Jogos Vorazes escrita por Lívia Andrade


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo. espero que vocês gostem :3



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COMO ELA OUSA FAZER ISSO? - Gritei mesmo que ninguém estivesse ali para ouvir.

A raiva toma conta de mim. Retiro todas as facas do boneco e arremesso para todos os lados na esperança de que a garota ainda esteja escondida e que uma das facas a atinja. E para minha frustração ela não está lá, só à enfermeira que olha pela brecha da porta da enfermaria.

O QUE VOCÊ ESTÁ OLHANDO? – grito para ela que no mesmo momento fecha a porta com um baque.

Peguei o bilhete que estava com meu nome e o cortei em pedaços. ‘’ Você me paga Clove’’. E pelo resto daquela noite esse pensamento não me saia da cabeça.


Agora só restava um dia para a colheita, no centro de treinamento durante os dias anteriores não vi mais a Clove e como tinha que descontar minha raiva em alguém acabei quebrando ‘’sem querer’’ os membros inferiores de um garoto magricela que não conseguia nem erguer uma espada. Que patético.


Logo depois do treino vou para meu ultimo dia de aula, eles fazem uma paralisação para a exibição ao vivo dos jogos. Na escola também sou o melhor, todos querem ser eu.

Entro na sala de aula e jogo minha mochila na cadeira ao lado.

– Eu posso me sentar nessa cadeira? – Disse um garoto gordo cujo era excluído e nenhum dos outros alunos falavam com ele.

– Não esta vendo que minha mochila está sentada?

– Mas agora só tem uma cadeira lá atrás e eu tenho problema de vista não consigo enxer...

– FODA-SE, SE VIRA.

O garoto praticamente corre o mais rápido que seu peso lhe permite para o fundo da sala e senta na ultima cadeira. Agora ele nunca mais vai se dirigir a mim. Pelo menos é isso que eu espero.

A aula passa como normalmente e finalmente chega a hora do intervalo, e é nessa hora que eu irei contar a todos que vou me voluntariar esse ano para os jogos.

Tomo o microfone da mão de um dos representantes de turma, que na verdade eu tenho mais autoridade do que ele. Subo em cima de uma mesa onde alguns alunos que estão almoçando reclamam, mas eu os ignoro completamente e começo a falar.

– Bom... vocês devem saber que o dia da colheita é amanhã e eu queria avisar que esse finalmente é o meu ano. O ano em que eu vou me voluntariar. – O refeitório todo explode em aplausos de pessoas gritando meu nome. – obrigado, obrigado. Eu queria dizer que eu vou sair de lá como vencedor.

– É mesmo cato? – Disse uma voz feminina com ironia

Olhei a procura daquela voz familiar e do meu lado esquerdo estava ela com sua inseparável faca presa ao sinto da calça.

– Acho que você não vai ganhar dessa vez, desculpe – Disse Clove dando uma risada.

– Por quê? Você acha que tem alguém capaz de me vencer na arena?

– Claro. Eu.

E um garoto do lado direito deu uma enorme gargalhada em meio ao silêncio que ecoava no refeitório. Clove lançou um olhar de ira pra ele e logo depois só conseguir ver muito sangue e uma faca prata que reluzia a luz encravada na perna direita do garoto.

Todos agora gritavam o Nome de Clove e ela sorria com satisfação.

– CALADOS – Gritei no microfone e todos obedeceram no exato momento – Clove, sinto muito dizer que você está enganada.

Agora que ela estava sem sua faca realmente não fez nada, ficou parada observando de cara amarrada. Eu abri um sorriso e as pessoas voltaram a aplaudir. Alguns professores chegaram para socorrer o aluno machucado. Na nossa escola sempre tinha brigas então aquilo era normal.

O sinal do fim do intervalo tocou, fiz questão de passar perto de Clove antes de entrar na sala. Quando entrei percebi que em minha carteira tinha um pequeno bilhete

Sentei, peguei o bilhete e abri. Estava escrito em letras bem marcadas.

''Acho que esse ano o público vai ter um maravilhoso jogos vorazes.''

