A volta para casa depois da virada de ano foi tranquila, assim que chega Érika vai procurar seu celular, quando o encontra ele estava descarregado, ela o coloca para carregar e em poucos minutos ele já dá sinal de vida. Nele havia várias ligações e mensagens de Nicholas ela começa a ler cada uma delas. Nelas ele perguntava onde ela estava, o que havia acontecido com ela, porque ela não atendia suas ligações, se ela estava com raiva dele ou algo do tipo, e quanto mais ela lia mais se remoía de remorso por ter esquecido o celular, ele com certeza deve ter pensando várias besteiras, ele se declara e ela o ignora, não de proposito, mas ele não sabia então quem não ficaria mal?

Ela pensa quando ela vai receber uma declaração sem ferir ninguém com suas reações, lembrando quando Kevin também se declarou e ela fugiu, mas são situações totalmente diferentes, então quando ela chega na última mensagem ela sente um gelo percorrer seu corpo.

“Keka eu não sei porque você não responde minhas mensagens nem atende minhas ligações, mas tinha que lhe enviar essa última mensagem, eu passei na faculdade que lhe falei e como fica em outra cidade terei que ir para lá antes das aulas começarem, queria ao menos me despedir de você, estarei lhe esperando em frente a ponte do parlamento hoje as 15hs, se você não aparecer eu saberei que você resolveu terminar aquilo que nem ao menos começamos”

Érika olha para o dia da mensagem e o hoje que estava escrito era ontem, ela começa a ligar para ele desesperadamente, mas o celular só dá caixa postal.

- Não! Isso não pode estar acontecendo.

Érika finalmente percebe que não sabe mais viver sem Nicholas, começa a lembrar de todos os momentos que esteve ao seu lado nos últimos meses e como ele a fez feliz e realizada, percebe também que todo o medo que sentia de feri-lo se transformou em amor sem nem ao menos se dar conta, ela agora lendo aquela mensagem pensando na hipótese de perdê-lo vê que não conseguirá mais viver sem tê-lo por perto e ela precisa dizer isso para ele de qualquer maneira.

Ela tem uma ideia ligar para a Adelle perguntando onde era a casa do Nicholas, como ela nunca quis ter um envolvimento mais sério com ele, eles nunca foram apresentados aos seus familiares e ela nunca tinha ido na casa nele, nem imaginava onde era, ela começa a discar o numero mas só chama, ela tenta por mais diversas vezes já com o coração a mil por hora e com as mãos tremulas, quando finalmente ouve um 'Alô' do outro lado.

- Adelle ainda bem que você me atendeu.

- A é? Resolveu lembrar de mim? Feliz Natal e um prospero ano novo pra você também. - Adelle diz e logo em seguida desliga o celular.

Érika olha para seu celular lembrando que também não tinha falado com Adelle.

- Essa mania de me isolar, vai me acabar me deixando sem vida social. - Érika dizia enquanto redis cava.

- O que você quer Érika?

- Adelle me ouve primeiro por favor e depois você se você não quiser mais falar comigo eu vou entender. - Érika diz rápido e nervosa ao mesmo tempo, não queria perder a amizade de Adelle, na verdade ela não queria perder mais nada em sua vida.

- Tá bom então, começa. - Adelle disse com uma voz indiferente

- Delle, no dia de natal eu ia te ligar, mas um montão de coisas aconteceu e acabei esquecendo, eu sei que isso é imperdoável, mas eu tenho essa mania de querer me isolar da vida e me afastar mesmo inconsciente das pessoas que eu amo. Eu não te falei, mas você já desconfiava que o clima aqui em casa estava ruim e realmente estava, na verdade está eu não falo com meu pai a meses, na véspera de natal recebi uma foto da minha mãe com o namorado dela, ela parecia tão feliz na foto e eu estava péssima longe dela pela primeira vez, chorei sozinha várias vezes, para melhorar a casa ficou lotada de família que nunca nem tinha visto na vida, depois o Nicholas veio aqui escondido se declarou e assim que ele foi embora eu soube que ia para casa dos meus avós e para melhorar tudo esqueci meu celular aqui, e não lembro nenhum numero de cabeça, uma vez eu te disse isso, a quantidade de números daqui é bem maior do que no Brasil e por mais que eu tente eu sempre me confundo, cheguei hoje em casa, mesmo que você não queira me perdoar, eu ainda quero lhe entregar o presente que comprei para você de natal, espero que você possa recebê-lo mesmo atrasado, porque não tenho nenhuma outra amiga roqueira para dar uma guitarra - Érika fala rápido mais em resposta ouve um silêncio.

