SasuHina :: Moon Light escrita por Nana


Capítulo 6
Lágrimas


Notas iniciais do capítulo

Oooooi, minha gente mais linda. *-*
Peço desculpas por não mandar e-mail para avisar sobre esse capítulo, mas minha internet está mais horrível do que nunca. Tentarei avisar quando melhorar.
Tive tantos comentários em tão pouco tempo que me inspirei e terminei o capítulo o mais rápido possível. u_u Rarah me fez reparar que ninguém recomendou, mas tudo bem. q
Terei duas provas na sexta-feira e muitos trabalhos para entregar, então, o próximo deve demorar um pouco. Mais nada que utrapasse o final de semana, tenho fé. Espero que gostem deste capítulo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/214725/chapter/6

Hinata’s Pov

Eu não sei bem o que passava pela minha cabeça quando Sasuke se aproximava. Ele apenas... Estava perto demais. De uma forma que eu não me incomodava. Eu fiquei imóvel, até mesmo prendi a respiração por alguns segundos. Eu tentei, muito mal, mas eu tentei afastá-lo. Mesmo que eu realmente não quisesse. No fim, ele apenas me envolveu em seus braços e me beijou. Eu não sei se foi o beijo em si que me fez me sentir tão bem. Mas quando eu pude sentir o calor de Sasuke e saber como era realmente tocá-lo... Ser tocada, mesmo que minimamente... Eu senti algo indescritível. Eu só não queria me afastar mais. Queria que ele continuasse ali, tão perto de mim. Mas não demorou a que ele desse um passo e se distanciasse. Só então, eu realmente parei para pensar no que acabara de acontecer. Eu já tinha quase vinte anos. Era ridículo eu ficar envergonhada por beijar ele... Mas... Quando eu olhei para ele novamente, minha visão começou a ficar turva. E meu corpo se tornou fraco. A única coisa que ouvi foi sua grave voz chamar o meu nome.

Não sei dizer quanto tempo havia se passado, mas quando acordei, eu estava deitada sobre o sofá da sala. Abri meus olhos lentamente, me acostumando com a claridade. Levei a mão até a cabeça, tentando me focar no que havia acontecido, sem desmaiar novamente. Sasuke estava ajoelhado ao meu lado e eu posso jurar que seu olhar refletia preocupação.

“Hinata!” Ele me chamou.

“Desculpa...” Tentei me redimir, me lembrando da cena vergonhosa. Não era nem capaz de beijá-lo e me manter em pé depois? Sentei-me no sofá, ainda olhando para ele.

“Porque pede desculpas por tudo?” Indagou, se sentando ao meu lado. Quase pedi desculpas por aquilo também, mas imaginei que ele ficaria bravo. “Só não desmaie da próxima vez.”

Aquela frase ecoou em minha mente durante algum tempo. ‘Próxima vez’, ele havia dito. Refleti algum tempo sobre como seriam as próximas vezes. Sorri para ele quase que instantaneamente. E os dias se passavam. E as ‘outras vezes’ aconteciam mais constantemente do que eu pensava. Sempre que ele se aproximava, eu esperava que ele não se afastasse mais.

Sasuke’s Pov

Fevereiro chegava ao seu fim, consequentemente, o inverno também. E o dia do festival havia chegado: sexta-feira à noite. Eu não estava realmente animado para aquilo, mas Hinata parecia feliz com a ideia. O que, de alguma forma, me reconfortava. Olhei para o relógio na parede. Eu estava deitado sobre o sofá e Hinata ao meu lado, apesar de maior parte de seu corpo estar sobre mim e sua cabeça repousar sobre meu peito. Havíamos adormecido após voltarmos de mais um treinamento com o time quatro e ela não parecia disposta a acordar agora. Fiquei ali, observando sua expressão adormecida. Eu estava estranho desde que ela estava morando comigo. Sendo mais exato, desde que eu lhe dei o primeiro beijo. Ela também estava diferente. Parecia confiar mais em mim. Não se envergonhava tanto ao ficar tão perto de mim. E graças aos céus ela não desmaiou mais depois da primeira vez. Os beijos ocorriam com mais frequência agora, já que eu não sentia mais apto a me controlar e ela não se demonstrava incomodada quando eu o fazia. Para diminuir consideravelmente minha felicidade, a campainha tocou, fazendo com que Hinata despertasse no mesmo instante, se desvencilhando de meus braços e sentando no sofá.

