Scars Of Life escrita por Monochrome Rin


Capítulo 5
CINCO - Antiguidades




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Ao ver Mellanie cair no sono, Ryan também dormiu em seguida, sentado, com uma de suas mãos pousada levemente sobre a cabeça dela em seu colo e a outra sobre seu abdômem, as horas passaram muito rápido enquanto os dois descansavam e em pouco tempo a claridade cegante do dia tomou conta de todo aquele cenário que parecia aterrorizante, amanheceu ainda com ameaça de chuva, o sol estava escondido pelas nuvens. A tia de Mellanie, embora estivesse preocupada com ela não demonstrou muito isso para seu marido e sua filha, também não se deu ao trabalho de procurá-la, mas ela voltaria, disso todos eles tinham certeza, inclusive ela mesma. Naquele mesmo momento em que eles dormiam, pela manhã, estava ocorrendo mais um sepultamento, pessoas com roupas negras simbolizando luto, com os olhos inchados de tantas lágrimas derramadas, estavam próximos, embora não notassem a presença de Ryan e Mellanie, estavam ocupados... talvez... sofrendo demais para isso. Enquanto pessoas choravam e a claridade havia absorvido totalmente a escuridão, olhos negros se abriram, olhando para os dois lados, fecharam-se novamente por um curto tempo, Ryan suspirou, abrindo-os novamente e olhando para baixo, Mellanie ainda dormia, ele passou a mão livre sobre sua testa, limpando o suor, a outra, deslizou sobre o rosto dela, colocando uma mecha de seus cabelos atrás de sua orelha, ela se encolheu um pouco, mas manteve os olhos fechados.

"Mellanie... já é de manhã." ele sussurrou, ela sorriu, sem saber o motivo.

"Eu sei... mas... não vou para o colégio hoje." ela bocejou, em seguida abrindo seus olhos, olhando-o.

"Eu sei, hoje é Domingo. Teve bons sonhos?" ele riu de leve.

"Comparado aos meus últimos sonhos, foi sim... eu não sonhei com nada." ela levantou sua cabeça do colo dele, olhando para a frente, viu as pessoas vestidas de preto "Eles..." ela não continuou.

"Sim, é mais um enterro... acontece constantemente... pessoas morrem constantemente." ele flexionou um de seus joelhos, encolhendo uma de suas pernas e apoiando seu cotovelo nela, olhando para o mesmo lugar.

"Eu sei..." ela se virou para ele, olhando-o de cima á embaixo, sorriu de leve mais uma vez. "Obrigada..."

"Por que?" ele desviou seu olhar para ela.

"Por me aturar... me dar atenção... ser meu único amigo." ela olhou para baixo, corando, ele riu de leve.

"Eu que devo agradecer, agradecer a quem mandou você pra substituir o pedaço de meu coração frio... que se foi." ele manteve seu olhar nela.

"Deixa de poesia... imagino o que será quando fizer uma semana... um mês que nos conhecemos." levantou seu rosto mais uma vez, encontrando o olhar dele.

"Vou gostar de você cada vez mais, e eu não vou embora... eu não." ele se levantou, indo até ela, beijando sua testa enquanto apoiava a mão em sua nuca, depois se afastou, virando as costas.

"Mas... mas... você já está indo embora." ela franziu os lábios, formando um beicinho.

"Era pra você me acompanhar... ou quer assistir ao enterro desse desconhecido?" ele diminuiu um pouco a velocidade dos passos, virando para trás.

"Me diga quando for pra eu te acompanhar, não tenho uma bola de cristal, Ryan... Ryan... " ela balançou a cabeça negativamente, seguindo-o, parou a frase, tentando se lembrar do sobrenome dele.

"Haines, Mellanie Hale... Ryan Haines." ele disse, arrumando as mangas de seu sobretudo. 

"Como você sabe?" Mellanie franziu as sobrancelhas, tentando lembrar quando havia lhe dito seu sobrenome.

"Você me disse logo quando nos conhecemos, e eu li o nome da sua mãe no túmulo, claro... Elizabeth Hale... minha mãe se chamava Jean, Jean Haines." ele aumentou um pouco mais a velocidade dos passos, colocando as mãos nos bolsos.

"Jean é o nome de uma das bonitonas do meu colégio" Mellanie levantou as sobrancelhas, acompanhando os passos dele.

"Bonitona? Apresente-me!" ele olhou para ela, rindo.Ela balançou a cabeça negativamente, olhando para baixo, passaram pelo portão do cemitério, voltando ás ruas.

