Crônicas De Hogwarts I escrita por Ennaz


Capítulo 1
Sozinhos em Hogwarts


Notas iniciais do capítulo

Demorei muito tempo para deixar o capítulo como está. Acredito que esteja muito bom. Portanto, divirtam-se.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/214674/chapter/1

As crônicas de Hogwarts

O pássaro do tempo

Capítulo 1

Sozinhos em Hogwarts



Os terrenos de Hogwarts amanheceram sob o céu cinzento, e dia úmido e frio. O orvalho escorria na face exterior das janelas. Como água da chuva logo após chover.

No dormitório do quarto ano da torre da Grifinória. O único relógio de corda do cômodo despertou. Emitindo um som estridente.

Tiago Potter, conhecido como maior maroto de todos os marotos, acordou sofrendo de sono. Seu cabelo muito negro crescia para todas as direções e nunca se assentava, mesmo quando o garoto tentava – raramente ele o fazia. Esfregou seus olhos castanho-esverdeados para despertar. Trêmulo; abriu o cortinado de sua cama. A claridade repentina o cegou brevemente até que seus olhos se acostumassem. Sentiu uma onda de energia aquecer seu peito e correr até a ponta de seus dedos. Levantou-se. Pôs seus óculos de armação tartaruga. Dirigiu-se até o despertador e o desligou.

Em seguida, se voltou para a cama ao lado e arreganhou o cortinado e disse para o grande calombo nos cobertores rubros:

– Acorda. Hora de levantar ou vai perder o café da manhã.

Alguém se contorceu sob a coberta, reclamando que estava cedo e frio demais.

– Já acordado? – Remo Lupin perguntou enquanto se esforçava para acordar. Ele tinha cabelos castanhos bem claros, agora espetados para todos os lados.

– Mal posso esperar pelas férias. – outro garoto, Sirius Black, comentou ao abrir seu cortinado. Este tinha um bom físico. Cabelo negro comprido, no momento bastante embaraçado.

– Nem começamos a ter aulas e você já quer férias?

– Tivemos sorte. O primeiro dia de setembro caiu num sábado, esse ano. – comentou Tiago. – Pudemos aproveitar um dia inteiro sem aulas.

Tiago voltou-se para a cama do calombo.

– Vamos logo, Pedro, acorda!

O calombo resmungou mais alguma coisa ininteligível.

Jasão Hughes, o quinto companheiro de quarto deles deu sinal de vida:

– Ah... que sono... – impeliu-se a levantar de sua cama, resmungando sem parar – cedo demais... sono... dormir... aulas... cedo demais...

E saiu arrastando-se pelas paredes.

– O Jasão é um cara estranho. – Tiago coçou a cabeça, intrigado, quando os resmungos de seu colega tornaram-se inaudíveis.

– VAMOS LOGO, PEDRO! ACORDA! TEMOS QUE ESCOVAR OS DENTES! – Sirius sacudiu o amigo gordinho, aos gritos. Que apavorado, também gritava:

– AH! ACORDEI! ACORDEI! ACORDEI! Acordeeeeeeiiiiii....


Após escovarem os dentes no banheiro masculino da Grifinória, e vestirem suas vestes em seu quarto. Remo e Sirius arrumaram seus cabelos. O primeiro repartindo-os em três quartos para os lados. E o segundo apenas desembaraçando as madeixas negras, as deixando elegantemente desarrumadas. Os garotos desceram até o salão comunal. Onde tiveram a primeira visão das garotas naquele dia. A atenção de Tiago foi atraída para uma cabeleira ruiva conhecida.

Era Lílian Evans. Cabelo acaju. Olhos verdes brilhantes. Atraía a atenção de todos os meninos por onde passava.

Foi durante a sua primeira viagem para Hogwarts que ele a conheceu. Encontrara-a sozinha numa cabine e reparou que ela usava roupas trouxas. Acompanhado por Sirius, descobriu seu nome. Também conheceu, naquele dia, um garoto muito desagradável, chamado Severo Snape. De um estranho enorme nariz em forma de gancho. E cabelo negro muito oleoso. Usando roupas esfarrapadas e grandes demais. Tiago e Sirius riram e zombaram dele, e de sua aparência, quando ele disse que gostaria de ver Lílian na Sonserina. Grave erro. Como eles poderiam saber que Severo Snape era o melhor-amigo de Lílian Evans dois anos antes de Hogwarts. Ambos foram expulsos da cabine, e a garota passou a tratá-los secamente.

Como se Tiago se importasse com isso. Ele só queria provocá-la.

Abriu um sorriso maroto e se aproximou.

– Bom dia, ruiva.

– Bom dia, Potter. – respondeu ela, sem olhar para ele.

– Teve uma boa noite de sono?

Eles passaram pela passagem do quadro da Mulher-Gorda.

– Felizmente tive.

A garota continuou sem olhar para ele e a amiga ao seu lado deu uma risada discreta. Tiago decidiu tomar outra abordagem. Deu alguns passos mais largos para ficar ao lado da outra. E a cumprimentou:

– Bom dia, morena.

– Bom dia, moreno. – ela respondeu com sua voz suave. – Onde estão seus amigos inseparáveis?

– Estão atrás de nós.

Viram os garotos rindo entre si enquanto os seguiam.