– Eu atendo. – Proferi sem muita animação na voz, me levantando e caminhando até a porta. E qual foi a minha alegria ao deparar com a miniatura de Hinata e seu namorado, Kiba.

– E aí, bom humor. – Hanabi disse em seu tom sarcástico, entrando na casa e puxando Kiba consigo. Esperei que o grande cão Akamaru entrasse também e fechei a porta, com um suspiro. Eu realmente estava perdendo o meu respeito para/com aquela gente.

– Hanabi... – A voz calma de Hinata chamou pela irmã. A Hyuuga se levantou do sofá para receber um forte abraço da irmã mais nova. Só então reparei na grande mochila que Kiba carregava.

– Vim te ajudar a se arrumar para o festival. Vocês vão, certo? Papai nem sabe que estou aqui. – Ela disse, com um sorriso orgulhoso. Era óbvio que o pai delas não deixaria que ela viesse até aqui. Iria achar que eu estava corrompendo suas duas filhas, não satisfeito em afastar uma delas.

– Ahn... Vamos. – Ela respondeu, tranquilamente.

– Ótimo. – Disse, puxando Hinata para o corredor. – Aonde é o seu quarto?

Foi apenas o que eu ouvi antes de elas desaparecerem.

Eu já estava arrumado há alguns minutos, trajando um quimono cinza com alguns detalhes aleatórios negros e o símbolo de meu clã nas costas. Permanecia sentado enquanto aguardava por Hinata e Hanabi. Reparei quando Kiba se remexeu de forma incômoda na outra poltrona, e o grande cachorro ergueu a cabeça para encará-lo. Pude ouvir os passos vindos do quarto. Levantei-me, olhando na direção da escada. Fiquei sem qualquer reação quando ela desceu os degraus e parou a minha frente. Ela trajava uma longa Yukata azul, repleta de flores em um tom mais claro da cor, e presa por uma faixa lilás. Seu cabelo estava preso em um coque por uma presilha brilhante que eu nunca havia visto – provavelmente, algo que Hanabi lhe dera – e sua franja ainda tampando sua testa.

– Podemos ir? – Ela indagou, seu tom baixo o suficiente para que apenas eu lhe ouvisse. Contive-me para não chegar muito perto dela ou beijá-la ali mesmo.

– Limpe a baba, Uchiha. – Hanabi implicou, sorrindo de forma divertida quando eu lhe encarei sem humor. Ela já segurava no braço de Kiba e ambos saíram da casa. Internamente, eu ainda lutava contra a minha teimosia. Mas estendi meu braço para que Hinata segurasse. E ela o fez, sorrindo para mim.

O festival ocorria pela mais extensa rua da vila – a principal, que ligava a entrada da vila e o prédio do Hokage – que estava repleta de enfeites, fitas coloridas e chouchin’s (lanternas japonesas feitas de papel). Barracas se estendiam por toda parte, vendendo aperitivos, lembranças e algumas disponibilizavam jogos. Passamos maior parte do tempo seguindo Hanabi e o Inuzuka. Encontramos Ino e Shino pelo caminho, o casal também se uniu a nós. Logo Shikamaru e Temari também pararam para nos cumprimentar, mas seguiram seu caminho. Paramos em uma barraca de tiro ao alvo, e era mais do que óbvio que Ino iria pedir para Shino conseguir um daqueles inúmeros ursos para ela. Sem muita dificuldade, ele acertou o alvo na primeira tentativa e deu a namorada o urso que a mesma escolheu. Kiba teve mais problemas, tendo mais de dez tentativas frustradas para conseguir um urso de recompensa para a namorada que o xingava a cada erro enquanto Ino ria da discussão. Hinata permanecia em silêncio, segurando meu braço. Abaixei meu olhar para ela e reparei no singelo sorriso que ela tinha enquanto observava a cena. E foi quando eu tive aquela "maldita brilhante" ideia. Quando Kiba finalmente conseguira o presente de Hanabi, alguma força idiota me moveu até a jovem garota que recebia o dinheiro. Hinata soltou meu braço ao ver que eu me afastava. Estendi uma nota para a desconhecida da barraca, que me olhou com uma expressão estranha enquanto me entregava uma bola para eu tentar tacar no alvo que girava de um lado para o outro.

