Entre a Luz e a Escuridão escrita por zariesk


Capítulo 29
Capítulo 24 - a Guerra negra.


Notas iniciais do capítulo

a guerra finalmente começou, de um lado as forças da aliança comandadas pelos guerreiros da luz.
do outro isawa comandando o exercito das trevas para reconquistar sua terra perdida e corrigir as injustiças sofridas pelos seres que habitam as trevas.
mas quem vencerá?



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Aquela pequena caixinha nunca lhe pareceu tão pesada quanto agora, observando o conteúdo longamente e depois colocando de volta como se estivesse indecisa sobre usar ou não, aquele salão enorme e vazio nunca lhe pareceu tão escuro e frio, mesmo que já se acostumara as trevas e a sua herança sombria ela ainda tinha receio de se entregar completamente a escuridão, como se fosse um caminho sem volta.

Talvez ela já estivesse num caminho sem volta, Isawa optara por liderar seu povo para uma guerra, uma guerra que decidiria seu destino e todos aqueles que dependiam dela, com certeza se ela fracassasse dessa vez não haveria um milagre que salvasse todos aqueles que vivem nas trevas.

Ciente do seu dever e das conseqüências do fracasso ela finalmente se decidiu sobre como usar o presente que ganhara de Tenebra no seu aniversario, ela retirou o pequeno orbe negro e depois de se concentrar num nome ela jogou o orbe no chão, uma fumaça púrpura envolveu seu corpo e depois se afastou tomando forma e crescendo, a armadura e a espada que Isawa usava desapareceram dentro da nuvem púrpura e pouco tempo depois um esqueleto colossal surgiu diante dela, um esqueleto que ela encontrou antes quando visitou Daí-Lung pela primeira vez.

 

- Olá pai, eu queria tanto falar com você... – disse Isawa para o esqueleto colossal.

- Me poupe do sentimentalismo e diga logo o que você quer – exigiu Zariesk furioso.

 

O orbe que lhe foi presenteado por Tenebra permitia invocar uma alma morta nesse mundo por uma hora, mas para isso ela precisaria do corpo ou de um objeto inestimável para a alma, nesse caso ela usou os restos do seu pai para trazê-lo.

Na verdade o maior dilema de Isawa era escolher entre seu pai e sua mãe para invocar e conversar, ela precisava de conselhos e um pouco de afeto, mas ainda não se acostumara a ter um réptil gigante como progenitor, mesmo hoje era surreal demais!

 

- Já me falaram que você não ligava pra mim – comentou ela – mas também disseram que você morreu protegendo a mim e a mamãe, eu queria saber o que você sente por mim.

 

Isawa parecia uma tímida menina procurando a aprovação do pai, era mais difícil ainda manter a cabeça erguida diante de um ser como aquele, as mãos nervosas dela não paravam quietas esfregando uma na outra.

 

- Você é minha filhote, não tenho motivos para odiá-la – respondeu ele – de qualquer forma você fez por merecer meu respeito.

 

Um sorriso tímido se formou nos lábios dela, ela sabia que seu pai era péssimo pra demonstrar sentimentos, e ela própria não se dava bem com sua própria natureza.

 

- Você sabe sobre a guerra não é?

- Sei de tudo, mesmo na forma de espada e armadura eu tinha noção do que acontecia ao redor.

- Eu estou com medo pai – confessou ela – mesmo depois de treinar tanto eu ainda tenho medo! Eu queria ser forte como você!

- Esqueça isso, você herdou a força e a coragem da sua mãe e os poderes do meu sangue – afirmou ele com uma voz poderosa – a força que você possui é única e totalmente sua!

- Mas será que é o suficiente? Tantos dependem dessa vitória, eu tenho medo de falhar e condenar todos que confiaram em mim...

 

Zariesk apenas colocou uma pata esquelética sobre ela derrubando-a no chão, o peso daqueles ossos era demais pra ela erguer.

