Linha Vermelha escrita por NaruShibuya


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Hey, pessoal! Gostaria de agradecer à LyraBR e à Kaori Ray, já que essas duas flores não me abandonaram mesmo quando eu demorei um absurdo de tempo para postar. Esse capítulo é para vocês, queridas, espero que esteja a altura de suas expectativas!

OBS.: No capítulo 12 eu escrevi uma asneira em uma das mensagens de Ren para a Misaki, que era ele dizendo que já havia conversado com OS PAIS sobre se mudar para fazer a faculdade. Perdão, galera, eu errei e feio, uma vez que ele vive apenas com a mãe, já que seu pai desapareceu em uma das expedições.



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• Misaki •

Acordei me sentindo absurdamente indisposta. Maldito subconsciente que sabe que eu vou fazer coisas complicadas hoje...

Suspirei.

Não vou adiar mais essa decisão. Eu não sou uma covarde!...

– Até parece que não – murmurei para mim mesma. Se eu de fato não o fosse, já teria tomado essa decisão há mais tempo, mas o meu medo de magoar Usui e Ren me impediu de prosseguir com o que eu sei que é o certo.

Peguei meu celular dentro do criado mudo e o liguei novamente. Em poucos minutos ele vibrou, mostrando novamente na tela que havia uma nova mensagem ainda não lida.

Abri a mensagem com cautela e ansiedade. Um sentimento entranho em meu peito fervilhava, como se eu já soubesse o conteúdo da mensagem. E eu de fato não estava muito errada sobre o conteúdo da mensagem no fim das contas.

A mensagem tinha apenas uma palavra, mas que significava muita coisa:

Veremos.

Essa era a confirmação de que eu estava ferrada. Ren não iria desistir mesmo que eu o dissesse para fazê-lo.

Dei de ombros. Nada vai mudar a decisão que eu tomei na noite passada. Nada!

Saí do quarto com a toalha em mãos e fui direto para o banheiro. Tomei um banho rápido e escovei meus dentes, saindo de casa depois de dar um até logo apressado para minha mãe e Suzuna.

Andava o mais rápido que podia sem correr. Estou nervosa e tremendo. Preciso falar com o diretor e ter algum tempo para me acalmar antes de enfim falar com Usui.

Fiz todo o percurso até o Seika em quase metade do tempo que eu geralmente levo. Acho que me apressei até demais, sorri.

Entrei pelos portões praticamente vazios de alunos. Segui até minha sala, deixando minha bolsa lá e fui até a sala do diretor.

Dei duas leves batidas e esperei uma resposta. Quando me foi permitida a entrada, abri a porta e entrei, fechando-a em seguida.

– Ayuzawa-san, o que a traz tão cedo a minha sala? – perguntou, com genuíno interesse.

Dei de ombros.

– Apenas saber qual será meu dever como punição por fugir do hotel e desobedecer um professor – disse de forma sombria, lembrando do professor que tentou me ameaçar.

– Ah, sim... – falou, concordando com a cabeça enquanto fitava fixamente meu braço engessado. – Fiquei sabendo de alguns alunos ontem sobre... comportamentos inapropriados da senhorita nos corredores da escola... – disse pausadamente, como se andasse por um campo minado. Revirei os olhos. Como se eu fosse lá tão complicada assim... – Imagino que isso – apontou para o gesso – seja resultado de parte do que houve ontem.

– Eu estava apenas tentando me desculpar... – pigarreei, incomodada com o rumo da conversa. – Mas não foi sobre isso que eu vim conversar.

Ele suspirou, se arrumando na cadeira. Apoiou os cotovelos na mesa, juntando as mãos e me encarou profundamente. Me senti estranha com o olhar tão fixo em minha direção, mas não desviei os olhos dos dele por um segundo sequer.

– Eu não fico muito satisfeito com a ideia de fazer os alunos fazerem coisas absurdas em castigos. Geralmente os peço para limpar uma sala ou duas, arrumar o ginásio, coisas do tipo... Tarefas que são capazes de serem completadas em algumas horas, mas nada que ultrapasse um dia.