– Sasuke... – A voz de Ino parecia tão surpresa quanto a expressão de todos presentes. Uma veia saltou em minha testa. Eles só estavam tornando aquilo mais vergonhoso para mim. Taquei a bola na direção do alvo e ela fez todo o seu percurso corretamente, jogando o alvo para trás. Olhei para Hinata que me encarava tão surpresa quanto os outros. Acredito que não por eu ter acertado o alvo na primeira tentativa, mas pela minha atitude.

– Escolha um. – Eu disse e ela pareceu acordar para a vida.

– Ahn... – Ela pareceu confusa, seu rosto completamente corado.

Ela olhava para mim e depois para os ursos. Quando viu minha expressão de súplica para que ela escolhesse logo aquilo e me poupasse daquele momento constrangedor, ela apontou para um pequeno urso branco de olhos negros que pareciam cintilar. A garota da barraca pegou o mesmo e estendeu para Hinata. A Hyuuga deu alguns passos, encabulada, e pegou o urso.

– Ceeeerto. Vamos comer alguma coisa. – Hanabi disse, procurando tirar a atenção de nós dois. Pela primeira vez, fez algo realmente útil. Saiu andando, puxando o namorado. Ino fez o mesmo, levando Shino consigo.

– Vamos. – Proferi para Hinata, sem encará-la, já dando alguns passos na mesma direção que os dois casais. Ela se apressou para me alcançar, ainda observando o urso em suas mãos.

– Obrigada. – Ela murmurou, me fazendo olhar para ela novamente. Ela sorria, o que me fez sorrir também.

Hanabi nos guiou até um restaurante lotado, que ela rapidamente conseguiu encontrar uma mesa no canto. Ficamos ali por um tempo, enquanto Hanabi e Ino pareciam disputar quem falava mais. Shino comia tão silenciosamente quanto eu, enquanto Kiba tentava acalmar sua jovem Hyuuga. Hinata apenas observava, parecendo se divertir. Não saíamos muito e fazia um tempo que ela não encontrava seu antigo time. Imaginei que era isso que a estava alegrando. E eu ficava ali, feliz com a sua felicidade. Imaginando a hora que eu poderia fazer o que eu tinha planejado para aquela noite. Eu já não me irritava mais... Não tanto quanto antes. Apenas aceitava que eu estava preso a ela. E que se tornava cada vez mais difícil não querer tocá-la.

– Vamos tirar fotos! – Ino exclamou animadamente, retirando uma minúscula câmera fotográfica de dentro de sua bolsa. Ela apontou a mesma para Kiba e Hanabi, que deram um rápido selinho apenas para a foto ser tirada. Então, apontou na minha direção e de Hinata. A irmã mais nova da Hyuuga fez questão de empurrá-la para perto de mim.

– Sorriam. – Hanabi praticamente ordenou. Hinata sorria, apesar de estar corada. Deixei que um pequeno sorriso de lado surgisse, meu braço estava apoiado sobre a sua cadeira, na altura de seu ombro. O flash praticamente me cegou, mas não reclamei. Ino e Hanabi se animaram com a ideia de fotografias e começaram a tirar várias fotos.

– Podemos sair daqui? – Sussurrei a pergunta após aproximar meu rosto do seu. Hinata apenas assentiu com um movimento da cabeça e saímos do restaurante. Agradeci por não terem nos impedido, pelo fato de não terei reparado nosso distanciamento já que estavam animadas com os flashs.

A multidão havia crescido consideravelmente. Havia se tornado difícil até se mover por ali. Andamos por ali em uma direção aleatória, enquanto eu procurava um lugar um pouco mais vazio ou silencioso. Com a grande quantidade de pessoas ali, iriamos demorar muito para sair. Segurei a mão de Hinata e lhe guiei para um caminho mais rápido.

– Sasuke... Onde estamos indo? – Indagou, quando se aproximou o suficiente para que eu pudesse lhe ouvir.

