Wander E Os Colossos escrita por Victor A S S Vaz


Capítulo 6
Capítulo V - Espada Anciã


Notas iniciais do capítulo

Olá gente! Mas uma vez quero me desculpar pela demora na postagem do capítulo. Ando meio ocupado com os estudos e outras coisas secundárias. Mas amanhã mesmo estou entrando de férias, então o próximo capítulo virá rapidinho.

Esse capítulo não foi um dos que eu mais me diverti e me senti confortável escrevendo. Os motivos, vocês verão nas Notas Finais.

Muito obrigado!

Do autor

~ Victor Vaz(Yume Hideki)



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A batalha contra o espectro havia acabado. A batalha que custou a vida de diversos cavaleiros. Os golpes, mesmo que não tão certeiros de Ulhir com a Espada Anciã foram os mais decisivos para afugentar o espectro de Harahem para sempre.

Ulhir não estava bem. Usou por muito tempo a arma que poderia ser manuseada apenas por Lorde Emon, um xamã de alto nível, a reincarnação da linhagem de Nomë. Seu corpo e mente estavam desgastados. Por isso Ulhir foi juntamente com Naûtir para a sala de Emon no castelo, colocar a Espada Anciã de volta no altar.

— Nosso trabalho está feito. — Disse Ulhir, ofegante. — Aquela criatura amaldiçoada não nos atormentará novamente. Ao menos até conjecturar algum outro artifício cruel. Lorde Emon ficará orgulhoso.

Nessa hora Ulhir sentiu um aperto dentro de si. Se desequilibrou e caiu no chão, tossindo sangue.

— Ulhir! — Gritou Naûtir, socorrendo o companheiro. — O que houve?

— A Espada... Não posso tocá-la novamente.

— E você não o fará. Vamos, levante-se, volte a seu reduto e descanse. Não há mais nada que você possa fazer hoje.

Ulhir levantou-se lentamente e limpou o sangue com as vestes.

— Amanhã devemos orar pelas almas perdidas de nossos companheiros.

De repente ouviu o som de passos se aproximando rapidamente.

— Capitão Ulhir! O corpo... desapareceu.

Ulhir e Naûtir se surpreenderam.

— Como isso aconteceu? O espectro não pode encarnar em um corpo sem vida! —Disse Ulhir.

— Não sabemos como aconteceu. Ele simplesmente não está mais lá.

Ulhir pensou por uns instantes.

— A única hipótese seria a de que alguém de dentro da vila o tenha pego. Mas não há sentido algum em imaginar isso. Não existe nenhum motivo concreto para alguém querer aquele corpo. Um recipiente vazio de uma garota desconhecida... Amanhã realizaremos uma busca por Harahem e seus arredores.

— Ulhir, você já se esforçou muito. — Disse Naûtir. — Kalhen, Hanthus, Capitão Ulhir não está bem. Levem-no até seu reduto. Nesta noite, eu guardarei a sala sagrada

Os companheiros obedeceram. Naûtir saiu da sala e fechou a porta. Posicionando-se de frente da mesma. Wander, montado em Agro, chegara na parte de trás do castelo de pedra. Atrás dele, viam-se os campos e colinas, e ao que parecia ser à vários quilômetros à frente, montanhas rochosas, ao Norte. A direção que tomaria depois de realizar a sua missão no castelo.

Wander, então voltou sua atenção para o castelo novamente. Pensava em um jeito de escalar, até chegar numa janela aberta no quinto andar, dessa janela era emitida uma luz forte. Wander sentiu um aperto no coração. Aquele era o quarto onde Mono vivera sua vida inteira, trancada. Wander ficou de pé em cima de Agro e procurou um jeito de pular e se agarrar no parapeito da janela do segundo andar. Nas suas várias tentativas não obteve sucesso. No mesmo momento em que segurou as rédeas de Agro, para conduzi-lo até um outro lado do castelo, Wander ouviu o barulho da porta de entrada do castelo se abrindo, e se fechando logo em seguida. Wander, então desceu de Agro, acariciou sua crina e disse:

— Espere aqui e tente não fazer nenhum barulho. Logo eu estarei de volta.

