Coração que Renasce da Dor escrita por Akahime


Capítulo 1
Capítulo I - Prenúncio do Sofrimento - Parte I


Notas iniciais do capítulo

Introdução da história.
Por aí vocês terão uma noção do que acontecerá no próximo capítulo.



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"Ninguém pode livrar os homens da dor, mas será bendito aquele que fizer renascer neles a coragem para a suportar." (Selma Lagerlof)

  

Konoha, 20 anos depois do ataque da Kyuubi, a poucos dias do Ano Novo.

 

A Vila Oculta do País do Fogo estava estranhamente silenciosa naquela manhã, os únicos ruídos audíveis eram os passos apressados dos jounins de elite vasculhando as ruas cheias de escombros, buscando algum sobrevivente que tivesse escapado de seus olhos atentos. O astro diurno já quase beirava a metade do seu trajeto pelo céu intensamente azul, sem uma nuvem sequer para aliviar o intenso calor que este infringia aos habitantes da vila, fazendo os rastros de sangue secarem sob sua luz forte. Nenhum civil se aventurava a sair de suas residências, receosos de que houvesse mais algum estranho ataque, que mexera tanto com as estruturas da cidade, aparentemente um grande terremoto. A maioria da população não sabia o que havia acontecido na realidade, e a antiga Godaime deixara ordens expressas para que os reais fatos ainda não fossem expostos em público.

 

Não se sente nem ao menos uma leve brisa passar, parece que tudo parou, o vento, o tempo, a vila. Tudo quieto, como se a grande Konoha tivesse se transformado numa cidade fantasma, sem moradores, sem vida, sem alma. O que existe são os imponentes prédios e algumas casas graciosas que sobreviveram em meio aos escombros que cobrem parte das ruas largas e empoeiradas, lembranças de seus tempos gloriosos do passado.

 

Agora se ouve breves sussurros, vozes baixas, mas claramente interrogativas. Alguns aparecem nas janelas, tentando em vão descobrir o que afinal acontecera com a vila que tanto amavam. Infelizmente, para eles, não existe uma resposta. Terão que ser pacientes, e aguardar em silêncio até que seja o momento propício para a verdade ser revelada.

 

Noutro canto da vila, o hospital de Konoha se encontra lotado, com os medinins disponíveis correndo de um lado para o outro, atendendo os feridos mais urgentes, tentando aliviar suas dores e curar os ferimentos com o chacka medicinal. Podemos ver a famosa discípula da sannin das lesmas orientando cada um dos seus ajudantes, verificando o estado clínico de cada paciente e dando atenção a cada sofredor que se encontra ali. Em nenhum momento ela pára, mas seus olhos estão cheios de apreensão e angústia, e por um momento ela volta os olhos para a ampla janela que ventila o quarto em que se encontra.

 

“Dois amigos meus, tão queridos e importantes... Quanta dor e sofrimento teremos que passar até que a verdadeira paz retorne ao nosso lar?” Ela pensa enquanto algumas lágrimas teimosas escorrem pelas suas faces, imaginando a situação que se encontrava a amiga naquele momento, agora abandonada a um destino cruel e ingrato, depois de anos dedicados a um amor platônico, que agora se tornara uma adaga afiada cruelmente cravada no coração frágil e carinhoso da menina de olhos perolados. Numa prece, a rosada pede que a amiga tenha forças para se recuperar daquele tremendo acontecimento.

 

Abandonemos por um momento este lado da cidade e sigamos rumo ao canto mais nobre da cidade, o território dos Hyuugas. O lar do clã que detêm o segredo do Byakugan é um lugar imponente e majestoso, possuindo uma vasta extensão de terras cercadas por um alto muro de pedras habilmente cortadas e organizadas, transformando seus domínios numa verdadeira fortaleza, uma defesa planejada pelos antepassados destes, de forma a dificultar ainda mais o acesso de inimigos e pessoas indesejáveis.