Não lhe respondi, apenas continuei meu caminho até a entrada de outro restaurante, que milagrosamente estava menos movimentado. Parei em um canto vazio e me virei para ela. Seu olhar era curioso e interrogativo. Respirei fundo, criando coragem para prosseguir.

– Eu não sou muito bom com palavras... Então... – Eu comecei, retirando uma caixa de dentro do quimono e lhe entregando. Eu ainda a encarava, mas tinha sérias dúvidas se meu rosto estaria levemente corado. Estendeu sua pequena mão livre para pegar o “presente”.

– Pode... Segurar pra mim? – Perguntou, referindo-se ao ursinho de pelúcia. Peguei o objeto e esperei por uma reação. Ela abriu a pequena caixa negra, retirando dali um pedaço de papel e lendo o que ele continha. Lembrava-me exatamente de cada palavra, já que havia passado um bom tempo planejando o que escrever, admito. “Hinata... Namorada. Até que combina, mas não seria a palavra certa para definir o que eu quero que você seja. Mas... Você quer ser minha?” Seus olhos se arregalaram quando ela viu o que realmente continha na caixa. Um anel.

– Sasuke... – Ela ainda olhava para o objeto. Voltou seu olhar para mim, então. Uma resposta. Era só o que eu precisava para destruir aquela estranha sensação incômoda. – Isso é...

– Não me faça repetir... – Supliquei. Ela me conhecia há “pouco” tempo, mas sabia mais de mim do que muitas pessoas. Deveria entender como eu estava me esforçando para agir daquela forma.

– Eu já sou sua. – Assumo que sua resposta me surpreendeu, muito mais por ela não ter gaguejado. Me surpreendeu de uma forma boa. Ótima, na verdade.

Ela deu um passo à frente e ergueu um pouco o corpo. Era a primeira vez que ela quem se aproximava para me beijar. Abaixei-me, pressionando meus lábios contra os seus. Passei meus braços em torno de sua fina cintura e lhe apertei contra mim. Só me afastei quando lembrei que estávamos em um local público. Retirei o anel de dentro da caixa e ela ergueu a mão para que eu colocasse o mesmo em seu dedo. Estava prestes a me abaixar mais uma vez, para lhe dar outro beijo, quando algo – sendo mais exato, alguém – me interrompeu.

– Hinata-sama! – A voz de Neji ainda me incomodava, mesmo que eu soubesse que ele não era a razão de Hinata ter sido obrigada a me deixar. Não era de seu feitio sair por ai gritando a procura de pessoas, como ele estava fazendo agora. Ele parou ao nos alcançar e só então reparei que Hanabi e Kiba os seguiam. – Hiashi-sama teve uma crise.

Não me lembro muito bem o que aconteceu, só que rapidamente nos dirigíamos ao hospital. Ao chegarmos lá, encontramos a recepção completamente vazia. Os corredores extremamente brancos estavam silenciosos. Até que uma porta se abriu, Sakura saindo dela e erguendo seu olhar para todos nós. Todos se aproximaram e eu fiz o mesmo, apenas por estar os seguindo.

– A situação é delicada... – A voz da dona dos cabelos rosa mostrava o quão tensa estava ao dizer aquelas palavras. Voltou seu olhar para a herdeira Hyuuga mais velha. – Dessa vez, é definitivo, Hinata. Ele não tem muito tempo.

Fora impossível não reparar quando Hinata cruzou os braços, abraçando o próprio corpo que tremia levemente diante da notícia. Hanabi falava coisas que eu não tentei entender, enquanto a mais velha mantinha seu silêncio.

– Ele quer falar com vocês. – Minha ex-companheira de time disse. Hinata me lançou um olhar preocupado antes de dar seus primeiros passos em direção a porta. Acredito que era a primeira vez, talvez última, que ela falava com o pai desde que desistiu da liderença do clã. Hanabi e Neji também estavam entrando quando Sakura impediu o homem. – Você não, Neji. Não agora.

– O que? – Ele indagou, não tendo muito sucesso ao tentar parecer indiferente.

– Ele quer falar com Hinata e Hanabi primeiro. – Proferiu, sendo mais direta dessa vez. Passaram-se menos de dez minutos e as irmãs saíram da sala. Hinata se aproximou de mim, e eu não soube decifrar aquela expressão, coisa que não acontecia há bastante tempo.