Wander correu até a parte de frente do castelo, e silenciosamente se aproximou da porta. Tentou abri-la, e para sua surpresa, conseguiu. Ele então entrou, e fechou a porta às suas costas fazendo o mínimo barulho possível. Quando a porta se fechou, Wander ficou na penumbra. As tochas presas nas paredes estavam apagadas. Wander subiu pelas escadarias do lado direito, cuidadosamente. Chegando no segundo andar, Wander pôde ver melhor, as janelas no fundo e no início do andar estavam abertas. Subiu as escadas para o terceiro andar, onde a escuridão também reinava, pois as janelas estavam fechadas. Devagar e silenciosamente, subiu as escadas para o quarto andar. A cada degrau a pressão de seu nervosismo se tornava mais forte. Ao se aproximar do fim da terceira escadaria, percebeu a emissão de uma luz fraca mais acima. Espreitando na entrada do quarto andar Wander vira tochas acesas que projetavam a sombra de uma pessoa. Seu corpo gelou, Naûtir estava parado juntamente à porta da sala onde se encontrava o objeto ancestral, espada em punho. Tal artefato devia mesmo precisar de proteção.

Wander refletiu com um suspiro silencioso. Como iria passar por ele? Mesmo utilizando uma distração, como um guarda da divisão principal do xamã, uma insignificância qualquer não seria suficiente para que ele não permanecesse com um dos olhos atentos à sala sagrada. Sem a serenidade e paciência suficientes para elaborar uma estratégia, a mente de Wander foi em direção para a mais simples, porém, a pior das opções que o levariam ao sucesso. Sentiu o peso do arco preso às suas costas. Se não fizesse isso, Naûtir contaria aos outros cavaleiros sobre seus feitos, ele seria caçado. Isso atrapalharia consideravelmente seu plano com Mono, o seu futuro. Para ele, não havia outra opção.

Wander, com sua destreza de arqueiro experiente, arrastou-se pela borda da parede até encontrar uma posição confortável e um ângulo adequado. Tudo sem que os aguçados sentidos de Naûtir detectassem sua presença. Firmou a flecha no arco e puxou a corda, pensando no quão arrependido estaria se estivesse em uma situação diferente.

— Me perdoe.  Sussurou tristemente, enquanto soltava a corda, vendo a flecha se cravar em cheio acima da clavícula esquerda do cavaleiro.

Naûtir cambaleou atordoado, soltou a espada, e caiu escorando-se na parede próxima da porta, agonizante. Instantes depois, parou de se mexer.

Wander estava perplexo. Jamais achou que chegaria o dia que precisasse fazer algo como isso, mas não era como se pudesse escolher. Colocou o arco de volta às costas e caminhou ligeiramente até a porta da sala de Emon, sem ousar direcionar os olhos ao corpo aos seus pés. Antes disso, reparou na porta em frente à sala. Seu cadeado de prata agora se encontrava caído no chão. Era a porta que levava ao quinto andar, ao quarto de Mono. Wander, sem mais hesitação, virou-se e entrou na sala sagrada.

Lá estava, no canto esquerdo da sala, num altar iluminado por velas: A Espada Anciã. Wander, se aproximou do altar, esticou o braço lentamente, e a segurou. Wander sentiu uma grande força, e uma iluminação transcender por seu corpo. Nunca havia sentido nada parecido. A espada era leve e fácil de manejar, ele sentia um prazer inexplicável ao segurá-la. Ao mesmo tempo sentiu repulsa, pois aquela era a lâmina que tirou a vida de alguém tão especial. Uma relação de amor e ódio. Quando Wander se aproximou da janela e a abriu, a luz da lua iluminou a espada, que também emitiu uma luz própria. Wander já tinha a espada, agora só precisava sair daquele lugar. Ele olhou para fora da janela procurando alguma forma de descer até o chão novamente. Nesse momento, ouviu um grito forçado e raivoso às suas costas:

— Tolo maldito! Você trairá nossa vila?! — Era Naûtir, com a espada apontada em sua direção. Estava enfraquecido. O ferimento no ombro parecia profundo, mas ainda estava disposto a lutar.

