You Were The One escrita por Tuany Nascimento


Capítulo 1
Capítulo Único




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(Mike Newton’s Point of View)


“Michael Newton,

Forks High School tem a honra de lhe convidar

para o reencontro da Turma de Formandos da sua classe.

Baile, dia 05 de Julho, às 20h00min.”


– Vamos, amor! Por favor, vamos! – Jessica pedia com um biquinho.


Há dez anos eu havia saído de Forks. Fui para a George Washington University, me formando em Administração. Fiz a Newton’s Sports crescer e hoje é uma das maiores lojas de departamento de artigos esportivos do país.


Casei-me com Jessica Stanley, que se formou – também na GWU – em Direito, trabalhando na parte burocrática da Newton’s. Há três anos, ela me deu meus maiores presentes. Nosso casal de gêmeos, Marie e Matthew. Os dois sapecas, no auge dos três anos, iluminam meu dia sempre que vejo os seus rostos de bebês emoldurados por cabelos louros, destacando os olhos azuis herdados de mim.


É claro que no início eu relutei em aceitar Jessica. Quando fomos para a GWU, eu só tinha olhos e pensamentos para a bela morena de olhos chocolates que estudou conosco no FHS. Eu sofria por tê-la perdido. Não que eu a tivesse tido, mas meus sonhos e fantasia alimentavam minhas esperanças de um dia chamá-la de namorada, noiva e futuramente, minha esposa.


Jessica sabia de meus sentimentos, mas soube esperar. Tornou-se uma grande amiga e depois de um ano, as feridas cicatrizaram e me permiti dar uma chance para o amor adolescente de minha esposa. Hoje eu a amo muito, a admiro pela mulher que se tornou, a adoro por tudo que me deu e me permitiu dar.


Eu ainda encarava o pedaço de papel em minha mão, pensando se ia ou não a esse baile de reencontro.


– Não sei, querida. E os gêmeos? Com quem eles ficarão? E a loja? – eu perguntei, tentando achar uma maneira de não irmos.


– Marie e Matt irão conosco. Assim, aproveitamos e visitamos nossos pais. Tenho certeza que os avós babões não irão se importar de cuidar dos dois.


– Não estou muito convencido ainda, Jess.


– Ah, Mike! Eu estou morrendo de saudades de Angela e Ben. A última vez que os vimos foi há dois anos e meio, quando eles vieram conhecer os gêmeos. E você não vê Tyler há anos também, assim como Eric. E talvez, quem sabe, Bella irá também. Eu queria que ela tivesse ido ao nosso casamento.


A breve menção do nome dela fez uma conhecida dor em meu peito tornar-se presente. Eu sabia que nunca a havia superado, mas eu tinha que encarar a realidade de que ela não me pertencia. Que eu tinha uma família linda e uma esposa maravilhosa.


– E então? O que me diz? Posso ligar para nossos pais? – Jessica perguntou em expectativa.


– Okay! Tudo o que você me pede eu faço mesmo. Pode ligar. Nós vamos.


Jess deu um gritinho e jogou-se em mim, envolvendo seus braços em meu pescoço e distribuindo pequenos beijos em meu rosto.


– Obrigada, amor. Vou agora mesmo ligar para minha mãe e depois ligamos para a sua. O baile será daqui a três dias e temos que nos organizar. Eu estava pen...


– Shiiu! – eu pedi. – Porque não ligamos amanhã para nossas mães? Podemos aproveitar essa noite tão quieta, já que os gêmeos foram dormir e matar um pouco a saudade. Faz um tempo desde que te amei pela última vez.


Jessica sorriu e acenou afirmativamente com a cabeça. A puxei para um beijo cálido, que foi tornando-se mais urgente. Separamo-nos em busca de ar e em um movimento ágil a peguei no colo, subindo as escadas rapidamente, com ela rindo.


(...)


– Matt, pára de puxar o cabelo de sua irmã!


Jessica tentava a todo custo controlar as crianças que estavam eufóricas demais por irem à Forks. As crianças estavam sentadas à nossa frente, e Matt teimava em puxar o cabelo de Marie.


– Ai, Matty! Pála! – Marie pediu com sua voz infantil.


Pála você de me bater. Mãe, a Malie me bateu! – Matt disse fazendo birra.


