Meu Bônus Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 50
Explique-se


Notas iniciais do capítulo

Para aqueles que acharam que eu não ia postar quando prometido...! Vocês estavam certos. Mas em minha defesa, eu atrasei só dois dias, o que já é bem menos que 3 semanas.
Então espero que aproveitem esse novo capítulo! Semana que vem, tem outro.
Boa leitura!
PS: Li todos os reviews que vocês me mandaram, e peço desculpas ao Team Ares. Por favor, não queimem a minha casa. Beijinhos.



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Nós estávamos quase no final do corredor, quando ouvimos batidas fortes em uma porta. Socos e mais socos, como se alguém a quisesse coloca-la a baixo.

– O que é isso? Um deles? – Perguntou Apolo franzindo o cenho.

– Ahm... Acho que é o Joe. – Respondi me lembrando que ele ainda estava trancado no quarto. Apolo olhou para mim chocado.

– Ele viu tudo?

– Viu. – Assenti confirmando.

– E você trancou o mortal no quarto?! – Falou ainda chocado – Alice!

– Que foi?! Ele só estava atrapalhando mesmo! – Respondi gesticulando.

– Você lembra quando você descobriu sobre tudo do nosso mundo? Lembra como ficou confusa e desnorteada? E você é uma semideusa! Esse garoto é mortal! Deve estar louco. – Falou andando em direção a porta.

– Apolo! – Tentei falar, mas ele não deixou.

– Imagina se Hermes tivesse feito isso com você? “Ei, Alice, você é minha filha, uma semideusa. Agora entra aqui para eu te trancar e jogar a chave fora”. – Falou rindo da ideia.

– Se você soubesse o que ele fez, não o estaria defendendo tanto. – Resmunguei passando a mão pela minha barriga. Tinha quase certeza que estava com hematomas daquele chute.

– O que ele fez? – Apolo virou-se para me olhar. Ele mostrou preocupação – Ele fez alguma coisa com você?

Parei para pensar se devia contar ou não. Não pareceu o momento certo.

– Ele estava gritando e não calava a boca. Estava me atrapalhando. – Respondi encolhendo os ombros. Apolo suspirou voltando-se para a porta.

– Ei! Eu vou abrir, mas pare de socar! – Gritou para que Joe ouvisse. Ele de repente parou, ouvi uns passos como se ele estivesse se afastando para que a porta pudesse ser aberta, e Apolo a destrancou.

Ele entrou no quarto seguido por mim, e nós dois vimos um Joe furioso.

– O que você tem na cabeça?! – Reclamou olhando para mim – Eu disse que eu queria uma explicação e você me trancou aqui para morrer!

– Você não ia morrer, imbecil! Não têm zumbis aqui! – Exclamei de volta – Agora fica calmo, eu explico para você.

– Você trouxe esse cara?! – Joe apontou para ele – O que aconteceu com “vamos tirar os zumbis daqui antes que os outros voltem”?!

– Se você não calar a sua boca, eu juro que vou calar para você. – Respondi.

Quando Joe estava prestes a responder – provavelmente não muito amistosamente – a porta se abriu de novo. Todos nós olhamos e nos deparamos com Ares.

– Ares... – Disse surpresa – Você veio me ajudar?

Ares olhou para mim e franziu o cenho.

– Claro que não! Estão todos esperando vocês para a sobremesa, mas os idiotas nunca voltaram. Aí pediram para eu vir buscar vocês. – Falou um tanto irritado – Será que você pode finalmente admitir que você perdeu e... Espera.

Ares olhou diretamente para Joe.

– Você viu isso. – Pareceu um tanto surpreso – Ah, droga. Você deixou ele ver isso?

– O que você queria que eu fizesse?! Escondesse os zumbis debaixo do tapete?! – Respondi incrédula.

– Não importa! – Interrompeu Apolo, antes que começássemos uma briga – O que importa é resolver tudo isso.

– Apolo, você... – Joe me interrompeu.

– Os nomes deles são falsos, têm pessoas mortas no andar debaixo, aquele homem esquisito é seu amigo, e você ainda não me explicou o que exatamente está acontecendo?! – Exclamou Joe irritado.

Apolo e Ares se entreolharam por alguns segundos e depois olharam para mim. Eu respirei fundo e apontei para a porta. Ares a fechou.

– Joe, eu preciso que você fique calmo para eu poder explicar. – Pedi devagar.

– Como você quer que eu fique calmo?! – Rebateu ele – Não tem como!

– Eu preciso...!

– Eu preciso de respostas! O que está acontecendo, quem era aquele homem, quem...?! – Joe franziu o cenho olhando para Ares e Apolo – Quem são esses caras?!