– Ele quer ver você e Neji agora... – Foi Hanabi quem disse, olhando para mim e colocando uma mão no ombro de Hinata. Admito ter ficado tão surpreso quanto Neji, mas o segui quando ele entrou. Ao entrarmos na sala, tão branca quanto o resto do hospital, deparamos com a imagem de um Hiashi que nos lançou um olhar de súplica. Nos aproximamos, parando ao lado da maca.

– Uchiha. – Ele começou, sua voz incrivelmente baixa e rouca. Era fácil perceber o esforço que ele fazia apenas para virar o rosto e me encarar. – Eu não sei, até hoje, o que quer com a minha filha. Mas não brinque com Hinata. Eu já fui ruim demais com ela.

– Não pretendo ser ruim, de forma alguma. – Ergui meu olhar para ele, tentando não demonstrar a surpresa pelas palavras que ele havia acabado de proferir para mim. – A única coisa que eu pretendo é consertar os seus erros.

– É...? – Ele indagou, voltando seu olhar para um teto e sorrindo. – Mas não pense que gostei de você.

– Sua filha me fez entender e perceber muitas coisas. – As palavras fluíam com facilidade, mesmo na presença de Neji. Eu só sentia que ele precisava saber daquilo, antes de partir. – E independente do que você possa ter feito, ela irritantemente ainda queria orgulhar você.

– Eu me orgulho dela, Uchiha. Orgulho-me. Eu só queria protege-la. Mas não fui capaz de demonstrar isso para ela. Não siga o meu erro. Deixe-a saber o que você pensa. Ela não é tão frágil quanto parece. – Retrucou e eu imaginei que deveria deixar assim. Eu havia entendido suas palavras e não queria dizer nada. Ele voltou seu olhar para o sobrinho. – Neji.

– Hai... – Eu pude jurar que ele estava prestes a chorar, mas ele não o fez.

– As proteja. E continue nos orgulhando. – Ele fechava os olhos lentamente, enquanto sua voz ficava cada vez mais baixa. – Seu pai está sorrindo, eu tenho certeza...

Tivemos a oportunidade de ouvir cada palavra, até que o apito da máquina soasse de forma ensurdecedora. A porta se abriu, causando um barulho estrondoso, quando Sakura entrou na sala. Os olhos arregalados da rosada se fecharam, confirmando o que todos sabíamos. Saí dali, procurando por Hinata pelo corredor. Ela se encolhia, seu olhar estava sobre mim agora. Hanabi estava ali, seu choro alto enquanto era consolada por Kiba. Neji permaneceu na sala, observando o corpo imóvel de Hiashi. Enquanto eu, tão perdido quanto qualquer um, me aproximava de Hinata, sem parar de observar o olhar que ela me lançava. Aquele olhar que eu jamais queria ter visto. Estendi minha mão até seu pescoço, deslizando meus dedos pela sua nuca. Então, ela desabou. Aproximei-me um pouco mais, lhe acolhendo em meus braços, como já havia feito muitas vezes. Deixei que ela chorasse e chorasse. Eu sabia o que era aquela dor.

– Hinata...? – Sussurrei, após um tempo, em seu ouvido. Ela apertou ainda mais o abraço, as lágrimas ainda escorriam de sua bochecha até minha camisa. Acariciei lhe os cabelos, tentando lhe acalmar. Deslizei minha mão até suas bochechas, tentando fazer com que ela me encarasse. Sua expressão de tristeza, as lágrimas... Tudo aquilo me destruía com facilidade.

– Des... Desculpe... – Proferiu, em meio a sussurros. Passei a mão em seu rosto, limpando as gotas insistentes ali.

– Quer ir para casa comigo? Tenho uma coisa para te mostrar. – Insisti, sorrindo singelamente para ela, que soluçou e secou o resto das lágrimas. Afirmou com um movimento da cabeça, mas manteve seu silêncio.

Seguimos aquele mesmo caminho, tão gravado em nossa memória quanto os nossos nomes ou datas de nascimento. Eu ainda a mantinha perto de mim, enquanto ela disfarçava a vontade de chorar e se encolhia perante o frio daquela noite de inverno. Evitei a rua aonde ocorria o festival, não lhe faria bem passar por toda aquela multidão. Quando chegamos em frente a grande casa, abri a porta e esperei que ela entrasse. Peguei em sua mão e a guiei até o sofá.