– Eu não bati nele, não, mãe. O Matty que fica puxando o meu cabelo. E isso dói, seu bobão.


– Marie, não chame o seu irmão de bobão. – eu a repreendi.


Matt começou a rir dela, mas Jessica o olhou feio e ele parou. Depois disso os dois reclamaram que estavam com fome e pedimos para a aeromoça nos trazer um lanche. Depois que os dois esfomeados comeram, acabaram dormindo abraçados. Como estávamos na primeira classe, reclinei bem os bancos para eles deitarem. Jessica, aproveitando o silêncio, começou a ler um livro sobre Delitos e eu ouvia a música calma que tocava em meu Ipod.


Eu não queria admitir, mas eu só pensava na bela morena dos meus dezoito anos. A expectativa da possibilidade de vê-la enchia meu peito. Eu que havia lutado tanto para esquecer um amor não-correspondido do ensino médio, estava como um adolescente que vai a um encontro com a garota popular.


Eu me lembro quando a vi pela primeira vez. A pele pálida demais, translúcida. Os olhos chocolates derretidos, um pouco assustados e envergonhados. O pequeno tique de ficar mordendo os lábios quando nervosa. Os cabelos de uma cor mogno, com mechas vermelhas que brilhavam ao sol. O corpo magro, mas convidativo.


Eu a queria. Eu gostava da timidez dela. Ficava olhando como bobo para o rubor em suas bochechas quando corava. A inteligência natural. O ser gentil e preocupado com as pessoas ao redor. Ela era incrível. E eu a teria tido, se ele não aparecesse no caminho.


Eu o odiava com todas as forças durante o ensino médio. Não gostava do jeito que ele a tratava quando a conheceu. Não gostava dos olhares dele para ela. Não gostava da aproximação deles. Não gostava quando ele a mostrava como um troféu para a maior parte da ala masculina do FHS. Não gostava quando ela chorava pelo abandono dele. Não gostava quando via que ele havia voltado. Não gostava quando ele a abraçava com carinho. Não gostava quando ele beijava os lábios, que deveriam ser tocados pelos meus.


Balancei a cabeça levemente. Eu não deveria pensar sobre isso. Não deveria pensar nela. Olhei para Jess e ela dormia tranquilamente. Olhei pela janela, suspirando, enquanto eu me aproximava cada vez mais desse reencontro.


(...)


O almoço com a nossa família havia sido maravilhoso. As crianças brincaram e foram mimadas o tempo todo pelos avós. A Sra.Stanley e minha mãe quase disputavam no tapa a atenção dos meus filhos.


A noite havia chegado rapidamente, trazendo com ela a ansiedade. Eu estava sentado no sofá da casa dos meus pais – onde estávamos hospedados – enquanto eu esperava Jess terminar de se arrumar. Meu pai conversava comigo sobre a Newton’s e eu o deixava por dentro das novidades da loja. Minha mãe ajudava Jess, enquanto as crianças dormiam tranquilamente depois de um exaustivo dia para elas.


Ouvi um barulho de saltos na escada e me virei para vê-la descer. Jess estava linda. O cabelo preso em um coque baixo, com alguns fios desarrumados. Os olhos estavam com uma sombra clara, quase como uma cor champagne e lápis marrom os delineava. Nas bochechas um leve blush rosa e na boca, dando destaque ao seu visual, um batom vermelho. O vestido preto simples, lhe dava elegância. Ela estava deslumbrante.


Aproximei-me da escada, a esperando no último degrau.


– Você está linda, querida. – eu disse.


– Obrigada, amor. Você também está muito bonito essa noite.


– Pronta para irmos?


– Espere!


Ela sorriu timidamente e me estendeu o braço, onde um sobretudo repousava. Mas encima dele, estava a minha antiga jaqueta dos Spartans, o time de futebol americano do FHS, o qual eu fiz parte.


– Sua mãe encontrou no seu antigo quarto, ela lavou e passou. Você vai querer usá-la?


– Sim, eu quero.


Tirei a jaqueta de couro que usava e Jess me ajudou a colocar a jaqueta com as cores do colégio. Depois de devidamente arrumado, Jess passou as mãos em meus ombros, como se tirasse uma poeira inexistente.