– Parece que estão rindo de você.

– Ah, é normal. Eu zoo eles. Eles me zoam. Nós nos zoamos. É normal – ele deu de ombros.

A garota riu.

– Animado para o primeiro dia de aulas?

– Sim. Já que é o primeiro dia. Daqui a uma semana estarei tentando explodir um vaso sanitário.

Ela riu graciosamente.

Tiago sabia o quanto a morena era atraente e difícil. Sirius já tentara conquistá-la; uma aposta que fizera com um garoto da Lufa-lufa. Mas toda vez que ele tentava alguma coisa, ela sorria para ele, lhe dava uma murta transmutada que nunca morreria e ia embora sem nem olhar para trás. Sirius perdeu a aposta. Um pouco do seu ego. E nunca jogou as murtas fora.

Rute Castle. De corpo esbelto. Pele cor de oliva. Olhos serenos cinza-esverdeados. Andar gracioso. Era o sonho de consumo de muitos garotos. Mas Tiago só a via como uma aliada.

– Eu acho a sua amiga tão antipática. Nunca me olha nos olhos. Sempre finge que não existo. – Tiago sorriu maroto. Ele afastou uma tapeçaria para que as meninas passassem primeiro pela escada escondida.

Rute agradeceu enquanto Lílian revirava os olhos.

– Nunca me agradece quando sou educado – Tiago as acompanhou, deixando a tapeçaria fechar na cara de seus amigos.

Seus amigos protestaram, o alcançando no meio da escada escondida.

– Ah! Eu fiquei preso!

– Ah, qual é, Pedro, se esqueceu do degrau falso de novo? – reclamou Tiago, olhando para trás.

– Não esqueci. Estou bem atrás de você.

E ele estava. Sem pés presos num degrau sólido.

– Se não foi você, quem foi?

– O Jasão. – Sirius apontou para o rapaz, de cabelo castanho claro e olhos verdes, preso num degrau, cinco degraus acima.

– Como? – perguntou Remo.

– Não vi. Eu tinha me esquecido.

– Esqueceu? É do quarto ano. Não deveria esquecer.

– Não sei... eu to com fome... eu quero comer...

– Não chora cara. – Tiago lhe deu palmadas de consolo em seu ombro.

– É, não é coisa de macho.

– Quem disse que estou chorando?

– Vamos puxá-lo no três, Sirius.

Eles o pegaram pelas axilas.

– Um... dois... três!

E os dois marotos deram um puxão, soltando o colega do degrau.

– Valeu... agora eu posso comer...

– Não fizemos mais que o nosso dever de irmãos de casa. – Tiago lhe deu um soquinho amigável no ombro.

– Basta prestar mais atenção às escadas. – recomendou Remo.

– Pare de rir! Intrometida! – Sirius fechou o visor da armadura risonha com violência, ao passarem por ela.

Eles saíram por detrás de uma tapeçaria com a imagem de um bruxo dando asas aos porcos. E se misturaram aos alunos da Corvinal, que já desciam para o desjejum.

Na altura em que desciam a escada para o saguão se encontraram com as figuras indesejáveis dos alunos da Sonserina, meio misturados aos alunos da Lufa-lufa.

O pior dos sonserinos, na opinião de Tiago, estava logo ao pé da escada. Esperando por alguém.

– Ah, bom dia, Sev! – Lílian desceu a escada, correndo para se reunir com Severo Snape.

Um rapaz da idade deles. De pele macilenta, nariz em forma de gancho, anormalmente grande e cabelos oleosos. É era ele mesmo. Tiago e Severo se tornaram inimigos eternos desde aquele dia no trem. E jamais houve sinal de trégua entre eles.

– Bom dia, Lil.

– Bom dia, Sev. – zombou Tiago, nem se importando com o olhar furioso que Lílian lhe lançou.

– Potter. – Snape o encarou sombriamente. Um sutil movimento alertou Tiago. Snape pusera a mão em seu bolso.

Tiago pôs as mãos nos seus. Procurando preparar a sua varinha para um possível duelo.

– A bonequinha estava nos esperando para brincar? – provocou Sirius, bloqueando uma provável rota de fuga de Snape.

Alguns alunos da Sonserina perceberam a movimentação ao pé da escada e ficaram espreitando soturnos. Prontos para lançar algum feitiço. Jasão Hughes também parou e os observou. Ele podia ser estranho, mas sempre sabia quando era necessário, pensou Tiago. Pedro tinha os olhos fixos neles, obviamente esperava uma luta sanguinária e estava ansioso para ver Tiago Potter e Sirius Black acabando com todos os alunos da Sonserina.

– Eh... pessoal, não precisam fazer isso agora, vamos para o Salão Principal comer alguma coisa primeiro. – Remo tentou intervir da melhor maneira. Mas foi ignorado.

– O que acha de nós brincarmos de vestir a boneca, Tiago? – Sirius provocou novamente.

– Bom... me parece uma idéia medonha ele de vestido.

– Vocês ficariam melhores com vestidos cor de rosa. – Snape respondeu. – combinaria perfeitamente com vocês.

– O que você disse?

– Parem agora! – disse Lílian. Mas ela também foi ignorada.

– Alarte-

– Expe-

– Avi-

– O que está acontecendo aqui? – a professora Minerva chegara na hora que eles proferiam as azarações.

