Mia’s POV

Acordei com muita dor de cabeça. Estava na minha cama. Como eu tinha chego até ali? Não fazia a mínima idéia. Lembro vagamente de braços morenos, muito parecidos com o de Zayn por sinal, estarem me segurando. Mas aquilo tudo não passava de um sonho, porque no final a pessoa me deu um selinho bem demorado e falou que me amava. Pois é, eu tenho uma imaginação bem fértil.

- Sophie? – chamei por ela mas a casa estava em um silêncio profundo.

Resolvi ir à casa de Louis. Ela provavelmente estaria lá. Peguei a chave reserva para abrir a porta e sem querer deixei cair duas colheres que estava em cima da mesa. Quando ouvi o barulho daquelas porcarias caindo no chão achei que minha cabeça ia explodir. Massageei minhas têmporas em uma tentativa frustrada de fazer a dor parar um pouco. Abri a porta e fui rapidamente em direção ao flat, necessitava de um remédio urgente. Bati na porta três vezes e esperei um bom tempo até alguém abrir. Levei um susto quando vi que era Zayn.

- Mia? Já acordou? – parecia que ele estava gritando.

- Por que você está gritando, Zayn? – perguntei massageando as têmporas novamente.

- Mas eu não estou gri... – coloquei meu dedo indicador sobre os lábios dele, fazendo-o ficar quieto.

- Eu. To. Quase. Morrendo. De. Dor. De. Cabeça. Me. Ajuda. Pelo. Amor. De. Deus. – tentei não colocar tanta dor na minha voz, mas não deu muito certo.

- Vem aqui. – ele sussurrou bem baixinho e pegou minha mão, me levando até a cozinha.

- Cadê a Sophie? – perguntei enquanto ele procurava um remédio.

- Louis e Harry a levaram para tomar sorvete e brincar em um parque de diversões. – ele respondeu me entregando uma cápsula amarela e vermelha. – Esse remédio é muito bom, sua dor de cabeça vai passar rapidinho.

Por mais que minha cabeça estivesse quase explodindo, não pude deixar de notar que a voz de Zayn ficava muito sexy sussurrada. Eu sei que não era para eu estar pensando naquilo naquele momento, mas era inevitável.

- Obrigada. – peguei um copo de água e engoli o comprimido.

Segundos depois, minha visão ficou turva e escureceu tudo à minha volta. Aquele remédio era muito forte e eu muito fraca. Senti os braços de Zayn me envolverem de forma protetora.

- Mia? – ele sussurrava ainda. Que lindo, Deus. – Ta tudo bem? Mia?

- Eu to bem. – minha voz saiu mais baixa que um sussurro. – Esse remédio só é meio forte pra mim...

Meio forte... Às vezes tenho raiva de mim mesma por sempre falar que estou bem sendo que estou morrendo por dentro. Não era só a minha anemia que estava forte. Se fosse só isso eu saberia muito bem como controlar, já que vivo com isso desde que nasci. A verdade é que eu estava me sentindo cansada o tempo inteiro, com fraquezas e tonturas muito fortes.

- Não mente para mim, pequena. Eu sei que você não está bem. – Zayn falou e eu deixei uma lágrima idiota escorrer do meu rosto.

Pequena... Eu costumava ser a pequena dele. Na verdade, eu ainda sou a sua pequena, mesmo ele não sabendo. Zayn me abraçou forte, tentando mostrar que estava comigo agora e que estava tudo bem. Mas não estava.

- Me desculpa. Por favor, me desculpa. – eu falava para Zayn, mas o pobre não entendia nada.

Eu só tinha que pedir desculpas por não ter falado sobre Sophie para ele, por tê-la escondida por tanto tempo. Eu decidi que iria contar agora e não seria covarde. Respirei fundo e o olhei. Quando fui respirar novamente não senti o ar. Tentei desesperadamente puxar o ar, mas ele não vinha. Zayn começou a me olhar desesperado. Acho que ele estava gritando meu nome, mas eu não ouvia nada. Bom, acho que Zayn teria que esperar mais um pouco para saber sobre Sophie, porquê eu simplesmente perdi a consciência em seus braços morenos e fortes.

