Um Presente para Oichi escrita por yumesangai
Notas iniciais do capítulo
Eu escrevi ouvindo a música Endless Love do Jackie-chan.
http://www.youtube.com/watch?v=-5_fYwEZB3c&feature=channel_page
-Nagamasa-Sama.
-Ichi? O que você está fazendo acordada? E... tão cedo? – Ele retrucou dando um sorriso torto, como quem é pego em flagrante.
-Nagamasa-Sama não estava na cama então... Eu vim ver se estava tudo bem, afinal... o sol ainda nem tocou todo o céu, ainda é frio.
-Não precisa se preocupar. – Ele se aproximou, tocando-lhe suavemente o rosto com a ponta dos dedos. – Volte a dormir.
Era um pedido tão doce que ela só conseguiu murmura e concordar com um aceno de cabeça enquanto voltava para o quarto, ela parou na soleira da porta e virou-se o vendo na mesma posição a observando.
-Durma bem, Ichi.
E ela teve certeza de que teria o sonho mais doce e maravilhoso do mundo. Enquanto ela seguia pelo corredor que a levaria para o quarto, Azai ainda perdeu mais alguns segundos a admirando e em seguida, ainda com um sorriso bobo estampado nos lábios, ele seguiu para um pequeno cômodo.
Ele pegou diversas coisas que estavam espalhadas pelo chão e seguiu até o hall de entrada, sentando-se do lado de fora onde a pouca luz do sol era suficiente para que realizasse seu trabalho.
O sol já estava alcançando o meio do céu, quando o calor insuportável fez com que Azai guardasse tudo numa gaveta de seu próprio aposento e seguisse para a cozinha onde a pequena Oichi se encontrava com um quimono de seda e ainda com as roupas de dormir.
-Nagamasa-Sama!
Ela deu um salto de susto e rapidamente se levantou envergonhada.
-Ichi, o que foi?
-Minhas roupas, você não pode me ver desse jeito, que vergonha.
Ela correu para fora do cômodo, mas Nagamasa a alcançou rapidamente e a envolveu pela cintura, num abraço apertado onde ela apenas batia as pernas sem conseguir se livrar dele.
-Oichi, você não precisa se preocupar com isso. – Disse descontraído.
-É claro que preciso, eu não estou bonita, estou feia, não pode me ver quando estou desse jeito! – Ela ainda batia as pernas que não alcançavam mais o chão, o chutando sem realmente machucá-lo.
-Você saiu hoje cedo do quarto com essas roupas, nós vivemos juntos, não precisa se incomodar com isso.
-Eu saí do quarto assim!? – Ela o chutou ainda mais indignada e agora com força.
-De manhã cedo, umas cinco horas, qual o problema?
-Não, não, não.
Meio receoso ele a soltou e ela rapidamente se agachou e começou a bater no chão de madeira com a palma da mão.
-O que foi? Porque você está agindo desse jeito? – Ele questionou ficando de cócoras em frente a ela.
-Nagamasa-Sama está me vendo desse jeito, feia e desarrumada. – Ela murmurou em tom choroso, colocando ambas as mãos em frente ao rosto.
Ele ia questioná-la mais uma vez, mas ao ver algumas lágrimas escorrendo por seu rosto delicado, ele respirou fundo.
-Oichi... Olhe para mim. – Ele pediu com paciência, ela balançou o rosto negativamente, ainda escondendo o rosto com as próprias mãos. – Por favor, Ichi.
Ela recuou as mãos lentamente, o fitando com os olhos marejados e o rosto molhado. Azai sorriu ternamente e com o canto da mão secou-lhe o rosto.
-Você é linda, não precisa estar arrumada para que eu me apaixone por você, eu te amo mais a cada dia e a cada minuto.
-Nagamasa-Sama... – Ela se sentou no chão já com as pernas cansadas.
-Aqui. – Ele pegou a mão dela e a levou ao próprio peito, pressionando-a contra o tecido leve da camisa, ela o fitava com o rosto corado e os olhos visivelmente arregalados. – Meu coração bate desse jeito toda vez que eu a vejo.
-Ah Nagamasa-Sama! – Ela se jogou em seus braços e ele a envolveu num abraço carinhoso.
-Você já terminou de comer?
-Sim.
-Então vá se trocar, daremos um passeio.
Seu sorriso se alargou visivelmente enquanto ela o abraçava ainda mais forte, beijando-lhe todo o rosto, ele riu ligeiramente sem graça e se levantou a carregando-a no colo até o quarto que ainda estava escuro, com a cortina fechada.
-Aonde nós vamos?
-Tem um lugar que quero muito lhe mostrar.
-Agora?
-Sim, agora.