"Mas enfim, Ryan, você não trabalha, não?" Mellanie parou um pouco em frente á uma floricultura, virando-se para ele.

"É claro que trabalho..." ele disse, desviando seu olhar para as flores.

"O que você faz?" ela deu um meio sorriso.

"Eu prefiro não falar sobre isso" ele riu, sem graça. "Olha, são rosas, você gosta de rosas?" ele tentou mudar o assunto, apontando para dentro da floricultura.

"Ryan!" ela disse, com um tom censurador. "Sim, eu gosto de rosas, principalmente das vermelhas, mas quero que você me responda."

"Ah, Mellanie..." ele suspirou. "Eu sou garçom, tudo bem? Eu sou garçom." disse, envergonhado.Mellanie riu alto.

"Garçom? Você? Não acho que tem vocação pra ser garçom, Ryan." ela disse, ainda com um ar de risada.

"Está vendo? Todos riem, mas eu não tenho como viver sem esse emprego de merda... e eu nem fiz faculdade... ainda." voltou a olhá-la.

"Em qual restaurante você trabalha?" perguntou Mellanie.

"Aquele perto daquele colégio... não me recordo do nome." ele respondeu.

"Se não me engano, acho que é da minha escola que está falando... se for, o lanche de lá é maravilhoso... você poderia perguntar se eles não estão precisando de empregados lá..." ela riu de leve, olhando-o.

"Para quem? Para você?" ele riu.

"Claro, eu não quero depender daquela nojenta da minha tia, mas teria que ser quando eu sair do colégio, no período da tarde." ela se virou para as flores, pegando uma rosa vermelha e cheirando-a.

"Onde você estuda?" ele perguntou.

"Arizona High School" ela respondeu, ainda com sua atenção focada nas rosas vermelhas.

"Não diga! É lá mesmo! E foi lá que eu me formei!" ele exclamou, sorrindo.

"Sério?" ela o olhou, sorrindo.

"Senhora, por favor, um buquê de rosas vermelhas" ele falou um pouco alto para a mulher dentro da floricultura, Mellanie olhou-o, levantando uma sobrancelha, devolvendo a flor que estava segurando em seu lugar.

A mulher da floricultura, era uma idosa, na faixa de sessenta ou setenta invernos, levantou-se lentamente e recolheu algumas rosas vermelhas, arrumando-as em um buquê, Ryan revirou seus bolsos e encontrou sua carteira, contou algumas moedas e pagou pelo buquê, pegando-o em seguida.

"Obrigado..." ele sorriu para a mulher da floricultura, depois virou-se para Mellanie, segurando sua mão direita, ela fez uma expressão de confusão. "obrigado por surgir em minha vida, mesmo que seja assim, tão de repente." em seguida ele beijou a mão dela, entregando-lhe o buquê, ela olhou para as rosas que pareciam artificiais de tão bonitas, o vermelho parecia refletir nos olhos dela e contrastava com suas roupas negras, ela segurava as flores com delicadeza nas duas mãos, depois voltou a olhar para ele.

"O que eu faço com isso?" ela sorriu, abaixando a cabeça novamente.

"Bom, você pode jogar no chão e pisar em cima, pode voltar ao túmulo de sua mãe e deixar lá... ou você pode chegar em casa colocá-las na água e guardar até que elas morram, mas mesmo que elas morram você vai se lembrar que eu gastei uma nota nessas flores." ele colocou a mão no queixo enquanto falava, fazendo uma expressão de pensativa.

Ela riu de leve.

"Eu prefiro a última opção" manteve um sorriso, se aproximando e abraçando-o, fechou os olhos. "Obrigada, é a primeira pessoa que me dá flores." ela se afastou, virando-se. "Vamos?" olhou para trás.

"Ah! Vamos, vamos." ele voltou a caminhar, junto á ela.

