Snuff - Dramione escrita por Lívia Black


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Vocês são lindos! *---* Obrigada pelos reviews! Estou muito contente! Espero que vocês gostem! Tô escrevendo loucamente haha (olha, rimou! *-*)



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Capítulo 3. - The First Cut is the Deepest


I can't destroy what isn't there.


Encontrou-o como já esperava encontrar.


Aparatou do lado de fora da Mansão –não era inconveniente de aparatar no hall, por mais liberdade que tivessem- e pressionou levemente a campainha ao lado da majestosa porta marrom-avermelhada, que estampava o número “1245” em seu fastígio.


Hermione Granger estava nervosa e não podia negar. Era perceptível demais, até mesmo nos movimentos mais ínfimos.


Seu coração parecia querer atravessar a carne. Olhava para o tapete que cobria o chão de entrada, que era previsivelmente verde. Malfoy sempre foi tão sonserino, tsc. Mas ela violara todas as regras possíveis e imagináveis quando resolvera ignorar este fato.


As coisas estavam diferentes agora.


Não era apenas mais um jogo entre adolescentes que diziam ser inimigos. Eles eram adultos. Não que agissem como tais, mas isso danificava de forma drástica os limites que havia entre diversão e seriedade. Eram amantes.


A própria palavra lhe causava arrepios e agravável repulsa de si mesma. Logo, pensou que havia cometido um erro em estar ali aquela noite. Ela com certeza devia estar em seu apartamento. Devia ter convidado Ron para assistir um filme debaixo de cobertores ou qualquer coisa similar a isto. E no entanto, ela estava diante da Mansão de seu amante. A probabilidade de de repente decidir desistir de todas as seus determinações era até palpável.


Estava considerando desaparecer dali, retroceder antes que fosse demasiado tarde. Mas antes mesmo que pudesse aprimorar seus planos a porta diante dela se abriu por completo.


Ela estremeceu com o barulho, e mordeu o lábio assim que o viu.


Draco Malfoy estava vestido como se estivesse indo para um encontro. Foi inevitável a imagem execrável de ele e Astoria passeando de mãos dadas, indo juntos a um restaurante e conversando num jantar a luz de velas.


Seu traje social. Requintado e de primeira classe. Sempre combinando com os cabelos loiros, displicentemente empurrados para o lado, e os olhos cinza, que, humilhantemente ela ainda não ousava encarar, mas que emitiam faíscas de ansiedade. A barba por fazer, e ela sabia que ele sabia que ela gostava quando ficava assim. Os lábios repuxados para o lado esquerdo, como numa demonstração de ceticismo e escárnio.


Tinha um copo de uísque de fogo na mão. Mas não ofereceria à ela. Se havia algo que ele sabia sobre Hermione Granger desde sempre, é que ela não ingeria álcool, nem nas mais extremas situações.


–Entre.


Sua voz pareceu ecoar nos compassos da atmosfera calada da noite. Hermione Granger sentiu as intenções por detrás da parede de tonalidades semi-indecifráveis, mas preferiu continuar evitando sua íris como quem recusa um aperitivo. Ele abriu a passagem e ela secretamente tomou fôlego para entrar na mansão.


Seu salto alto fazia estalos sob o lustroso chão de mármore. Tinha estado ali pouco mais que duas ou três constrangedoras vezes, mas suficientes para memorizar em que lugar ficava cada objeto. Atravessou o hall, mesmo não tendo sido convidada a avançar, e atentou seu olhar em um vaso de rosas vermelho-escuras com as pontas secas, que aromatizava o ambiente.


Parecia querer prolongar o inevitável até o último milésimo.


–Vamos para sala.

x-x


Draco Malfoy caminhou em frente a Hermione Granger, com a esperança de que ela o seguisse.


Ela o fez, sem nem ao menos titubear ou hesitar. Se por um lado ela desejava evita-lo, por outro, queria que se cessasse o mais depressa possível.

Mas ainda assim não quer me olhar nos olhos, ele refletiu, com um camuflado ar pensativo.


A sala de estar de Draco Malfoy era extensa e bastante luxuosa, decorada com móveis finos, chão de mármore e pequenas relíquias até o teto. Mas, conforme iam penetrando-a, mais fácil se tornava perceptível o quanto o ambiente estava frio e solitário em seu encalce. Quase como uma metáfora em relação a quem a usufruía.