– Ele é Ares! – Exclamei apontando para o mesmo. Joe esperou para ouvir o resto – Deus grego da guerra. E ele é Apolo, Deus grego do Sol, e da música, e do arco e flecha e de um monte de coisas. Aquele homem antes era Hades, o Deus dos mortos.

Joe piscou os olhos tentando ver se eu estava brincando, mas viu que não.

– Mas o que... – Ele passou nervosamente a mão pelo cabelo – Mas o que está acontecendo? Como essa gente veio...?

– Ei, essa gente não, seu cretininho. – Disse Ares apontando para ele com raiva – Tenha mais respeito ou eu vou te dar uma razão para ter.

– A verdade é que... – Neguei com a cabeça, me odiando por falar aquilo em voz alta depois de todos aqueles anos – Eu sou adotada. Will não é meu pai.

Joe riu e desviou o rosto.

– Ah, não diga... – Tentou parar de rir.

– Eu sou filha de Hermes, Deus das corridas.

– E dos ladrões? – Completou Joe voltando a olhar para mim.

–... Não. – Menti. Joe abriu os braços.

– Ah, qual é? Eu estudei mitologia grega na escola! Diferente de alguém que dormia nas aulas. – Respondeu.

– Como ousa? – Disse Apolo ofendido de verdade.

– Você deve estar confundindo. Apolo aqui é Deus dos ladrões. Meu pai é Deus dos mensageiros. – Menti. Apolo olhou para mim irritado, mas eu o dei uma cotovelada.

– Mentirosa. – Respondeu. Eu bufei.

– Tá! Ele é Deus dos ladrões! – Admiti morrendo de raiva – Isso muda alguma coisa? A situação melhorou só por causa disso?

– Para falar a verdade, sim. Porque isso explica muita coisa sobre o passado. – Assentiu Joe.

– O ponto é que...! – Joe me interrompeu. Ele arregalou os olhos de repente.

– Wow! Espera! Hermes?! Filho de Zeus?! – Exclamou chocado. Naquele momento eu me senti um pouco mais importante. Achei que Joe estivesse impressionado pela primeira vez em sua vida, por isso estufei o peito e assenti confiante.

– Pois é. O Hermes. – Respondi confirmando.

– Então você está dormindo com o seu tio?! – Disse chocado, e meu rosto ruborizou indesejavelmente.

– Ele...! Ele não é bem meu tio! – Respondi em defesa.

– Somos muito flexíveis. – Respondeu Apolo encolhendo os ombros.

– Por que foi você que respondeu essa pergunta?! – Reclamou Ares – Ele estava falando de mim!

– Bem, ele não foi muito específico. – Respondeu Apolo encolhendo os ombros.

– Com os dois tios?! – Exclamou Joe ainda mais chocado.

– Cala a boca! – Exclamei de volta para ele.

– Eu achava que você era baixa, mas nunca tive nem ideia do quanto. – Falou Joe cruzando os braços – De qualquer forma, é bom saber que você não tem nem uma gota do meu sangue.

– Eu vou ter uma mão cheia dele daqui a alguns segundos. – Respondi cerrando os punhos.

– Viu?! Não é bem meu tio, uma ova! Você é igual a esse cara. – Disse apontando para o Ares, e depois apontou para Apolo – E você me surpreendeu. Eu podia jurar que você era o amigo gay.

– Que?! – Apolo ficou surpreso.

– Eu passei a gostar um pouco mais desse moleque. – Comentou Ares rindo.

– Joe, esquece isso tudo! – Exclamei impaciente – O que importa agora não é quem eles são, nem qual a minha relação com eles. O que importa é que nós temos que nos livrar...!

O que? – Disse cortando-me e repentinamente com raiva – Ah, não. Nós não temos que fazer nada. Você tem. – Ele negou com a cabeça – Eu não sei nem porque ainda estou surpreso! Mais um problema aparece e a culpa dele é sua!

– A culpa não é minha! – Exclamei de volta.

– Sim, a culpa é toda sua! – Exclamou ainda mais alto que eu. Parei de falar para ver o que Joe ia dizer - Foi você que trouxe essa gente para cá, eles são a sua família, não a minha! Pelo menos dessa vez tenha um pingo de bom senso e admita que o problema é seu ao invés de jogá-lo para outra pessoa, porque eu não tenho nada a ver com isso!

Engoli em seco. Joe respirou fundo.

– Você vai tirar eles daqui, e eu não quero saber como. Só faça. E quando todos chegarem aqui, eu vou ter o prazer de falar tudo isso para o Will. – Contou.

