Bad Angel escrita por Miller


Capítulo 24
'Cause all's well that ends well


Notas iniciais do capítulo

Este é o último capítulo da fic e eu estou potencialmente à beira de lágrimas.
Talvez as coisas não sejam totalmente resolvidas agora, porque, como eu disse, ainda temos o epílogo que vai esclarecer as dúvidas que restam.
Eu queria dedicar este capítulo especialmente para as leitoras lindas: Mabel Kristy Potter, Mrs Anie Grint e BrazilianStyles pelas lindas recomendações.
Obrigada mesmo suas lindas. Vocês não tem noção do quanto fiquei feliz em ler as coisas lindas que vocês escreveram *--*
Espero que gostem!
Nos vemos lá embaixo :3
Enjoy!



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Por um momento pensei ver mágoa nos olhos dele, então o doutor injetou algum sedativo em meu soro e eu apaguei.

Depois disso, tudo pareceu perder o sentido. Os dias passavam enquanto eu passava a maior parte do tempo tão cheia de medicamentos que eu não fazia nem mesmo ideia do meu nome. Lene estava lá junto da minha mãe praticamente sempre. Algumas vezes eu havia visto o garoto de olhos castanhos. Sua presença parecia fazer algo com a minha mente e quando eu tentava me concentrar e entender o porquê daquilo, apagava novamente devido aos remédios.

Uma semana depois de minha ‘milagrosa volta’, como todos pareciam dizer, eu fui liberada do hospital. Nem mesmo o pai de Lene conseguia entender como meus ossos haviam se curado tão rapidamente, sendo que um dia antes de eu acordar, eles ainda estavam quebrados.

Senti um arrepio com o pensamento.

Milagre... Talvez realmente fosse, mas eu não me importava, afinal eu estava viva, e isso bastava.

Ou pelo menos era no que eu queria acreditar, mas parecia sempre haver uma parte da minha mente me alertando que faltava alguma coisa.

Algo importante...

Os olhos castanhos do garoto pareciam infiltrar-se em meus sonhos e eu não sabia o que estava acontecendo comigo.

Porque ele era tão familiar? Porque eu sentia que ele fazia parte daquilo que eu estava deixando se perder?

Minha cabeça doía toda vez que eu tentava ir mais à fundo, então eu desistia e deixava o assunto de lado, tentando me concentrar na vida em minha volta.

Como se fosse possível com toda aquela chuva em Londres.

Londres. Blergh!

Tudo bem que a cidade era legal e parecia que eu tinha construído uma leve simpatia por ela desde que havia acordado, mas aquela chuva conseguia deixar meu humor já instável ainda pior.

Havia outras pessoas também, uns novos amigos londrinos de Lene.

Um tal de Sirius, que eu sabia ser o cara com quem ela conversava pela internet há pelo menos um ano. Remus e Dorcas, que parecia o casal mais fofo do universo.

Eu fiquei realmente surpresa quando ela me disse que fazia pouco tempo que eles estavam juntos. A química entre eles era perfeita.

Assim como eu podia notar que alguma coisa estava acontecendo entre Lene e Sirius.

Incrível! Eu tinha perdido um mês em minha vida e as coisas pareciam ter ficado completamente malucas.

Petúnia, que – graças à Deus – não havia vindo para Londres com minha mãe, iria se casar com seu noivo (que mais parecia uma foca), Valter Dursley.

Eu rezei muito para que eles vivessem felizes para sempre em um lugar MUITO longe da minha pessoa.

Minha mãe era outra que me surpreendeu. Segundo meu informativo (vulgo Lene) ela estava saindo com um ator famoso.

Ator famoso mais minha mãe. Minha mãe mais um ator famoso.

Era pedir muito para não enlouquecer.

Sem falar naqueles sonhos constantes com o garoto de olhos escuros que eu não vira desde que sai do hospital.

– Lene – a chamei depois de terminar de arrumar a cama onde eu havia estado deitada.

Nós estávamos na casa do pai de Lene. Ou melhor, na mansão. O negócio era enorme.

Eu me lembrava de ter passado muitas férias naquela casa.

Lene, que estava no computador, virou para mim.

– Sabe aquele cara... – eu comecei a perguntar e senti meu rosto esquentar.