“Devo admitir que o professor veio a mim e pediu para que eu lhe desse um castigo muito mais pesado do que isso, com a desculpa de que você era uma ‘garota-problema’, mas, sinceramente, Ayuzawa-san, mesmo você fugindo das aulas, dormindo ou se metendo em encrencas na escola, você ainda é nossa melhor aluna.”

“É fato que algo em sua vida mudou depois que você retornou do hospital, já que você era uma pessoa totalmente diferente quando chegou a essa escola.”

Abri a boca para contestar, mas ele apenas levantou uma de suas mãos, pedindo para que eu esperasse ele concluir sua linha de raciocínio. Bufei e me sentei em uma das cadeiras que tinha em frente a sua mesa.

– Você tem as melhores notas em todas as matérias e é a aluna número 1 da escola, apesar de muitos contestarem essa atitude, já que você quase nunca se dá ao trabalho de participar das aulas.

– E qual é o sentido de todo esse falatório, afinal de contas?

– Você caiu para sétimo depois que voltou de Sendai, Ayuzawa.

Dei de ombros.

– Sétimo ainda é um excelente lugar para se estar, não acha? – o que seria de mim sem o sarcasmo? Não consegui evitar o sorriso zombeteiro que brotou em meus lábios.

Ele concordou, ainda encarando-me diretamente em meus olhos.

– Sim, de fato... Só que eu sei que você nunca se deixou cair sequer para segundo, mesmo quando esteve internada no hospital porque é uma pessoa incrivelmente orgulhosa e não suporta perder para ninguém.

– E?... – esse cara está me irritando, e meu dia está apenas no início.

– Eu sei que está irritada comigo e, mais ainda, por ter caído tanto em questão do ranking geral da escola. Você deveria consultar um psicólogo, Ayuzawa-san. Conversar amigavelmente com alguém faz bem. Desabafe, tire esse peso de seus ombros, esvazie sua mente.

Arqueei uma sobrancelha. Ótimo, agora todos querem bancar os bonzinhos e preocupados para cima de mim.

– Eu não preciso de um psicólogo, diretor, preciso apenas que me diga o que eu vou ter que fazer e o resto dos meus problemas eu irei resolver hoje.

Ele suspirou e apoiou as costas em sua cadeira. Fechou os olhos por algum tempo, talvez pensando.

– Muito bem então... Como nosso assistente que organiza os arquivos da escola tem tido alguns problemas recentemente com o pessoal do conselho estudantil e com os memorandos que eles o enviam frequentemente, e nós não tivemos candidatos para um novo presidente do conselho, eu quero que você, Ayuzawa Misaki, seja a nova presidente do conselho estudantil do colégio Seika.

Prendi a respiração e o fitei atônita.

– Eu o que?... – engasguei com as palavras.

– Eu estou a designando como nossa nova presidente do conselho estudantil. Isso não é um castigo, Ayuzawa-san, apenas um modo de tentar fazê-la voltar a ser o que era antes de... Bem, seja lá o que aconteceu com você...

– Desculpe, mas, eu não tenho o menor interesse em ser presidente do conselho estudantil.

Ele suspirou.

– Ayuzawa, acredito que nós temos um pequeno mal entendido aqui... Você ser presidente do conselho estudantil não é algo opcional. O atual presidente já está ciente das mudanças e a aguarda depois do horário de aulas para explicar tudo que você precisa saber. A partir de amanhã você já será a nova presidente de nosso conselho. Espero que você dê o exemplo para os demais alunos a partir de amanhã.

O encarei boquiaberta. Como diabos isso não é um castigo?! Eu serei obrigada a participar de reuniões, ser babá de todos os outros membros do conselho e dos outros alunos da escola; sem contar que eu não vou poder fugir nem dormir nas aulas...

– Bem, por hoje é isso. Pode ir agora, Ayuzawa.

Fiz a mesura de forma desajeitada e saí da sala de forma automática. Que porcaria! Por que ele simplesmente não me mandou limpar toda a maldita escola?!