– Não. Não, você não vai falar nada para o Will. – Neguei.

– Espere para ver. – Disse tentando sair pela porta. Joe estendeu a mão e pegou um celular que estava em cima da cômoda. Quando estava prestes a passar por mim, eu o empurrei para trás com força.

– Você não vai a lugar nenhum. – Disse com firmeza. Para a minha felicidade, Ares e Apolo fecharam a porta e ficaram no caminho, caso ele escapasse. Joe mostrou o celular em suas mãos.

– Eu não preciso ir, gênia. – Respondeu. Eu estiquei a mão e tirei o aparelho dele com agilidade – Ei!

– É, Hermes é Deus dos ladrões. – Assenti deletando o número que Joe tinha digitado – E sabe o que mais ser filha do meu pai me deu de vantagem? Além, é claro, de saber roubar bem? – Mostrei o celular e recuei meu braço quando Joe tentou pegá-lo – Eu sei pensar rápido, agir rápido, e mentir.

Joe estreitou os olhos para mim, esperando para ver até que ponto eu queria chegar. Empurrei-o novamente.

– É o seguinte: você não só vai me ajudar a me livrar desses zumbis, como vai ficar de bico fechado e nunca, nunca contar a ninguém o que aconteceu aqui. – Completei. Joe riu.

– Eu suponho que tenha um “senão”, porque eu não estou muito a fim de cooperar com você. – Falou olhando-me nos olhos.

– Tem, tem sim. – Assenti confirmando – Senão eu mato você.

– Isso é sério? – Riu ele. Eu assenti de novo.

– É sim, Joe. E depois que você estiver morto, eu vou enterrar o seu corpo junto com todos aqueles zumbis lá embaixo, e ninguém nunca vai te encontrar. Acredite, eu posso dar um jeito de ninguém te encontrar. – Continuei tentando parecer a mais ameaçadora e sombria possível – Aí, para ninguém achar que eu fiz alguma coisa com você, vai ter o telefonema. - Mostrei o celular novamente – Onde eu ligo para o Will e digo como foi horrível ver você ser agredido e sequestrado por um grupo de homens.

– E um grupo de homens me sequestraria, mas não faria nada com você? – Respondeu.

– Ah! Verdade! Ah, Deuses, como eu vou resolver esse problema? Se ao menos eu tivesse algum hematoma ou... – Eu levantei minha camisa o suficiente para que minha barriga ficasse de fora mostrando algumas marcas roxas.

– De onde veio isso?! – Disse Apolo chocado. Eu me virei e olhei para ele.

– Não está mais tão preocupado com ele assim, não é? – Respondi.

– Você fez isso?! – Apolo avançou.

– Você bateu nela?! – Ares avançou também. Impedi que os dois avançassem, e olhei diretamente para Joe.

– E-Eu...! Eu não queria...! Foi sem quere! – Joe ficou com medo. Ele olhou para mim e negou com a cabeça – Você... Você não me mataria. Está mentindo.

– Eu não estou te dizendo que quero você morto, mas caso você morresse... – Neguei com a cabeça – Eu não derramaria uma lágrima.

Por alguns instantes, vi algo nos olhos dele que nunca tinha visto antes. Parecia que ele tinha ficado extremamente chocado com o que eu dissera, como se não esperasse ouvir aquilo de jeito nenhum. Como se achasse que eu realmente me importava, e tivesse que lidar com o fato de que estava enganado.

Joe, olhando diretamente para os meus olhos, assentiu devagar com a cabeça.

– Tudo bem, Ally. – Disse com uma voz fraca – Você ganhou.

Eu não me dei o trabalho de falar nada, só me afastei para o lado e apontei para a porta. Um gesto silencioso para que Joe saísse do quarto primeiro. Ao passar por mim, Ares acertou um soco no estômago dele e Apolo o chutou fazendo-o cair no chão.

– Chega! Chega! Parem com isso! – Exclamei ao ver que eles pretendiam continuar batendo nele. Joe se levantou cambaleante e se afastou dos dois Deuses. Abriu a porta e olhou para mim, ainda um pouco curvado.

– Eu vou esperar aqui fora até você decidir o que vai fazer.

– Certo. – Confirmei e ele fechou a porta.

– Chega? – Repetiu Ares – Como assim chega?! Aquele imbecil bateu em você!

– É, em um momento de pânico! – Respondi.

– Você não tem que defender ele! Olha só para esses hematomas, Alice! – Exclamou Apolo chocado – Ele podia ter te machucado muito mais do que isso!

