentindo, Rach já estava do nosso lado. Ela segurou a mão de Alex que levantou do banco e começou a cantar para ela.

You never gonna be alone!
From this moment on,
If you ever feel like letting go,
I won't let you fall.
When all hope is gone,
I know that you can carry on.
We're gonna see the world out,
I'll hold you 'til the hurt is gone.

I'm gonna be there all of the way,
I won't be missing a one more day,

– Alex eu fui uma idiota e vou entender se você não quiser voltar comigo, mas fiz tudo isso pra te mostrar que você querendo ou não, eu não vou te abandonar. Vamos passar por isso juntas e você vai ver vai dar tudo certo ok?

– Ok. – As duas se abraçaram e por um momento esqueci o que Alex tinha dito, um momento mágico que foi completamente destruído. – Rach...Rachel eu...- A voz de Alex foi falhando antes dela cair tremula nos braços de Rach.

Por um momento tudo pareceu em câmera lenta . As pessoas começaram a gritar ao ver a cena, Rach sentada no corredor com Alex no seu colo segurava o rosto dela totalmente desesperada enquanto eu fiquei parada vendo tudo acontecer.

– Lauren? Lauren. – os gritos de Rach me trouxeram de volta a realidade. – Me ajuda Lauren, faz alguma coisa.

Peguei o telefone e liguei para o hospital. Com menos de dez minutos uma ambulância já estava parada na porta do teatro. Eles conseguiram conter a crise, a colocaram em uma maca e a levaram o mais rápido possível para o hospital.

Chegando la, pediram que Rach e eu esperássemos na recepção. Nos sentamos na sala de espera e eu abracei Rach que inconsolável não parava de chorar. Ficamos mais de uma hora esperando quando finalmente um dos médicos apareceu para dar noticias. Apesar da expressão dele parecer tranquila, tinha a sensação que as coisas não estavam bem.

– Houveram algumas complicações, mas a paciente esta estável agora. Esta descansando mas se quiser, podem vê-la.

Rach não quis mais nenhuma explicação e foi correndo para o quarto de Alex, eu fiquei. Precisava saber o que estava acontecendo.

– Doutor, sei que só esta tentando passar um pouco de tranqüilidade pra gente, mas a situação dela não esta boa não é?

– Infelizmente não. Alem do problema nos pulmões, parece que a doença já esta se alastrando. É questão de tempo ate que cada órgão comece a falhar.

– Não a nada que eu possa fazer para ajudá-la?

– Se você se considera importante pra ela, esteja la quando acontecer.

– É esse seu conselho? Sentar e esperar minha amiga morrer?

– Sinto muito. – o medico disse colocando a mão no meu ombro e saindo da sala.

– Por favor Alex, não faz isso comigo.

Ao contrario de Rach fui caminhando lentamente ate o quarto. Parei na porta enquanto Rach estava sentada ao lado da cama e fiquei observando Alex que parecia começar a acorda.

– Rachel?

– Oi amor, como você esta?

– Cansada. Muito cansada.

– Vai ficar tudo bem. Você deu um baita susto na gente - Rach segurou a mão de Alex, e eu continuei no meu lugar, aquele momento era delas.

– Me desculpe por isso, e também por não ter te contado sobre minha doença antes. Alias tem tanta coisa que eu podia ter te contato antes. Acho que esta é uma boa hora de termos aquela conversa sobre o passado que você tanto queria.

– Não! Eu não quero fala sobre o seu passado, só quero falar do nosso futuro, como aquela vez que discutimos por causa do tamanho do nosso apartamento, e você disse que ele é grande o suficiente pra nossos filhos. Você sempre quis ter um filho não é? Como era o nome que você gostava?

– Rachel, para.

– Miguel, é isso. Vamos ter nosso o Miguel, você vai ver, ele vai conseguir derreter o coração da Lauren ate ela gostar de crianças, e ele sera uo melhor aluno da classe, e vamos levá-lo pra joga bola nos finais de semana. Você vai ve-lo crescer, conhecer as namoradas e nos duas vamos chorar quando ele for embora pra faculdade e...