– Hã...

Tiago olhou para a sua varinha erguida a meio-caminho de sua azaração. Depois viu que Sirius e Snape já tinham guardado suas varinhas. Percebeu que era o único em problemas.

– Nada demais – jogou a varinha para o alto e a pegou quando caiu.

– É... nada demais... professora McGonagall. – Remo apoiou o amigo.

Estava na cara que ela não acreditou. Mas como nada de mal havia acontecido, deixou estar e continuou seu caminho para o Salão Principal.

– Vá embora, Potter. – mandou Lílian, quando a professora passou pelas enormes portas duplas.

– Hã? Está me mandando embora? Prefere a companhia de um aluno da Sonserina à companhia de um membro da sua própria casa? – Tiago acusou-a.

– Não. Eu prefiro a companhia dos meus amigos, à companhia de um garoto egocêntrico. Mimado. E arrogante!

– Ui... – os garotos se doeram por ele.

Tiago se viu sem palavras. Ficou chocado por alguns instantes até que fechou a expressão, furioso, e exclamou:

– Pois eu não quero mais saber de você!

E saiu batendo o pé. Seus amigos vinham logo atrás.

– Nem eu quero saber de você! – ouviu Lílian gritar para ele antes que entrasse no salão.


– Vocês sempre brigam. É impressionante. Vocês sempre brigam. – disse Remo se sentando à mesa da Grifinória.

O céu cinzento não aparentava dar trégua ao sol.

– Que bobagem, nós não brigamos sempre.

– Só quando se encontram. – Sirius riu com Pedro o acompanhando.

– Muito engraçado. – disse Tiago, desgostoso.

– Mingau de aveia! Uêba! – Jasão Hughes gritou animado como uma criança, na outra ponta da mesa.

Após observar seriamente o estranho colega de quarto atacar o mingau de aveia, Tiago se serviu de mingau.

– Começo a achar que essa sua mania de irritar a Evans e atacar o Snape sempre que o vê pode significar que você é caidinho por ela e morre de ciúmes da amizade da garota com ele. – disse Remo comendo bacon e ovos.

– O que?! – Tiago parou a meio caminho de uma colherada. – Nada a ver! Perdeu a cabeça, é?

– Na verdade faz sentido. – Rute Castle se sentou ao lado de Sirius. O último ficou tenso, só comendo as suas panquecas.

– Ué? Não vai ficar lá com a sua amiguinha conversando com o amiguinho de vocês? – Tiago desdenhou.

– Severo Snape não quis ser meu amigo. Ele é um garoto muito fechado.

– É um idiota, isso sim. – redarguiu Sirius sem olhar para ela.

Rute fixou, longamente, seus olhos em Sirius. E disse pausadamente:

– Cada um escolhe a sua forma de encarar seus problemas.

Vendo Lílian se separar de Snape ao entrar no Salão Principal, Rute se despediu:

– Nos vemos na aula do Prof. Slughorn.

E se afastou para se sentar ao lado da amiga.

– A Rute é tão bonita. – disse Pedro, sonhador.

Aborrecido, Tiago rolou os olhos para o alto, enquanto os outros riam.

– Ah, é tarde! É tarde! É tarde! É tarde! – Jasão Hughes saiu correndo.

– Mas ainda são oito e meia da manhã, a aula só começa às nove. – Remo observou confuso.

– Ele é um cara estranho.

Disse Tiago dando de ombros.

Quando limparam seus pratos, terminando o desjejum. Dirigiram-se para a aula de poções, nas masmorras. Acompanhados pelo resto dos alunos de seu ano. Inevitavelmente caminharam próximos a Lílian, Rute e Snape, inclusive.

– Estou muito animada com poções este ano. Vamos aprender tanta coisa nova e incrível. – comentava Lílian para o seu parceiro de poções favorito.

– Estou tão animada com poções este ano. Vamos aprender tanta coisa nova e incrível. – Tiago imitou-a.

Sirius e Pedro riram. Mas Remo lamentou a atitude do amigo. Lílian lançou um olhar mortal para Tiago, este sorriu e acenou.

– Tem gente que não se toca. – disse ela alto o suficiente para Tiago ouvir.

– Tem gente que não se toca. – Tiago a imitou novamente.

– E age igual a uma criança.

– E age igual a uma criança.

Sirius e Pedro riam muito.

– Irritando os outros só por diversão. – ela se irritava cada vez mais, sua voz ficando mais alta e aguda.

– Irritando os outros só por diversão.

– Só para aparecer.

– Só para aparecer.

– E é um imbecil.

– E é um imbecil.

– Ah! Pare com isso, Potter! – ela se voltou furiosa, o rosto vermelho de raiva e os olhos verdes faiscando perigosamente.

– Ah! Pare com isso, Potter!

– Deixa de ser infantil!

– Deixa de ser infantil!

– Eu sou uma banana parva!

– Ah, que isso, Evans, você não é uma banana parva.

E deu palmadinhas no ombro de Lílian como se a consolasse.

A escadaria para as masmorras explodiu em gargalhadas. Até Lílian não se conteve e começou a rir. Como esperava, Snape contorcia o rosto de raiva.