21:00 - Clove


Fiz força para ler o que estava escrito no final do bilhete. A hora não batia com a de agora. Logo depois entendi, essa seria a hora para nós nos encontrarmos. Só poderia ser no centro de treinamento, mas estava tão aturdido com a ideia de me vingar de Clove que isso não era importante.

A aula passou bem rápido, passei em casa para me trocar ignorando totalmente a tentativa de minha mãe para que eu ficasse em casa com minha família já que iria para os jogos amanhã, e corri para o centro de treinamento.

Chegando lá percebi que as luzes estavam todas apagadas, o que era estranho há essa hora, mas resolvi entrar.

No meu relógio marcavas-se 21:05 e ainda não tinha nenhum sinal de minha presa. Acendo os interruptores e começo a socar alguns bonecos que estão a minha frente.

– Oi Cat... – Começou uma voz me pegando de surpresa, mas não teve tempo de terminar eu já estava em cima da pessoa que tinha dito isso imobilizando seus membros. Meus reflexos de batalha se aguçam quando se aproxima o dia da colheita.

– Nossa boa noite pra você também. – disse Clove imobilizada – Você pode me soltar?

– Não até eu me vingar de você

– Por favor, não me mate futuro vencedor dos jogos vorazes – Disse ela com uma voz irônica.

E eu realmente não consegui, eu poderia acabar ela com um simples movimento, mas algo me impedia.

– então, nós vamos poder treinar ou eu vou ser obrigada a ficar nessa posição desagradável?

A garota estava deitada no chão, meus joelhos estavam em cima de suas pernas e meus braços seguravam com força os dela, devia estar sentindo dor, mas não demonstrava.

Deixei a garota sair, percebi que ela teve dificuldade para se levantar e que usou a mão direita para fazer isso, sua outra mão devia estar machucada infelizmente não era a qual ela jogava a sua faca. Cambaleou um pouco nos primeiros passos e depois me encarou sorrindo.

– Bom trabalho, você realmente é bom. – disse a garota.

– Eu sei.

Comecei a treinar, esqueci-me da presença de Clove. Ela realmente não era importante, agora tenho que me focar no treinamento.

Perdi a conta de bonecos decapitados depois de 34, estava fatigado já era hora de descansar. Olhei mais uma vez para a menina que lançava facas e ela, para a minha surpresa, não estava lançando facas, estava usando uma pequena espada e era boa nisso, não tanto quanto eu era o que deve ser óbvio.

– Você está pegando a espada errado, tenta segurar mais em baixo – Dei a dica á ela.

A garota não respondeu, mas seguiu meu conselho e com isso decapitou muito facilmente o boneco.

– Obrigada.

– ok.

Passei alguns segundos descansando e apenas observando Clove, pra uma garota pequena até que ela era boa. Mas nada que me surpreenda.

– Você vai se voluntariar mesmo? – Perguntei

– Sim. Por quê? Está com medo que eu te mate?

– Porque você sempre responde minhas perguntas assim? Deixa de ser tão convencida garota.

– Você é exatamente assim.

A resposta dela ecoou em meus ouvidos várias vezes, eu era realmente assim? Demorei um pouco analisando uma boa resposta para isso.

– Mas eu posso ser- Conclui

– Tanto faz. Alias está tarde, até amanhã.

– Espera! – A garota olhou para trás e eu continuei - Só quero dizer que sinto muito, pois terei que te matar quando estivermos nos jogos.

– Não se eu te matar primeiro.

E essas foram suas ultimas palavras antes de sair do centro de treinamento.


Olhei em volta de onde estava. Essa seria a ultima vez que eu viria aqui, depois tudo seria diferente. Eu ia ser rico, quer dizer, mas do que já sou e iria morar na vila dos vitoriosos o que é um grande sonho para todos daqui. Não pelo luxo do lugar, mas porque as pessoas saberiam que você ganhou os jogos e isso é gratificante.

Apaguei as luzes do local e sai. Estava surtando, era amanhã. O grande dia.