 

- Não tente carregar o mundo nas costas – disse ele aliviando o peso – é uma carga pesada demais pra uma criança como você, ao invés disso procure uma razão mais leve para lutar, algo que você realmente queira e que não seja pesado demais pra levar nas costas.

 

Tirando a pata das costas dela Isawa sentou-se no chão com algumas lagrimas nos olhos, ela não esperava que sua conversa com seu pai fosse assim, baseada em tudo que lhe contaram sobre ele Isawa ficou surpresa que ele estivesse lhe dando atenção.

 

- Sua mãe também começou por baixo – continuou ele – ela deu seus primeiros passos pensando em si mesma, a cada degrau que ela subia aumentavam também suas ambições, ela jamais teve ambições grandiosas desde o inicio.

- Obrigado pai, acho que agora eu já sei como devo começar – disse ela sorrindo – e eu também queria lhe mostrar algo!

 

Isawa transformou-se completamente em sua forma dracônica e mostrou-se por inteira a Zariesk, o dragão mesmo sem expressar fisicamente ficou admirado com a beleza peculiar de sua filha.

 

- Você é bem mais do que eu esperava quando nasceu – comentou ele.

- Se isso é um elogio eu fico agradecida – respondeu ela sorrindo.

- Ótimo, agora vá e vença essa guerra, não te perdoarei se voltar pra casa derrotada! – exigiu ele – e quero que minha lâmina fique ensopada com o sangue daqueles malditos! Não aceito nada menos que um massacre!!

- Combinado papai, prometo esquartejar alguns em seu nome – ela sorriu sem saber se realmente cumpriria a promessa – mas eu posso lhe pedir uma coisa?

- E o que seria?

- Posso lhe dar um abraço?

 

Se Zariesk tivesse carne sobre seus ossos com certeza ele teria feito uma careta indecifrável por causa desse pedido, mas talvez o re-encontro entre pai e filha tenha-o deixado mais brando já que ele simplesmente abaixou a cabeça para que seu focinho tocasse o chão, Isawa rapidamente abraçou o crânio encostando seu rosto ao osso e sorrindo.

 

- Sentirei falta disso pai, eu queria ter visto como você e a mamãe eram juntos.

- Sua mãe era única nesse mundo – respondeu ele – a única mulher digna de mim, diferente daquele animal do Shinmon que se enche de esposas!

- Falando no shinmon ele...

- MAS QUE FEDOR DE ESGOTO É ESSE? – perguntou Shinmon entrando no salão sem saber o que acontecia.

 

Como se fosse um ato totalmente involuntário Zariesk atacou Shinmon com uma baforada acida, e a reação do outro também foi instintiva pois desviou do ataque saltando pra longe, o acido abriu um buraco no chão liberando vapores tóxicos que felizmente eram inofensivos pra Isawa.

 

- Que saco de ossos é esse? – perguntou Shinmon se recuperando do susto – não me diga que é o...

- Quem mais poderia ser seu retardado avoado?? – gritou Zariesk em fúria – por que não apareceu quando o castelo foi atacado?

- E por que acha que eu me envolveria nas suas besteiras? – gritou o outro em resposta já se transformando em sua forma dracônica – você que se casou com ela, você que resolva os pepinos de sua esposa!

- Você não tem moral alguma pra falar sobre problemas conjugais seu bastando polígamo! E o que você andou fazendo com minha filha?

- Sua filha? Desde quando você tem laços paternos? Pelo que sei você comeu seu outro filhote a 60 anos!

- VOCE COMEU MEU IRMÃO???? – gritou Isawa horrorizada.

- Era um filhote dragão de outra mulher minha, isso não vem ao caso – explicou ele sem dar importância.

- E quem disse que você pode chegar aqui e sair tacando acido nos outros? Vou acabar com você seu maldito!!