– Lembro-me do dia em que fomos lanchar com os nossos amigos no Cobler’s e eu estava sem casaco, você me emprestou a sua jaqueta dos Spartans e me abraçou pelos ombros. Acho que foi nesse dia que me apaixonei por você.


Ela me olhou com os olhos brilhando e eu sorri abertamente por essa confissão. Puxei seu rosto de encontro ao meu, dando um cálido beijo em seus lábios. Jess corou e sorriu, dando-me um selinho e me puxando para a porta.


– Estamos atrasados, amor. Vamos logo. Quero reencontrar algumas pessoas.


Despedimo-nos de meus pais, mas antes checamos nossos gêmeos, que ressonavam com os cabelinhos louros espalhados pelo travesseiro. Entramos no carro de meu pai e comecei a dirigir pelas ruas silenciosas e pouco movimentadas de Forks. As árvores passavam rapidamente por nós, enquanto uma música do Coldplay preenchia o silêncio confortável. Peguei a rodovia e logo cheguei ao colégio.


Estacionei o carro ao lado de um Corolla prata. Desci do carro e abri a porta para Jess, que desceu, aceitando o meu braço, o qual eu a oferecia. Andamos pelo estacionamento, que estava relativamente cheio, eu – disfarçadamente – procurava por algum carro mais novo e caro, não obtendo sucesso.


Ao adentrarmos o ginásio de braços dados, algumas cabeças curiosas viraram-se para nós. Reconhecimento passou no semblante de cada um deles. Jess e eu não havíamos mudado tanto. Eu continuava com meu rosto de bebê e Jess com o mesmo rosto de seus dezoito, só que agora, ambos tínhamos algumas marcas da idade.


A quadra do ginásio do Forks High School estava enfeitada belamente com balões, fitas e panos nas cores do colégio – verde, branco e dourado. Bem no meio dela, uma pista de dança foi montada, com um globo de espelho e luzes piscantes. Ao redor, algumas mesas postas, assim como a mesa de comes e bebes.


– Ang! – Jess exclamou.


Angela estava em pé, conversando com uma menina loura vestida um pouco vulgarmente. Ao seu lado estava Ben. Ang estava elegante em uma calça de cintura alta preta e uma blusa com drapeados. Ben vestia um terno preto, sem gravata. Os dois formaram-se em Jornalismo, sendo que ele tornou-se editor-chefe da seção esportiva do LA Times, enquanto Angela tornou-se uma das editoras-chefes da CNN.


Os dois quando nos viram, sorriram e se aproximaram. Ang abraçou efusivamente Jess, as duas rasgando elogios uma para outra, enquanto Ben e eu nos cumprimentávamos. Sentamo-nos em uma mesa, perto da pista, onde algumas pessoas arriscavam uns passos de dança. Eu ainda a procurava, mas assim como no estacionamento não obtive sucesso.


– Quem era aquela com quem conversava, Ang? – Jess perguntou curiosa.


– Aquela é a Lauren, lembra-se? – Angela respondeu.


– Sim, claro. Ela sentava conosco no horário de almoço e conversava comigo. Mas, ela está tão... Diferente.


– Digamos que ela não foi muito bem sucedida desde a nossa formatura. Parece que suas notas não a qualificaram o suficiente para entrar em uma boa universidade e acabou ficando por aqui mesmo. Coitada. Ela era uma boa pessoa.


Angela sempre tão gentil e doce. Ela foi e é uma grande amiga nossa, com seus pensamentos puros e preocupados com nosso bem-estar. Não era por acaso que Jess a escolheu como madrinha de nosso casamento.


– E como estão Marie e Matt? – Ben perguntou.


– Dormindo. Eles estão ótimos, nos deixando com cabelos brancos com suas travessuras de três anos de idade. Hoje brincaram muito com nossos pais, aproveitando muito os mimos.


Eu disse com todo o orgulho banhando minha voz. Jess e meus filhos eram meu mundo. Sempre. Isso não iria mudar.


– E quando vocês planejam ter o de vocês? A vida não é só jornal. – Jess falou.


– Estamos praticando. – Ben disse piscando um olho.


– Ben!


Angela corou enquanto dava um tapinha no braço de seu marido, que ria conosco. Mas então eles arregalaram os olhos, olhando para a entrada, para a qual Jess e eu estávamos de costas.


– O que foi?


