Jogos Vorazes - O Início escrita por Camila Fernandez


Capítulo 31
Capítulo 31


Notas iniciais do capítulo

Espero q gostem, beijos!



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Storm volta a dormir, mas eu continuo acordada. Muitas coisas passam pela minha cabeça ao mesmo tempo. Penso em todos os segredos que tenho guardado, penso em minha casa, meu novo irmão, minha falsa mãe... E volto a pensar em Storm, por que diabos ela não quer que ninguém saiba? Podiamos ajudá-la, ou talvez seja exatamente esse o motivo dela não querer ninguém sabendo, ela não quer que tenhamos pena dela.

Não que algum de nós fosse ter pena, mas talvez para mim seja realmente mais difícil agir normal com ela agora que sei. Vou sempre estar com medo dela piorar, vou pedir para que não faça esforço e tal... Não, eu não vou, devo isso a ela, se ela quer se passar por alguém bem de saúde se passará.

Só reparo o tempo que passei pensando quando o sol começa a nascer. Ele sai de trás do lago e o céu tem um tom alaranjado. Tenho vontade de ter uma câmera comigo agora. Não que esse tipo de aparelho seja permitido nos distritos, mas minha mãe tem uma digital contrabandeada que usamos. Agora vem a pergunta, aonde salvamos? No computador da clínica, desde que ninguém desconfie não tem problema.

Acordo um por um e reparo que Storm parece bem melhor agora, se tomar um banho quase se passará por alguém bem de saúde.

_Estou com fome. -reclama Lucky.

_É, eu também. -respondo ouvindo minha barriga. -Matt, você topa vir comigo caçar?

_Gem! -Storm fica branca.

_Relaxa pirralha, vou só caçar mesmo.

Ela retoma sua cor e eu e Matt saímos. Fazemos uma boa caminhada, algo me diz que a caminhada inclusive está maior do que o normal. Demoramos muito para chegar. Parece estar quente aqui. Amarro meu casaco na cintura e Matt faz o mesmo. Por entre as árvores vou me esgueirando tentando ouvir algum barulho.

_Você sabe quem ainda restou? -pergunto do nada.

_Nós quatro, os dois do 12, acho que alguém do 7, 5 e 11.

_Acho que você está errado. -digo dando de ombros.

Voltamos a ficar em silêncio, eu devia ter me ligado mais nisso, mas acho que na hora de matar não faz muita diferença mesmo né? Não vou deixar de matar por causa do distrito da pessoa.

Caminhamos um curto pedaço quando ouço um "squach", olho para os meus pés e vejo que pisei em uma poça.

_Matt! digo apontando para a poça.

Sinto a poça ficar cada vez mais funda. Olho em volta e vejo que todo o gelo começa a derreter.

_Precisamos correr. Agora! -grito enquanto corremos na direção oposta a que viemos.

Correr na água não é a coisa mais simples do mundo, principalmente quando ela teima em ficar cada vez mais funda. Com medo de me dar outro ataque e eu fugir seguro com força a mão de Matt. Estou ficando apavorada, não sou boa nadadora.

_Gemmy nós precisamos voltar! -Matt grita para mim.

_Nós não podemos Matt, está tudo inundando!

_Mas Gem, olhe.

Sigo o olhar dele e vejo um menino de algum distrito que não fiz a menor questão de decorar. Ele parece não ter nos visto ainda, mas isso é uma questão de tempo. Infelizmente não posso simplesmente dar meia volta, inclusive acho que tenho mais chances lutando contra esse garoto.

_Não Matt, a gente pode vencer dele, juntos nós podemos. -não ia adimitir que acho que podia vencer sozinha. O moleque parecia mais perdido que cavalo solto.

Matt leva alguns segundos pensando, mas antes dele chegar a alguma conclusão já estou puxando-o em direção ao tributo perdido.  Caminhamos ainda um bom tempo na água e quando chegamos perto o barulho da água sobre nossos pés nós entrega. Estou preparada para ele vir com algo para cima de nós, mas em vez disso ele simplesmente se abaixa a começa a chorar.

_Gem. -Matt sussurra em meu ouvido enquanto eu por dentro dou graças aos céus por estar fora d'água. -Não podemos matá-lo.

_Matt, pensa bem, nós não só podemos como devemos. Não pretendemos torturá-lo e quais as chances dele de ganhar? -Matt me olha com atenção como eu olho o professor em aulas de cálculo. -Sério, não acha muito melhor ele morrer em nossas mãos do que com uma Rowry? 

Matt concorda comigo, mas nem preciso prestar muita atenção nelepara saber que ele não quer fazer o serviço. Pego a minha espada e vou em direção ao menino. Ouço ele fazer algumas preces.

_Ou, menino. -chamo e me repreendo no mesmo instante, não era menos doloroso só corta-lhe o pescoço?

_O-o-o-o que f-f-foi? -pergunta ele gaguejando.

_Qual o seu distrito? -o que eu estou fazendo? 

_S-s-seis, p-p-por q-que?

_Não quero que você acabe sem se despedir deles. -ahh agora entendo o que estou fazendo, não posso deixa-lo partir sem ele dar suas últimas palavras, eu não iria gostar de morrer assim.

_Mãe, pai, -sinto que a voz dele esta mais firme agora, pelo menos ele não gagueja. -Eu.. eu sempre amarei vocês, espero que me perdoem, mas desde que fui escolhido sabia que não ganharia, quando vi Evelyn morrer simplesmente perdi a vontade de vencer, eu vi o quão injusto tudo isso era.

Ele coloca o pescoço para trás e sei que essa é minha deixa. Peço desculpas silenciosamente e sem pensar por mais nenhum instante corto-lhe o pescoço. Dessa vez toda a visão do sangue me deixa menos enjoada. Ouço o tiro do canhão ao longe e sei que o menino se foi. Vou até o lago que se formou no derretimento da água para limpar minha espada. Algo me vem a cabeça. Atlântida. A cidade em rupinas submersa. Rio desse poensamento inapropriado, mas acho que deixei Matt um pouco assustado. Ás vezes a situação já está tão ruim que só resta rir.

_Vamos? -digo pegando sua mão. Sinto a dele escorregar.

_O que foi? -pergunto com medo dele me achar um monstro.

_Por que você deu a ele a chance de falar, de se preparar para morrer?

_Porque achei que ele merecia ok? Porque achei que a Capital merecia sentir pena desse menino. Porque queria mostrar que não gosto de matar por matar. E a propósito, ele era do seis.

Começo a caminhar em direção a cornucópia, mas ele me para.

_Gem, eu te entendo... Acho até legal o que você fez, agora me explica uma coisa? Por que não vamos nadando? É menos perigoso e mais rápido. Me gelo toda, não quero dizer a verdade, mas que alternativa me resta?

_Eu não sei nadar ok? -digo de cara emburrada fazendo Matt ri. -Ei! Não ria de mim!

_Foi mal, é que você consegue quase ficar fofa assim.

_Ah tá brigada.

_Ou relaxa aí coisinha brilhante. -Iup um novo apelido. -Vamos eu te acompanho.

_Mas se é tão mais seguro pela água por que você não vai por ela senhor nadador?

_Por que? Deixa eu ver, ah si, porque eu te amo e nunca te deixaria sozinha. Sinto meu rosto corar. Pego sua mão e vamos caminho a fora.


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Notas finais do capítulo

Deixem reviews, e hoje tem perguntinha: Quais os nomes dos tributos do 1,3,4,12 e a do 7 do segunda massacre quartenário?
Fácilllll
Beijoss