Era realmente ridículo que eu parecesse tão fixada num cara que eu só tinha visto algumas vezes por poucos segundos. Mas eu precisava saber...

– Cara? – ela me encarou com uma sobrancelha erguida. – Que cara?

– Ah – eu franzi a testa. – O garoto que falou comigo quando eu acordei – eu disse e ela pareceu empalidecer.

– Você se lembra dele? – ela perguntou com os olhos arregalados e eu arqueei uma sobrancelha.

Lembro? – perguntei. – Eu nunca o conheci! – eu disse e ela corou, fazendo tudo aquilo ainda mais estranho do que o normal.

Porque ela teria perguntado se eu lembrava dele se eu não o conhecia? A menos que a minha intuição estivesse certa (e doida) e eu realmente havia o visto antes.

– É... É! – ela disse parecendo incerta. – Você não o conhece e...

– Lene – eu a chamei novamente. – Eu o conheço?

Ela abriu a boca algumas vezes como se fosse dizer ‘claro que não Lily’, mas então ela suspirou e passou a mão pelos cabelos desviando os olhos para a janela.

– Eu não sou a melhor pessoa para falar sobre isso – ela murmurou e me encarou.

– Do que está falando? – perguntei com receio.

Mais uma vez ela olhou pela janela.

– Sabe, ele está no treino de futebol essa hora – ela disse com a voz suave. – Ele sai dentro de quinze minutos.

X—X

É claro que aquilo tudo era normal. Quero dizer, eu só tinha voltado milagrosamente à vida, minha mãe estava saindo com um cara famoso e eu estava potencialmente fixada em saber o que um cara que nunca havia visto na vida tinha a ver comigo.

Supernormal.

Eu estava agora em frente a Hogwarts High School, uma das melhores escolas inglesas e parecia uma pateta sem saber o que fazer.

Não era como se eu pudesse chegar e dizer ‘Hey, eu sou Lily e estou tentando entender porque você fica entrando e saindo da minha mente toda hora’.

Muito discreto.

Eu sentia um frio gigante na barriga e parecia que, ao invés de borboletas, leões estavam querendo sair por ali.

Tentei não me sentir intimidada pelo grande prédio que colocava minha escola em Nova York no chinelo, mas era praticamente impossível não imaginar o quanto deveria ser incrível estudar ali.

Foi quando a primeira dor de cabeça veio. Eu ofeguei e coloquei a mão na testa tentando entender o que estava acontecendo comigo.

Um flash de lembrança me atingiu e eu me vi parada na entrada daquela escola, usando um vestido preto e uma máscara. Uma expressão de tédio estava estampada em meu rosto. Ao meu lado estava o garoto dos olhos castanhos e ele me encarava com a expressão parecendo completamente irritada. Mais à frente Sirius e Remus conversavam animadamente com a moça que conferia as entradas.

– Se comporte – o garoto disse para mim e tudo se dissolveu.

A dor passou tão rápido quanto havia vindo e eu me senti tonta.

O que diabos era aquilo?

– Tudo bem? – a voz me assustou mais do que a lembrança em si, porque era a mesma que eu havia ouvido poucos segundos atrás.

Abri meus olhos e me deparei com seus grandes orbes castanhos. Ele me encarava quase com receio e um pouco de preocupação.

– Huh – eu respondi inteligentemente.

Parecia que alguém havia decidido roubar minha voz e minha capacidade de pensar.

Eu desviei meus olhos dos dele, sentindo meu rosto esquentar.

O que eu estava fazendo ali, afinal de contas?

O cara nem devia me conhecer. Ele era amigo de Sirius e Remus, por isso havia dito meu nome no hospital. Ele também deveria estar assustado por causa da minha ‘volta’ repentina do mundo dos mortos.

Mas o que era aquela coisa que tinha aparecido em minha mente? Porque eu estava naquela escola com um vestido que eu nunca usei? Eu podia jurar que nunca tinha entrado naquele lugar antes.

Mas lá estava a lembrança, e lá estava o garoto.

Eu não me aguentei.

– Eu não entendo – falei por fim, voltando meus olhos para os dele.