Já em minha casa a cama parecia muito confortável, porém mesmo assim eu não sentia sono. ‘’ Vá dormir’’ ordenei a mim mesmo. Eu sabia que precisava descansar. As pessoas dos outros distritos deveriam estar quase morrendo nesse momento, não pela fome que assolava os distritos mais pobres, mas pelo medo. O que me deixava feliz, pois é muito fácil vencer alguém que nunca treinou e que está morrendo de medo. Fechei os olhos imaginando como seria a arena esse ano e segundos depois, pelo menos pareceram segundos pra mim, minha mãe estava me chamando.

– Acorde campeão. Dormiu bem?

– Até você me acordar sim. – disse sonolento levantando da cama.

– Eu trouxe o café da manha pra você – disse minha mãe colocando o café onde antes eu estava.

– Ata. Eu quero me trocar, pode sair do quarto?

Ela saiu do quarto, coloquei uma de minhas melhores roupas. Um blusão social aberto nos primeiros botões e uma gravata colocada de uma forma meio que desarrumada. Só para mostrar meu estilo despojado e uma calça nova que meu pai tinha me comprado ontem. Só para que vocês saibam eu nunca convivi muito com meu pai, não que isso importe, não sinto nenhuma falta dele. Ele trabalha o dia todo e só volta de noite, na hora que eu estou treinando, ou seja, eu quase nunca o vejo.

Tomo o meu café da manhã me olho no espelho por mais uma vez para checar minha aparência e saiu do meu quarto.

Como toda Panem está paralisada hoje por causa do dia da colheita meu pai está em casa me esperando para que nós fossemos de carro na praça do nosso distrito, onde todo ano é escolhido um tributo feminino e outro masculino.

Apresso-me e entro no carro, chego lá em questões de minutos. Milhares de jovens entre 12 e 18 anos estão na praça e atrás de uma corrente de prata estão os pais a espera. E vendo esses jovens que me lembro. Clove.

Procuro a garota em meio à multidão, não a vejo em lugar algum. Olho para a fila onde os pacificadores nos cadastram para a entrada na praça e vejo-a lá, com a sua faca na mão. Ela não solta aquilo nunca? Perguntei-me.

Corro em sua direção e puxo a garota para fora da fila.

– Ai! – Exclama a garota.

– Você não vai se oferecer.

– Ãn? O que?

– Você não vai se oferecer como tributo, me escutou?

A garota abre um sorriso debochado e entra na praça sem me responder. Também entro lá. As filas são por idade, os menores atrás. Então Clove estaria trás de mim, não teria chance de falar com ela. Aceito o fato e apenas me concentro na hora do tributo masculino, quando eu gritarei e as câmeras iram mostrar meu rosto por toda Panem.

Como todo ano eles começam com a história da revolta do ex-distrito 13. Devastado pela capital. E como pena por aquela revolta surge os jogos vorazes para a tristeza dos outros distritos, mas não para o 2.

Uma mulher da capital sobe ao palco, suas roupas são todas azuis, na verdade ela é toda azul. Até sua pele foi tingida com um estranho pigmento azul claro.

– Feliz Jogos Vorazes, e que a sorte esteja sempre a seu favor! – disse a mulher com o sotaque estranho da capital.

– Vamos começar pelas damas.

A Mulher se aproxima das enormes esferas que contem vários papeis com nomes. Eu torcendo para que Clove não se oferecesse como tributo, não que eu ma importasse com ela, só não queria mata-la.

Mas não era hoje que eu teria a resposta a minha pergunta, porque antes que alguma pessoa se voluntariasse, até mesmo a pequena lançadora de facas um nome é anunciado.

– Clove ...

Não consegui escutar o sobrenome, pois meus pensamentos começaram a fluir. Parecia que eu estava sozinho na praça. Eu comecei a olhar em volta torcendo para que outra menina tenha esse nome.

Então a pequena Clove aparece entre a multidão e começa a andar em direção ao palco.

– Muito bem. Agora vamos para o tributo masculino.


Todos esperavam que eu fosse me oferecer e eu não conseguia pensar. Só olhava para Clove em cima do palco com seu olhar indecifrável fixos em mim.

‘’ E dai que eu terei que mata-la? Esse é meu grande ano’’. E logo após desse pensamento eu grito.

– EU ME OFEREÇO COMO TRIBUTO.


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Notas finais do capítulo

Mande Rewiews, isso me deixa mais motivada a escrever (:



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