Chasing Cars escrita por JuhChagas


Capítulo 20
Sweet Nothing


Notas iniciais do capítulo

Eu sei. Eu demorei uma década. E eu sei que vcs querem ler logo, então, explicação rápida: mudei de casa, entrei de férias, fiquei sem criatividade. Desculpem mesmo à todos que deixam reviews e acompanham, sinto muito.
Amanha é o meu aniversário de 14 aninhooos, então esse capitulo é post especial pra mim hahah
Tá aqui a roupa da Annie, se alguém quiser ver: http://www.polyvore.com/cgi/set?id=62694918&.locale=pt-br
E seria legal escutar "sweet nothing- calvin harris feat florence+the machine", mas é só uma sugestão...
Bem, enjoy it.



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                                                     POV Annabeth

       Já havia se passado quase um mês desde a ida de Thalia, e sim, eu sentia sua falta como louca. Afinal, aquela não era apenas da punk que eu conhecia desde sempre, mas também a minha melhor amiga, a irmã que nunca tive e várias vezes minha mãe. Mesmo com toda a saudade, e concordemos que as coisas não eram as mesmas sem Thalia, como se algo sempre estivesse faltando, talvez um de seus comentários sarcásticos, nós havíamos decidido que não nos abalaríamos. Não era isso que ela queria. Estávamos tentando levar as coisas, levar a vida, como fazíamos antes, como se ela estivesse aqui. E nós tínhamos uns aos outros, nós éramos uma família.

      Eu tinha à Percy, em especial. Com ele as coisas eram diferentes. O tipo de diferente para melhor.

       Era engraçado como os dias costumavam se arrastar, tão lentamente que quase paravam, e agora passavam em um piscar de olhos. Ri fraca ao imaginar que em uma dessas piscadelas eu me tornaria uma idosa com os cabelos grisalhos presos em um coque com grampos e da pele enrugada como se houvesse acabo de sair de um longo banho.

      - Quer me contar do está rindo? – reconheci a voz atrás de mim. Olhei-o pelo reflexo do espelho e sorri de volta.

     - Não é nada demais... Pensei que me esperaria lá embaixo. – Hoje havíamos decidido ir a um pub já que era sexta-feira. Não que aquele fosse o meu programa favorito para uma sexta-feira, confesso que preferia simplesmente ficar em casa ou ir a uma sessão de cinema, mas Luke havia sugerido isso um principal objetivo: diversão. E todos sabíamos que disso Luke entendia, portanto aceitamos.

     - Eu desceria novamente, mas agora que te vi... Desculpe Annabeth, mas eu não vou sair do seu lado. – Seus braços rodearam minha cintura e seu rosto acomodou-se na curva do meu pescoço, plantando ali um beijo longo enquanto eu terminava minha maquiagem com um gloss transparente por cima do batom um pouco mais escuro que o próprio tom de meus lábios.

     - O que quer dizer com isso?

     - Quero dizer que você está linda, que é provável que eu passe a noite imaginando formas de torturar os caras que te olharem e também talvez seja uma boa idéia você colocar uma calça. – após dizer isso e rirmos, ele encostou o nariz em minha bochecha e sorriu contra minha pele. – Mas principalmente quis dizer que está linda.

     Virei-me sorrindo abertamente e murmurei um “obrigado” antes de sairmos de casa.

     Minha boca se abriu em um perfeito O quando vi o tamanho da fila para entrar no pub, mas Luke logo garantiu que tinha “seus contatos” para entrar facilmente. E de fato tinha, pois rapidamente passávamos pelos seguranças, sendo vaiados pelos que esperavam impacientes na fila.

     Já dentro jurei meus tímpanos estourariam, Percy contorceu o rosto em uma careta rápida, mas cheguei à conclusão que era porque não estávamos acostumados ao som tão alto, já que Nico e Luke pareciam não se importar. Luke freqüentava aquele lugar mais que a própria casa e Nico sempre ia a shows de rock com Thalia, portando...

      Quando Percy me puxou para a pista o meu primeiro pensamento foi que não haveria mais espaço para nem meia Annabeth, ainda mais nós dois dançando, mas cedi com suas mãos me guiando pelos quadris. Reconheci a música que tocava como Sweet Nothing de Florence+ The Machine feat. Calvin Harris, e apesar de não me considerar uma boa dançarina, acabei deixando a batida eletrônica me levar. Os vários corpos criavam um calor humano inacreditável, mas o único que eu sentia era o que provinha de Percy à minha frente. Suas mãos ainda estavam em minha cintura, algumas vezes subindo por minhas costas, outras descendo.