Ele franziu a testa e seus olhos me encararam mais firmemente, como se ele quisesse ler minha mente.

– O que você não entende? – ele perguntou.

– Eu conheço você? – perguntei, e simplesmente me deixei levar. As coisas estavam simplesmente aparecendo e eu não conseguia controlar o fluxo de palavras. – Porque eu fico com essa.... Essa coisa? Eu fico lá, dormindo, e de repente você aparece e eu não consigo entender o porquê disso sendo que eu sei que nunca vi você na vida. Então agora eu tenho esses flashs em que eu estou vestida com um vestido que eu jamais vi na minha vida, usando uma máscara e você dizendo ‘se comporte – encarei-o indignadamente.

Era impressão minha ou ele tinha um brilho nos olhos?

Não dei tempo de ele responder.

– O que é isso? O que está acontecendo? – eu respirei fundo e senti que estava prestes a chorar.

Eu nunca chorava, então eu podia dizer que tudo aquilo era mesmo muito sério. Estava a beira de um colapso nervoso.

Então o garoto sorriu e eu quis bater nele.

Qual é? Eu ali, quase morrendo de uma sincope, e o cara simplesmente ria da minha cara.

Senti a raiva ferver dentro de mim e fiquei em choque comigo mesma.

Porque ele me afetava tanto?

Balancei minha cabeça e comecei a me afastar, mas ele segurou meu pulso e eu o encarei indagativamente.

Ao seu toque, milhares de choques elétricos pareceram percorrer meu corpo. Ele ainda me encarava como se estivesse lendo minha alma e eu podia ver um brilho lá, como se ele estivesse emocionado ou qualquer coisa parecida.

Então minha cabeça voltou a doer e eu provavelmente teria caído se ele não estivesse me segurando.

Eu me vi em um banheiro. Sirius e Remus estavam lá junto com o garoto. Então Dorcas entrou pela porta e gritou alguma coisa sobre perversidades e todos a encararam como se ela fosse doida.

Ela disse que podia me ver e o garoto disse:

– É meu anjo da guarda.

Eu ofeguei e estava novamente em frente à escola, o garoto segurava-me pelo pulso e me encarava preocupadamente.

– Lily? – ele me chamou e eu senti que estava prestes a explodir.

– Eu... Você... Anjo? – disse desconexamente, minha mente ainda tentando entender tudo o que eu havia visto.

Mas a tortura não parava por ali, pois quanto mais eu tentava ligar os fatos, mais memórias iam aparecendo.

Me vi dando respostas para o garoto na sala de aula, então eu estava conversando com ele em um quarto maior que a minha casa. Estava também dentro de uma festa, afastando bêbados dele e olhando irritada para uma menina em um lindo vestido vermelho.

Com um solavanco no cérebro percebi que em todas as cenas era como se apenas ele me visse. Como se eu fosse invisível para todos os outros.

Um cara parecendo o Constantine também fez sua aparição em minha mente, dizendo que minha única saída para sobreviver era me tornar um anjo por um mês...

Anjo...

Arregalei os olhos para o garoto.

– Eu... Foi por isso que eu voltei? – perguntei sentindo-me completamente tonta e instável.

– Você lembra? – ele perguntou suavemente.

Você lembra? Era a mesma pergunta que Lene havia me feito, como se todas aquelas coisas fossem mesmo reais. Como se tudo aquilo de anjo fosse real.

Eu deveria estar enlouquecendo.

Um ginásio abandonado infiltrou-se em meus pensamentos, suas paredes sujas e o cheiro de solidão. Eu estava lá também. Sentada ao lado do garoto, parecendo discutir com ele. Ele me encarava como se eu houvesse traído sua confiança.

Havia muitos cortes em seu rosto e um bastante fundo no pescoço.

Quando pisquei, consegui ver as cicatrizes nele. No cara real.

Era por isso que ele também estava no hospital?

Sentia-me fraca. Meu corpo inteiro tremia e eu não estava conseguindo mais entender o que era real e o que era apenas alucinações geradas pelo meu cérebro que deveria ter pifado por causa desse um mês de coma.

– Lily – o garoto voltou a me chamar. – Você está vendo alguma coisa? – ele perguntou e veio para minha frente, pegando pelos meus ombros e me encarando seriamente. – Tudo é real – ele falou e eu ofeguei.