A primeira aula do dia começou quando o Prof. Slughorn pôs a sua cabeça careca para fora da sala e chamou os alunos – que se encontravam no corredor cavernoso de poções. Remo sorriu aliviado, pois na hora que o professor os chamou, um duelo entre Snape e Tiago quase começara. O motivo? Ah, o de sempre: um olhou torto pro outro. Apesar de ninguém ter lançado um feitiço, Tiago se sentia perdedor. Lílian Evans o culpou e nem quis olhar na sua cara. Tudo bem que ele começara ao mencionar que seria fácil transfigurar o Ranhoso num tucano.

"Mas aquilo não me faz culpado" pensou enquanto moía pelo de seminviso para a poção invisível.

– Tem de haver um jeito de fazê-lo pagar – sussurrou.

– Eu tenho uma ideia. – Sirius sussurrou de volta, mostrando uns fogos de artifício Filibusteiro em suas mãos.

Tiago sorriu e esperou a oportunidade. Observou seu alvo. Snape adicionava um olho de seminviso, o próximo passo seria picar meticulosamente as folhas de samambaia branca. Uma tarefa que exigia concentração demasiada.

Chamou Pedro.

– Vai até a mesa do Prof. Slughorn e tente pedir ajuda a ele. Faça o caminho pelo lado do Ranhoso e jogue isso aqui em seu caldeirão.

– Não se esqueça de acionar o pavio. – recomendou Sirius.

– Vou fazer.

Pedro, então, com a sua improvável agilidade – que ninguém acredita que ele possui, jogou o Filibusteiro no caldeirão do Ranhoso. Tiago nem pode ver a mão de Pedro. Snape sequer percebeu, e adicionou a samambaia branca picada. O caldeirão explodiu no instante seguinte. Lançando a poção fervente sobre os alunos da Sonserina. Estes se puseram a correr por todos os lados. Gritando ao ver partes de seu corpo sumirem e arderem. Snape era o pior. Pois recebera boa parte da poção na cabeça, rosto e braços. Parecia um corpo sem cabeça quando ficava de frente. Mas atrás podia-se ver o cabelo oleoso.

– Acalmem-se! Acalmem-se! Venham todos aqui! Cuidarei de vocês, não precisam se assustar! Tenho uma poção antiqueimaduras comigo!

Os alunos atingidos se socaram para chegar ao professor e receber a poção.

Com a exceção de Remo, os marotos riam sem esconder.

Quando todos os atingidos foram encaminhados para a ala hospitalar. O professor – antes de continuar a aula com os demais, pescou uma carcaça do Filibusteiro do caldeirão explodido.

– Ora, ora... uma brincadeira de alguém, sem dúvida.

Seus olhos se desviaram para Tiago.

– Infelizmente não tenho como saber quem foi.

E se virou. Continuando sua aula com normalidade.

Quando o sinal tocou, e os alunos foram liberados. Tiago e os marotos foram abordados por Lílian, no corredor de poções.

– Eu sei que foi você. – ela apontou para Tiago.

– Não fui eu, Ruivinha. – respondeu ele, tomando que, como não fora ele quem jogou o fogo de artifício, não era culpado. – E mesmo que fosse, o que não foi, como provaria? Nem o Slughorn tem como provar.

– Infelizmente você tem razão. Eu não tenho.

– Viu?

– Mas não quer dizer que outra pessoa não tenha.

Tiago não gostou da ênfase.

– O que isso quer dizer? – ele preocupou-se.

– Nada. Por enquanto.

Rute, ao lado de Lílian, lançou um olhar triste para os marotos, e foi na frente, com a amiga. Após Tiago trocar olhares confusos com os três amigos, eles seguiram o caminho atrás da dupla de meninas.

A aula de DCAT foi a seguinte. Iniciada com o novo professor da vez. Uma aula decepcionante. Pois o professor era novo e nervoso. Começou com uma maçante introdução ao curso e a como ele prosseguia. Mal praticaram magia defensiva ou ofensiva. Tiago nem ouviu o que o professor disse. O tempo arrastou-se lentamente. Ele folheou seu livro de DCAT e circundou os feitiços que achou interessante praticar mais tarde, enquanto isso. O último professor tinha sido bom. Os ensinou a buscarem se aperfeiçoar sozinhos. Como se ele soubesse que não ficaria entre eles por muito tempo. Se sabia, estava certo. O professor morreu ao ingerir um poderoso veneno em sua casa. Ninguém nunca soube se fora suicídio, acidente ou assassinato. Tiago acreditava na última opção.

Foi com grande alívio que Tiago ouviu o sinal anunciando o fim da última aula da manhã.

Quase cantarolando, ele tomou o caminho para o Salão Principal.

– DCAT, esse ano, será muito chato – disse Remo – O que é uma pena, vi tantos feitiços interessantes no livro.

– O Prof. Red nos disse para aprendermos sozinhos, sempre que possível. – Sirius citou as palavras do último professor.

– É o que penso em fazer. – disse Tiago.

– Eu não consigo aprender sozinho. Vocês me ajudam? – Pedro perguntou.

– Claro.

– Nós praticaremos juntos e ajudaremos um ao outro.

Desviaram do caminho habitual, por conta de Pirraça que se encontrava jogando objetos variados nos alunos que passavam – bengalas, chicletes mascados e cadeiras voavam com frequência no corredor principal.