       Mesmo não tendo conhecimento sobre essas coisas, julguei Percy um ótimo dançarino já que nunca parecia tropeçar nos próprios pés como eu fazia e ainda me conduzia. O aglomerado de pessoas me fazia aproximar-me do moreno e este não se importava, sempre diminuindo ainda mais a distância entre nós. Por fim, colou-nos e mordeu meu lábio inferior demoradamente, sem nunca desviar seus olhar do meu.

      - Você está muito safado hoje. – quase tive que gritar para ser ouvida. Para eu mesmo ser capaz de ouvir minhas palavras.

      - Você que está me provocando demais hoje. – ele sussurrou baixo no meu ouvido, mas ainda sim, surpreendentemente, eu o ouvi claramente. Depois a única sensação que tive foi dos seus lábios apossando-se dos meus e a próxima música guiando nossos movimentos.

                                                                  xxx

     - Vou pegar alguma coisa para bebermos, já volto. – Percy disse me dando um beijo rápido na bochecha enquanto eu me sentava em uma das mesas vazias.

     - Ok. –sorri de volta antes dele se afastar entre as pessoas.

     Peguei meu celular na pequena e delicada bolsa e chequei o horário, ainda era cedo, não havia dado nem 22h30min. O guardei novamente e fixei meu olhar sobre minhas unhas, procurando alguma imperfeição no esmalte suave. Senti uma mão quente escorregar pelo meu braço nu e instantaneamente sorri, voltando-me para Percy, mas meu sorriso logo desapareceu. Aquele não era Percy. Aquele era Ethan. Ethan Nakamura. O nó se formou em minha garganta de imediato, e não soube distinguir se aquele era por ódio ou medo. Fiz a menção de me levantar do banco, mas rapidamente os dedos circularam minha pele com força, impedindo-me. Olhei ao redor, onde ele estaria?

     - É uma droga quando ele não está por perto, não é? Aliás, quando é que ele está por perto mesmo? Parece que toda vez que eu chego, ele simplesmente some... Estranho, não acha, meu amor? – aquele sorriso presunçoso abriu-se e as lembranças daquela tarde no beco atingiram-me em um baque surdo. Minhas mãos tremiam descontroladamente, e meus olhos procuravam os dele entre os rostos estranhos na multidão.

    - Ele vai chegar a qualquer momento, e então o que você fará? – desafiei agora desviando meu olhar para o garoto ao meu lado, que se sentava, como se todo aquele encontro fosse apenas ocasional. Suas pupilas brilhavam sinistramente dilatadas.

    - Ah, você sabe... Colocar o papo em dia com o meu velho amigo, Perseu. Afinal, eu estive fora por um tempo, você deve ter percebido. Sentiu minha falta? – piscou falsamente entrando em um papel de menino meigo. Minha expressão se contorceu em uma careta de nojo quando este se aproximou do meu ouvido. – Sentiu falta de um homem de verdade pra te fazer mulher?

    Não pensei duas vezes e com o braço livre desferi um tapa em sua face. Logo esta estava marcada por minha mão, e quando se virou mais uma vez para mim, um sorriso de escárnio brincava em seus lábios.

    - Talvez devesse me acompanhar, Annie. – ele usou meu apelido. A bile formou-se e pude senti-la. – Vamos dar um passeio, quem sabe terminemos o que começamos naquele tarde, sim?

    O aperto intensificou-se, obrigando-me a me levantar, mas resisti. Ele tinha que aparecer, ou eu gritaria. Olhei ao redor mais uma vez, e preparei minhas cordas vocais para o grito mais alto que eu conseguiria dar.

         - Não, amigo, quem sabe eu termine o que comecei naquela tarde, e acabe com essa sua cara... – a voz tranquila, porém mergulhada em veneno de Percy soou atrás de mim. Meu coração falhou uma batida.

        Depois disso, tudo foi como um borrão sem controle. Duas sombras rolando pelo chão, de forma bruta e animalesca, com as luzes negras e o som alto fazendo com que fossem praticamente invisíveis a todos, menos a mim. Eu via tudo. E eu era a única que gritava em total desespero por ajuda, e eu era a única que sentia meus músculos paralisados ao tentar me mover. Só consegui dar um passo a frente quando levei um empurrão forte e quando olhei para a pessoa ao meu lado, encarei seu peito. Lá, havia um crachá com o dizer “Segurança”. Graças aos Deuses. Mais um gigante apareceu, seguindo o outro, e cada um segurou um dos garotos que há poucos segundos se agrediam no chão.

     Fitei Percy. A maça esquerda do rosto tinha um talho que parecia profundo e criava um filete de sangue até o pescoço. Uma vermelhidão no maxilar, como as marcas de um arranhão. E aquilo... Aquilo era um olho roxo, ou apenas uma das luzes da boate que criava uma sombra ali? Quando me virei, só vi as costas largas de Ethan que estava sendo forçado entre as pessoas, para fora dali, por um dos seguranças. Mais tarde quase cheguei a sentir-me mal por isso, culpada, mas no momento desejei que Ethan estivesse com o triplo dos machucados de Percy, no mínimo.