Mellanie caminhava na frente, rumo á sua casa, Ryan a acompanhava, ás vezes os dois se olhavam e sorriam, ela corava um pouco e voltava a abaixar sua cabeça, o céu estava limpando, as nuvens negras estavam voando para longe, deixando espaço para um sol que refletiu em Ryan e Mellanie, que franziram as sobrancelhas e colocaram as mãos sobre seus olhos, protegendo-os do sol para que pudesssem enxergar mais nitidamente o caminho, os dois tinham mais uma coisa em comum, odiavam o sol e o dia, por isso costumavam sair só á noite, como a casa de Mellanie não era tão longe do cemitério, chegaram logo, ela se aproximou da porta e colocou a mão na maçaneta um pouco hesitante, segurava o buquê de rosas com sua outra mão livre, sabia que a partir do momento que entrasse naquela casa, o inferno iria começar de novo e ela ficaria mais um tempo sem sorrir, fechou os olhos com força, suspirando, engoliu em seco, Ryan apenas a observava, um pouco preocupado, ela podia ouvir lá de fora o falatório dentro da casa, não compreendia muito bem as palavras, mas conseguiu distinguir que eram seus tios que conversavam, virou-se para Ryan, com um sorriso meio forçado, abaixou a cabeça, ele se aproximou dela, colocando as mãos em seu rosto e o levantando, fazendo-a olhar para ele, acariciou seu rosto, colocando uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha, beijou sua testa, depois se afastou, olhando-a, aguardando que ela dissesse algo, mas ela não disse, apenas se virou para a porta novamente, agora sem tocar na maçaneta, a vontade dela era desaparecer para sempre, mas ela tinha consciência de que não conseguiria viver sozinha.

"Pode ir." Ryan falou, baixo, ela se virou para ele novamente. "Amanhã... eu posso ir te buscar no colégio? De carro... sei lá, a gente pode fazer alguma coisa depois." ele perguntou, colocando as mãos nos bolsos de seu sobretudo. "Eu vou matar o trabalho amanhã." ele sorriu.

"Tudo bem." ela assentiu, rindo de leve, depois olhou para a porta. "Sabe... há alguns meses atrás, eu estaria aliviada em chegar em casa... entrar no meu quarto... aumentar música no volume máximo e atualizar meu blog na internet... agora eu sei que no momento em que eu passar por essa porta eu vou ter uma... amostra grátis do inferno" ela balançou a cabeça negativamente.

"Ignore... ignorar é o melhor remédio para não sofrer. Pelo menos, na minha opinião, mas se for para sofrer nesta casa, sofra em silêncio, sabe que eles só vão te fazer pior, depois nós nos reencontramos e você me conta tudo, eu vou estar sempre aqui, para o que você precisar, eu só quero que saiba disso." ele se aproximou, colocando as mãos nos ombros dela de leve.

"Obrigada, Ryan... eu espero que você não me deixe como Nate fez. Mas então... eu saio do colégio ás onze e meia, vou te esperar." ela virou seu rosto para ele, com um meio sorriso. "Aliás," ela levantou o rosto. "amanhã é tarde demais, não sabemos se ainda estaremos vivos, o que deixar para amanhã o que podemos fazer hoje?"

"Nossa... você me ama mesmo... tudo bem, então... nos encontramos no cemitério á tarde." ele sorriu, embora estivesse dizendo isso, também não aguentaria ficar sem falar com Mellanie por todo aquele tempo.

"Combinado! Pode ser ás duas horas?" ela sorriu, animada.

"Ok..." ele deslizou as mãos pelos braços dela, beijando sua bochecha, se afastou. "Até mais tarde... boa sorte, não se esqueça do que eu disse." ele foi dizendo, enquanto andava de costas, apontando para ela, ela acenou.

"Tudo bem. Tchau, Ryan." ela pronunciou as duas últimas palavras mais baixo, virando-se para a porta novamente, suspirou e semicerrou seus olhos, abrindo-a.

Embora achasse que estava preparada para aguentar o interrogatório de seus tios, sentiu vontade de recuar quando suas pernas ficaram bambas ao ver os dois juntos na sala vendo televisão, Elena se levantou ao vê-la, ela abaixou suas mãos, sem soltar o presente de Ryan, ela se encostou na porta, encarando-a, os três ficaram mudos, os dois olhavam para Mellanie como se ela fosse uma desconhecida que havia entrado na casa sem permissão, Mellanie respirou fundo mais uma vez e foi em direção á escada, rumo ao quarto que Liesel havia dito um dia antes que seria o dela, afinal, não seria tão ruim ficar afastada daquela pessoas, aliás... seria ótimo, melhor ainda se a porta tivesse chave, ela não pretendia sair de lá tão cedo, mas quando apoiou o pé no primeiro degrau ouviu a voz de sua tia, olhou para cima, depois virou o rosto, não queria olhar novamente para ela.

"Mellanie, pare aí!" ela exclamou com um tom autoritário, parando em frente á escada, olhando-a.

"O que você quer?" Mellanie manteve o rosto virado para a direção contrária de sua tia.

"Aonde você esteve e com quem?" Elena cruzou os braços.