– Fique aqui... – Assim que falei, ela se sentou, em silêncio e colocou o urso de pelúcia sobre a mesa de centro.

Apressei meus passos até o escritório que um dia pertenceu ao meu pai. Tudo estava em seu devido lugar, eu havia apenas tirado aquela poeira toda. Peguei o álbum de fotos, que estava encima da grande mesa desde o dia da limpeza. Saí da sala, andando novamente pelos corredores do segundo andar da casa. Peguei o primeiro cobertor que encontrei no armário do quarto e desci ao encontro de Hinata. Ela havia soltado o cabelo e limpava o rosto com a manga da Yukata. Naquele momento, eu estava deixando todo meu orgulho idiota de lado. Estava pensando nela, apenas nela.

– Veja isso... – Eu disse, me sentando ao seu lado e deixando o álbum em seu colo. Estiquei o cobertor, colocando-o sobre o seu ombro. Ela esfregou os olhos perolados com suas pequenas mãos e sorriu para mim.

– Obrigada por tudo... – Agradeceu. Voltou o olhar para o objeto em seu colo. Seus dedos finos deslizando sobre a primeira imagem da página em que estava aberto. – Isso é...

– Sim. – Confirmei, agora eu quem sorria, mesmo que fosse apenas um pequeno sorriso mal contido. A foto exibia um dia de verão, a área do clã Hyuuga podia ser facilmente reconhecida no fundo da foto.

Era um dia importante da vila. Estranhamente, eu havia me lembrado daquele dia ao ver aquela imagem. Hinata se escondia envergonhadamente atrás do pai, enquanto Neji lhe encarava de uma forma engraçada. E foi nesse momento em que eu cheguei. Lembro-me bem de como Neji me lançou um olhar enfurecido quando meu pai me apresentou a Hinata. Ainda envergonhada, ela sorriu para mim. A foto havia registrado o exato momento em que eu lhe estendia a mão e ela lutava contra sua vergonha ao se aproximar. Naquela época, eu ainda não havia me tornado um ser obcecado pela vingança.

– Foi a primeira vez em que você me fez me sentir especial... Sem precisar dizer uma palavra. – Admiti, enquanto olhava para a foto. Era essa a palavra. Especial. Assim como o sorriso que ela me lançou. Nunca havíamos conversado depois daquilo. A lembrança daquele dia havia se perdido em meio a tantas memórias.

– Você sabe que é especial pra mim. – Ela disse, pousando sua pequena mão quente sobre minha bochecha e me lançando aquele sorriso. O sorriso que só ela sabia fazer. Peguei sua mão entre as minhas, reparando o quanto aquele momento parecia de outro mundo. Jamais havia me imaginado ali, com ela, daquela forma.

– Quer deitar? – Sugestionei, colocando o álbum sobre a mesa de centro e me acomodando no sofá.

– Aqui? – A pergunta saltou de seus lábios, reparei, enquanto seu rosto ficava completamente vermelho. Torcia para que ela não desmaiasse novamente.

– É, Hinata... Apenas deitar. – Proferi, suspirando. Não era daquela forma que eu havia imaginado o fim daquela noite. Vê-la chorar era uma coisa que eu não havia planejado e nunca iria desejar. Pelo menos, queria poder terminar aquilo com ela próxima de mim, segura em meus braços. Ela afirmou com um movimento da cabeça, se deitando de forma desajeitada. Deitei-me ao seu lado, lhe envolvendo em um abraço, a grande coberta sobre nós dois. Ela enterrou o rosto na curva de meu pescoço.

– Sasuke... – Me chamou, sua respiração quente em contato com a minha pele. Eu sabia que iria ouvir seu choro novamente. – O que ele disse pra você?

– Que se orgulha de você.

– Fale sério... – Sua voz cortante, pela primeira vez.

– Eu já brinquei com seus sentimentos, Hinata? – Indaguei e pareceu suficiente. Ela me abraçou mais forte e eu pude sentir suas lágrimas molhando minha blusa novamente, o som de seu choro abafado. Deixei que ela continuasse, até que seu choro cessou e sua respiração se tornando mais tranquila. Só então, eu consegui dormir também. Aconchegado com o seu calor, acomodado com a ideia de que eu também era útil para ela.