Os marotos pegaram atalhos e chegaram a tempo para desfrutarem o almoço sem pressa.

– Só de pensar que seremos os nossos próprios professores, eu fico extasiado – disse Remo, pegando um pedaço de torta de carne – como devemos organizar nossas lições?

– Organizar lições? Remo, é só a gente seguir a ordem do livro. – Tiago respondeu se servindo de carne e batata assada e verduras cozidas.

– Só precisamos de um lugar para praticar sem sermos vistos. – pensou Sirius, em voz alta, após engolir seu yorkshire pudding com molho de carne.

Mas Tiago já não ouvia mais. Lílian Evans chegara acompanhada por sua amiga e pelo Ranhoso – as duas tinham desviado para a Ala Hospitalar. De repente ele não sentia mais fome.

– Por que ela anda com ele? – resmungou mais para si mesmo do que para os amigos – Ela não vê que ele está á um passo de se tornar um Comensal da Morte?

– Comensal da Morte? – Pedro estremeceu – São os seguidores d'Aquele-que-não-deve-ser-nomeado, não é?

– É. São.

– Sem dúvida, Severo Snape é um tipo bastante... – Remo buscou a palavra eufemista – desgostado, mas a Evans deve ver alguma coisa nele que não vemos. Ela é uma garota muito inteligente.

– Ser inteligente não significa não ser ingênua. – redarguiu Tiago.

Ninguém soube retorquir. Por isso ficaram em silêncio.

– Quer fazer a garota ver o lado obscuro do amiguinho? – Sirius disse para Tiago.

Um sorriso brotou no rosto do líder dos marotos.


O plano era simples. Encurralar Snape num corredor e fazê-lo dizer as coisas erradas na hora errada – que seria quando Lílian estivesse presente. Mas era simples só no papel. Fazer alguém falar o que você quer que ele fale é algo muito complicado.

Quando o sinal tocou, avisando que a próxima aula começaria em alguns minutos. Severo Snape levantou-se de sua mesa e se dirigiu para a saída. Como o esperado, Lílian, acompanhada por Rute, se juntou a ele. Os alunos das quatro casas se misturavam nos corredores. Os do quarto ano seguiam para a aula de transfiguração.

Só no corredor de transfiguração que Tiago e seus amigos conseguiram cercar Snape.

– Ranhoso – saudou-o Tiago, bloqueando seu caminho – queria saber o quanto você está recuperado do banho fervente.

– O que você está tramando, Potter? – Lílian perguntou, obviamente desconfiada.

– Posso lidar com ele, sozinho, Lil.

– É. Ele pode lidar comigo sozinho, Lil.

– Não a chame assim, Potter. – disse Snape. – Eu sei que foram vocês que causaram a explosão.

– Seja o que você estiver tramando, Potter, é melhor parar agora. – mandou Lílian.

Mas Tiago a ignorou e continuou com o plano.

– Sabe outra coisa que eu gostaria de saber? A sua opinião a respeito de um bruxo das trevas que anda amedrontando a nossa comunidade bruxa. Sabe? Aquele bruxo que todos tem medo de mencionar. Conte pra mim, na frente de todos os nossos colegas da Sonserina e... do quarto ano. – indicou Lílian com um breve aceno.

A luz fez-se no rosto de Lílian, ela entendera o que o maroto pretendia. Lançou-lhe um olhar indignado, mas disse nada. Os olhos de Snape esquadrinharam toda a cena. Avaliando. Por fim, ele disse:

– O que te interessa? Se eu apoio ou discordo, no que isso lhe diz respeito?

– Apenas quero entender sua posição. Pois você anda com certas pessoas da Sonserina que já deixaram claro o que pensam, que concordam com a ideologia de Voldemort.

À menção daquele nome, todos estremeceram, alguns alunos da Sonserina se retesaram. Irritados com o atrevimento de Tiago. Que continuou:

– E você também anda com a Evans que, como todos sabem, tem sangue cem por cento trouxa. Em qual filosofia você acredita?

E os olhos se voltaram para Snape. Em expectativa. Até Lílian queria saber a resposta. Mas o garoto não disse, e nem pode responder nada. A professora McGonagall chegou naquele instante, perguntando:

– O que estão fazendo aí? Já deveriam estar na sala aprendendo a transformar objetos inanimados em animados. Vão já para a sala. Todos vocês.

Seu olhar se demorou em Tiago, já sabendo quem era o culpado, e tocou os alunos para a sala.


Com os alunos em seus lugares, a professora começou a aula com uma breve introdução ao ano. Em seguida ela deu uma estatueta para cada aluno e explicou como transformava objetos inanimados em animados. Começando por algo muito básico.

Como sempre, Tiago foi o primeiro a terminar a tarefa com êxito, logo seguido por Sirius. Fazendo as estatuetas andarem, correrem e até pularem de alegria. Cada um ganhando vinte pontos para a Grifinória pela maestria. Ambos ficaram sem fazer nada enquanto esperavam os outros acabarem. Sob o olhar atento da professora, eles apenas mataram o tempo rabiscando coisas num pergaminho do Sirius. De repente. Tiago sentiu-se relaxado. Num mundo onde não havia nada. Apenas uma voz lhe sussurrando para azarar Severo Snape. Ele adorou a ideia. Então o fez sem objeção.