 

Shinmon pulou sobre Zariesk e os dois saíram bolando pelo salão tentando se matarem, Isawa ficou apenas olhando a cena tentando entender como aquilo começou.

 

- Se não se importam eu tenho que organizar o exercito pra invasão – avisou Isawa – então eu já estou indo.

- Vá chutar os traseiros daqueles adoradores do sol! – gritou Zariesk enquanto se atracava com o outro.

 

Depois que ela fechou a porta do salão de lá de dentro saíram sons de explosões e muitos gritos e urros, com certeza eles estavam se arrebentando mutuamente.

 

- Isso deve ser o que eles chamam de amizade entre dragões – disse para si mesma rindo de tudo isso.

 

 

***********************************************

 

Fazia apenas 3 horas que o sol nasceu no horizonte e a correria dominava a cidade do deserto, exatamente as 15:00 horas o prazo da trégua se extinguiria e a guerra começaria, fora o ano mais longo na opinião de Menefer que agora andava apressada pelos corredores da pirâmide, sua agitação era tanta que ela nem dormiu noite passada.

Sua maior vontade era partir imediatamente para o continente e liderar pessoalmente os soldados do império solar, mas antes disso ela foi convocada para a ultima reunião estratégica antes da grande batalha.

Quando chegou a sala de reuniões ela foi recebida por seu pai, os generais dos exércitos e o clérigo chefe da ordem de Azgher na cidade, Menefer se sentia pequena diante de tantas pessoas importantes.

 

- Sente-se Menefer – pediu o faraó – daremos inicio a reunião.

 

Atendendo ao pedido do seu pai ela sentou-se na cadeira vaga próxima a ele, devido a importância dessa reunião ela não conseguia ficar a vontade com todos os olhares sobre ela, e logo ela ficou agradecida por um general se levantar para falar.

 

- Tenebra reuniu todo o seu exercito na cidade morta de Daí-Lung – começou ele – isso inclui os 18.000 morto-vivos criados por ela na semana negra, varias das criaturas criadas por ela e alguns demônios de seu plano, mas até agora não temos nenhuma informação sobre Isawa ou seus aliados mais próximos, nem sabemos se ela está lá também.

- Natural que não saibam, ela ainda está protegida pelo pacto – informou o clérigo chefe – até que o prazo se esgote completamente não conseguiremos localiza-la ou descobrir o que está fazendo.

- Elimina-la é a chave para a vitória! – disse um general mais exaltado – Isawa é o símbolo dessa revolta, sem ela as esperanças deles se acabarão!

 

A forma como ele falou isso irritou Menefer, por algum motivo ela achava errado recorrer a qualquer método para alcançar a vitória, fazia parecer que eles eram os vilões.

 

- O que os lideres das nações de Houran pensam sobre isso? – perguntou o faraó.

- Eles estão tão ansiosos quantos nós para expurgar de vez os remanescentes das trevas de seu país.

- O tempo está do nosso lado, como o pacto se extinguirá ainda de dia teremos algumas horas antes que eles possam lutar com força total – informou outro general – antes que os servos de Tenebra possam lutar destruiremos Daí-Lung com um ataque maciço!

- Vocês querem destruir Daí-Lung? – perguntou Menefer surpresa.

- Algum problema nisso princesa? – perguntou o general desconfiado.

- Daí-Lung apesar de estar em ruínas é um símbolo e patrimônio do povo de Tenebra – disse ela – destruir a ex-capital pode enfurecê-los de forma desnecessária.

- Não se preocupe quanto a isso minha filha – tranqüilizou o faraó – dessa vez exterminaremos cada remanescente até que não sobre um sequer! Dessa vez não sobrará nenhum deles pra que erga contra nós novamente!

 

A palavra “exterminar” parecia um pecado terrível para Menefer, graças a sua linhagem angelical compaixão era algo natural pra ela, mesmo que seja um inimigo, ela desejava com todas as forças vencer essa guerra, mas em momento algum ela queria ser uma exterminadora.