"Não te interessa." ela olhou para ela, fuzilando-a com o olhar, depois continuou a subir a escada em espiral."Não responda assim pra mim, mocinha!" Elena gritou, dando um passo para a frente.

"Vá se foder!" ela disse em tom de melodia, terminando de subir as escadas e se afastando.

Havia um corredor, empoeirado, com teias de aranha nos cantos, ela balançou a cabeça negativamente, no corredor haviam dois cômodos, ela parou em frente de modo que pudesse ver os dois, um deles estava com a porta fechada e foi o que mais chamou a atenção dela, ela girou a maçaneta, abrindo-o, por sorte não estava trancado e era muito escuro, ela entrou nele, olhando para trás procurando algum interruptor para enxergasse melhor o que havia ali, tateou a parede até encontrar e quando encontrou acendeu a luz. Olhou para a frente, havia uma estante, um espelho, um armário, uma cadeira de balanço antiga e um relógio também antigo, caminhou até a estante, depositou seu buquê de rosas ali, haviam fotos, vários porta-retratos e muitos objetos, todos antigos, entre tantos objetos, um caderno preto lhe chamou a atenção, ela ficou na ponta dos pés e levantou sua mão para pegá-lo, depois voltou a posição de antes, olhando para o caderno em suas mãos, assoprou-o para afastar a poeira e ler o que estava escrito, passou sua mão sobre ele e conseguiu ler "Diário de Isabel Hale", franziu as sobrancelhas, não conseguia se lembrar de alguma Isabel em sua família, mas o abriu, mais poeira saiu de dentro dele e ela espirrou, franzindo as sobrancelhas e lendo a primeira página.

"05 de Janeiro de 1864 - Domingo

Querido Diário,Terei de acostumar-me com estas páginas, escrever-te os meus sentimentos, querido diário. Mamãe disse-me que não poderei mais descontar a minha raiva nas pessoas, nem nos objetos, nem em mim mesma se não o mundo virá a acabar, então agora escreverei. Hei de visitar minha avó hoje, não me agrada sair de casa ao por do sol, mas é necessário. Sinto-me sonolenta, sinto que aquela imprestável empregada tornou a colocar sonífero em meu chá da tarde, não me agrada ser uma adolescente hiperativa, mas mamãe trata de relembrar isto á mim todos os dias. Cortei-me os pulsos á noite de ano novo, papai magoou-me. Não vem mais idéias em minha mente agora, descansarei por um tempo curto, vovó aguarda-me ás duas."

Mellanie riu um pouco pelo modo formal demais da escrita, as páginas eram amareladas e manchadas, ela fechou o caderno, devolvendo-o no lugar, mas ficou pensando quem era aquela garota que escrevia e pelo o que ela escrevia parecia ser idêntica á ela, Mellanie olhou as fotos e o resto dos objetos, nenhum dos objetos a interessou, mas ela começou a ler a legenda das fotos até que encontrasse o nome Isabel Hale escrito, em meio a sua busca, leu o nome "Elizabeth Hale" e pegou o porta-retrato, olhando-o, eram duas garotas que pareciam ter a sua idade, uma delas estava com um vestido azul escuro, a outra com um vestido verde esmeralda, ambas olhavam para a foto, sorrindo, não foi difícil distinguir quem era a mãe de Mellanie ali, era a de verde, a pele branca, cabelos negros compridos, o olhar inocente e o doce sorriso, Mellanie se sentiu olhando para sua própria foto, as duas eram extremamente parecidas, a pele de sua tia, Elena, era um pouco mais escura, seus cabelos eram mais curtos e seu olhar parecia mais malicioso. Ela devolveu a foto, haviam várias com o nome de sua mãe, mas ela não queria olhá-las mais, não queria chorar novamente. Afastou-se da estante, aproximando-se do armário, abriu-o, mais poeira voou em seu rosto, ela espirrou duas vezes, balançando sua mão para afastar a poeira, então olhou para o conteúdo do armário, eram roupas, vestidos, saias, calças, calçados, todos antigos e fora de moda, Mellanie pegou um dos vestidos e o olhou, era um vestido de noiva, branco, com as mangas bufantes, não tinha decote, cobria até o pescoço, onde havia algo como se fosse uma gargantilha, com diamantes, as bordas no pescoço, nas mangas e na barra eram de renda da mesma cor, Mellanie caminhou até o espelho que havia ali e colocou o vestido á sua frente, analisando como ele ficaria e riu.

"Como eles tinham coragem de casar com alguém vestido desse jeito?" ela continuou rindo, depois voltou ao armário, devolvendo-o.