Draco Malfoy suspirou.


Estacionou-se próximo a uma bancada com porta-retratos estúpidos e cruzou os braços. Jamais admitiria aquilo, mas minutos antes dela chegar colocara fotos dele com Astoria abraçados nas molduras.


Engoliu uma dose de uísque enquanto observava Hermione Granger caminhar em sua direção, com os olhos voltados para todos os lados, menos para o ângulo dos seus. Era incrível como ainda tinha a capacidade de se surpreender com a beleza das pernas dela. Sempre, era quase como se nunca as tivesse visto ou tocado. A meia-calça negra e levemente esburacada que ela vestia só parecia ressaltar essa perfeição. E a ideia que poderia ser privado de tocá-las para toda a eternidade lhe causava uma angústia inexplicável. Uma vontade de se afogar no próprio uísque que estava bebendo.


Por isso, pousou o copo na bancada, e passou a se concentrar no rosto dela. Ela causava a impressão de inocência. Uma falsa inocência.


Óbvio.


–Olha nos meus olhos agora, Granger. Você não vai poder ficar evitando isso a noite toda.


x-x


–Eu não estou querendo evitar nada. –Hermione Granger protestou com um desespero absurdo, disfarçando sua súbita timidez e andando entre os móveis até se aproximar de onde ele estava parado, e encontrar finalmente a camada cinza familiar de seus olhos. Sentiu um arrepio ao constatar o gelo que havia ali dentro. –Eu estou aqui, não estou?


–De fato, você está. – Ele sorriu.


Como se esse fato fosse o que havia de mais irônico na face da terra.

–Diga logo o que você quer de mim, então. Eu não estou disposta a perder meu precioso tempo com jogos infantis..


Jogo? –Draco Malfoy repetiu a palavra, movido pelos efeitos da acidez instintiva dela. –Para mim isso nunca foi um jogo, Granger.


–Para mim também não. Qualquer um que analisasse há um raio de um milhão de quilômetros saberia que existem coisas demais envolvidas para que pudesse ser só um jogo.


–Sim. E é justamente sobre essas coisas que eu quero que você fale.

x-x


Foi previsível que a sobrancelha esquerda dela se erguesse alguns centímetros.


Draco Malfoy não se dava conta de que sabia com todos os detalhes que quando ela estava confusa ou não sabia o que dizer, ou ela mordia o lábio inferior ou levantava a sobrancelha em um óbvio ar de dúvida.


–Sobre nós? , ela inquiriu, com um tanto de receio.


–Sobre qual é sua opinião a respeito de nós.


–Achei que tinha deixado bem claro isso na minha última carta. –Ela debochou, revirando os olhos como se já estivesse se entediando mesmo que mal tivessem engatado uma conversa. – Vai querer mesmo que eu repita?


Sim. É exatamente isso o que eu quero que você faça, Hermione.


x-x


Ela se surpreendeu ao ouvir o próprio nome, deslizando de forma fugaz pelos bem desenhados lábios dele.


Ele nunca a chamava de Hermione. Nunca. Mas obviamente ela tentou disfarçar todos os efeitos contraditórios que a simples menção de seu nome lhe causara. Endireitou os ombros e fingiu que não havia nem percebido o que ele havia feito. Mas também não conseguiu dizer nada. O silêncio tomou conta do ambiente sem que pudesse tomar coragem de lutar contra ele.


Teve que obrigar a voz a sair, antes que começasse a derreter sob os efeitos dos olhares que ele lhe lançava.


–Por quê?


Seu sorriso pulsou quando Hermione Granger fez a questão.


–Porque sim.


Foi nesse instante que ela percebeu que não havia escapatória. Seria patética se permanecesse silenciosa, mas ao mesmo tempo, por alguma razão que não conseguia explicar, não queria ter de repetir todos os detalhes da carta, assim, olhando dentro dos olhos dele. Mas era exatamente por causa disso que ela estava ali, não era?


Não tinha escolha.


Deu de ombros, enquanto seu interior se remexia como se estivesse sob um carma. Parecia estar na tensão de ser ouvida por uma enorme plateia.