                                                                    xxx

       - Ai! – Percy soltou meio abafado. – Isso é tão constrangedor.

       Pressionei com mais força a gaze ensopa contra o corte em sua bochecha e mais uma vez recebi uma careta desgostosa em resposta.

       - Desculpe. – murmurei notando que o sangue tinha sido estancado. – E isso não é nem um pouco constrangedor. Porque seria? – perguntei jogando tudo que havíamos usado no lixo, e pegando um band-aid da pequena caixa.

       - Porque o homem cuida da mulher, não ao contrário, Annie. – Percy fechou os olhos enquanto eu fixava o curativo. Fiz força excessiva ao pressioná-lo, e o moreno soltou um gemido de reprovação. – Foi machista, desculpe.

      Meu celular apitou no mesa de centro, e logo o peguei, lendo a mensagem de Atena. Passei o olhar da tela brilhante, para minhas pernas cruzadas sobre o sofá, e depois para Percy sentado no chão, de frente pra mim. “Qual o problema, anjo?” sussurrou encostando a cabeça em minhas pernas.

      - Minha mãe. Viagem de emergência. – respondi simples e minhas mãos foram tomadas fortemente e um beijo suave foi dado no seu dorso, seguido por outro na palma, e outros vários ao longo dos meus dedos. Encarei suas mãos segurando as minhas e notei que ainda não havíamos limpado elas. – Agora, suas mãos.

     Ele as recolheu rapidamente para trás do corpo.

     - Não precisa. – negou com a cabeça.

     - Percy, estão escoriadas e com sangue. Dê-me. - ordenei. E quando ele as estendeu para mim novamente, eu sorri de canto.

      - Está rindo da minha desgraça, Annabeth Chase? – perguntou forçando um tom rígido e me direcionou um olhar bravo. Eu ri com gosto e fui acompanhado por ele.

       - É só que estava pensando... Se suas mãos ficaram assim, pagaria alto para ver como o rosto dele ficou. – e Percy sorriu abertamente.

       - Ah, digamos que eu não perdi a oportunidade... Dei um jeito naquele rosto horrível, quem sabe ele fique com uma aparência civilizada depois dos meus ajustes. –rimos bobamente por alguns minutos enquanto eu as limpava e enfaixava levemente à direita, que parecia um pouco pior.

      Depois de tudo terminado, Percy praticamente rastejou do chão para o sofá, sentando-se ao meu lado. Encostei minha cabeça em seu ombro e começou um carinho gostoso em minhas pernas dobradas juntas ao meu peito.

      - Quer que eu fique essa noite? – Percy suspirou contra o topo de minha cabeça.

     - Se eu disser que sim, você vai se achar o melhor, o desejado, o amado, não vai? –sorri de canto, me aconchegando cada vez mais contra sua pele quente.

     - Poxa, anjo... Eu bati em um cara hoje. Bati pra valer. Só pra te proteger. –apesar de não ver sua expressão no momento, sabia que ele fazia um bico enorme e louco por piedade, mas a sobrancelha escura esquerda estava levantando, como quem testava os limites de alguém.

     - Você bateu, porque só apanhar deve ser chato! – gargalhei com vontade e Percy parou o carinho, dando-me um leve tapa na coxa direita. – De qualquer forma, esse motivo ainda não parece merecedor de um “fique.”

     - Qual motivo você quer então, Annie?

     - Eu não sei. – respondi dando de ombros e fechei os olhos, sentindo o sono tomar-me sorrateiramente.

     - Que tal... – ele fez uma pausa longa, enquanto tirava uma mecha da frente do meu rosto e a prendia atrás da minha orelha. – Eu te amo. Esse motivo é merecedor?

      Suspirei altamente, e enrosquei meu braço direito ao seu esquerdo, finalmente começando a perder a consciência. O dia tinha sido longo, e especialmente conturbado. Eu mal formava pensamentos coerentes quando senti meu corpo sendo deitado na minha cama.

     Olhei para o lado, totalmente sonolenta, para o meu relógio no criado-mudo. 03hrs00m. Já havia passado, e muito, do meu horário, e senti que não agüentaria ficar acordada nem mais dois minutos. Percy beijou o topo da minha cabeça e depois meus lábios castamente, apertou carinhosamente meus dedos entre os seus.

    - Percy?

    - Sim, anjo. – respondeu tão baixo, eu tive que me esforçar para ouvir.

    - Fique. 


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Será que esse é realmente a ida definitiva do Ethan? Esperamos que sim né... Reviews, por favor. Recomendações, se alguma alma misericordiosa estiver lendo isso! hahaha Desculpem mesmo pela demora.
Love Always,
JuhChagas.