Wander estava mudo. Não sabia o que fazer. Havia falhado em matar Naûtir. Sem nenhum aviso o homem o atacou. Wander nunca havia manuseado espada nenhuma, sua primeira reação fora se esquivar. Com o tempo, apenas a esquiva se tornou inútil. Naûtir encurralou Wander no canto direito da sala. O jovem tentou se defender com a espada. Na sua primeira defesa Naûtir abriu um pequeno espaço, e Wander se esquivou para a esquerda, agora estava em frente à janela. Naûtir desferiu um golpe ágil de baixo para cima, Wander tentou se defender mas a espada do guarda passou de raspão na mão direita, o que o fez derrubar espada. Sem pensar nas consequências, Wander se deitou no chão para recuperar a espada. Enquanto isso Naûtir preparava um golpe que definiria o duelo. Porém, a vida foi gentil com Wander. Ao recuperá-la do chão, a luz da lua cintilou na Espada Anciã, que emitiu um raio bem no rosto de Naûtir. Este ficou atordoado, e perdendo o senso de direção cambaleou para trás. Wander, sem ao menos pensar no que estava fazendo, trespassou a espada pelo peito de Naûtir e a retirou em seguida. Após o corpo bater com um baque surdo no chão, Wander se ajoelhou sobre ele. Enquanto engolia seco, observou o brilho desaparecer dos olhos do cavaleiro. Ao sentir a gravidade de seu ato, orou. Carregava agora o peso de uma vida, motivada pelo sacrifício de outra. Com a mão ferida, fechou os olhos do guerreiro caído.

De repente, ouviu as portas do castelo se abrindo. Os cavaleiros ouviram os sons do duelo. Ele não podia descer pela janela daquele quarto, pois os cavaleiros provavelmente o veriam se pendurando nas janelas e o detectariam, e ele não tinha certeza por qual lado das escadas os cavaleiros iriam subir, por isso não poderia arriscar descer por elas. Sua única alternativa era subir para o andar secreto, o quarto de Mono.

Wander colocou a Espada Anciã na bainha presa à sua cintura, e correu para fora da sala de Emon, e silenciosamente abriu a porta do quarto de Mono. Os olhos de Wander arderam com a quantidade de luz que emergia dentro do quarto. Ele estava completamente iluminado pela magia de Emon, que permitia que tanto a luz quanto a escuridão fossem ativadas apenas com a voz. Wander entrou e fechou a porta. A sua frente, havia uma escada bela e ricamente decorada. O chão era coberto por um tecido lilás, da cor do vestido de Mono. Wander subiu as escadas, e encontrou um lindo quarto, a parede era extremamente detalhada, haviam três poltronas, e uma cama excessivamente macia. Wander nunca estivera em um lugar tão confortável e aconchegante. E o melhor de tudo, tudo aquilo lhe fazia lembrar diretamente de Mono.

Na parede, do lado esquerdo haviam diversas pinturas, todas foram feitas por Mono, de acordo com aquilo que conseguia ver da janela, do que via em seus sonhos, ou simplesmente o que tinha em sua mente. Havia uma de um grande cavalo negro, outra de uma enorme torre que parecia alcançar o céu, uma que representava o Lorde Emon. Wander se assustou quando viu uma que representava, várias sombras humanoides, os espectros. Parecia que eles não atormentavam apenas os seus sonhos, como os de Mono também. E uma outra representava um jovem com cabelos cor de vinho, era de Wander. Wander se surpreendeu em ver que Mono já o conhecia antes de fugir daquele quarto. Mas de como e de onde ela o conhecia, não fazia ideia.