Acordei de uma forma completamente... Absurda. Uma dor atingindo minhas costas quando meu corpo bateu no chão e logo uma dor pior substituiu quando eu senti um punho bater contra o meu rosto. Quando meus olhos finalmente se acostumaram, avistei um Koh furioso encima de mim. Hinata tentava puxar o primo.

– KOH! PARE COM ISSO! – A voz de Tenten ecoou em minha cabeça, reparei que ela também tentava tirar o Hyuuga de cima de mim.

– NII-SAN! PARE! – Hinata gritava, puxando-o, mas ele conseguiu desferir mais um soco em meu rosto. – NÃO FIZEMOS NADA.

– NEJI, FAÇA ALGUMA COISA. – Tenten berrou mais uma vez. Só então reparei a presença do outro Hyuuga. Uma festa de olhos perolados em minha casa.

– SEU... BASTARDO MALDITO. – Koh vociferava, já de pé. Tenten o segurou. Sentei-me no chão, cerrando o olhar pro Hyuuga. Hinata se aproximou de mim, se ajoelhando ao meu lado e passando a mão em meu rosto, olhando o estrago que seu primo havia feito.

– Qual o problema desse idiota? – Questionei, me levantando. Hinata ainda procurando machucados aparentes em meu rosto.

– Ele ficou sabendo de ontem à noite e insistiu que o trouxéssemos aqui. – Neji explicava, sua voz tão paciente quanto nunca. Engraçado como ele não estava ajudando ao outro a me atacar.

– Não fizemos nada. Estávamos apenas dormindo! – Hinata justificou, alternando seu olhar entre os primos.

– Ah, é isso? – Suspirei para não rir daquele show que o Hyuuga fazia. Perguntava-me seriamente o que ele ainda vinha fazer na minha casa. – Deixe de ser pervertido, Hyuuga.

– O quê? – Sua voz ainda era alta enquanto ele tentava se desvencilhar dos braços de Tenten. Não tinha parado para reparar como Koh tinha uma voz insuportável. – Eu deveria ter acertado seus pontos vitais! Você se aproveitou da tristeza dela!

– Não seja tão dramático, Koh. – Neji quem disse, estranhamente ao meu favor.

– Eu não fiz nada com Hinata. E mesmo se tivesse, eu não a obrigaria a nada. Não seja irritante. – Eu disse, dando passos lentos até a cozinha. Ele esbanjava sorte por eu não poder esmurra-lo ali mesmo. Eu sabia que Hinata estava preocupada sobre ele me entregar para o conselho e eu perder meu direito a liberdade. Mas eu realmente me irritava sobre como ele sabia usar os piores momentos contra mim. Nada havia acontecido, mas não porque eu não queria. E outra... Quem ele pensava que era para entrar na minha casa e fazer aquele estardalhaço?

– Vamos conversar lá fora, Koh-san. – Hinata disse, saindo da casa com o primo e Tenten.

– E você? – Voltei meu olhar para Neji, que permanecia ao lado da porta, de braços cruzados. Seus olhos estavam fechados, sua expressão tão tranquila quanto nunca.

– Hiashi-sama confiou em você. – Ele ergueu o olhar para mim. – Naruto, Hinata... Eles devem ter algum motivo para acreditar em você.

Interessante. Então eu tinha mais um Hyuuga que não queria me matar? Até que eu estava progredindo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Nããao, não teve hentai, muaha. Eu já tinha planejado a morte do Hiashi, por isso, o hentai depois da morte dele ia ficar meio "no sense"... Então, decidi deixar pro próximo. Não vai ser nada muito pesado, mas eu vou avisar a parte em que "começar" para não ser desagradável a quem não gosta desse tipo de leitura. Por fim, agradeço a todos os comentários e espero que vocês tenham gostado. Espero por mais reviews e opniões.
OBS: Sobre a nova fic, estou tentando escrever uma GaaHina, espero que dê certo. Irei avisar a todas quando eu começar a postar e tomara que vocês leiam. Se tiverem alguma ideia para a fic GaaHina e quiserem opinar, estou aceitando *-*
Até o próximo cap. *-* Beijos beijos.