Levantou-se de sua cadeira, no meio da aula, apontou sua varinha para Snape e proferiu:

Inflatus.

Perplexos com o atrevimento de Tiago de se levantar no meio da aula e gritar uma azaração, todos os presentes apenas repararam em Snape quando já inchava como balão e levantava da cadeira. Então Tiago recobrou os sentidos.

– Sr. Potter! – a voz da McGonagall soou como um estalo de chicote para Tiago – Estou extremamente chocada com o que o senhor acabou de fazer!

Surpreso com o que vivenciara, o garoto tentou argumentar:

– Mas... não fui eu- quer dizer... fui eu e não fui eu-

– Eu não sei o que o senhor quer dizer com isso, Sr. Potter. Todos viram que foi o senhor. Grifinória perderá trinta pontos. Vá até o meu escritório e me espere por lá. Leve o passe para Filch não lhe dar mais problemas.

E entregou o pedaço retangular de pergaminho com o selo de Hogwarts.

Tiago quis argumentar. Mas Remo o fez desistir, mandando que ele fosse. Então ele seguiu caminho para o escritório da diretora substituta.


O escritório era uma sala circular – próximo ao escritório do diretor, de teto alto e com duas janelas. Uma a esquerda e outra a direita. Como o costume, o cômodo sempre adquire a personalidade de seu ocupante. No caso da McGonagall, o xadrez e o bordado da flor da escócia dominava a decoração. Tinha um jogo de sofás e poltronas estofados em volta de uma mesinha de centro, no meio da sala. De tecido xadrez, vermelho e verde e almofadas monocromáticas. E poltronas verdes com almofadas xadrez.

Jogou-se na cadeira à mesa de trabalho da professora, na parede oposta à porta. E pôs-se a observar a flor símbolo da escócia envasada ao lado da mesa, o cardo. A aparência feroz e solene da planta provocava medo e admiração a qualquer um que a olhasse. Os espinhos de até cinquenta milímetros e três de espessura espetados para todos os lados exigiam distância. E sua corola violeta convidava a tocá-la com respeito para sentir o quanto ela era macia e perfumada.

Porém não gostava muito dela.

– Não me leve a mal, mas eu prefiro flores mais delicadas e frágeis... não acredito, estou falando com uma planta.

– Uma indicação bastante preocupante de que está enlouquecendo, não é Prof.ª Minerva?

– Considerando o que vi hoje, não é a primeira vez.

Minerva McGonagall e Alvo Dumbledore, um homem alto e magro de barba e cabelo prateados tão compridos que se podia afivelá-los em seu cinto, tinham entrado na sala.

– Prof. Dumbledore, o que faz aqui?

– Viemos tratar de seu ato impensado ocorrido em plena aula de transfiguração.

– Mas não fui eu- quer dizer, fui eu, mas não fui eu-

– Sente-se, Sr. Potter, acalme-se – mandou McGonagall – Sabemos que não foi você.

– Hã? Sabem? Então por que estou aqui?

– Pela descrição da professora McGonagall de como as coisas aconteceram, creio que o senhor tenha sido vítima de um feitiço terrível. Posso me sentar, Minerva? – Dumbledore indicou a cadeira da professora.

– Eu insisto.

– Esperem. De que feitiço estão falando?

– Esse feitiço não é apenas um feitiço comum. – disse McGonagall – É uma maldição imperdoável.

– Maldição imperdoável? Já ouvi falar em maldições imperdoáveis. Mas ninguém nunca me explicou o que são realmente.

– Talvez esse seja um erro que os pais estejam cometendo. – Dumbledore pensou alto. – Como o senhor pode ter sido vítima de uma delas, Sr. Potter, é justo que eu lhe explique quais são e o que fazem. Mas primeiro, gostaria de ouvi-lo descrever como se sentiu quando lançou o feitiço no Sr. Snape.

Diante do olhar inquisidor de McGonagall e de um Dumbledore atento, Tiago começou a narrar a estranha sensação de relaxamento que o acometeu durante a aula. E da voz que o mandara lançar o feitiço e de como gostara da ideia. Ao término da explicação, Dumbledore e McGonagall trocaram olhares significativos. E Dumbledore respondeu:

– Uma explicação típica de quem sofreu a maldição. Além do mais, o olhar vidrado, que McGonagall descreveu ver em você, também é um sinal claro de que foi a maldição imperius.

– Maldição imperius? O que ela faz?

– O transforma numa marionete nas mãos de um bruxo, explicando brevemente. – disse, Dumbledore.

– Ela torna possível que o bruxo executor controle a vontade de sua vítima. – complementou, McGonagall.

– Alguém com muita força de vontade pode escapar até de um imperius muito bem executado. Creio que o senhor teria sido capaz; caso soubesse o que o atingiu. – Dumbledore sorriu para Tiago.

– Com toda a certeza. Mas isso significa que eu não sou o culpado pelo o que aconteceu. Não é?

– Exatamente.

– Então... a senhora vai restituir os pontos que tirou da Grifinória, professora? – sorriu em expectativa para ela.

– Não. Soube pouco tempo antes que o senhor e seus amigos estão por trás da recente explosão do caldeirão do Sr. Snape. Tem sorte de eu não tirar trinta pontos de cada um de seus amigos, Sr. Potter.

– Ah, não pode ser. Quem te disse que fui eu?