Ou talvez fossem apenas os olhos de Astoria Grengrass que também a acompanhassem, dentro de algumas fotografias estúpidas.


–Você quer saber o que eu penso de nós dois, Malfoy? Bem, então aí vai. Errado. Essa é exatamente a palavra certa para nos definir. Tudo que fizemos até agora foi um erro, um erro muito grande e idiota, mas que justamente por ser proibido conseguiu nos prender da forma mais traiçoeira. Parece impossível se desvencilhar. Mas ainda não é tarde demais.


Ela não evitou sua íris por nenhum instante enquanto falava. Foi castanho sob cinzento. Gelo e Fogo.


Draco sustentava uma expressão impenetrável, tão fria e tão sua que ela jamais conseguiria decodificar.


–Ou seja, você acha que ter ficado comigo foi uma burrada, e você quer termina-la antes que alguém a descubra.


Ela arregalou os olhos pela forma com que ele havia resumido tudo, mas não podia negar que era verdade. Mordeu o lábio inferior involuntariamente, e se afastou um passo dele.


–Se você prefere dizer assim, Malfoy.


Ela o ouviu bufar.


Dessa vez, foi ele quem desviou o olhar. Passou a admirar cada canto de seu nada humilde aposento, andando alguns passos para esquerda, outros para direita. Se ocasionalmente ele se aproximava de onde ela estava, Hermione recuava, um ou dois passos. Não que tivesse o que temer. É claro que não.


O vaivém durou por um bom tempo. Foi quase uma brincadeira de gato e rato, onde suas respirações eram os únicos ruídos audíveis.


Até que Draco Malfoy quebrou tudo isso junto com uma rajada de vento que entrou por uma brecha da janela e congelou os ossos de Hermione Granger, através da pele e de seu casaco. Ele voltou a encará-la, mas já não era o olhar vazio de antes. Agora era inegável que o tom cinza assumira um nível elevado de desprezo, que se combinava perfeitamente com uma expressão de desdém e ódio. Muito ódio.


–Sabe o que eu prefiro dizer, Granger? –Perguntou, mas não deixou que ela nem pensasse em algum tipo de resposta. –Eu prefiro dizer que acho que fui enganado por você durante todos esses anos.


–Enganado...?


A castanha estava surpresa com a raiva na voz dele, e na forma que seus passos começaram a invadir o espaço dela drasticamente. Sentiu-se insultada.


–Sim. Enganado.


–Em que aspecto?


Malfoy riu. Adicionara uma boa dose de humor seco naquilo também.


–Sei lá, Granger. –Deu de ombros. -Talvez eu apenas me sinta usado por uma sangue-sujo do pior tipo que existe.


Hermione Granger deixou seu queixo cair no mesmo momento em que ele enunciou o termo “sangue-sujo” para se referir a ela.

–O quê??!!


–Foi isso que você ouviu. E tenho de admitir, essa é uma sensação nada agradável.


Ela se empertigou, indignada. O ódio dele parecia ser contagioso.


–Eu não usei você, Malfoy! Foi você que se aproveitou de mim na primeira oportunidade em que me viu frágil.


–Oh, é mesmo. Me esqueci de que você era a virgem inocente que estava chorando, aquele dia, no Baile de Formatura. –Ele bateu na própria testa, mas Hermione Granger não saberia dizer se ele estava falando sério ou apenas sendo irônico. – Mas tanto faz, não é? Isso foi há cinco anos. Podemos ter invertido nossos papéis a muito tempo, você não acha?


–Não, eu não acho. – Hermione Granger percebeu que Draco Malfoy tinha um sorriso no rosto, que ela não conseguia interpretar muito bem, mas que a deixava furiosa até o último fio de cabelo. Diferentemente dele, ela estava séria e muito compenetrada. –Você sempre soube que entre nós era só sexo, Malfoy. Você foi o primeiro a apoiar a ideia, por sinal. E eu concordei, porque mesmo amando Ron e amando sua forma de ser doce comigo, algo em mim precisa do desejo, dos toques, do sexo. E principalmente da consciência de que é só isso. Não há um “e agora?” depois.


Draco Malfoy deixou escapar um de seus sonoros e clássicos “tsc, tsc, tsc”.