Sensibilizado com as pinturas de Mono, Wander decidiu que já passara da hora de sair do castelo. Ele escutara o som das lamentações e xingamentos dos cavaleiros no andar de baixo, pela morte de Naûtir e o desaparecimento da Espada Anciã, e deduziu que mais cedo ou mais tarde eles resolveriam subir para o quinto andar. Então Wander olhou pela janela, e viu Agro, esperando da forma como Wander o pediu. O cavalo o viu, e soltou um relincho de alegria. Wander, dando adeus ao quarto de Mono, desceu pelo parapeito da janela, e se soltou até agarrar no parapeito do quarto andar, e assim por diante, até cair são e salvo no chão. Ele então montou em Agro e foi em direção à seu quarto, nos estábulos. Harahem já estava mais calma que antes, não se via ninguém fora de suas casas. Mesmo assim, para não levantar nenhuma suspeita, Wander foi pelas fronteiras, até voltar, finalmente aos estábulos. Desceu de Agro, e entrou em seu quarto. Mono estava lá, sobre sua cama, da mesma forma como ele a havia deixado.

Wander tinha consciência de que seria uma longa e cansativa viajem até o norte, e que passaria tanto pela chuva, quanto pelo sol escaldante. Precisava de algo para cobrir o corpo de Mono, além de a esconder dos cavaleiros que talvez encontraria no caminho até sair de Harahem. A única coisa que tinha, era seu grande e escuro cobertor. Wander, então, enrolou Mono carinhosamente em seu cobertor, até que este à cobrisse totalmente. Wander carregou o corpo de Mono e o pôs em cima de Agro, sem se importar ou ao menos se dar conta dos livros e todas as coisas que, um dia, foram extremamente importantes para ele, ele simplesmente fechou a porta em seguida, sem olhar para trás. Então finalmente, montou-se em Agro, e segurou o corpo de Mono sobre o colo, estava perfeitamente seguro. Assim Wander deixou seu quarto e os estábulos para nunca mais voltar.

Wander, dirigiu-se para o norte. Logo já tinham saído de Harahem. Juntos passaram pelas colinas e campos, iluminados apenas pela luz da lua. Era uma noite triste e sombria, mas que ao mesmo tempo, a luz que a iluminava representava a esperança.

Agro cavalgava lentamente, por causa de sua frágil carga, e até que os primeiros raios solares iluminassem o céu, Wander já estava o mais longe de Harahem do que jamais estivera.

Já tinha a Espada, já tinha a determinação, agora apenas precisava descobrir se as palavras do espectro foram verdadeiras. Se fossem, ele traria de volta à vida a pessoa que mais amou e havia sido tirada dele poucos momentos atrás. A esperança fluía em seu coração. Tudo dependia daquilo. Estava disposto a qualquer coisa para ter Mono de volta.

Este foi o início da jornada de Wander às Terras Proibidas. A jornada de sua vida.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo deveria apresentar apenas o roubo da Espada Anciã pelo Wander, e saída do mesmo de Harahem. Como, na minha opinião, fazer simplesmente isso seria algo bastante desinteressante, resolvi criar mais coisas que eu não tinha em mente na história original desse capítulo, para deixá-lo um pouco mais emocionante. E tive que pensar nisso em um dia(no mesmo dia que resolvi escrever). Então se tiver algo que eu possa melhorar, tanto no capítulo, quanto na história em si por favor me avisem.

O próximo capítulo será um "Spin Off" da história. Como que se um prelúdio mais profundo, do qual eu mostrarei minha visão de como eu imaginei os acontecimentos anteriores, que serão extremamente relevantes para o decorrer da história a partir de agora: desde quando as Terras Proibidas(nesse tempo não eram proibidas)eram habitadas, até a criação dos Colossus.

Enfim, é isso.

Até o próximo capítulo!