A reunião ainda continuou por mais uma hora, ao final todos foram dispensados e voltaram as suas posições de comandos, todos exceto Menefer que continuou ao lado do pai por pedido dele.

 

- O que deseja de mim meu pai? Eu gostaria de partir logo para Houran.

- Você não participará dessa batalha Menefer – avisou ele – você ficará aqui por enquanto.

- Mas por que meu pai? Essa é a batalha mais importante de todas! Como representante do nosso povo devo estar lá!

- De fato essa será a batalha mais importante mas não será a ultima – começou ele – a batalha não acabará até que Isawa seja eliminada e você se encarregará disso.

- Mas por que não devo...

- Tenebra protegerá sua escolhida como puder – adiantou-se ele – de hoje para amanhã seu maior exercito cairá mas a líder com certeza fugirá, você deverá liderar a aliança procurando por ela pelo país e quando finalmente a encurralar por um fim nisso de uma vez por todas!

 

Menefer apenas baixou a cabeça decepcionada, ela queria estar ao lado de todos que confiaram nela nessa guerra, ficar em casa significava ficar alheia a guerra e deixar que os outros lutassem sua maior batalha.

 

- Se tudo der certo finalmente daremos fim a essa guerra que se arrasta pelas eras – disse ele colocando as mãos sobre os ombros dela – nosso povo e nosso deus serão glorificados e uma nova era se abrirá para nós! Uma era iluminada para nós e para o povo de Houran!

 

Menefer não podia se negar a isso, acima de qualquer desejo pessoal estava o objetivo pelo qual todos os seus antecessores lutaram a vida inteira e agora o destino desse mundo estava em suas mãos, se Isawa era a escolhida das trevas Menefer era a escolhida da luz.

 

- Eu cumprirei meu destino e deixarei o senhor, nosso povo e nosso deus orgulhosos.

- Sei que irá minha filha, você nasceu abençoada com o fogo de Azgher correndo em suas veias, o seu futuro brilha glorioso.

 

Um abraço como jamais receberá desde que sua mãe morreu na ultima batalha, os braços reconfortantes do pai lhe pareciam tão seguros que ela desejou nunca se afastar dele.

E sem que os dois notassem uma sombra os observava atrás das cortinas, uma sombra malévola que sorria da grande ironia dessa cena, quando a guerra acabasse essa sombra seria a única a rir no final.

 

 

***********************************************

 

- Eu adoro quando uma estratégia brilhante dá frutos – disse o deus da guerra com uma taça de vinho admirando as movimentações no mundo mortal.

- A escolhida de Tenebra teve uma ótima idéia, quem diria que uma mortal inexperiente seria capaz de pensar em algo assim? – Sszaas sorria acompanhando o outro em sua alegria.

 

O alvo da atenção deles era o reino de Daí-Lung onde todo o exercito de Tenebra estava reunido, apenas uma fração desse exercito podia ser visto na superfície, a maior parte dormia no subterrâneo devido a detestável luz do sol, ao redor dos muros o exercito da aliança estava reunido citiando a terra profana, dentro de pouco tempo a batalha se iniciaria.

 

- O outro lado também está bem organizado – avaliou Keen – os servos de Lena lideram seus próprios batalhões e as armas de cerco já estão posicionadas, as criaturas mágicas atacarão logo após a primeira onde de ataques.

- Mas já sabemos o resultado dessa batalha – disse o deus corruptor – mesmo com tudo isso eles estão condenados desde o inicio!

- Como eu disse antes: eu adoro quando uma estratégia brilhante dá frutos – Keen tomou mais um gole do vinho e gargalhou queria que Tenebra estivesse aqui pra ver isso!

- A meretriz de Khalmyr está mais preocupada com a outra parte do plano – zombou Sszaas – a parte mais importante do plano que só começará a noite!

