Mais Uma Peça Em Um Jogo escrita por Gabriela Gonçalves


Capítulo 5
Capítulo 4




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Nos primeiros segundos, eu não me movi. Nossos lábios estavam parados, estáticos. Mas, depois, me senti impulsionada a fazer aquilo. O que era errado se transformou no mais certo possível, e eu coloquei meus braços em volta de seu pescoço. Ele colocou suas mãos em minha cintura, e o resto do mundo passou a não existir mais para mim. Só me lembro de parar quando minhas costas bateram na parede, e nossos lábios se soltaram. Eu arfava, implorando por ar. A sua situação era a mesma.

- Isso... É errado. Muito errado – disse ele.

Sem pensar, eu respondi:

- Eu não me importo.

Ele me olhou de cima a baixo, não como fazia na preparação para as cerimônias que antecediam os Jogos, mas de uma maneira muito diferente. Talvez ele sempre houvesse me olhado daquele jeito, e eu só reparava agora por causa do beijo, ou talvez esse sentimento houvesse acabado de ser despertado. Não sei o motivo, pois para saber, eu precisaria ter a minha própria razão, mas caminhei até ele e encostei meus lábios nos dele. Não da maneira desesperada de antes, mas apreciando aquilo tudo.

É errado gostar disso, Katniss, eu dizia para mim mesma.

Obviamente, ignorei essa objeção. De repente, algo me atingiu. Não fisicamente, mas emocionalmente. Eu mesma não havia sido o suficiente para me parar, mas a minha consciência estava jogando pesado desta vez. Lembranças de Peeta. Cada vez mais fortes e recentes. Lembrei-me da primeira vez em que realmente gostei do seu beijo. Na caverna, durante os Jogos. Sem pensar – pelo visto, tudo que eu fazia naquele dia era dessa maneira -, comecei a comparar. É claro que Peeta e Cinna eram bem diferentes. Peeta me amava. Cinna era um homem e meu amigo. Duas coisas bem distintas. Peeta colocava as mãos na altura dos quadris. Cinna as colocava um pouco mais abaixo. Enquanto Cinna beijava-me daquela maneira feroz, Peeta prolongava por cada segundo, quase que com medo que aquilo acabasse.

A última lembrança me atingiu como um soco: Peeta plantando as prímulas nos fundos da minha casa. Aquele era um ato tão doce e respeitoso que demonstrava toda a sua preocupação comigo.

Finalmente, minha consciência havia ganhado.

- Não – eu disse entre os beijos. Tirei as suas mãos de minha cintura. – Não posso, desculpe.

Eu saí do quarto, deixando um Cinna atônito atrás de mim.


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