Com um sorriso que não poderia ser apagado por nada, Oichi saiu dos braços de seu amado e correu até o guarda-roupa, enquanto Azai deixava o cômodo e ia até sua própria sala e tirava de dentro de uma gaveta um pequeno objeto e o guardava dentro do bolso.
Ele tinha certeza que ela demoraria e que iria experimentar diversas roupas e se maquiar. Rindo sozinho com esses pensamentos ele foi até a cozinha e comeu devagar, ainda tendo certeza que teria algum tempo para cochilar, caminhou para o jardim da casa e se deitou na sombra, encostado à parede.
Ainda de olhos fechados e relaxando a mente, ele ouviu com clareza quando a porta do quarto se fechou e cada vez mais altos os passos de Oichi, ela andava de um cômodo ao outro o procurando, abrindo e fechando as portas rapidamente. Com um sorriso no rosto ele se levantou e tirou a poeira das roupas, assim que se virou ela estava parada com um sorriso doce.
-Nagamasa-Sama, me desculpe pela dem—
-Você está linda.
Ele se aproximou rapidamente a fazendo até erguer o rosto com surpresa, ele aproximou o rosto para beijá-la, mas ela timidamente vira o rosto para o lado, recebendo o beijo na bochecha.
-Nagamasa-Sama...
-Vamos.
Ele sorriu estendendo a mão, Oichi que sorriu aliviada e foi guiada por ele até fora da casa, assim que saíram da sombra protetora, Oichi abriu a sombrinha branca com desenhos de pétalas e brincou a girando enquanto andava.
As pessoas na rua os olhavam e chegavam até a virar os pescoços, eles sorriram cúmplices e continuaram a caminhar lado a lado, num silêncio agradável. E seguiram assim por mais um tempo, até que o caminho ficou menos movimentado.
-Nagamasa-Sama, olhe o que eu sei fazer!
Ela correu com a sombrinha na mão e subiu no pequeno muro de pedras claras e começou a andar lentamente, dando passos largos e rindo.
-Oichi, tenha cuidado.
Azai se aproximou ficando ao lado do muro, as pedras irregulares e a sandália alta poderiam facilmente criar um acidente. Ela virou o rosto e sorriu para ele enquanto dava o próximo passo, sem prestar atenção, acabou virando o pé numa pedra mais alta.
A sombrinha caíra para o outro lado do muro e Oichi mal fechou os olhos e Azai rapidamente a pegou no colo, mas acabou escorregando na grama molhada, ele a abraçou protetoramente e caiu batendo as costas no muro.
-Nagamasa-Sama!
Ela saiu de seu abraço protetor e se ajoelhou o fitando preocupada, mas ele apenas riu fraco e tirou a poeira da roupa, ajeitou a postura e no primeiro passo que deu, acabou cambaleando, sendo segurado por Oichi.
-Eu estou bem.
-Nagamasa-Sama está machucado e é minha culpa.
Ela disse elevando as mãos a boca e já sentindo os olhos marejarem novamente, ele balançou a cabeça negativamente.
-Não é nada, nós podemos continuar.
-Seu braço está sangrando!
-Onde?
Havia um pequeno rasgo na camisa bem abaixo do ombro, onde um pequeno filete de sangue escorria, ele olhou como se aquilo não fosse nada e assim que virou o rosto para fitar Oichi, ela se colocou na ponta dos pés e com um lenço rosado que combinava com seu quimono ela o amarrou no machucado.
-Vai ficar melhor. – Ela disse com um sorriso.
-Seu lenço...
-Eu tenho muitos. – E mexeu no cabelo onde ele não mais se encontrava. – Além disso, ficou muito melhor em Nagamasa-Sama.
-Obrigado.
Ele beijou-lhe na testa, fazendo-a desviar os olhos e comprimir os lábios num sorriso.
-Mas... Tem certeza que não quer voltar?
-Tenho.
E saltou o muro e pegou a sombrinha que ainda estava inteira e a estendeu para Oichi.
-Obrigada.
Ela murmurou pegando o objeto e novamente se protegendo do sol incômodo.
-Nagamasa-Sama, não vai me dar nenhuma dica de onde estamos indo?
-Hn... – Ele se fingiu pensativo por alguns segundos. – Para o paraíso.
-Paraíso?
Ela repetiu piscando os olhos seguidamente em dúvida, ele sorriu e concordou com um aceno de cabeça.
-Está bem então. – Ela disse rindo. – Para o paraíso.
Seguiram até o final da cidade, a mata era fechada, e as arvores faziam um perfeito arco, fechando o “teto” com suas grandes folhas, os poucos raios de luz que entravam no local pareciam parte de alguma mágica, o chão era de terra e a mata em volta não era muito alta, havia até vários canteiros com flores coloridas e de diferentes aromas.
-Nós estamos indo para um lugar mais bonito do que esse?
-Sim.