 

Com um estalar de dedos keen mudou a imagem que vislumbrava de Daí-Lung para um outro lugar desconhecido, um lugar sob a terra onde um outro exercito se reunia.

 

 

*******************************************

 

 

No meio do deserto quando o sol estava preste a se por um homem montado a cavalo olhava aflito o enorme buraco que se formara no rochedo, um buraco que parecia ter sido escavado pela maior das toupeiras do universo, um buraco que não estava ai até ontem, algo totalmente preocupante e ameaçador.

Sua apreensão só diminuiu quando outros dois cavaleiros se juntaram a ele, ao avistar o buraco ambos tiveram a mesma reação do outro.

 

- Quem ou o quê poderia ter feito isso? – perguntou um deles que parecia ser um oficial.

- Não sei senhor, ontem tudo estava normal e agora esse buraco monstruoso apareceu, alguma criatura deve ter feito isso!

- Onde estão os outros dois que estavam com você? – perguntou o outro soldado.

- Eu mandei os dois averiguarem o interior – respondeu ele – faz 5 minutos creio eu.

- Você mandou dois soldados despreparados entrarem num túnel misterioso? – questionou o oficial – se eles encontrarem o que fez esse buraco podem acabar mortos!

 

Não houve tempos pra arrependimentos ou repreensões, uma saraivadas de flechas alvejaram os 3 de forma precisa e fatal, assim que os corpos tombaram no chão 8 elfos de pele azul quase negra e cabelos prateados saíram do túnel, eles pareciam incomodados com o por do sol que teimava em manter um resquício de luz no rochedo.

 

- Batedores eliminados – disse um deles.

- Peguem os corpos e os cavalos, tenho certeza que as bestas devem estar com fome – ordenou o líder do grupo.

 

Enquanto os outros elfos negros recolhiam os cadáveres e os cavalos pra levar pro túnel o líder usou uma magia de vento para apagar da areia as evidencias de que um grupo de batedores foi assassinado ali, em seguida ele voltou sorrindo pra dentro do túnel, daqui a uma hora o sol iria se por completamente e a escuridão dominaria o deserto.

Voltando para o interior do túnel os elfos jogaram os cadáveres e os cavalos vivos paras as inúmeras feras que se acomodavam no enorme salão escavado, todo o recinto estava tomado por todo tipo de criaturas e não se fazia idéia de quantos guerreiros das mais variadas espécies aguardava o momento derradeiro, atravessando a multidão de guerreiros e monstro o líder dos elfos negros chegou até sua mestra e depois de se ajoelhar perante ela informou o relatório.

 

- Minha princesa, como esperava-mos um grupo de batedores passou por aqui – informou ele – mas os eliminamos antes que pudessem dar qualquer tipo de aviso.

- Muito obrigado Berforam – agradeceu Isawa sorrindo – você e seu pessoal foram de grande ajuda.

 

Berforam sorriu de volta para Isawa, ele tinha muito orgulho de servir uma princesa como ela que lutava pelo povo da escuridão, com uma rápida prece agradeceu a Tenebra por ter sido enviado para servir a ela.

 

- A batalha em Daí-lung já começou a algum tempo – informou Turok se juntando a ela – o exercito da aliança está atacando com tudo e temo que a cidade seja devastada.

- Uma cidade pode ser reconstruída novamente – disse Isawa – mas a guerra não pode se estender ou se espalhar ou do contrario muitos serão pegos por ela.

- O futuro dessa guerra se encontra nessa batalha – disse Yoriki – aconteça o que acontecer temos que vencer essa batalha para por fim a guerra.

 

Um demônio alado atravessou o salão apressadamente e gritando pra todos os lados, com certeza a noticia que todos aguardavam seria anunciada.

 

- Finalmente o sol se pôs lá fora! – avisou o demônio eufórico.

- Diga a todos pra se prepararem! – ordenou Isawa – quando eu der o sinal marcharemos lá pra fora!

