Lágrimas por Amor escrita por Aki Nara


Capítulo 3
Capítulo 3 - O Novo Lar




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Jardim das Crianças era um nome bonito para um orfanato, para muitos órfãos ele era o único lar que podiam ter, crianças de todas as idades conviviam na esperança de um dia serem adotados. Só os menores e com saúde eram os mais procurados conseguiam um lugar rapidamente.

Para as crianças maiores que já entendiam a perda dos pais, a dificuldade era maior, quanto mais uma criança problemática ou com defeito, como muitos disseram, não havia chance e lá estava ela, aos dezessete anos, ainda no orfanato. Logo, ela precisaria sair dali. Mas para onde? Desde que voltara do hospital se perguntava todo o dia.

Umi havia terminado o científico, mas não tinha dinheiro para cursar a universidade. Então as perguntas seguiam um curso determinado. Onde trabalharia? De que viveria? O que faria? E o pior de tudo era que não conseguia prever seu futuro para responder estas questões.

Fazia muito frio naquele inverno, pelo jeito nevaria naquela noite e acordariam atolados em neve. Eles se amontoavam na sala para se aquecerem dividindo calor humano e esperança. Este seria um ano novo agonizante, pois sentiria saudades daquele lugar. Já era difícil não se apegar a alguém quando não via e agora que enxergava parecia-lhe impossível.

_ Monaaaaa! – era sempre Yurika quem chegava com as piores ou melhores notícias. – A madre superiora pediu para que fosse até o escritório. Já! Imediatamente.

_ Está bem! Não precisa empurrar – caminhou temendo o que estava por vir e para espantar o frio que se apossava de seu coração soprou as mãos com ar quente.

Ela caminhou pelos corredores rapidamente, pelo menos dentro do escritório da madre estaria mais aquecida. Diante da porta do escritório, ela ainda temia pelo pior, de certo, o assunto era sobre sua saída do orfanato no ano que vem, mas enfim, ajeitou-se, bateu e entrou pela porta.

_ Ah! É você... Um instante e já falamos – a madre terminava de preencher um formulário. – Sente-se e aguarde um pouco.

_ Sim, Madre Celeste – sentou-se na cadeira e aguardou.

_ Você sabe que é uma garota afortunada?

_ Sou? – a surpresa deveria estar estampada em seu rosto.

_ Sim. Quantas pessoas perdem a visão e voltam a enxergar estando em sua situação? Poucas. Isso eu posso garantir – a madre retirou os óculos e olhou diretamente para ela. – E quantas crianças órfãs na sua idade são adotadas?

_ Como? – arregalou os olhos.

_ Ah! Minha criança. Um casal me procurou no mês passado para adotar um órfão, desfilei todas as crianças mais novas, mas qual não foi minha surpresa ao saber que eles queriam uma criança maior. Então, mais surpresa fiquei diante do pedido, eles me solicitaram uma adolescente, precisamente um órfão da sua idade.

Estava tão surpresa que sua única reação foi o silêncio.

_ Eles me contaram sobre a perda recente da filha num acidente de carro. Ela tinha a mesma idade que você. E eu estava justamente muito preocupada com você O ano seguinte já bate à porta e para onde iria? Eles disseram que pretendem dar a você, tudo que dariam para a filha se estivesse viva. Até mesmo pagar uma universidade.

_ Oh, puxa!

_ Você não precisa decidir imediatamente, mas eles pediram para que passasse o Oomissoka com eles. Então... A decisão é sua, mas seria tolice recusar.

Ela piscou várias vezes sem acreditar no que acabava de ouvir. O silêncio se apoderava do escritório enquanto a Madre Celeste a encarava de modo profundo.

_ Eu não seria tola... Seria muito burra. – disse por fim.

_ Muito bem. Considerarei isso como um sim. Arrume as malas, o carro já está lhe aguardando.

_ Como? E... Se eu não gostar? – gaguejou espantada.

_ Você pode voltar, querida. Mas temo que terei de enviá-la para um internato pra freiras. E pressinto que apesar de guiada por Deus, você não tem devoção suficiente para abnegar sua vida por ele – a madre deu um tapinha amigável em sua mão e deu a conversa por encerrada.

Umi não tinha muito que levar... As crianças menores se despediram chorando, mas para ela não era uma despedida porque pretendia estar com eles sempre que pudesse. A neve começou a cair, as casas naquele perímetro eram enormes e o carro acabava de estacionar na frente de uma delas.

_ Boa noite, senhorita. Acompanhe-me, por favor – uma senhora idosa a encaminhou para o andar de cima parando na terceira porta e disse com pesar. – Este quarto foi o da senhorita Maya... Agora será seu.

Umi olhou para a mulher cujo nome ainda desconhecia.

_ Como ela era? – não conseguiu deter a curiosidade.

_ A senhorita Maya era como uma flor que preenchia esta casa como a primavera floresce os jardins, jamais conseguirá ser como ela.

_ Ah! Então, posso ser eu mesma – sentia um peso em seu coração. – Sou Umi – estendeu a mão para a mulher.

_ Okada-san para você – disse ignorando sua mão estendida. – A ceia de ano novo será servida as sete, seja pontual.

A senhora saiu de seu campo de visão quando fechou a porta e ela se viu sozinha num quarto onde caberiam mais nove crianças com ela. Não sabia o que fazer com sua mala. Suas roupas simples não ficariam bem naquele armário cheio. Na cama havia um lindo vestido de festa e ela passava a mão no tecido quando ouviu um leve bater na porta.

_ Estava aguardando sua chegada – disse a bela mulher de olhar triste ao entrar no quarto. – Espero que goste daqui.

Seus olhos viam uma mulher frágil qual uma porcelana. Não sabia de onde vinha à certeza, mas ela deveria ser a mãe de Maya e seu coração se confrangeu por ela.

_ É um lindo vestido.

_ Você gostou? – os olhos ansiosos procuraram os seus.

_ Sim... Eu nunca tive nada parecido.

_ É para você.

_ Para mim? Não foi de... – queria perguntar, mas não queria trazer mais tristezas naquele olhar.

_ Maya? Oh, não! Ela nunca usaria nada que eu escolhesse. Eu... Precisei me desfazer das coisas... – ela segurava as lágrimas. – Só ficaram as roupas que ela nunca usou.

_ Com certeza... Ela estava guardando uma ocasião melhor para usá-las – pegou o vestido para mirar-se no espelho. – Se fosse um presente de minha mãe eu também guardaria sem usá-lo.

_ Eu preferia que ela tivesse usado – as lágrimas corriam soltas.

_ Não é tarde... Dará um sorriso feliz se eu usá-lo esta noite?


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Notas finais do capítulo

Será a mulher mãe de Maya mesmo? O que a bela mulher responderá? Conseguirá Umi se adaptar a essa família?