– A mesma pessoa que pode nos dizer quem lançou a maldição. – respondeu Dumbledore – Por agora, o senhor está liberado para a aula de feitiços, Sr. Potter.

– E diga aos seus amigos, Sr. Potter, para se prepararem para a detenção. E não espalhe por aí o que aconteceu. Não queremos amedrontar os alunos.

Descontente, Tiago acatou as ordens dos professores e saiu.


– Então eles acham você foi vítima de um imperius? – sussurrou Sirius, fazendo uma almofada vir até ele.

– Fale mais baixo, Sirius. Ninguém pode saber.

– Sim. De acordo com que a professora viu e senti, a única explicação é que fui atingido por um imperius.

Numa sala circular como a da sala de feitiços, a acústica era boa o suficiente para um sussurro ser ouvido. Felizmente havia muitos alunos praticando o feitiço convocatório, e suas vozes abafavam a conversa dos marotos. Nem Pedro – entre Tiago e Remo, concentrado em tentar trazer uma almofada para si, parecia ouvir.

– Uma das maldições imperdoáveis? – perguntou Remo no mesmo tom que os demais.

– Conhece as maldições?

Você não conhece as maldições? – Sirius pareceu perturbado.

– Bom, ouvi falar, mas nunca me explicaram como elas são até hoje. E mesmo assim, só me explicaram uma. E agora.

– E devo confessar que só sei delas porque eu li um livro de leis da magia. – disse Remo.

– Leu um livro de leis? – Sirius abismou-se. – Você é doente, é?

– Lógico que não. Eu só fiquei curioso para saber certas coisas que... poderiam me prejudicar ou me ajudar. Eu fiquei preocupado com o meu futuro.

– Ok, peludinho, entendo a sua posição. Porém me admira que vocês não saibam o que são as maldições imperdoáveis. Meus pais tentam me empurrar essas coisas das trevas sempre que podem. Talvez eu me mande daquela casa.

Dizendo isso, Sirius fez uma almofada vir tão rápida e bruscamente que ela acertou a cara dele em cheio. Os que tinham visto começaram a rir.

– Ora, ora, parece que alguém precisa praticar mais. – disse prof. Flitwick, de cima de sua pilha de livros.

Sirius levantou-se vermelho de vergonha. E jogou a almofada na mesa a sua frente com violência. Tiago ainda ria quando outra informação que deveria comunicar lhe veio a cabeça.

– A propósito, me esqueci de dizer que estamos de detenção – disse.

– O que?!

O sinal tocou nessa hora e o professor liberou a turma, avisando para os alunos praticarem em suas casas como tarefa de casa. Ele faria uma avaliação na próxima aula. Logo a sala se encheu com o barulho de materiais sendo guardados.

– Por que estamos de detenção? – Sirius perguntou nervoso. Jogando sua mochila por cima dos ombros.

– Aparentemente alguém nos viu jogando o fogo de artifício no caldeirão do Ranhoso.

– Mas não fomos nós que jogamos, foi o Pedro – apontou para o garoto, que já estava com a mochila nas costas.

– Ei! Fiz porque vocês mandaram.

– Não sei como essa pessoa viu. Mas ela viu.

– Ah, se eu pego esse dedo-duro.

– Aí você recebe mais uma detenção – disse Remo. Sendo o último a guardar seu material e por sua mochila.

– Pouco me importa desde que eu tenha a minha vingança.

Eles saíram da sala para os corredores.

– Mas... será que isso significa que eu também estou de detenção?

– Sei lá, não perguntei.

– A culpa é minha por andar com vocês – resignou-se Remo.


Discutindo quem teria sido o informante secreto e quem teria sido o responsável pela maldição, os marotos seguiram pelos corredores até o quadro da Mulher-Gorda.

– Coração de Leão. – Tiago deu a senha.

O retrato revelou a passagem e eles entraram. No salão comunal, Tiago deu de cara com a possível resposta de uma das suas perguntas: Quem os dedurara?

Lílian Evans se encontrava, numa das poltronas próximas ao fogo, conversando com Rute e outras meninas. A luz se fez na mente de Tiago. A frase que a garota proferira a ele depois de poções ecoou clara em sua mente.

"Mas não quer dizer que outra pessoa não tenha."

Á passos largos, aproximou-se dela. Abriu a boca para perguntar. Mas foi interrompido por Cherise, a amiga loura de Lílian:

– Tiago! Eu fiquei super surpresa quando o vi transformar aquele Snape em um balão. Foi total inesperado. Como teve cara e coragem de fazer aquilo no meio da aula de transfiguração, bobo? – ela sempre falava alto.

– Hã... bem...

– Lembre-se que a McGonagall pediu discrição. – Remo sussurrou ao seu lado. – E Cherise não é bem o sinônimo de discreto.

– Não sei o que me deu na hora. Eu também fiquei surpreso quando fiz. E... – fixou um olhar duro em Lílian – gostaria de saber quem contou a McGonagall que eu fiz o caldeirão explodir.

– Ah! Então admite que foi você? – Lílian o encarou sem pestanejar.

– Claro. Agora que a McGonagall sabe e já me deu detenção, que diferença faz todos saberem que eu fiz o caldeirão explodir – elevou a voz na última porta, para que todos o ouvissem.

