Halloween escrita por Junior Roux
Kiske se levanta rapidamente, o coração quase saindo pela boca.
– Mas o que foi isso??? É como se eu tivesse ouvido um grito estridente dentro da minha cabeça, algo como um mau-pressentimento! - pensou.
Kiske olhou para o lado e chamou:
– Kai! Kai, acorda, você ouviu isso que eu ouvi?
Não houve resposta.
– Kai, levanta, eu estou falando com você! Ka...
Kiske, então, nota o colchão vazio.
– Meu Deus! - Kiske sai da barraca atordoado, chamando pelos outros.
– MARKUS! INGO! WEIKATH! ESTÃO ACORDADOS??? - berra, desesperado.
– Pois é, Weiki, parece que o seu xará oxigenado interrompeu o nosso soninho da alegria... - comentou Markus, mal-humorado.
– O que aconteceu aqui, Kiske? Teve algum pesadelo com aquele projeto de dementador que encontramos mais cedo? - riu Weikath.
– Será que dá pra parar com a palhaçada, seu vesgo orelhudo? O Kai sumiu!
– COMO É QUE É??? - grita Weikath, surpreso.
Ingo sai de sua barraca.
– Espera aí, como assim o Kai sumiu? Michael, você estava na mesma barraca que ele. - pergunta Ingo, sem se exaltar muito.
– Eu nem ao menos peguei no sono, simplesmente fechei os meus olhos pra pensar um pouco, ouvi um grito e me levantei!
– Grito? - perguntou Weikath, cético. - Eu não ouvi nada. Você ouviu, Markus?
– Nadinha.
– Ingo?
– Eu também não ouvi nada, Michael, tem certeza que não foi algum sonho?
– Eu não fiquei com sono a noite inteira, estava bem acordado, foi só o tempo de eu fechar e abrir os olhos novamente e ele não estava mais lá! - respondeu Kiske, a preocupação o dominando.
– Certo, então vamos procurar por ele! - disse Ingo, prontamente.
– Procurar para quê? - perguntou Weikath, seco. - No mínimo, ele deve ter ido pro mato fazer xixi pra não sujar ainda mais as calças de mijo!
– Olha, se quiser ficar aí montando guarda no acampamento, fica! Eu vou procurar pelo meu amigo! - disse Kiske, decidido.
– Eu vou junto. Não podemos abandonar um amigo nosso em uma floresta assombrada, simplesmente não é certo. - disse Ingo.
– Amigo? - perguntou Weikath, com desdém. - Desde quando?
– Desde que nos juntamos para fazer isso. Estamos nisso juntos, não é, Mike?
– É verdade! - disse Kiske. - De agora em diante somos nós quatro contra uma floresta inteira de zumbis, fantasmas e o diabo que for! Vamos resgatar o Kai, mandar esse Samhain de volta para o inferno e voltar para casa pra comer doce de abóbora! Logo depois das palmadas na bunda que vamos levar dos nossos pais... - completou, com pesar misturado com entusiasmo.
Os garotos, agora em quatro, guardaram as barracas e o kit de acampamento na mochila de Markus e seguiram viagem. O medo não os abalava mais, a ansiedade em encontrar Kai era maior que tudo naquele momento. Enquanto caminhavam entre as árvores escuras, em meio ao silêncio que a floresta transmitia, Ingo pensavam com seus botões.
– Não... É loucura, seria muito improvável, muito azar também...
– Que foi, Ingo? - pergunta Kiske, curioso.
– Não é nada, não deve ser nada... - responde Ingo, inseguro.
– Desembucha logo, tem algo que a gente precise saber?
– Eu estava aqui pensando... Sobre o Samhain. Acabei de me lembrar que, segundo a lenda, Samhain costuma usar como corpo hospedeiro humanos desprovidos de coragem, sem discriminação por raça, sexo ou idade... - disse Ingo, em tom de mistério.
– Espera aí um poquinho, você está me dizendo que acha que Samhain pegou Kai? Não acha essa hipótese um pouco mirabolante? - pergunta Kiske, descrente.
– É só uma possibilidade. Com o controle da mente, ele é capaz de hipnotizar Kai enquanto estivesse dormindo e o levá-lo para onde o ritual de invocação está sendo feito. - respondeu Ingo.
– Então é melhor nos apressarmos, porque se isso for verdade e Kai for o hospedeiro de Samhain, não haverá salvação para nenhum de nós! - disse Kiske, apertando o passo.
– Grande ideia essa de se meter na floresta, hein? - disse Markus, irônico. - Se não tivéssemos arrastado um cagão para o meio do mato, Samhain não retornaria.
– É, mas já está feito, agora temos que seguir em frente e trazê-lo de volta antes que seja tarde demais! - respondeu Kiske, impaciente.
Os quatro garotos andaram mais um pouco até que encontraram uma silhueta mais à frente.
– Era só o que faltava, outro vulto? - disse Weikath, a agonia tomando conta de sua voz.
– Espera aí, é meio pequeno para ser aquele vulto! - disse Kiske, com um ar de desconfiança. - KAI???
Quando a silhueta se aproxima o bastante para se ver quem é, os quatro meninos dão de cara com um jovem garoto de cabelos castanhos até o pescoço, trajando uma fantasia inusitada e com um sorriso no rosto, mais debochado que o de Markus.
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