–Quanto mais você fala, Granger, mas parece que se contradiz. Você diz que precisa do desejo, do sexo, e etc, e que a doçura você pode ter com o Weasley em outros lugares. Ok. Mas você adora quando eu murmuro o seu nome enquanto fazemos, não é?... E se arrepia quando eu a chamo de minha, mesmo afirmando que isso é irrelevante, que não é disso que você está atrás. –Hermione Granger cerrou os punhos. Queria contradizer as prepotentes afirmações que ele simplesmente jogava em sua cara, mas também estava ansiosa para descobrir o que vinha depois. –É, eu sei. Doçura você tem o Weasley. Comigo é o sujo, e você não aguenta mais ser suja. Não aguenta mais o fato de que nós somos apenas essa coisa sem pé nem cabeça, ou data de validade, onde a palavra “amor” não existe em circunstância alguma. Mas como você quer que exista se essa é a parte do Weasley????!


Malfoy! Pela milionésima vez, eu nunca disse que queria amor entre a gente! Pelo amor de Merlin, eu não tenho esse tipo de estupidez! Até porque acreditar nisso seria se iludir, e tudo não passaria de uma farsa. Não tem nada haver com amor, ou com a sordidez que a ausência dele representa! Tem haver com o fato de que estamos noivos agora! Será que você não entende??? Nós não devemos continuar. Não quero ter algo do que me arrepender depois!


Granger! Você foi a “namorada séria” do Weasley durante todos esses anos, mas isso não a impediu de foder comigo in off pelo menos três vezes por semana!! E eu tenho certeza que você não teve nem como se arrepender depois!


A essa altura da discussão, Hermione Granger já estava com os lábios doendo de tanto serem mordidos, e com os olhos castanhos praticamente inflamáveis de tanta raiva incontida. Não o julgava tão capaz de atirar essa verdade cruel sobre ela como se dissesse que o céu é azul, ou que os trouxas não sabem fazer magia. Mais uma prova de que ela nunca deveria duvidar de Draco Malfoy.


E agora era uma questão de honra se defender, nem que para isso precisasse mentir.


–Ah, é? Pois se eu fosse você eu não teria tanta certeza assim. Você me deu uma lista do tamanho da superfície da terra de motivos para me arrepender.

x-x


Draco Malfoy sorriu, satisfeito que ela se recusasse a admitir.


Assim, ele poderia provar para ela, na prática, que ela não se arrependia.


Invadiu o espaço dela de vez, com apenas mais dois passos, deixando-a sem alternativa ou rota de fuga, com as costas grudadas no sofá de couro e com os lábios vermelhos brutalmente mordiscados de aflição.


Ela estava começando a lembra-lo dos tempos em que ainda eram demasiado jovens.


Hermione Granger estava agindo como uma garotinha indefesa, mas de língua afiada, e tal impressão preenchia seu sangue de desejo.


–Eu sei. –Ele disse, enfim, colocando os dedos em volta do punho dela e deixando que ela sentisse o desejo que corria em suas veias na conexão de peles. Passou a contemplar através dos cílios espessos o tom castanho quase marrom-avermelhado que os orbes dela haviam assumido. Em seu todo, era um misto de desespero, dúvida e necessidade. -Mas quero que você olhe bem dentro dos meus olhos antes de dizer que se arrepende de ter me beijado no Baile de Formatura e de ter continuado com isso até os dias de hoje.


x-x


Era um pedido bem simples.


Dava até para fazer de conta que não havia uma camada de estratégias, persuasões, e batalhas a serem dribladas através dele.


Hermione Granger continuou encarando-o, mas ia se tornando cada vez mais difícil conforme ele aproximava o corpo do dela, com seu calor irresistível. Parecia que fazia séculos que não ficavam assim tão perto. E na verdade só fazia semanas.



–Bem dentro deles...Granger.


Mas Hermione tinha até mesmo fechado os olhos a essa altura, pois seus rostos estavam tão próximos, que era praticamente impossível permanecer com eles abertos.


Tão impossível quanto não ofegar.


O hálito fazia-lhe carinho, e ela não achou uma forma de descrever o ódio que sentiu de si mesma quando perdeu o controle.