– Na verdade a ideia foi minha e Pedro pôs o fogo Flibusteiro no caldeirão do Ranhoso, mas quem arquitetou o plano foi o Tiago. – disse Sirius.

– Mas essa não é a questão que quero tratar. – disse Tiago – quero saber o nome de quem deu o meu nome.

– Já ouviu falar em denúncia anônima? – ela pôs-se em pé, na frente dele. O encarando nos olhos.

– Ah, que engraçadinha, você. Não vai falar o nome da pessoa.

– Lógico que não. Esse alguém tem o direito de ficar anônimo para a sua proteção. Agora, dê-nos licença, Potter. Vamos nos aprontar para o jantar.

E ela o empurrou para passar. Sendo seguida por suas amigas.

– Nhé, nhé, nhé, para a sua proteção- Castle, - Tiago a chamou quando ela passou – você sabe o nome de quem me dedurou?

Rute o encarou por alguns segundos, até que disse:

– Sei.

– Pode me dizer quem é?

– Não.

E continuou seu caminho atrás das meninas.

– É. Foi uma boa tentativa. – Sirius deu umas palmadas amigáveis no ombro de Tiago.

– Vamos logo. Estou com fome – disse Pedro.

– Devíamos nos preocupar com as nossas lições de DCAT. – disse Remo enquanto pegavam a escada para o dormitório.

– Ah, não. Agora não.

– Mas vocês disseram- ah! Deixa pra lá.


Às sete horas em ponto, quando já escurecia, todas as centenas de alunos se reuniram para jantar. Capas sobre os ombros e chapéus cônicos sobre as cabeças. Arrumados como mandava a etiqueta bruxa. O jantar foi servido às sete e cinco. E os alunos se fartaram com tortas de carne, panquecas com molho de carne, verduras cozidas, batatas assadas, suco de abóbora, entre outras iguarias. Ao fim do jantar, os pratos foram limpos e as tortas deram lugar às sobremesas. Gelatina de diversas cores, bolo, pudins e outros doces coloriam as cinco mesas do salão. Tiago se serviu de tortinhas de abóbora. Por fim, os pratos dourados foram limpos novamente, o jantar foi dado como encerrado e os alunos liberados para o salão comunal.

Tiago, Sirius, Remo e Pedro passaram o resto do tempo fazendo os deveres de casa passados no dia e organizando os feitiços descritos no livro de DCAT. Combinaram de treinar nas horas livres. E, em fim, quando o sono pesou ao ponto de Pedro quase enfiar a cabeça na lareira crepitante, eles foram se deitar.

Voltaram ao quarto, vestiram os pijamas e se enfiaram embaixo dos cobertores, em suas camas. Até que caíram no sono.


O chão e as paredes do quarto tremeram repentinamente. Temeu que o teto caísse sobre a sua cabeça. Um relâmpago iluminou o cômodo com uma claridade tão forte e ofuscante quanto o sol, por uma fração de segundo. O trovão explodiu em seus ouvidos, quase o ensurdecendo. Ele então acordou. Sobressaltado, e suando frio.

Buscou seus óculos no criado-mudo. Assim que sua visão ganhou foco, ele reparou em algo estranho. O despertador que ficava no outra mesinha de cabeceia a frente não estava mais lá.

Procurando olhar de perto, para ver se o relógio de corda não tinha sido jogado atrás da cômoda por um de seus amigos, reparou que a luz do sol estava forte e quente demais para sete da manhã. Abriu a janela para verificar, e viu que o sol estava muito alto. Deveria ser mais de nove horas. Assustado ele procurou seu amigo mais perto.

Encontrando a cama de Pedro, ele abriu a cortina da cama com violência. Mas se deparou com o leito vazio e as cobertas frias e esticadas. Como se ninguém tivesse dormido naquela cama há dias.

Ainda mais assustado, ele procurou por Sirius. Mas antes que ele pudesse abrir a cortina da cama do amigo. O próprio o fez. Surgindo com uma aparência alucinada.

– Cara! Eu tive um pesadelo terrível!

– Que pesadelo?

– Um terremoto, relâmpago e um trovão ensurdecedor.

– Você também?

– Vocês também? – Remo abriu o seu cortinado.

– Oh! Vocês estão aqui também.

Lílian e Rute entraram. A segunda atravessou o quarto sem cerimônia e arreganhou o armário de Sirius.

– Ei! Ué? – exprimiu-se Sirius, ao constatar que seu armário estava vazio. – Cadê as minhas coisas?

Rute e Tiago abriram os outros armários do quarto. Todos eles estavam vazios.

E só para ter certeza, Tiago verificou a cama de Jasão Hughes. A encontrando vazia, do jeito que estava a cama de Pedro.

– O... que está acontecendo? – perguntou Remo.

Após um breve momento de silêncio. Lílian respondeu:

– Estamos sozinhos em Hogwarts.


Continua...


No próximo capítulo:

Nossos amigos se deparam com Hogwarts vazia.

Inscrições em mármore apontam para os anos mil e novecentos e noventa e seis e mil e novecentos e noventa e oito.

E um retrato na sala do diretor traz uma possibilidade terrivelmente aterradora para Tiago.

Qual seria a situação dos cinco bruxinhos?



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Caso o capítulo tenha algum problema, eu voltarei para resolver.