– Rachel. – Alex apertou a mão dela fazendo-a enfim parar de falar. – Eu realmente espero que você tenha tudo isso, mas não sera comigo. Nos não temos um futuro, nos só temos o agora, e agora eu só preciso que você me escute e talvez entenda por que eu nunca quis falar disso antes. - Alex se ajeitou na maca e começou a contar a historia da sua vida.

–Eu nasci aqui mesmo em Nova York, um parto prematuro que deu completamente errado. Minha mãe não tinha muitas chances, mas eu podia ser salva, então os médicos fizeram o que tinham que fazer. Ela morreu pra que eu nascesse. Sem ter uma lembrança sequer dela e com todo aquele sentimento de culpa eu sempre senti falta de ter uma mãe, mesmo tendo tido algumas. Carole foi a primeira, ela começou a namorar com meu pai pouco depois que nasci. Ele recebeu uma oferta de trabalho em Lima e nos mudamos quando tinha 2 anos, no mesmo ano ela ficou grávida do Finn. Ate que gostava da ideia de ter um irmão, Finn e eu crescemos juntos, ele era meu melhor amigo, mas mesmo Carole me tratando como uma filha, em muitas ocasiões não me sentia parte da família, então quando fiz 15 anos disse ao meu pai que queria fazer o ensino médio em Nova York. Carole ficou chateada, Finn me implorou pra ficar e meu pai simplesmente não entendia o porque afinal, mesmo dividindo atenção, ele sempre foi um ótimo pai, mas vendo que não mudaria de ideia ele ligou pra minha avó e combinaram minha mudança. Foi difícil no começo. Minha avó sempre foi muito conservadora, nos não conversamos muito e ela odiava tudo que eu fazia, por isso ficava mais tempo no colégio do quem em casa. Foi quando conheci a Emily e me apaixonei completamente por ela. É claro que minha avó não aceitou quando cheguei em casa dizendo que era lésbica e que estava namorando uma garota. Ela ligou pro meu pai dizendo o que havia acontecido e disse que ia me expulsar de casa caso ele não fizesse alguma coisa. Meu pai entrou no primeiro avião e quando o vi passar pela porta pensei que iria me castigar e me obrigar a voltar pra Lima, mas não foi o que ele fez. Ele discutiu com minha avó e depois entrou no meu quarto, nos conversamos e no final ele me deu um abraço e disse que me amava acima de qualquer coisa, que só importava minha felicidade e que queria conhecer a Emily. Parecia o dia mais da minha vida. Desde então comecei a passar os finais de semana com ele em Lima, ele começou a me visitar com mais freqüência pra ter certeza que minha avó estava lidando bem com a situação, e passávamos um bom tempo juntos, ate o dia que marcarmos um encontro para que ele conhecesse a Emily. Ele ja estava bem atrasado então resolvi ligar pra saber onde estava. Ele me disse que tinha acabado de pegar um taxi no aeroporto e já estava a caminho do restaurante quando o carro colidiu em um caminhão que vinha na mão errada. Ainda me lembro do som que o batida do carro fez pelo telefone. Ele já chegou morto no hospital. – Alex parou respirando fundo e engolindo as lagrimas que vinham contra a vontade. – Foi à pior época da minha vida, mas serviu pra me reaproximar da minha avó, de Finn e Carole. Quando a dor da morte dele amenizou outra veio. Eu achava que era só uma gripe ate que comecei a tossir gotas de sangue e a Emily me obrigou a procurar um medico. Depois de uma serie de exames sem respostas, o medico mandou que fizesse uma tomografia de alta resolução, que me diagnosticou com linfangioleiomiomatose. Nome legal não é. Ele disse que havia cistos crescendo dentro dos meus pulmões, e que um transplante poderia me garantir mais 7, 8 anos, mas eles voltariam a crescer e meu corpo não aguentaria outra cirurgia. De tantas que já tive não encarei essa como uma noticia ruim, afinal eu ainda estava viva e tinha a Emily, não ligaria de viver só mais 7 ou 8 anos desde que fosse ao lado dela, mas ela não pensava o mesmo. Antes de entrar na sala de operação ela terminou comigo. Disse que me amava de mais pra me ver morrer e eu só conseguia pensar que droga de amor é esse? Eu fui pra cirurgia torcendo que tudo desse errado e morresse ali mesmo, mas obviamente saiu tudo como planejado, menos a parte que depois da cirurgia eu continuaria a mesma pessoa de antes. Resolvi não chorar por aquilo, não ia passar o tempo que me restava sofrendo. Entrei na faculdade, comecei a trabalhar, fiquei com muitas garotas e prometi a mim mesma que nunca mais me apaixonaria. Eu estava cumprindo muito bem essa promessa ate que a Carole me chamou pra passar as férias na casa dela e ficar um pouco com meu irmão, e entao eu trombei com essa garota que era a coisa mais linda que já tinha visto e ficava ainda mais linda nervosa parada na cozinha, segurando uma bandeja de gelo e me acusando de ser mais uma vadia afim do amigo dela. Eu juro Rachel, eu me apaixonei por você naquele momento e aquilo só foi crescendo ate chegar ao ponto de me esquecer que por mais que eu o quisesse, seu coração já pertencia à outra pessoa. Então eu esperei ate que tivesse uma chance e não a desperdicei. Eu fui egoísta, roubei seus sonhos e os transformei em nossos, por que eu achava que quanto mais perto você estivesse de Nova York, de Julliard, da sua carreira, mais perto você estaria de mim, mas eu me enganei, não é isso que você quer. Seu sonho é outro, seu sonho é outra pessoa e eu sei que é porque você trocaria tudo isso para estar com ela. Por isso terminei com você Rachel, por que não quero ser uma ancora na sua vida, eu quero que você corra atrás do seu verdadeiro sonho e por que hoje depois de tanto tempo eu entendi o que a Emily quis dizer quando terminou comigo na sala de cirurgia, por que sinto exatamente o mesmo. Eu te amo de mais pra querer que você me veja morrer.

