POV Emily

-Pai... Esse é Nico, meu namorado.

Meu pai olhou para mim, depois olhou para o Nico, olhou para mim de novo, olhou para o Nico e ficou assim por um tempo. Depois ele olhou Nico de cima para baixo, centímetro por centímetro, com um olhar que dava medo. Um olhar que ele nunca tinha dado nem para mim, nem para Agatha.

 Nico, nesse momento, parecia estar tranqüilo, mas suas mãos estavam mais geladas que o normal, sua pele mais pálida que o normal, parecia que ele tinha visto o pior monstro de todos, ele estava tremendo e parecia que a qualquer momento ele iria sair correndo e gritando.

 Ficamos assim por um tempo curto, mas que parecia que nunca iria acabar. Um tempo realmente humilhante e vergonhoso. Por que meu pai é assim? Meu pai continuou nos olhando.

-Oi Nico – ele disse de vagar e serio.

-Muito prazer, senhor – Nico disse gaguejando e estendendo a mão para cumprimentar meu pai.  Meu pai olhou para a mão de Nico e o cumprimentou de vagar.

-Me responda uma coisa, Nico – ele disse – Você tem medo de mim?

-N-não senhor – Nico disse – Por quê? Eu deveria ter?

Meu pai balançou a cabeça positivamente e Nico olhou para o chão.

Agatha apareceu de mãos dadas com Jake e quando viu nossa situação (Nico quase morrendo, eu vermelha de vergonha e raiva e meu pai nos olhando mortalmente) ela começou a rir que nem uma retardada, seguida por Jake.

-Eu não disse – ela disse em meio aos risos – Eles iam se dar muito bem! Já são melhores amigos!

Meu pai desviou o olhar de Nico, que deve ter agradecido, e olhou para Agatha e Jake com o mesmo olhar. Agatha estranhou no começo, porque nosso pai nunca fez nada com os ex-namorados dela. E Jake começou a ficar na mesma situação de Nico estava.

-Eu vou repetir a mesma pergunta – meu pai disse – Só que dessa vez para todos: Vocês têm medo de mim?

-Sim – todos nós respondemos ao mesmo tempo.

 Depois dessa resposta meu pai começou a rir. A rir muito. Troquei um olhar com Nico, Agatha e Jake, que não estavam entendendo nada. Meu pai ficou rindo que nem um idiota por um tempo.

-Que bom! – meu pai disse quando recuperou a risada, mas ainda estava com um sorriso no rosto – Eu só queria colocar medo em vocês e consegui! Então tomem cuidado comigo, ouviram mocinhos?

Nico e Jake balançaram a cabeça positivamente, sem acreditarem no que estava acontecendo.

-Isso quer dizer que você está permitindo? – eu perguntei.

-Emily, por mais que eu não queira isso, é a vontade de vocês. É claro que eu permito! – meu pai disse um pouco mais serio – Só que se alguma coisa acontecer a uma de vocês duas, vocês já sabem quem eu vou virar, e não vai ser legal. Então, meninos, prometam para mim que vão cuidar dessas garotas.

-Eu prometo – Jake disse com um sorriso enorme no rosto, abraçando Agatha.

-Eu prometo – Nico disse sorrindo.

-Muito bom – meu pai disse – Mas ainda não se livraram de mim. Sentam-se aqui. Vou fazer algumas perguntas para vocês.

 Meu pai, Jake, Nico, eu e Agatha sentamos no sofá, juntamente com Cíntia que tinha chegado. Os meninos já não estavam com tanto medo de meu pai. Nico estava com um pouquinho, mas já estava se acostumando com a idéia de meu pai permitir. Jake não estava nem aí para meu pai, já tinha colocado uma mão em torno de Agatha e a outra na perna dela, mas não aconteceu nada com ele, apenas um olhar estranho de meu pai.

 Meu pai começou a fazer varias perguntas idiotas, algumas necessárias e outras não. Por exemplo: nome, idade, pai, mãe, passado, futuro, se tem ficha na policia e blábláblá.

 Ele quase surtou quando Nico disse que tinha mais de 60 anos e não tem família. Por um lado ele teve só de Nico, o que só melhorou as coisas. Meu pai pareceu gostar bastante de Nico, mas achou Jake um pouco metido (o que combina com a Agatha).

 Enfim, ficamos assim por uma hora mais ou menos. E atrasou o jantar. Malu já tinha descido e estava quase morrendo de fome, mas não vou dizer nada, porque eu também estava quase morrendo de fome.

 Decidimos ir jantar. Tinha um monte de coisas para comer. Cíntia sabia mesmo cozinhar (uma das únicas coisas boa nessa nova parte da família). Durante o jantar os meninos pareceram atacar a comida. Até eu que estava com fome não ataquei a comida. Eles precisavam ter modos! Mas quando olhei para meu pai, vi que ele estava comendo do mesmo jeito, ou seja, todos os homens são iguais.

 Percebi que enquanto comíamos, Malu ficava olhando Nico com um olhar um pouco diferente. Como ele estava muito ocupado com a comida, nem percebeu. Mas eu percebi. E não estava gostando disso. Olhei para Agatha e ela percebeu na hora, abriu a boca horrorizada.

-Bom – eu disse – O jantar estava maravilhoso, obrigada Cíntia. Agora eu preciso descansar.

-Sem problemas – meu pai disse – Boa noite filha.

-Boa noite – eu disse – Vamos Nico.

Puxei Nico pela gola de sua camisa e o arrastei até meu quarto.

-Calma aí pequena – ele disse arrumando sua camisa – Por que a pressa?

-Você não viu que a Malu estava te comendo com os olhos agora?

-O que? – Nico disse indignado – Emily, você precisa parar com esse ciúme! Pare de inventar coisas!

-Não estou inventando! – eu disse – Só cuido do que é meu.

-Owwwn! – Nico disse me abraçando – Que fofa! Fica tranqüila que eu sou seu e sempre serei.

-Que bom!

-Agora eu preciso ir para o meu quarto – ele disse.

-Não! Fica aqui comigo!

-Emily, eu já consegui a confiança do seu pai, não posso me arriscar assim!

-Tudo bem – eu disse – Promete que amanhã você fica comigo? Juntinho? A noite toda?

-Prometo – ele disse se despedindo com um longo beijo – Eu te amo. Boa noite.

-Boa noite – eu disse.

Nico saiu do quarto e eu me arrumei para dormir. Como eu não estava com sono, decidi ficar um pouco no computador, mas logo me cansei e desci ir dormir. Reparei que Agatha não tinha chegado até agora, o que ela devia estar fazendo? Não quero nem saber!

 Acabei pegando no sono, feliz por ter uma família, amigos e um namorado perfeito ao meu lado.