Ele planejara para que fosse ela a dar o primeiro passo. Como há cinco anos atrás.


Só conseguia perceber isso agora.


E “agora” era muito tarde.


Mordeu o lábio inferior dele, experimentando da maravilhosa sensação de se livrar de um turbilhão de pensamentos confusos e contraditórios em uma fração de segundo. Logo estava mergulhada por completo no momento, na pele e no perfume dele.


Malfoy só passou a facilitar depois que ela mordeu-lhe o lábio. Mordeu o dela também, e em seguida sugou-os, invadindo sua irresístivel boca com a língua. Abraçou-a pela cintura, trazendo seu corpo tão perto que parecia querer que suas peles se atravessassem. O coração de Hermione Granger parecia querer explodir de batimentos cardíacos, e ele os podia sentir como se fossem um pedaço de si.


O beijo corria com a maior intensidade possível, e logo se transformou em algo mais quente. Hermione Granger passou a sentir com um arrepio delicioso com as mãos dele correndo por suas nádegas e pernas, ao mesmo tempo em que fazia um grande esforço para não arrancar as roupas dele.


Estavam totalmente sem fôlego, quando Draco Malfoy se afastou, quase sadicamente, como se quisesse fazê-la implorar para que não parasse.


–Vamos lá, Granger. –Ele pediu, enquanto ela ainda tinha dificuldades para respirar e abrir os olhos. - Agora. Diga que se arrepende. Diga que preferia que isso nunca tivesse acontecido e que prefere se casar com o Weasley e ter toda aquela baboseira de conto de fadas ao invés disso. Diga. Diga olhando nos meus olhos e eu a deixarei seguir seu caminho da forma que preferir.


Hermione Granger ofegou uma, duas, três vezes. Não queria. Não queria abrir os olhos. Parecia ser uma outra dela que estava consciente sobre a estratégia de Malfoy, sobre como aquele beijo tinha sido uma tentativa de persuasão, e que ela não deveria ceder. Mas sinceramente, a parte mais forte dela estava quase totalmente cedendo. Tudo que queria fazer era dizer que não se arrependia de nada e voltar a agarrá-lo para que terminassem aquilo da melhor forma que pudessem.


Mas algo em seu interior gritou, sacudiu a razão, berrou para ela que as coisas não eram tão simples como ela gostaria que fossem. Abriu os olhos e se deparou com os dele. Cinza. Hipnóticos. E com o sorriso. Sempre o sorriso. E sempre com escárnio demais para que ela pudesse interpretar com segurança.


Doeu de um jeito inexplicável quando Hermione Granger percebeu que estava realmente dividida entre duas vozes. Uma que murmurava sem titubear que era exatamente isso que ela queria ter para todo sempre. Que eram esses os olhos e o sorriso que ela queria enxergar depois de um beijo. Que era esse tipo de beijo que ela queria sentir. E a outra que suplicava, afirmava que aquilo não era certo, e que ela deveria estar com o gosto de outro beijo nos lábios. Deveria estar contemplando outro sorriso. Outros olhos.


Os olhos de alguém que estivesse disposto a lutar por ela de verdade, e não só por um caso.


Hermione Granger subitamente abandonou o vestígio de um sorriso que outrora quisera estar entre seus lábios. E o olhou bem no fundo daqueles olhos cinza.


Esses, que custavam a ser outros.


–Eu o amo, Malfoy. –Ela enunciou, com uma voz tão fraca, hesitante e triste que ela quase se sentiu uma incompetente ao produzir. O fato é que ninguém, incluindo ela, jamais soube a quem esse “eu o amo” era direcionado. - Rony. – A menção do nome pareceu clarear alguma coisa em seu interior. Algo que queria há muito tempo despertá-la para verdadeira realidade. - Eu não posso deixar nada atrapalhar nosso casamento.


Hermione Granger quase gritou para conter seu impulso de olhar para baixo, para qualquer lugar que não fosse os olhos dele, mas conteve-se, com uma única respiração e conteve também o líquido que seus olhos queriam expulsar antes de declarar com todas as letras e com todas as sílabas o que era necessário:


–Eu...Eu me arrependo. Arrependo-me de nós dois.



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Notas finais do capítulo

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