– Oh. My. God. – Angela pronunciou lentamente.


Viramo-nos e qual não foi a nossa surpresa em ver Alice Cullen entrando pelas portas do ginásio com Jasper Hale ao seu lado, os dois com sorrisos no rosto, de braços dados, enquanto olhavam a decoração.


Alice estava do mesmo jeito que eu me lembrava. Os cabelos continuavam curtos, mas não apontavam para todos os lados como antigamente. Eles estavam curtos em um estilo chanel, destacando seu rosto de fada. O vestido de um tom claro e de um ombro apenas, caia perfeitamente em seu corpo, enquanto ela desfilava – sim, desfilava – pela quadra.


– OMG! Aquela é a Bella? – Jess perguntou surpresa.


Meu coração falhou duas batidas, para depois voltar a bater descompassadamente em meus ouvidos. Eu me perguntava se ninguém mais ouvia meus batimentos cardíacos. Minha respiração estava pesada, enquanto eu a via.


Os anos pareciam não terem tido efeito algum sobre ela. Os cabelos mogno estavam bem escovados e caindo em cascatas por suas costas. A pele continuava pálida – ou até mais do que era antes. Ela usava uma roupa simples, que foi revelada após ela tirar o sobretudo preto que usava. Uma regata branca e uma saia de cintura alta preta, que me permitia ter visão de suas pernas torneadas.


E então ela virou o rosto e sorriu para quem estava ao seu lado. Ele. Edward Cullen. Ele retribuiu o sorriso, passando o braço em sua cintura e a trazendo para mais perto. O Cullen continuava com a mesma cara de galã barato que tinha há dez anos. O mesmo sorriso torto arrogante estava em seus lábios, enquanto ele olhava para mulher ao seu lado.


Ele sabia que era o centro das atenções junto com ela. Ele sempre gostou de se vangloriar por tê-la. Por ela amá-lo.


Os dois juntaram-se aos outros dois Cullen em uma mesa oposta à nossa. Senti minhas mãos tremendo enquanto eu encarava a toalha branca com detalhes verdes da mesa.


– Eu nunca pensei que fosse vê-los novamente. – Jess falou.


– Nem eu. Aliás, eles nem confirmaram que viriam à festa. Deixaram em aberto o convite. Mas fico feliz por eles terem vindo. Edward era um bom rapaz. – Ben disse.


Minhas mãos fecharam-se em punho pelo o que ele disse. As palavras bom rapaz e o nome Edward na mesma frase não se encaixavam em minha cabeça.


– Depois do casamento deles, eu apenas fiquei sabendo que Bella havia contraído uma doença sul-americana durante a lua-de-mel. Carlisle e Edward a levaram para Atlanta, para exames e tratamento. Charlie ficou arrasado quando tudo aconteceu. Ele contou para meu pai um dia o quão mal estava por não poder ir visitar Bella. Mas parece que os pais de Edward estavam cuidando muito bem dela. Depois disso, ele disse que eles iam se mudar e parece que foram para Dartmouth.


Angela nos contava o pouco que sabia. Os Cullen pareciam alheios aos olhares que recebiam. Alice olhava a decoração, apontando e comentando para Bella sobre alguns detalhes. Jasper e Edward olhavam para a pista e conversavam entre eles.


– Não deveríamos ir lá cumprimentá-los? – Ben perguntou.


Bella virou a cabeça minimamente e seus olhos pousaram em nós. Um sorriso singelo apareceu em seu rosto, enquanto ela apontava para nós e dizia algo a Alice. A mesma acenou e as duas levantaram-se, vindo em nossa direção. Os dois percebendo as intenções das duas, as seguiram e os quatro se encaminhavam para nossa mesa.


– Oh Bella! – Angela a chamou emocionada.


As duas se abraçaram fortemente, enquanto Alice abraçava Jess e nós cumprimentávamos Edward e Jasper. Assim fomos nos saudando e Bella parou na minha frente sorrindo docemente, me fazendo ficar um pouco assustado com o que eu sentia em meu peito. O mesmo sentimento de dez anos atrás voltava com força.


– Oi Mike! Como está?


– Bem e v-você? – eu respondi baixo e me xingando mentalmente por gaguejar.


– Muito bem também.


– Sentem-se conosco. – Ben pediu.


