Jogos Vorazes - O Início escrita por Camila Fernandez


Capítulo 42
Capítulo 42


Notas iniciais do capítulo

Capítulo maior!!!! Amo vcs XOXO



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Sou acordada no meio da noite pelos tiros de canhão. Meu corpo ainda está muito dolorido, mas eu tenho que seguir caminho. Ainda está muito escuro então tateio as cegas. Acho uma lanterna da qual não me lembro, e quando a acendo minha mochila e todo o resto sumiram, deixaram somente minha espada. Ou o jogo acaba hoje ou eu vou acabar morrendo de fome ou sede.

                Sem ter mais nada o que fazer empunho a espada e começo a procurar a saída fazendo uso somente da fraca luz que a lanterna me oferece. A caverna parece dez vezes mais assustadora às escuras. Fico atenta a qualquer barulho. Meu medo vai além de Heigran. Não sei o que posso encontrar aqui. Provavelmente morcegos, cobras e afins.

                Dou um pequeno grito quando uma lagarta cai do meu lado. Não que eu seja fresca, mas me recuso a essa altura me machucar com algo tão banal quanto isso. Paro na metade do caminho para descansar. Cada passo á como correr uma maratona. Se eu precisa lutar hoje vou ter que ganhar uma boa dose de adrenalina.

                Sou capaz de abrir um pequeno sorriso quando vejo a luz da saída. Ando um pouco mais rápido reinando por um pouco de ar fresco. Estou tão aliviada de sair dessa caverna dos horrores que mal reparo quando o chão se torna líquido. Me viro para abraçar alguém, mas me lembro que não há mais ninguém aqui que eu possa abraçar. Todos se foram.

                Olho com mais atenção ao meu redor. A luminosidade continua fraca, mas já sou capaz de desligar a lanterna. Tudo o que eu posso ver da arena está coberto de água, a não ser por uma fina faixa de terra.

                Começo a entrar em desespero. Não sei nadar e tenho pavor de água. Corro em direção a fixa de terra querendo estar em qualquer lugar mais seguro. Coloco o dedo na água com expectativa dela ser doce, mas infelizmente é salgada.  Revejo minhas opções que não são muitas. Posso ficar aqui até morrer de fome e sede, posso me tacar na água e cometer suicídio, ou posso ir na fé e na coragem por esse caminho e ver o que acontece. Não gosto de nenhuma das opções, mas acabando escolhendo a menos pior que é seguir em frente.

                À medida que caminho começo a me tranquilizar. A faixa de terra aumentou um pouco me deixando menos temerosa de cair na água. Não faço ideia e não quero saber o quão fundo aqui deve ser. O sol começa a nascer e só então sou capaz de reparar que estava com frio.

                Caminho com algumas paradas por mais ou menos uns dez minutos até ver algo que me faz parar. Um grande círculo ligado por dois caminhos. Parece um enorme relógio de pulso. Agacho-me e jogo um pouco de água no meu rosto enquanto adio meu encontro com o que pode ser minha morte.

                O sol já está quente sobre a minha cabeça e quando olho a distancia vejo ondulações. Não pude nem ao menos beber água antes de vir, então espero que ao menos ele também não tenha conseguido, senão estarei numa enorme desvantagem.

                Finalmente estou perto o suficiente do grande círculo e posso ver Heigran sentado do lado oposto me esperando com cara de tédio. Antes de realmente entrar analiso meu adversário. É fácil de ver que foi atacado por teleguiadas, seu corpo exibe várias bolotas inchadas, há também um grande corte na sua testa, um olho roxo e falta um dedo na sua mão esquerda. Estranhamente esse fato me deixa feliz. E o fato disso me deixar feliz me deixa estranha.

                Ando determinada a me mostrar forte como oponente até entrar no círculo.

                _Olha, finalmente a princesinha chegou. –diz Heigran ironicamente.

                _Ha-ha-há. –sinto todo meu corpo se contorcer de dor enquanto me mostro forte. –O melhor é sempre deixado para o final não é mesmo?

                _To vendo que sim. –ele pega um punhado de terra e solta antes de continuar. –Aliás, se me permite saber, qual foi a sensação matando a minha irmã?

                Sinto meu rosto queimar de raiva. Tenho vontade de responder que foi a melhor sensação do mundo, que foi uma realização. Mas me contenho. Por mais que eu a odeie por ter matado meu irmão sei como Heigran se sente.

                _Talvez fosse melhor perguntar a ela como foi matar o MEU irmão.

                Vejo que ele reprime o choro. Meu peito dói ao pensar em Lucky, pensar que nunca mais o verei. Sinto compaixão pela pessoa sentada a minha frente. Ambos perdemos tudo o que tínhamos nessa arena.

                _Sabe... Eu daria tudo para tê-la de volta comigo, mas por outro lado devo dizer-lhe que talvez tenha me feito um favor, afinal, se sobrasse nós dois eu nunca seria capaz de matá-la.

                Observo-o olhar para o céu como na esperança de que de alguma forma ela possa voltar e ficar com ele.

                _Sei como se sente. É horrível a sensação de estar sozinho. –sinto meu olho lacrimejar. –Não ter ninguém com quem se possa contar. Estar no inferno e indo cada vez mais fundo dele. Mas nada disso é culpa nossa e você sabe.

                _Sim, eu sei a quem devo culpar. –sua expressão é de pura raiva. –Mas infelizmente não tenho como fazê-los pagar pelo que houve. E o mais perto que posso chegar de uma vingança e matando aquela que me tirou tudo o que eu tinha.

                Coloco a espada na minha frente.

                _Então isso significa que acabou o momento ternura? –pergunto levantando a sobrancelha.

                _Sim é exatamente isso que significa. –Diz ele se pondo de pé.


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Notas finais do capítulo

Aprovado?



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