 

No centro do clã se encontra a grande mansão Hyuuga, moradia permanente do líder deste e de sua família. A construção é bela e ornamentada de forma que qualquer um sinta a importância e o grau de riqueza destes, ou seja, para impressionar os visitantes e causar inveja aos demais clãs da vila. Mas deixemos de lado estes detalhes para nos focarmos na real razão de estarmos aqui neste território reservado: encontrar a herdeira do Byakugan, a graciosa Hinata.

 

Pelos corredores extensos do prédio podemos notar o som de passos firmes e apressados. Uma jovem passa quase correndo, com as faces presas numa estranha expressão vazia, típica de sua família, enquanto atravessa o labirinto de quartos, até que pára junto a um destes. Sem ao menos bater na porta, a jovem irrompe para dentro, fechando-a bruscamente logo após. Assim que põe os pés para dentro do recinto sua face adquire uma expressão pesarosa, e ela se aproxima calmamente do fuuton próximo a janela, aonde pode-se notar que outra pessoa está deitada, com o corpo jogado em uma posição fetal incômoda sobre os lençóis mal arrumados. A menina torce as mãos ao perceber que a irmã tem as faces manchadas pelas lágrimas, um sorriso triste nos lábios e os olhos inchados devido ao choro, provavelmente derramado até que o sono vencesse a bela herdeira. Suavemente, a menina encosta a mão sobre o ombro da mais velha, balançando um pouco o corpo inerte da irmã, que aos poucos dá sinal de estar acordando.

 

- Hanabi-imouto, o que faz aqui há esta hora... – A dona dos olhos perolados os abre devagar, reconhecendo de imediato sua irmã caçula. Hanabi tenta sorrir, mas este não é seu forte, ainda mais na presente situação. Senta-se ao lado de Hinata e segura firme na sua mão.

 

- Nee-chan, já passa do meio-dia, você precisa comer alguma coisa...

 

Com essas palavras, Hinata se lembra do que houve no dia anterior, virando para o outro lado, de costas para a janela, escondendo assim o pesar que toma conta de seu rosto delicado, segurando-se para não desabar novamente em lágrimas.

 

- Arigatô, mas não sinto fome... – Disse ela num fio de voz, enquanto uma escorria pela face, caindo devagar sobre o colchão macio, seu companheiro naqueles sonhos e fantasias tão guardadas no fundo de sua mente, sonhos esses que haviam sido brutalmente destruídos num só golpe, sem jamais terem sido realizados.

 

- Não seja teimosa, nee-chan... O que aconteceu não pode ser mudado, e você tem responsabilidades agora, Hina. Não pode querer morrer aos poucos, isso não o trará de volta para você.

 

Hanabi tinha o coração apertado ao dizer aquelas aparentes palavras duras para a irmã, mas tentava trazer alguma luz para aquele triste coração quebrado. De nada adiantaria esquecer seus deveres com o clã, justamente naquele momento tão crucial de sua vida, e jamais permitiria que a árdua batalha desta, tudo o que esta construíra através dos anos desabasse juntamente com aquele amor platônico e sem esperança. Era mais nova, sim, mas assim como Hinata a protegera no passado de erros inconseqüentes, ela protegeria a irmã de decisões tomadas no calor do momento.

 

A outra se virou para Hanabi, com um sorriso amarelo. Voltou seus olhos então para o teto, recordando-se daqueles breves momentos, mas que haviam destruído seus sonhos de amor e felicidade como um grande castelo de cartas, sobrando-lhe apenas uma carta na mão. A carta do Dever.

 

Flashback On:

 

A terra repousava em paz nestes quatro anos depois da invasão da Akatsuki, e muitas coisas haviam mudado. Como era de se esperar, o novo sennin Uzumaki Naruto havia conseguido, junto com a força tática de Konohagakure no Sato, destruir o verdadeiro Pein e eliminar as ameaças da antiga força nukenin que antes aterrorizava os quatro cantos do mundo ninja. Infelizmente, nesta terrível batalha os dois lados haviam tido perdas preciosas, irrecuperáveis, como Hatake Kakashi, Umino Iruka, Shizune e uma infinidade de chuunins e jounnis de elite que deram suas vidas para proteger a vila que amavam. A Godaime estava um tanto quanto sem força, já que todo aquele chacka acumulado durante anos em sua testa haviam se esvaído na tentativa de salvar o maior número possível de ninjas, então passara seu cargo para o último Jinchuuriki, agora herói reconhecido em todo o mundo shinobi.