Oichi abriu um sorriso como o de uma criança, verdadeiramente encantada e com os olhos fechados e os braços abertos, ela girou algumas vezes, até que mal havia parada e sentiu o corpo ser erguido e logo estava girando envolta nos braços de Azai.
-Agora... você tem que fechar os olhos e confiar em mim.
Ele disse a parando de girar e a colocando delicadamente no chão.
-Nós já estamos chegando?
-Estamos perto. O seu lenço que eu pretendia usar para vendar os seus olhos está agora no meu braço, vou ter que confiar que você fique de olhos fechados, fará isso?
-Sim!
Ela fechou os olhos rapidamente, eles deram as mãos e caminharam devagar, Azai virou o rosto pelo menos umas quatro vezes para se certificar de que ela não estava olhando e com isso eles se desviaram da rota principal, seguindo pela mata.
Eles subiram o tempo todo, Oichi sentia as pernas começarem a doerem, mas não queria parar ou dar a idéia de Nagamasa levá-la no colo.
-Não pode olhar.
Ele repetiu enquanto empurrava uns arbustos e finalmente parara de andar, ele se posicionou atrás dela, usando as próprias mãos como vendas.
-Está pronta?
Ela mordeu o lábio inferior e concordou energeticamente com um aceno de cabeça, ele afastou as mãos e Oichi já estava de olhos arregalados. Eles se encontravam em um campo de flores e mais adiante havia um lago onde metade era protegido pelas grandes arvores e a outra metade o sol tocava.
-Nagamasa-Sama...
Com uma expressão espantada ela se virou, fazendo-o sorrir de modo compreensivo enquanto a abraçava.
-É tudo tão lindo... tão perfeito, como pode existir um lugar assim no mundo?
Ela murmurou escondendo o rosto em seu peito enquanto tentava inutilmente fazer as lágrimas pararem de rolar, Azai a consolava acariciando suas costas e nuca.
-Parece que—
-o tempo parou. – Ele completou.
-Sim, isso mesmo.
Ela se virou ainda permanecendo nos braços de Nagamasa, olhando novamente pela paisagem que parecia intocada, congelada, as folhas tinham o brilho da água, o mato era de um verde que não se via em qualquer lugar.
-Venha.
-Hn?
-Você precisa entrar na água.
Ela arregalou os olhos, ele sorria novamente com a mão estendia, ela concordou num movimento lento de cabeça e os dois caminharam com cuidado pelo campo de flores e desceram com cuidado pela terra macia até pararem na área onde havia mato. Oichi tirou as sandálias e as meias e pisou na ponta dos pés naquele chão.
-É tão macio. – Disse encantada.
Azai sorriu concordando e se virou voltando ao campo de flores enquanto parecia procurar alguma coisa. Oichi desfez o laço do kimono e o jogou no chão, em seguida tirou as de mais camadas de pano, ficando apenas com a mais leve e entrou na água lentamente.
Com a brisa agradável batendo, ela sentiu um arrepio, mas continuou caminhando até fazer com que a água batesse abaixo dos seios, ela afundou o corpo na água morna até a altura do nariz e depois emergiu.
Ela se virou assim que ouviu o barulho, já sabendo que Azai também havia entrado no lago, ela se virou novamente e mesmo estando de costas, manteve os olhos baixos, apenas atentar no tremor da água. Ele a abraçou e beijou-lhe o topo da cabeça.
-Nagamasa-Sama... esse presente..
-Ainda não.
Ele se afastou um pouco e se colocou diante dela, e da mão que antes estava escondida atrás das costas a estendeu uma flor e no cabo da mesma um pequeno anel com uma pedra rosa no centro.
-Nagamasa-Sama...
-Por favor, aceite o meu presente.
Oichi concordou com a cabeça e com as mãos trêmulas ela pegou a flor e a prendeu no coque onde antes ficava preso o lenço e pegou o anel e o pressionou contra o peito.
-Permita-me?
Ela estendeu a mão com o anel e ele pegou o objeto o colocou em seu dedo anular da mão esquerda, Oichi ficou admirando o anel no próprio dedo, enquanto eles entrelaçavam os dedos.
-Você ficaria comigo para sempre?
-Para todo o sempre, Nagamasa-Sama.
Eles permaneceram em silêncio por mais alguns tempo, até que num movimento curto e lento, ele inclinou o rosto sobre o dela, Oichi fechou os olhos, sentindo o coração bater acelerado.
O que veio em seguida não poderia ser descrito de outra forma, doce, agradável e completamente prazeroso. Com o vento batendo mais forte, eles apertaram o abraço sem interromper ao beijo.
Não existiria no mundo melhor presente para Oichi do que a presença de Nagamasa e tudo que ele fazia por ela. Para Nagamasa, Oichi e seu sorriso eram como o paraíso, algo divino e que ele nunca iria se cansar.
Um presente para dois.
Owari.
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