- Você ainda está aí Delle? - Érika insiste.

- É exatamente a que eu queria? - Adelle pergunta com uma voz curiosa, fazendo Érika rir da pergunta.

- Exatamente igual a que você queria.

- Então eu te perdoou, mas só por causa da guitarra. - Adelle falou divertida.

- Obrigada Delle.

- Tá, mas você tem um problema pela frente. O Nicholas está mauzão desde que você sumiu.

- Aí Delle eu imagino, mas como acabei de te explicar eu deixei meu celular em casa e só agora eu vi as mensagens dele, eu preciso muito falar com ele, mas o telefone dele nem chama já vai direto para caixa postal.

- É ele trocou o numero.

- Como assim?

- Érika ele está achando que você não o ama e por ele ter se declarado resolveu se afastar dele, ele está péssimo, disse que vai te esquecer, começando por trocar o numero de celular, para não correr o risco de querer te ligar ou ter falsas esperanças de receber uma ligação sua.

- Delle me ajuda eu preciso falar com ele. Eu preciso dizer pra ele que também o amo.

- Para tudo, o que você disse?

- Isso mesmo Delle, agora eu sei, eu o amo, desde que li a mensagem que ele me deixou meu coração disparou e até agora não conseguir fazê-lo normalizar, agora eu sei que todo aquele medo que eu tinha de não correspondê-lo na verdade nunca existiu, ele me completa é com ele que eu quero estar e eu preciso dizer isso a ele.

- Keka isso todo mundo via, menos você, pensa em uma amiga lerda? Mas, vou falar com ele e tentar ver um jeito de vocês se encontrarem, mas já vou avisando ele só volta no final do mês para pegar o restante das coisas dele, ou seja, será depois que nossas aulas já terão começado, então até lá você terá que arrumar uma forma para se acalmar.

- Mas Delle, você não pode passar o telefone dele? Eu …

- Ele me fez prometer que não te passaria o novo numero dele nem sobre tortura e eu prometi. Como te disse ele está mauzão, mas vou falando com ele e em breve você poderá abrir seu coração, confia em mim.

- Eu não gostei de ter que esparar, mas se tem que ser assim, que seja.

Érika desliga o telefone ainda pior do que antes.

Quando estava na casa dos avós chegou a pensar que no fundo tinha sido bom ter esquecido o telefone para colocar seus pensamentos em ordem, mas agora ela vê que de bom não teve nada só complicou tudo.

***

O mês de férias foi triste para Érika, ela limitava a ir do quarto para cozinha e da cozinha para o quarto, quando muito Adelle levava ela para dar uma volta no shopping ou ver um filme, mas era raro as vezes que ela conseguia isso.

Depois do telefonema no dia seguinte Érika entregou a guitarra que tinha comprado para Adelle e ela ficou muito feliz, dizendo que tinha a melhor amiga de todas e não perdia a oportunidade que dizer que só lhe havia perdoado por causa da mesma.

Alice e Emma foram viajar para fora do país, chamaram Érika para ir junto com elas, mas ela recusou dizendo que não estava muito afim e acabaria atrapalhando, elas insistiram, mas sem sucesso. Em casa ficaram Érika no quarto e Ethan no escritório, como não se falavam era como se a casa estivesse fazia, assim os dias foram se passando até Alice e Emma voltarem de viagem e as aulas começarem.

No colégio Érika teve uma sensação ainda pior, olhar para os cantos onde ficava com Nicholas faziam ela sentir um aperto ainda maior em seu coração, mas agora faltava pouco para ela encontrá-lo, nesse final de semana Adelle prometeu armar um encontro entre eles. Agora era esperar e torcer para que tudo dar certo.