 

Naquele tempo que se passou, o antes ninja hiperativo e cabeça oca se transformou num homem responsável e cuidadoso, ciente de seus deveres como novo protetor de sua vila natal, embora ainda tivesse  o mesmo brilho nos orbes azulados e o mesmo sorriso travesso e brincalhão, o que lhe conferia ainda mais carisma e admiração das pessoas que ali viviam. Preocupava-se sempre com os mais fracos e rejeitados, e ao ver algum desses passando pelas mesmas dificuldades que ele passara quando pequeno não vacilava e corria em seu auxílio. Nessas horas era impossível não perceber uma pequena nuvem invadir seu olhar, mas no momento seguinte ali estava ele, afagando as cabeças das crianças e ajudando os mais velhos.

 

Não fora apenas ele que se modificara para melhor. Sua maior e secreta admiradora sempre estava ao seu lado, ajudando-o a reerguer Konoha depois de esta ter sido totalmente arrasada pelo falecido Akatsuki. A timidez ainda era uma característica marcante no rosto da jovem mulher, mas inspirada nele a coragem e a determinação dela foram crescendo cada vez mais, fazendo-a se desenvolver de um modo surpreendente, que assombrou até mesmo os velhos membros do conselho. Inclusive seu pai, Hyuuga Hiashi, depois de anos de silêncio e desprezo por sua primogênita teve que admitir que a filha havia se transformado numa excelente e habilidosa kunoichi, digna de substituí-lo na liderança do clã. Num ato sugerido pela própria antiga Godaime, este anunciou que, no dia 27 de jūnigatsu, aniversário de 20 anos desta, haveria uma celebração especial para a passagem de seu cargo para a filha mais velha.

 

Esta se surpreendeu com a decisão do pai, mas muito se orgulhou com tal honra e responsabilidade que ele estava depositando em seus ombros. Era sinal de que este a reconhecia, que a admirava e respeitava pelo o que ela tanto trabalhara, tornar-se digna perante os familiares e amigos. Sabia que estava preparada para assumir os negócios e as tradições da família. Além disso, sempre tivera o desejo secreto de acabar de uma vez com os odiosos selamentos realizados nas crianças da Bouke, e nada seria mais propício para isso que se tornar a chefe do clã. Aceitou o anúncio deste com um sorriso singelo, dando um abraço apertado naquele ser costumeiramente tão frio e sério, que só conseguiu retribuir depois de se recuperar do susto provocado ao se sentir abraçado pela filha.

 

Os dias passaram rapidamente, com diversas reuniões e preparativos na agenda agora corrida da futura líder Hyuuga, mas sempre que podia conversava com seu amor de infância, que lhe presenteava com aqueles sorrisos abertos e sinceros, além de palavras de incentivo e apoio, vitais para dar o alento necessário a esta. Prometeu-lhe ainda um presente, algo que ela certamente apreciaria, mas nesse ponto foi misterioso ao extremo, sequer lhe deu uma pista do que seria. Ansiosa, ela contava os dias para descobrir o que aquele que tirava seu sono durante a noite estaria aprontando.

 

Infelizmente, aquele dia não chegou.

 

Três dias antes do aniversário da dona dos olhos perolados, uma tragédia varreu as esperanças e sonhos daquela alma tão bondosa e delicada, abalando as estruturas da Vila da Folha Oculta, de modo que essa se tornou mais triste e fria para todos os que ali habitavam.

Continua na Próxima Parte...


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Notas finais do capítulo

Bom dia pessoal, como passaram de feriado?
Waaa, aqui estou eu com mais uma história, dedicada totalmente a minha amiga aniversariante Nathy_Ivo (1 de março). Como a história é longa, resolvi começar a postar antes do aniversário dela, para, se possível, chegar ao clímax da história no dia certo.
Bom, espero que estejam gostando.
Mereço rewiews? *carinha do gato do shrek*
Beijos para todos os que lerem!
Ja ne...

Aka-chan



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