Pensei em ir para a sala, afinal, o sinal que anunciava o início das aulas estava para soar.

Enquanto me decidia se ia para a sala ou se ficava no terraço – como meu último dia de liberdade – até o final do período de aulas terminar, avistei Usui passando pelo corredor.

Segui em sua direção silenciosamente e segurei sua blusa, impedindo-o de continuar seguindo seu caminho.

– Eu preciso falar com você – murmurei urgentemente em seu ouvido e me afastei. Corri até a escadaria que levava ao terraço. Azar se alguém me vir subir em horário de aula, nunca me importe com isso mesmo.

Não demorou muito para que ele aparecesse na porta do terraço.

Ele entrou com um pequeno sorriso em seu rosto, mas este logo desapareceu ao me fitar. Braços cruzados, postura rígida, sem expressão alguma... Ele provavelmente sabe que não vem coisa boa.

• Usui PDV •

Ayuzawa parecia extremamente séria e incomodada com alguma coisa e isso está me deixando nervoso.

– Algo errado? – questionei, encostando-me à porta.

– Eu fui designada para substituir o atual presidente do conselho estudantil... – começou. Parecia pensar muito seriamente como começar o assunto.

Entretanto eu não conseguia entender aonde ela queria chegar com isso.

– Aparentemente eu virei uma péssima aluna depois que fomos a Sendai, e o diretor pensou que o modo de consertar isso é me fazer babá de toda a maldita escola!

E é aí que queremos chegar... Sendai.

– Ayuzawa...

Ela fez que não com a cabeça, então parei de falar, dando espaço para que ela continuasse.

– Eu já me decidi, Usui.

Senti um frio percorrer todo meu corpo e meu estômago revirar. Me desencostei da porta e enfiei as mãos em meus bolsos.

Ela se aproximou de mim, parando apenas quando faltavam apenas alguns centímetros para que ela chegasse a mim. A proximidade era tamanha que eu podia sentir sua respiração descompassada em mim.

– Eu não sei se tem como fazer isso de forma fácil, então eu vou ser direta com você, Usui. Por favor, eu sei que o que eu estou fazendo aqui é loucura, uma vez que eu te chamei aqui, mas...

– Ayuzawa... – agarrei seus ombros e a trouxe mais perto. Ela levantou o olhar e dentro de seus olhos eu pude ver que ela estava mais decidida do que nunca. A abracei forte. - Eu sei que isso é um adeus.

Senti seus braços rodeando meu corpo. Ela agarrou minha blusa de forma desesperada, mas logo afastou seu corpo do meu.

– Por favor, Usui, eu não o quero mais em minha vida! – seus olhos transmitiam um imenso turbilhão de sentimentos. – Me desculpe por todo o sofrimento que eu o fiz passar.

– Então você o escolheu? – minhas mãos a soltaram sem que eu sequer percebesse, meus braços penderam de volta para perto de mim.

Ela se limitou a sorrir. Seu sorriso era um sorriso de dor.

– Me desculpe.

Passei a mão por seus cabelos, apoiando-a no topo de sua cabeça. Puxei Ayuzawa levemente em minha direção em um último abraço. Apoiei o queixo em seu ombro sentindo seu cheiro.

– Eu posso te dar um beijo de despedida? – sussurrei.

– Isso apenas vai tornar as coisas mais difíceis, Usui.

– Vou fingir que isso foi um ‘sim’ – sorri.

Depositei um beijo em sua testa e outro em sua bochecha de forma carinhosa e a afastei para fitar seu rosto entristecido.

Fechei os olhos tentando controlar a dor em meu peito. Eu ainda não a perdi. Ainda não!

Abri os olhos novamente quando senti sua mão afagando meu rosto. Sorri. Levantei seu queixo levemente e encostei meus lábios aos dela em um selinho singelo e demorado e fui embora do terraço... Da vida dela...

• Misaki PDV •

Eu nunca imaginei que iria doer tanto assim pedir para que Usui saísse de minha vida.

