– Esse guri me irrita muito. - exclamo, bufando, já do lado de fora do salão de boliche - Não tem motivo algum para ele ter ciúmes, afinal, ele me odeia.

– Aham, onde tem implicância tem amor! Ha-ha. - disse Zack.

– Para com isso! - exclamei, já vermelha de raiva.

– Sei lá, só acho. - eu olhei pra ele com cara de "se não parar com isso agora vou te esgoelar, moleque cretino". E acho que ele percebeu isso! - Tá bem, tá bem. Parei com a brincadeira!

Ficamos em silêncio por um tempo, aquilo me deixou nervosa.

– E então... Você soube que a Caroline, do 1° ano ficou com o Jack? - falei, tentando quebrar a tensão do momento .

– Sabia sim... - respondeu - Mas olha só, a Melina toda cheia das fofocas!

Senti minhas bochechas ficarem quentes, portanto, deviam estar vermelhas.

Eu só falei desse assunto porque queria quebrar o silêncio, puxa vida! Eu não gosto de fofoca, mas isso me veio à cabeça porque eu acabei sentindo MUITA pena da Caroline quando soube. O Jack é um galinha. Eu fiquei com ele numa festa - que a Annie me OBRIGOU a ir - e depois num acampamento de verão.

Ele disse que me amava e tudo mais, e que não ia me esquecer nunca. No dia seguinte, descobri que ele ficou com a minha colega de quarto ao mesmo tempo que ficou comigo.

– Então, mudando completamente o assunto... com o que você se ocupa hoje em dia? - perguntei ainda constrangida.

– Ah, nada! Na parte da tarde, depois da escola eu fico sozinho em casa. As vezes eu desenho, as vezes eu durmo... fico vendo videos no Youtube... enfim, sou um desocupado completo! - ele disse coçando a cabeça.

– Adoro garotos que desenham, porque infelizmente esse é um dom que eu não tenho.

– Eu posso te ensinar a desenhar um dia desses! Se você tiver interesse, é claro. - ele disse sorrindo.

– Não... não tenho paciência pra isso. Mas obrigada pelo convite!

– Ok, né. Você é muito estressada, quebraria o lápis na primeira tentativa. - exclamou, rindo.

Ele tinha um sorriso tão lindo...

– Eu? Estressada?! - gritei - Nunca! Sou tão pacífica!

– Você? Pacífica? Nem no País Das Maravilhas.

– Depois aparece na escola com o olho roxo e não sabe o porquê né, Zachary? - eu disse em tom de sarcasmo.

– Ótimo exemplo de pacifismo você tá dando, hein Mel.

– Xiu, garoto! - exclamei enquanto Zachary levantava as mãos em gesto de rendição.

Chegamos na lanchonete, fizemos nossos pedidos e ficamos lá conversando um pouco.

Ficamos lá por um bom tempo, até sentir meu celular vibrar no meu bolso. O puxei e encarei a tela com uma mensagem do Mason.

A mensagem dizia: "Onde você está? Eu já estou cansado de ficar aqui! Que tédio! A Annie já sumiu... Vem AGORA pra cá".

– Argh, que garoto escroto! - murmurei - Zack, se incomoda se voltarmos para o boliche?

– Não, imagina. O Mason já está com saudades de você, é? - aceitou, em tom gozador.

– Claro! Eu nunca te disse que eu sou uma pessoa irresistível e que ninguém consegue ficar longe de mim por muito tempo!? - retruquei sarcasticamente.

– Ah, eu tinha me esquecido desse detalhe! Vamos lá então, docinho. - ele disse se levantando.

Estendeu sua mão para mim de jeito cavalheiro.

A agarrei e fomos em direção à rua, onde ventava fortemente. Graças a Deus eu não estava com frio, graças ao meu moletom grosso também.

Fomos andando calmamente e sem pressa até o boliche. Mason estava sentado na calçada com uns amigos repugnantes dele.

Repugnantes porque, toda santa vez que iam em casa, ficavam me secando. Me olhando de cima a baixo e murmurando "caralho, se eu pegar essa ai...", como se eu fosse um objeto.

– E ai, gata. - um deles disse, acho que seu nome era Mike. - Zack? Você tá pegando essa aí?

– "Essa aí" tem nome: Melina. Fique sabendo disso. - Zack respondeu friamente.

Eles eram todos da mesma "gangue", a dos populares.

– Ei, parem de ficar olhando para ela! - Mason reprimiu seus amigos, que como sempre, me inspecionavam da raiz do meu cabelo até o cadarço do meu tênis.

Eles ficaram rindo descaradamente e me olhando como se não tivessem ouvido uma palavra do que Mason havia falado.

– Vamos, Melina! - Mason disse quase me puxando para o carro.

– É... ok. - eu disse meio confusa - Nós nos vemos depois, eu acho... - eu disse olhando fixamente para Zack.

– Tudo bem! Se cuida, então. - Zachary disse sorrindo feito bobo.

"Porra, Zachary, venha cuidar de mim". Era isso que eu queria gritar. Comecei a rir como uma idiota enquanto Mason me puxava.

Graças a toda essa minha idiotice, acabei tropeçando numa rachadura no chão, logo no momento em que Mason se virou para me encarar.

Minha cara colidiu com o seu peito, que por sinal, era bem definido. Ele me segurou, antes que, por pura burrice, eu caísse para trás. Minhas duas mãos estavam pousadas no peito dele, junto ao meu rosto. Suas mãos seguravam a minha cintura com força, como se tivesse medo que eu caísse, ou fosse embora.

– Mason? Pode me soltar. - sugeri.

– Ah... posso? - sinceramente? Não sei o que isso quis dizer - Mas atenção na próxima vez, pirralha. - ele disse me soltando e se dirigindo ao banco do motorista.