 

Quando o demônio se foi para espalhar a noticia um alvoroço tomou conta do salão e do túnel, todos que aguardavam pacientemente a hora de atacar se prepararam com armas em punho.

Era totalmente irônico que esse plano só pudesse dar certo graças a participação do anões, eles escavaram um magnífico túnel do interior das montanhas até o mais próximo possível da grande cidade do deserto, os anões que não estavam dispostos a tomar partido dessa guerra só se juntaram as fileiras de Isawa depois que aquele terrível incidente aconteceu na cidadã anã onde um grupo de servos de Azgher mataram vários anões inocentes.

Agora aqui estava o maior flagelo da luz a apenas 20 quilômetros de distancia do seu alvo, uma distancia que poderia ser cortada em pouquíssimo tempo e assim atacar a cidade do deserto de forma rápida e eficiente, um ataque para vingar o império de Houran e a capital Daí-Lung que foi ataca de forma covarde durante o dia.

 

- Você está mesmo decidida a atacar não é? – perguntou Daneth para sua amiga.

 

Daneth era o único ali que não tinha motivos pessoais para estar participando dessa batalha, não havia nenhum ressentimento, perda ou desejo de vingança da parte dele, mesmo assim em nenhum momento ele deixou Isawa para trás ou censurou seus atos, por isso ela sempre o ouvia e pedia conselhos.

 

- Eu não tinha certeza até descobrir as verdadeiras razões por trás da guerra anterior – respondeu ela direta – eu vou fazê-los pagar por tudo que fizeram, essa é minha vingança que não posso deixar de lado ou jamais poderei dormir em paz novamente.

- Mas a vingança não é o único motivo não é? – continuou ele.

- Meu desejo de vingança é a minha razão pessoal pra lutar, o que me motiva de forma mais intima – esclareceu ela – mas eu tenho uma outra razão bem maior pra lutar.

 

Ela levantou-se da pedra onde estava sentada e caminhou um pouco antes de continuar sua resposta para o amigo.

 

- Eu luto por aqueles que não podiam mais lutar, luto pra que o suposto destino reservado a eles não seja imutável – respondeu ela – eu lutarei pelo que acredito e não por que alguém me mandou lutar.

- Fico feliz em ouvir isso – disse Daneth – se me dá licença vou me despedir da Otsunia, eu pedi a ela para me esperar no templo de Shinmon mas ela fez questão de vir até aqui se despedir!

- Tome cuidado Daneth-san, você já a fez esperar muito tempo, morrer agora é imperdoável!

- Eu tenho você pra me levantar como zumbi! – brincou ele – mas volto pra ela de qualquer jeito.

 

Daneth saiu sorrindo da própria piada, Isawa achava engraçado que ele aceitasse com tanta naturalidade morrer e voltar como um zumbi, e sua alegria aumentou quando viu Fou a observando, ele se aproximou até que seus rostos ficassem colados e suas respirações se misturassem.

 

- Não ouse morrer nessa guerra! – exigiu ele.

- Não morrerei de forma alguma, e você também!

 

Como sempre gostava de fazer Fou a envolveu com as asas cobrindo seu corpo, alguns beijos foram trocados antes que Isawa se desse conta que já estava atrasada perante seu exercito.

 

- Temos que ir, a noite é curta demais pra juntar prazer e trabalho – brincou ela.

 

Isawa subiu rapidamente uma grande pedra que serviria como palanque, de lá todos prestaram atenção nela, morto-vivos, anões, demônios, monstros, licantropos... todos os seres que tinham o mesmo desejo de Isawa ou apenas ódio pela luz.

 

- Esse é o momento decisivo para todos nós! – começou Isawa com uma voz firme – a um ano eles impuseram condições para nós, mas o sofrimento de todos já dura décadas, para alguns até mesmo séculos!

