Os braços firmes atravessavam o corpo magro, segurando com uma delicadeza transparente a cintura fina da mulher a sua frente. As sombras da noite moviam-se trêmulas, silenciosamente velando a cena que ali acontecia. O perfume que ela usava parecia entrar pela pele dele, era algo como a água da chuva se misturando ao cheiro próprio dela. Ela nunca entendera de fato como era o cheiro de chuva, ele sentia e amava, e sentia nela quando seu nariz desvendava a pele pétala de seu pescoço. Sentia nela tudo o que amava, perdendo por vezes a própria noção da realidade, mas que realidade iria querer se não fosse a dela?

Quando suas mãos desciam a linha do quadril dela, ela sussurrava coisas, palavras de carinho e o nome dele. Repetia o nome dele à exaustão que nunca vinha e apenas deixava que as mãos continuassem a dedilhar suas curvas. Os dedos dele que corriam os seios de pele de leite, os lábios contando ao pé do ouvido o porquê dela ser mais bela que todas as estrelas. A trêmula mulher em seu braços não lhe negava palavras de quanto o queria, doces palavras de mel que fugiam travessas do lábios desenhados por anjos.

O gosto dos lábios macios misturavam o sentidos, e junto aos dedos que corriam pelas luxuriosas curvas das coxas macias de sua mulher, tinha-se no seu mar preferido, a prazerosa e única sensação de completar e estar completo. Porque ela era isso, ela sempre fora, em sua mais alta complexidade de vida, ela sempre fora quem o completava, quem o levava nos braços e palavras para longe, para um lugar onde apenas os dois existiam e de onde ele nunca haveria de querer sair.

A luz da Lua calma banhava os corpos, peles brilhando do suor que descia devagar pelas curvas já tão conhecidas. Mais sorrisos e promessas, um beijo estalado desabrochando em pureza, mãos que se uniam. Eram um do outro, no seu mais profundo sentido, ela era dele, e ele, ah, ele... Ele nunca fora e nunca seria de outro alguém, ele já nascera somente para ser e estar com ela.