Os Três Mal Amados escrita por Saville


Capítulo 3
O terceiro mal amado – F


Notas iniciais do capítulo

Desculpe pela demora. Passei por alguns momentos difíceis que me impediram de postar o ultimo capitulo da história. Espero que essa fic tenha proporcionado uma boa viagem aos que leram.
É isso. Obrigada por ter lido até aqui.



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“Olho Teresa. Vejo-a sentada aqui a meu lado, a poucos centímetros de mim. A poucos centímetros, muitos quilômetros...”


          O dilema de Francis. O triste dilema de Francis. O triste dilema do covarde Francis.

Observava as delicadas pétalas da rosa que segurava firma por entre seus dedos. O gosto amargo na boca não passava, nem quando bebia. Bebeu vinho, muito vinho dois dias antes de embarcar no avião. Comeu o melhor prato que pode preparar para si mesmo. E o gosto amargo na boca persistia.

Levou a rosa até o nariz, aspirando o perfume. Não teve paz, no entanto. O perfume da rosa lembrava-lhe a garota, a textura das pétalas a textura da pele que ele nunca tocou, mas que imaginava tocar em seus sonhos íntimos que o fazia parecer um adolescente.

Incapaz de abandonar a planta num canto qualquer da bagagem de mão, ou de destroça-la com um simples apertar de mãos, Francis condenava-se aos devaneios melancólicos, a única forma que encontrava para culpar a si mesmo.

Ferir-se era a necessidade que encontrara para criar um caminho até o perdão próprio. Precisava disso, da criação das coisas, da elevação não apenas dos sentimentos, mas também das situações, das pessoas.

Principalmente dela. A menina de pele morena, cabelos sedosos e olhar inocente residiria para sempre no mais alto pedestal que ele podia criar. Ela era intocável, imperturbável. Ele nunca se aproximaria dela, embora seus corpos muitas vezes estivessem juntos nas viagens de trem, quando a garota, em seu inocente sono, deixava a cabeça pender no ombro do rapaz.

E mesmo nesse contato físico tênue, ela se distanciava. A figura perfeita não se tornava impura nem mesmo frente a qualquer ato de origem estranha ou duvidosa, ou diante dos boatos que castigavam aquela vila.

Francis sonhava com ela, nua, em sua cama, sorrindo e sussurrando seu nome baixinho. E o Francis que a desnudava, transformando-a em mulher não era o mesmo Francis que acordava de manhã, espantado. Sempre tivera a inclinação, admitia, para os prazeres carnais, mas suas mãos livravam a menina de qualquer ato que seu corpo exigisse. Não é agora.

Ela era a mais pura criatura que ele conheceria. E ele o mais covarde de todos os homens.

No avião, observava a rosa. A prova concreta de sua covardia.

“... desse mundo que, através de minha fraqueza compreendi ser o único onde me será possível cumprir os atos mais simples, como por exemplo, caminhar, beber um copo de água, escrever meu nome? Nada, nem mesmo Teresa.”


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Notas finais do capítulo

Nesse ultimo capitulo, procurei explorar uma face mais sensível e platônica do Francis.
Obrigada a todos que acompanharam. E, mais uma vez, me desculpe pelo imenso atraso.
Até algum dia.



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