 

Urros e gritos furiosos foram ouvidos ecoando por todo o túnel, possivelmente seriam ouvidos nas montanhas dos anões.

 

- Eu não sou boa com decursos ou grandes palavras, na verdade nem sei se sou boa o bastante pra estar aqui, mas uma coisa eu garanto: lutarei até o fim pelos meus direitos e o de vocês, e corrigirei as injustiças que nós sofremos!!

 

Nova comoção de todos os seus seguidores, Isawa conseguia exalar confiança até mesmo para aqueles mais desconfiados ou pessimistas.

 

- Então já chega de discurso encorajador e vamos mostrar pra esses adoradores do sol o que é o verdadeiro sofrimento!

 

Com a ordem dada o exercito marchou para fora do grande salão, seus passos conjuntos estremeciam o chão e ensurdeciam aqueles com audição mais sensível, antes de Isawa se juntar a eles convocou os lideres de cada grupo, em primeiro lugar ela se dirigiu a aqueles que se uniram a ela pelos mais variados motivos.

 

- Lembre-se de nosso acordo senhor Dreagak – disse Isawa para o monstro a sua frente – eu quero derrubar o império, e não massacrar a população, controle seus aliados para não atacar o povo.

 

A criatura com quem ela conversava era o representante de Dislik nessa batalha, um terrível monstro que lembrava a combinação de centauro e dragão.

 

- Você disse que não podemos atacar as casas, mas o que faremos se encontramos pessoas nas ruas? – perguntou ele maldosamente.

- Façam como quiserem – autorizou ela.

 

Enquanto Dreagak saia urrando para convocar seus subordinados Isawa tinha a certeza que ele daria um jeito de ir além do combinado, mas ela pouco podia fazer a respeito disso, em seguida foi a vez do seu guardião Turok.

 

- Eu conto com você para libertar nosso povo que foi feito de escravos Turok-san – pediu ela gentilmente.

- Como desejar minha princesa – respondeu ele curvando-se – libertarei todos os escravos e os manterei em segurança.

 

Turok juntou-se aos seus comandados em frente a entrada, quando o ataque começasse ele deveria ir com tudo pros campos onde os escravos eram mantidos, agora só faltava a participação de mais uma pessoa, Isawa precisava dele mais que qualquer um para começar o plano e rezava para que ele aparecesse, felizmente suas preces foram atendidas quando a enorme fera azul cruzou os céus e aterrisou próximo a ela, sobre sua cabeça Kaliope e Karin aguardavam a ordem.

 

- Obrigado por ter vindo Shinmon – agradeceu ela.

- É uma chance única de me divertir com uma destruição – respondeu ele – não perderia isso por nada!

 

As duas sobre ele começaram a rir, estavam tão ansiosas quanto ele para começar.

 

- Então se estiver bom pra você já pode começar – pediu Isawa.

 

O dragão urrou em fúria e subiu aos céus, quando ele se afastou em direção a cidade Isawa deu a ordem e seu exercito marchou em direção a cidade, essa seria a noite da revanche sobre todos que lhe tomaram seu reino e destruíram a nação que Kyara  tanto batalhou para erguer e comandar.

 

 

******************************************************

 

Apesar de abominar a escuridão Menefer gostava do vento refrescante da noite, com sua cidade banhada em luz durante a noite inteira ela podia desfrutar de uma tranqüilidade que não sentia em nenhum outro lugar do mundo, sua cidade que recebia o apelido de jóia do deserto era como um farol no meio do oceano guiando barcos perdidos, mas nesse caso ela guiava as caravanas que viajavam a noite, da sacada do seu quarto ela observa a cidade que dormia tranquilamente certos de que a luz de Azgher os protegeria.

 

- Em quê você está pensando? – perguntou Naziah abraçando-a por trás.

- Eu gostaria de estar lutando na linha de frente – respondeu ela se aconchegando nos braços dele.