– Ei amor para de falar disso okay? Você não vai morrer, esta me ouvindo. Você tem que me prometer que não vai morrer no dia do seu aniversario.

– Eu prometo. – Rachel se aproximou e deu um beijo em Alex. Via a cena da porta sem intrometer ate que Alex me viu. - Ah Rachel sera que você poderia avisar minha avó que estou aqui.

– Claro vou ligar para ela. - Rachel passou por mim saindo do quarto e aproveitei para me sentar ao lado e ficar um pouco com Alex.

– E ai garota, como você esta?

– Você sabe como estou, curiosa como você é. - tentei esboçar um sorriso mas não consegui. - Eu vou ficar bem, e preciso que você fique também. Não pensei que seria tao rápido mas já preciso cobrar aquele favor. Quero que você cuide da Rachel.

– Alex, são vocês duas que cuidam de mim.

– Não Lauren,você era quem sempre estava la quando a gente precisava, que ouviu nossas brigas, nossas reconciliações, nossos desabafos. Você era nosso ponto de fuga, você é uma das melhores pessoas que eu conheci, e só confio em você pra cuidar da Rachel e ter certeza de que ela vai voltar para Ohio. Faz isso por mim?- não consegui dizer nada então apenas concordei.

Ela segurou minha mão e não consegui mais conter minha lagrimas. Pouco depois Rachel voltou e ficamos as três, só aproveitando uma a presença da outra.

– Rachel, quantas horas? - Alex perguntou quebrando o silencio.

– 00:18

– Então já cumpri minha promessa não é? - Rachel e eu trocamos olhares e quando vimos Alex fechou os olhos e as maquinas começaram a apitar.

– Alex, Alex acorda, Alex por favor não me deixa Alex, fica comigo. Alex. - Rach gritava e eu mais uma vez apenas fiquei parada segurando a mão da minha amiga antes dos médicos chegarem e nos expulsarem do quarto.

Voltamos pra sala de espera, mas dessa vez não demorou muito o medico ja estava de volta, dessa vez a expressão dele não era nem um pouco esperançosa.

– Fizemos tudo que era possível. Sinto muito.


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Notas finais do capítulo

Desculpa gente mas foi preciso