Tirei o celular do bolso de meu uniforme e digitei o número que estava gravado a ferro e fogo em minha memória rapidamente. Não demorou muito para que Ren atendesse à ligação.

– Misaki? O que aconteceu? – disse. Não era exatamente uma pergunta. Ele sabia que tinha acontecido alguma coisa...

– Quando você viaja? – ele ficou quieto por um momento. Parecia surpreso por eu ter sido tão direta e incisiva.

– Na verdade, eu ia entrar no ônibus agora – respondeu cautelosamente.

– Ótimo. Quando você chegar, preciso falar com você. É muito importante, Ren. Eu preciso desligar agora, tenho assuntos do conselho estudantil para acertar.

– Conselho estudantil? Espera, Misaki!

– Até mais tarde, Ren.

Assim que encerrei a chamada o sinal que dispensaria os alunos e iniciaria outra das minhas dores de cabeça toca. Por algum motivo ele agora parece muito mais irritante do que eu nunca!

Desci as escadas quase me arrastando e segui praticamente da mesma maneira até a sala em que o presidente do conselho me esperava de cara feia.

Fechei a porta atrás de mim e o vi se levantar e me analisar de cima a baixo.

– Não me olhe assim... Garanto que estou odiando essa ideia mais do que você.

Ele bufou.

– Vamos começar com o básico, sim? Sente-se, por favor.

– Na verdade, você não precisa me ensinar nada. Eu entendo muito bem sobre ‘trabalhos administrativos’ e sei exatamente o que precisa ser feito aqui: basicamente serei babá da escola inteira, terei que decidir o que será feito nos festivais, analisar os arquivos que me forem entregues, decidir o que é bom ou não para a escola e para os alunos e esse tipo de baboseira.

– Não entendo como uma pessoa como você foi designada para ser a nova presidente do conselho...

Pelo menos neste momento eu irei me permitir ser arrogante.

– Não te contaram? – ele me olhou como se eu fosse louca. – Eu fui designada para ser a nova presidente porque eu sou a melhor – sorri abertamente para ele, o que o deixou mais puto da vida comigo.

– Ótimo. Já que esse cargo agora é seu, você tem todos esses arquivos para catalogar, organizar e revisar – sorriu apontando umas dez pilhas absurdamente enormes de papeis com o queixo.

O que esses malditos do conselho estudantil faziam enquanto ficavam aqui? Brincavam de cartas?... Não me impressiona que o diretor quis se livrar do presidente na primeira oportunidade que teve.

– Que se dane. Eu não vou sequer olhar para isso hoje.

– Mas é o seu dever.

– Novamente: que se dane! O diretor disse que eu iria ser considerada a nova presidente apenas a partir de amanhã, então, se não está satisfeito, revise, organize e catalogue os arquivos você mesmo.

Virei e simplesmente saí, indo pegar minha mochila para voltar para casa.

Enquanto atravessava o portão da escola senti meu celular vibrar. Era outra mensagem de Ren, que dizia simplesmente que ele iria chegar em algumas horas, mas que eu esperasse para conversarmos amanhã, já que ele provavelmente chegaria cansado da viagem e ainda precisaria organizar algumas coisas na casa que ele havia alugado.

Respondi apenas com um Ok. Te vejo amanhã.

Continua.


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Notas finais do capítulo

Entããããããão! A Misaki vai virar presidente do conselho estudantil kkkkkkk.
Desculpa, esse NÃO era o castigo que eu queria dar para ela, mas, sinceramente, eu não pensei em nada decente para ser colocado na fic que pudesse dar em um bom desenvolvimento para a estória e enquanto eu escrevia a ideia simplesmente brotou na minha cabeça, então eu a abracei. Pardon!
:O a Misaki não quer mais o Usui na vida dela, o que quer dizer que?...
No capítulo 14 vocês verão o que quer dizer... muahauhauhauha - sorry, acho que foram as dorgas.
Enfim, até o próximo - e juro que vou tentar manter um ritmo de postagem PELO MENOS mensal. Fui-me!



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