Os Cullen pegaram algumas cadeiras que estavam por perto e nos apertamos em nossa mesa. Edward passou seu braço possessivamente por sobre os ombros de Bella, me encarando com certa raiva.


– Há 10 anos não nos vemos. Desde o casamento de vocês. Como estão? – Jess perguntou.


– Muito bem. Estamos morando no Canadá, com o resto da família de Edward. E vocês, como estão? – Bella respondeu


– Bom, Mike e eu nos casamos há quatro anos, temos uma casal de gêmeos, Marie e Matthew. – Jessica disse orgulhosa.


– Oh, parabéns pelas crianças. E vocês, Ang e Ben, já com filhos?


– Não, ainda estamos curtindo nossos primeiros dois anos de casados e depois vamos começar a pensar nisso. Ultimamente estamos muito focados em nossa carreira. – Ben respondeu.


– Mas e vocês? Já com filhos e carreira solidificada? – Angela perguntou.


– Temos uma menininha, Renesmee. – Edward disse com um brilho de veneração nos olhos.


– Renesmee? – eu perguntei estranhando um pouco o nome.


– Sim. Quando eu estava grávida, comecei a brincar um pouco com o nome das avós dela. Renée e Esme. Renesmee. O nome do meio dela é Carlie. Uma combinação de Carlisle e Charlie. É diferente, nós sabemos, mas é algo único. Assim como ela. – Bella respondeu com a voz banhada em orgulho e amor.


– Tem uma foto dela para vermos? – Jess perguntou curiosa.


Edward puxou de seu bolso um celular sofisticado e começou a procurar. Ele passou para minha esposa – que ofegou visivelmente – e depois o celular foi passando de mão em mão. A criança na tela era a mais linda que eu já havia visto em minha vida. Os cabelos da mesma tonalidade dos de Edward – um ruivo acobreado – eram lisos, com grandes cachos nas pontas. A pele de um tom pálido incrível, lhe dando um ar de boneca de porcelana, acentuado pelo rubor em suas bochechas. Os longos cílios emolduravam duas esferas do mais puro chocolate já visto, a mesma cor dos olhos de Bella. A garota aparentava ter quatro anos, vestida com um vestido azul bebê, meia calça branca e sapatilhas da mesma cor do vestido. Ela estava sentada no colo de Edward e Bella estava ao lado dos dois. Os três com grandes sorrisos em seus rostos. O retrato da família perfeita.


– Ela é linda. Parabéns. – Angela elogiou.


– Obrigada.


A música parou e um barulho de microfonia fez-se presente. Eric estava no palco, com seu terno bem alinhado e um sorriso no rosto.


– Boa noite, ex-formandos. É uma honra ser um dos responsáveis por essa noite. Nada melhor do que reencontrar velhos colegas. Eu estou muito contente por ver antigos amigos, como o Ben e a Ang, ou o nosso capitão do time de football, Mike Newton e a Jess, sua esposa e claro o nosso casal sensação, Bella e Edward Cullen. Fico feliz por ver que os namoros do nosso high school continuaram depois de dez anos. E bom, acho que para o clima de reencontro ficar melhor, porque vocês, homens não tiram alguma colega para dançar, alguém que não seja esposa ou namorada para dançar. Vamos colocar a conversa em dia e relembrar nossos saudosos tempos.


Uma música calma começou a tocar. Jasper levantou-se e ofereceu a mão para Jessica, que aceitou. Ben chamou Alice, enquanto Edward puxava Ang para a pista. Bella sorriu para mim e eu não hesitei em chamá-la. Ela encaixou seu braço no meu e fomos para a pista de dança. Ela parou na minha frente e então pousou a sua mão no meu ombro, enquanto a minha ficava em sua cintura e eu juntava nossas outras em um singelo aperto.


– E então Mike? Como está a vida de pai de família e empresário de sucesso? – ela me perguntou.


– Muito boa. Acho que deveria agradecer mais a Deus por tudo que ele tem me dado. Sou um homem sortudo. Jess é simplesmente perfeita para mim.


– Não se esqueça de me agradecer, Mike. Se não fosse eu a te dar o conselho de chamá-la para o baile, não teria essa mulher incrível ao seu lado.


Limitei-me a sorrir. Lembro-me que só aceitei chamar Jess porque no dia Bella havia gentilmente me dado o fora. Claro, depois disso, ela começou a sair com o Cullen.