– Não! – eu retruquei com a voz completamente fraca. – Eu... Isso tudo é loucura – eu disse.

Lágrimas começaram a descer por meus olhos e eu não conseguia controla-las.

– Eu sei – ele disse e então suspirou. – Olha, talvez você possa me achar um louco e provavelmente não vai acreditar em mim – ele também tinha os olhos marejados. – Mas desde que você acordou e não lembrou de mim... Depois de tudo o que você fez... Depois de ter me salvado milhares de vezes – ele também parecia estar a beira de um colapso. – Eu não tive chances de dizer... – então ele respirou fundo e me encarou profundamente. – Eu... Eu amo você.

Choque. Terror. Surpresa. Foram os primeiros sentimentos que me atingiram.

Eu estava tão concentrada nas palavras dele que eu demorei alguns segundos para entender.

Estava esperando qualquer outra coisa, talvez alguma revelação bombástica que ele era um alíen ou qualquer coisa assim, mas então ele disse...

Ele disse que me amava.

Foi ai vieram os outros sentimentos.

Meu coração parecia estar batendo à mil por hora, minha respiração parecia sair de uma vez só e eu não conseguia achar palavras para responder.

E a ultima lembrança preencheu meus olhos por alguns segundos.

Um teatro. Cueca de patinhos. Risadas e um beijo.

Eu descobri o que eu sentia, mas não tive tempo de dizer por quê... Porque eu tinha acordado no hospital.

Porque minha missão estava cumprida.

Porque eu precisava voltar para não morrer.

Porque tudo era verdade.

Eu sorri.

– Ah. Lembrei – eu comentei com um tom um pouco mais leve do que antes, o que provavelmente o assustou até a morte.

– Lily? Do que...?

– Eu também amo você – eu disse e o beijei.

Abri os olhos rapidamente e olhei para o céu. Pelo menos agora ninguém poderia interferir naquele momento.

Eu estava mais feliz do que poderia explicar.

“O destino é imutável. Nada, nem ninguém pode mudá-lo. Existem coisas que foram traçadas e que, se você seguir em frente, vai conseguir ver.”

Eu estava com James, afinal. Talvez Constantine estivesse mesmo certo.

Fim...




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Notas finais do capítulo

Okay, então, como eu comentei lá em cima, esse capítulo não era para ser esclarecedor. Eu não gosto de escrever fanfics e terminar as histórias tipo 'PUM, acabou'. Acho melhor dar um sentido, dar a entender que as coisas continuam mesmo que eu não narre mais...
O próximo capítulo é o epílogo e nele eu vou esclarecer algumas coisas, mas ainda existirão parenteses e coisas que eu simplesmente não poderei terminar de contar sem passar a vida inteira escrevendo.
É como um livro onde, mesmo que você termine de ler, fica sempre imaginando o que aconteceu depois...
Eu espero sinceramente que tenham gostado do capítulo e que me perdoem se fiz algo errado.
Eu estava tão nervosa sobre como terminar, como descrever os sentimentos... Como fazer vocês não se decepcionarem que eu realmente não sei se gostei do capítulo ou não.
É sempre triste terminar uma história, mas infelizmente é necessário...
Bem, não vou me estender mais aqui, porque eu ainda preciso guardar meus comentários para os agradecimentos no próximo capítulo kk'
Eu, ainda hoje, fiz um agradecimento para alguns dos meus leitores que haviam feito uma homenagem para mim (o link está no meu perfil onde diz 'Presente'), mas acho que o agradecimento serve para vocês, lindos, que comentaram e me apoiaram até aqui.
O link é esse: http://www.youtube.com/watch?v=XqaPm0k3XgA&feature=youtu.be
Não vou estipular um número de reviews porque vou postar o epílogo de qualquer jeito kk'
Mas comentem! Deixem seu review dizendo o que acham *-*
Se você nunca comentou na fic, lia desde o começo, mas ficava com preguiça de comentar, sua chance é agora! Por favor, diga-me o que acha, nem que seja um pequeno comentário.
Posso garantir que vai fazer meu dia muito melhor *O*
Vou deixar vocês em paz :3
Beijos :*