– Mas ele nunca fez isso! Ele é detestável, irritante e covarde, mas Joe nunca bateu em mim. – Cruzei os braços – Ele... Ele reagiu estranho agora. Como se estivesse desapontado por imaginar que eu não ligava se ele morresse.

– Mas ele vai morrer, né? Afinal, esse é o plano. – Disse Ares ansioso – Por que eu posso lidar com isso tranquilamente, se você não conseguir ir até o fim. Tem gente que não aguenta viver sabendo que matou alguém, mas eu...

– Eu estava blefando! Eu não vou matar o Joe! – Cortei-o.

– Tá. Você não vai matar o idiota. – Assentiu Apolo – Então o que vai fazer?

– Só deixa-lo com medo para que não fale com ninguém. Eu não posso deixar ele contar tudo para o Will. – Respondi sinceramente. Olhei para Apolo – Você pode se livrar deles agora?

– Posso. – Confirmou Apolo. Eu suspirei.

– Então vamos logo resolver isso antes que...

– Com duas condições, é claro. – Completou. Virei-me surpresa.

– O quê? – Apolo só sorriu para mim. Um sorriso torto e malicioso – Você só pode estar de saca...!

– Três condições, por causa do seu palavreado. – Cortou apontando para mim.

– Apolo! – Mas ele não mudou sua mente – Argh, o que você quer?

– Primeiro, um beijo seu. – Respondeu. Ares bufou.

– Você está abusando! – Disse o Deus da guerra, irritado.

– Não, o abuso vem agora. – Riu Apolo – Eu quero que você passe a noite comigo, enquanto Ares dorme no sofá.

– O quê?! – Exclamou ele com raiva – Isso não vai acontecer!

– Isso é demais, Apolo! Eu não posso! – Exclamei incrédula.

– Ah, Alice. Não é triste? – Suspirou ele.

– O que é triste? – Perguntei.

– Ter que olhar para tudo isso aqui e dizer “eu não posso”? – Disse passando as mãos lentamente por todo o seu corpo. Isso me prendeu a atenção por alguns instantes – É por isso que eu estou te dando essa oportunidade. Você finge que não, inventa que não quer nada comigo porque está na frente dele, e de noite você aproveita.

– Ela não está nem aí para você, raio de sol. Para de insistir. – Rosnou Ares.

– Então ela devia parar de babar. – Rebateu Apolo encolhendo os ombros. Ares olhou para mim e empurrou meu queixo para cima.

– Fecha essa boca! – Reclamou – E vê se acorda! Estamos falando de você!

– Ahm... Qual a terceira exigência? – Perguntei um tanto desnorteada.

– Você vai fazer as pazes com a Heather. – Completou.

Que?! – Berrei acordando do transe – Não! Não, Apolo! Você não pode me pedir isso! De jeito nenhum eu vou fazer as pazes com aquela megera depois de tudo que ela fez comigo!

– Eu estou te fazendo um favor, acredite. Na verdade, vários favores, levando em consideração que sou eu quem vai resolver os seus problemas com os mortos. – Respondeu calmamente – Já que o brutamontes aí não vai fazer nada.

– Quem disse que eu não vou fazer nada? – Rebateu Ares avançando contra Apolo e lhe dando um empurrão.

– Ah, você vai? – Retrucou ele retribuindo o empurrão.

– Deixar você usar a minha garota é que eu não vou! – Exclamou de volta.

– Então vai! Faz a sua mágica, e volte direto para Jersey! – Respondeu Apolo abrindo um sorriso vitorioso – De qualquer forma, ela é minha.

– Não é como se eu fosse cair na sua só porque ele está longe! – Respondi, mas vi que Ares olhava para Apolo imaginando justamente o contrário – Você não acha isso, não é?

Ele fechou os olhos com força e respirou fundo.

– Você sabe muito bem que herdou todo o charme de Zeus com as mulheres. – Comentou Apolo bem devagar – Irmão.

Ares praguejou em grego, e negou com a cabeça.

– Vou chamar Hermes. – Respondeu – Ele vai vir aqui e resolver tudo. Não precisamos de você.

– Você quer ouvir o sermão sobre como você foi irresponsável e sobre como você deveria aprender a se virar sozinha, Alice? – Perguntou Apolo olhando diretamente para mim – Isso seguido de uma mãe furiosa por você ter estragado mais uma reunião de família mortal?

Engoli em seco.

– Você venceu, Apolo. Faça a sua mágica. – Respondi.


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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam?
Por favor, deixem seus comentários, críticas, sugestões nos reviews. Adoro ler a opinião de vocês.
Beijos e até mais!



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