Por fim, atirou-se na cadeira de balanço, impulsionando seu corpo para a frente para que ela balançasse, ela balançou, mas com um rangido alto, Mellanie fez uma expressão de desconforto e se levantou, aquilo não daria certo, voltou para perto do armário, mas olhando o relógio, depois voltou a olhar para o espelho, parecia os espelhos dos filmes de terror que ela já havia visto, havia manchas nele, era redondo e grande, segundo o que tinha lido, espelhos grandes eram muito usados para rituais de magia negra, levantou as sobrancelhas e se afastou, recolhendo seu buquê de rosas e saindo do quarto, apagou a luz, fechou a porta novamente, segundo depois começou a espirrar, havia esquecido que era alérgica a poeira, entrou imediatamente no outro quarto, lembrava-se dele, era o "quarto do castigo".

Quarta pequena observação: Quando Mellanie era criança, passava alguns dias com sua tia, e quando fazia algo de mal para ela, Elena a confinava em um quarto á noite que a única luz vinha da janela, a única luz era a luz da lua e o único passatempo de Mellanie era contar as estrelas e conversar com a lua.

Aquele quarto tinha luz própria agora, mas não havia mudado muito, apenas um armário havia sido colocado ali e as malas de Mellanie estavam sobre a cama, não era uma suíte como o antigo quarto, então ela teria que descer pelo menos algumas vezes ao dia, ela bufou, a vontade de descer para tomar banho era miníma, mas o mais importante era que estava limpo e sem poeira, Mellanie foi até suas malas, depositando o presente de Ryan delicadamente sobre o criado mudo, abrindo em seguida as malas e jogando tudo sobre sua cama, estava procurando seu notebook, queria atualizar seu blog, contar sobre o que havia acontecido nos dois últimos dias em que ficou ausente, um tempo depois o encontrou, então sentou-se sobre sua cama, abrindo-o e apertando o botão "ligar", como sua antiga casa não era muito longe dali, poderia continuar usando a mesma rede wireless. Enquanto o computador ligava seus pensamentos estavam distantes, ela pensava em Ryan, queria que ele estivesse ali, com ela, abraçando-a, sussurrando mais de mil vezes que era amigo dela, ela sorriu sozinha, logo começou a pensar no diário que havia lido, Isabel Hale, ela devia ser sua bizavó, talvez tataravó, ou algo mais longe do que isto, mil oitocentos e sessenta e quatro, cento e quarenta e oito anos haviam se passado da escrita daquele diário, e como sua mãe nunca havia mencionado sobre alguma antepassada parecida com ela? E que escrevia de um modo tão estranho? Isso não seria um mistério para sempre, Mellanie estava disposta a investigar essa situação.

O computador havia ligado, Mellanie conseguiu conectar-se á rede que sempre usara e foi imediatamente para seu blog, haviam quatro novas perguntas, logo clicou nelas, com certeza haviam piadinhas como sempre, ela começou a ler.

"Por que diz tanta coisa ruim sobre a vida? Acorde, garota, a vida é bela!" era a primeira pergunta.                                                             Ela balançou a cabeça negativamente, e começou a responder.

"Que legal que você pensa isso! Acho que você não está no meu lugar para entender, então eu preferia que você não perguntasse nada sobre isso."

Leu a outra pergunta.

"Você está apaixonada por alguém, Mellanie?"

Ao ler essa pergunta, a primeira pessoa que veio á sua mente foi Ryan, mas ela balançou a cabeça negativamente, não estava apaixonada por ele, não podia estar, afinal o conhecia há apenas um dia.

"Espero que não."     

Partiu para a próxima pergunta, a penúltima.

"Qual é a pior parte de estar vivo?"       

Ela levantou a cabeça, hesitante, eram tantos fatos, mas pensando na história de Ryan, em sua mãe, em Nate, apenas uma coisa veio á mente.

"Ver todas as pessoas que você mais ama irem embora, e você não pode fazer nada."        

Ela jogou seus cabelos sobre seu ombro esquerdo, suspirando, sentia calor, e naquele quarto não havia nenhuma ventilação.

"Você posta histórias sobre um amigo de infância que teve de ir embora, o que você pretende fazer quando/se reencontrar este amigo que você parece amar tanto?"

Nate. Nate. Nate!

"Eu realmente o amo. Iria abraçá-lo forte, e ia confiscá-lo em minha caixa em formato de coração para sempre, aí ele nunca mais iria fugir.

Ao terminar de responder as perguntas, ela deitou para trás, bufando.


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