– Obrigado, Bella. E você? Casou-se tão cedo e ainda continua com Edward. Está feliz?


– Como nunca imaginei que seria algum dia. Apesar de todos esses anos e de termo nos casado tão cedo, ainda temos aquele mesmo sentimento de dez anos atrás. Tudo só melhorou com nossa filha.


Sua voz estava banhada em paixão. Aquilo me deu náuseas. Era algo estranho de se ver e de se ouvir. Era profundo demais. Intenso demais. Como se a vida dela dependesse exclusivamente dele. E o estranho, é que o mesmo se via em Edward. Quando ele a deixou, sua vida se perdeu em um pesadelo sem fim, dor e tristeza mesclados o tempo todo. E quando ele voltou, dava para ver que ele havia sofrido o mesmo. Apesar de nunca ter gostado dele, era claro o sentimento dele por Bella. Para mim era algo que beirava a obsessão e a possessão. Não era normal. Era um pouco doentio.


– Que bom que nossas vidas estão como planejamos. – eu comentei.


– Se pedirmos por mais será tão egoísta.


Apesar de sua blusa não permitir meu contato direto com sua pele, eu sentia o frio emanando dela.


– Você está com frio, Bella? Sua pele está gélida.


Ela mordeu o lábio inferior nervosa e olhou apreensiva para onde Edward dançava com Angela, atrás de mim.


– Não estou não, Mike. Não se preocupe.


Ela sorriu e me olhou nos olhos. Aquilo não estava certo. Não era chocolate que eu vi ali. Era algo diferente. Era um marrom-lama, que não combinava com ela. Em volta de seus olhos, um arco dourado se pronunciava, minimamente. Sua pele, além de gelada, estava mais pálida do que antigamente, do mesmo tom doentio e sem vida dos Cullen. E ela ainda não havia pisado no meu pé. Em nenhum momento, Bella havia sido a desastrada de anos atrás. E sua voz estava um pouco diferente, era como um soar de sinos, musical e agradável.


– Bella...


– O que foi, Mike? – ela perguntou preocupada.


Senti seu corpo tenso e olhei para a sua mão esquerda. A grossa aliança de ouro branco descansava em seu dedo anelar do mesmo jeito que eu lembrava que Edward havia colocado em seu casamento. Assim como a aliança de noivado, com vários diamantes, da década de 20. Aquilo apertou minha garganta e era como se eu fosse sufocar a qualquer momento.


– Nada, Bella. Apenas um devaneio. – disse em um murmúrio.


Ela sorriu docemente e então se separou de mim, quando a música acabou. Jasper logo a puxou para uma dança, enquanto Alice dançava com o irmão. Antes que Lauren chegasse a mim, puxei Angela para uma dança e vi Ben com minha esposa.


– Aconteceu algo, Mike?


– Não Ang. Por quê?


– Você está pálido. Como se tivesse visto um fantasma. Está tudo bem?


– Aham, não se preocupe. – falei.


– Preciso dizer que esta noite está maravilhosa? Está sendo ótimo reencontrar você e Jess depois de algum tempo. E nossa, rever Bella é inacreditável. Ela parece a mesma de anos atrás. Sempre tão bela. Acho que ela e Edward formam um casal perfeito.


Acenei com a cabeça e continuei dançando com ela. A música acabou depois de um tempo e logo, minha esposa já estava em meus braços. Repousei meu rosto no vão de seu pescoço, aspirando seu delicado perfume. Aquilo me acalmou e me vi desejando voltar para casa, para nossos filhos e nossa rotina. A presença de Bella me perturbava.


Levantei o rosto e olhei para trás de Jessica. Edward e Bella dançavam juntos, ele segurava a sua cintura e ela estava com as mãos enroscadas em seu pescoço. Eles se olhavam com amor. O mesmo sentimento que eu vi no dia do casamento deles. O dia em que a perdi para sempre. Ele falou algo para ela e depois se beijaram. Fechei meus olhos e abracei Jess fortemente.


Depois de mais duas músicas, voltamos à mesa e conversamos com eles mais um pouco. Ang e Alice eram as que mais falavam.