- Quando o sol se pôs o exercito recuou, as criaturas de Tenebra saíram do subterrâneo e atacaram com tudo – informou ele.

- Aquela bruxa maldita! Sempre escondendo sua escuridão para jogá-la sobre os outros de surpresa!

- Esqueça isso um pouco – pediu ele – mesmo que você seja uma guerreira há momentos que precisa desfrutar da paz.

 

Menefer voltou-se para ele enlaçando seu pescoço com os braços, depois de uma deliciosa seção de beijos ela sorriu para o namorado.

 

- Meu pai disse que quando essa batalha acabar nós poderemos nos casar! – disse ela sem conter a emoção – meu pai finalmente te aceitou!

- Isso é maravilhoso meu amor! – Naziah e pegou nos braços e girou no ar em comemoração.

 

Os dois se abraçaram fortemente e voltaram a se beijar, mas no momento que suas caricias já se tornavam mais profundas Menefer notou algo no céu que lhe chamou a atenção, uma enorme fera alada e azul sobrevoando a cidade próximo ao grande cristal solar.

 

- Aquilo é um dragão azul? – perguntou ela confusa.

- Parece que sim, mas o que um desses estaria fazendo por aqui?

 

Enquanto isso lá no céu Shinmon pairava sobre a cidade, ele sabia que sua presença já fora notada mas que eles nada poderiam fazer quanto a isso, em sua cabeça sua esposa Kaliope e a pequena irmã de Isawa recitavam cânticos profanos enquanto uma aura negra envolvia as duas.

 

- Quando quiser querido – avisou Kaliope.

 

O dragão escancarou sua boca e começou a concentrar um enorme relâmpago para disparar, depois que o relâmpago estava completamente carregado as duas liberaram aquela aura negra que se fundiu ao relâmpago criando uma rajada de energia maligna.

Shinmon disparou seu sopro contra o cristal solar, um relâmpago negro de proporções colossal atingiu o cristal que sofreu enormes danos e rachaduras por toda a sua superfície, apesar dos danos ele continuava no ar mesmo torto e sem eixo.

 

- Eu imaginei que um só disparo não seria o bastante pra derrubar essa coisa – avaliou ele – vocês duas acham que podem fazer de novo?

 

Sobre sua cabeça kaliope e Karin estavam ofegantes, mesmo unindo seus poderes converter tanta energia elétrica em energia profana era algo muito difícil, kaliope olhou pra Karin que acenou com a cabeça confirmando que tentaria mais uma vez.

 

- Então se preparem – ordenou Shinmon.

 

Mais uma vez eles repetiram os passos de antes, Shinmon concentrou seu poderoso sopro relâmpago e as duas reuniram toda a energia profana que conseguiram, unindo as forças ele disparou novamente o raio negro que penetrou no interior do cristal solar, as rachaduras se aprofundaram e todo o cristal se partiu em pedaços caindo sobre a cidade.

Enquanto isso Isawa que marchava com seu exercito viu a luz da cidade se extinguir, esse era o sinal de que a guerra começara.

 

- Você está pronta pirralha? – perguntou Vulthar ao seu lado.

 

A jovem se abaixou e abraçou a serpente negra ao seu lado, seu primeiro companheiro desde que migrara pra esse mundo, seus caminhos unidos desde o começo até o fim.

 

- Me leve até lá, e veja o que sua pirralha pode fazer! – pediu ela.

 

Vulthar transformou-se em sua forma gigante e alada, Isawa subiu sobre sua cabeça e desembainhou sua espada, aqueles que a admiravam podiam jurar que estavam diante de uma deusa guerreira.

 

- Que comece o ataque! – ordenou ela com convicção.

 

 

Continua.


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Notas finais do capítulo

os momentos decisivos estão proximos minha gente, não percam!
e se não for pedir muito será que dava pra fazerem propaganda da minha fic? apesar de adorar todos voces ainda é muita pouca gente acompanhando minha fic TT_TT