Zayn’s POV

Se eu estava desesperado? Não, imagina. Ver a mulher que você mais ama nessa vida desmaiar em seus braços não é nada desesperador, sabe. Nem um pouco. Mia não se mexia e nem respirava. Peguei-a no colo e a coloquei no sofá. Liguei correndo para uma ambulância. Ela já estava começando a ficar sem cor.

Por sorte a ambulância chegou em menos de cinco minutos, o que foi um recorde inédito na história do mundo. Colocaram Mia na maca e entraram na ambulância. Fui junto com ela. Assim que chegamos no hospital, ela foi encaminhada para uma sala onde eu não podia entrar.

Tentei ligar para Louis para avisar o que tinha acontecido, mas não deu muito certo. Eu estava tremendo muito. Liguei para o primeiro número que tinha nas chamadas e Harry atendeu.

- Alô?

- Harry, a Mia ela passou mal e eu chamei a ambulância e agora ela foi levada para uma sala que eu não posso entrar junto com ela e eu não sei mais o que fazer. – eu falava muito rápido e tudo embolado. Era pior do que o Liam.

- Zayn? Eu não to entendendo nada. Onde você ta?

- No hospital. – percebi que minha voz estava absurdamente trêmula, assim como minha voz.

- O que você está fazendo ai?

- A Mia passou mal. – consegui falar depois de respirar profundamente uma porção de vezes.

- Que hospital que você está? A gente chega aí daqui a pouco.                              

Passei o endereço e desliguei. Eu ainda tremia muito e estava apavorado. Não pensei que ela estava tão mal desse jeito. Você deve estar pensando que eu estou fazendo tempestade em copo d’água, não é mesmo? Mas não estou. Em um segundo ela estava respirando normalmente, em outro estava desmaiada em meus braços sem respirar. É realmente desesperador.

Uns 15 minutos mais tarde, Louis, Harry e Sophie chegam no hospital. Sophie. E agora? O que eu falaria para ela? Louis estava com uma expressão nitidamente preocupada e Harry estava confuso.

- O que aconteceu? – Louis perguntou.

Olhei para Harry e Sophie. Não poderia simplesmente contar tudo para Sophie sem nem saber o que Mia realmente tinha.

- Harry, pega uma água para mim, por favor? – falei olhando para ele, que entendeu o que eu quis dizer.

- Vamos, Sophie. – Harry pegou a mãozinha dela e saiu.

- Eu não sei. Ela chegou no seu apartamento morrendo de dor de cabeça. Daí ela tomou um remédio que eu dei. Até aí tudo bem. Ela ficou meio zonza, mas não foi muito grave. De repente ela começa a me pedir desculpas por alguma coisa que eu realmente não faço ideia e depois cai desmaiada em meus braços, sem respirar. – joguei toda a história sem nenhum rodeio em cima de Louis.

Louis não falou nada, só sentou na cadeira ao meu lado e deixou a cabeça tombar para trás. Não tinha muita coisa para se fazer agora senão esperar. Comecei a pensar em toda a minha vida ao lado de Mia. Todos os momentos bons, as raras brigas que tínhamos que sempre terminava em eu a abraçando forte e ela chorando em meu peito. Eram tantas lembranças boas que não consegui conter que uma lágrima caísse de meus olhos. Foram uma, depois duas, depois três e quando percebi já estava chorando feito uma criança.

Senti alguém me abraçar. Era Sophie, novamente. A peguei no colo e a abracei com força. Ela me transmitia uma paz imensa que eu nunca vou conseguir descrever em palavras.

- Calma tio, vai ficar tudo bem. – ela alisava meu cabelo. Eu chorei mais. Ela me lembrava muito Mia.

- Parentes ou amigos de Amelia Blake? – um médico apareceu na sala.

Me pus de pé instantaneamente, assim como Louis e Harry. O médico nos olhou apreensivo e senti meu coração se apertar em meu peito.

- Como ela está? – Louis perguntou. Eu não conseguia falar nada.

- O estado dela é grave.

Sabe quando você ouve alguma coisa que te destrói? Que dilacera seu coração? Pois é, eu me senti exatamente assim.