– Hey pessoal! – Eric nos cumprimentava novamente no palco – Apesar de já termos nos formado e estarmos com nossas vidas encaminhadas, acho que ainda temos espaço para relembrarmos nossos velhos tempos. Por isso, quero anunciar o Rei e a Rainha do baile.


Alguns sussurros começaram e Alice quicava em sua cadeira. Todos olhavam em expectativa para Eric, que fazia um suspense dramático para abrir o envelope.


– E o Rei do baile de Reencontro é... Edward Cullen.


Uma salva de palmas começou, enquanto Edward dava um selinho na esposa e levantava-se para ir ao palco. Aquilo me fez querer vomitar. Ele subiu as escadas com sua prepotência, recebendo a coroa com o sorriso nojento dele.


– E a Rainha do baile de Reencontro é... Isabella Cullen.


Bella olhou abismada para todos e hesitante subiu ao palco. Edward a coroou com uma tiara e um cetro. Os dois sorriram e todos começaram a gritar por discurso. Ele deu o microfone a ela, que pegou com um olhar um pouco assustado.


– Boa noite a todos. Quero agradecer a comissão organizadora do baile, que votou em mim. É muito bom reencontrar antigos amigos depois de tanto tempo. Forks é meu lugar preferido desde sempre. Aqui eu nasci, aqui conheci pessoas muito importantes para mim – ela lançou um sorriso para nós -, conheci meu marido, me formei, me casei e foi aqui que minha filha nasceu. Forks será sempre minha casa. Obrigada.


Todos aplaudiram e os dois desceram as escadas para a primeira dança. Uma roda formou-se ao redor deles e o casal real do baile começou a rodopiar, conforme uma valsa qualquer tocava. Era como ver Ginger Rogers e Fred Astaire dançando no meio da velha quadra reformada de Forks High School. Era gracioso, esplêndido e completamente perfeito.


Eles voltaram para nossa mesa com sorrisos e gargalharam conosco quando Ben fez alguma brincadeira sobre a coroação. Eu estava incomodado e não agüentava mais ficar tão perto de Bella. Eu percebia algo errado nela, mas não sabia dizer o que era.


– Amor, podemos ir? Eu estou um pouco cansada e amanhã vamos pegar um vôo tão longo com as crianças. – Jessica pediu em meu ouvido.


Acenei concordando, segurando um suspiro de alívio.


– Nós já estamos indo embora. Temos que voltar para casa amanhã e o nosso vôo será longo com nossos pequenos arteiros. – eu disse.


– Nós também já estamos indo. – Jasper falou.


Os outros concordaram e levantamo-nos simultaneamente. As meninas começaram a se abraçar e a fazerem promessas de se reencontrarem, mesmo com Alice e Bella sendo evasivas quanto a isso. Despedi-me de Ben, Jasper, Tyler, Eric e Edward e depois das meninas, tendo Bella de novo por último.


– Obrigada pela dança, Mike. Foi um prazer revê-lo. – ela disse sorrindo sinceramente.


– Não me agradeça, Arizona. O prazer foi meu.


Ela se aproximou e me deu um beijo na bochecha, me fazendo sentir minhas mãos suarem e meu coração acelerar. Qual o segredo do poder dela sobre mim?


Assim que ela se afastou, puxei Jessica para meus braços e saímos para o estacionamento. Entramos no carro de meu pai e pelo retrovisor eu pude ver os quatro Cullen entrando em um novo modelo do Volvo, típico de Edward. Evitei revirar os olhos e acelerei para fora do colégio.


Quando chegamos em casa, meus pais já dormiam e verificamos nossos filhos, que estavam esparramados na cama. Jessica trocou-se e eu coloquei meu pijama confortável. Deitamos na enorme cama Queen e em poucos minutos, minha esposa ressonava em meu peito e em meus braços.


Eu amava Jessica. Minha grande certeza era de que eu havia feito a escolha certa. Não conseguia imaginar uma vida sem ela.


Mas ao mesmo tempo, meu coração batia forte por ela. Pela morena de Phoenix, filha do chefe de polícia, desastrada, tímida, inteligente e encantadora. Todas as células do meu corpo correspondiam ao seu doce olhar ou às suas palavras confortadoras. Não havia como eu simplesmente não lamber o chão em que ela pisava.


Bella Swan. Agora, Bella Cullen.


Você foi aquela que eu amei.



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