Entre O Brilho Das Estrelas escrita por Anny Andrade


Capítulo 15
Capitulo 15: Um fim.


Notas iniciais do capítulo

Não me matem! E por favor, ignorem os erros gramaticais, de acentos, e sinais, e de concordância!!!



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Todos estavam muito ansiosos, principalmente Rony e o senhor de olhos vermelhos que encontrava-se sentado em uma das mesas mais afastas e com iluminação fraca. Depois de tudo que havia acontecido ele agradecia por ter perdido Hermione para pessoa certa. Porque somente alguém que amasse sua filha tanto quanto ele seria capaz de fazer aquilo.


— Obrigado. — Falou com a cabeça baixa. — Obrigado Ronald.


Rony obviamente se sentiu satisfeito com o agradecimento, mas não disse nada. O ruivo apenas acenou com a cabeça e sorriu. Esperava que Hermione também ficasse grata e que se esquecesse de bater nele e dizer palavras cruéis. Ela andava tão diferente ultimamente. Irritada e chorando por qualquer coisa. Só podia ser saudades da família. Saudades do pai.


— Dará tudo certo. — Falou consigo mesmo, mas o pai de Hermione pode ouvir.


— Fez seu melhor. — O senhor falou e sorriu. — Desculpe-me por tê-lo julgado tão erroneamente. Ama minha filha como acho que ninguém mais amará.


— Ela é minha vida. — Rony suspirou.


O pai de Hermione voltou a encarar as próprias mãos na expectativa da chegada da filha. Pediria perdão, e tentaria fazer com que ela entendesse que tinha feito tudo para seu bem, e que agora entendia que na realidade tinha feito um mal enorme. Pais querem proteger os filhos e nem percebem que acabam os machucando.


Ele queria fazer o machucado cicatrizar e desaparecer.


xxx

Depois de ajudarem Rony com os detalhes finais Luna e Draco se despediram desejando boa sorte para o amigo e também para o pai de Hermione. Draco na realidade tinha pegado emprestado um dos melhores vinhos do restaurante, sem avisar ao dono, e Luna tinha ganhado algumas tortinhas que Katty tinha feito e estavam sobrando. Vinho e tortas seria a refeição perfeita para um piquenique ao luar. Foi isso que eles decidiram.


Draco dirigia a moto enquanto Luna simplesmente se apertava contra ele. Uma coisa que não tinha mudado. Ela detestava andar de moto do mesmo jeito que antes. Saltar de paraquedas? Tudo bem para Luna Lovegood. Andar de balão? Passeio perfeito. Mas moto significava apenas medo e terror. Draco sempre a convencia a andar de moto com ele só por saber que ela morria de medo e se agarrava a ele de uma maneira que parecia que jamais soltaria.


— Estamos chegando. — Ele gritou através do capacete.


— SOCORRO! — Luna respondeu em total pânico.


— Eu te amo! — Draco voltou a gritar enquanto ria e sentia as mãos da garota em sua cintura.


— SOCORRO! — Luna disse novamente, mas tinha escutado a declaração do loiro. E apenas colocou o rosto encostado em sua costa o sentindo ainda mais perto dela. — Eu também te amo. — Suspirou.


O caminho parecia longo, mas por um segundo Luna não se incomodou com isso. Ela odiava motos. Morria de medo de está sobre elas, mas tinha algo que fazia com que até mesmo motos se tornassem em paz. Era ele. Draco Malfoy, seu Draco Malfoy. Aquele com quem gritou, aquele que fez ela ir ao céu e ao inferno com simples palavras. Aquele que a beijou no corredor escuro. Aquele que cantou na frente da faculdade inteira. Aquele com quem se casou. Ele era sua paz.


Quando a moto parou Luna desceu um pouco pálida, mas acabou sorrindo assim que Draco retirou o capacete e começou a rir dela. A mesma risada. Afinal, eles eram as mesmas pessoas.


— Pula de paraquedas, mas quando o assunto é andar de moto não consegue nem respirar direito. — Draco riu.


— Existem menos acidentes em pulos do que de motos. — Luna se defendeu.


— Nunca vou te entender. — Ele riu e caminhou até dando um beijo lento e cheio de amor.


Estavam em um parque deserto, a grama estava bem aparada e quando sentaram-se juntos perto de um poste com a luz quebrada sentiram-se estranhamente confortáveis. Draco abriu o vinho sem muita dificuldade e o serviu em duas taças que também tinha pegado emprestado sem pedir, enquanto Luna retirava as tortinhas de uma travessa.


— Vinho...


— Obrigada...


Draco tomou sua taça rapidamente e logo em seguida se deitou na grama e ficou olhando para o céu. A lua não estava tão bonita, mas ainda assim iluminava a noite, e estava cercada por todas as estrelas. Luna não terminou de tomar seu vinho, mas deitou-se ao lado do loiro, colocando sua cabeça sobre o peito dele.


— Draco...


— Hum... — Ele tinha fechado os olhos por um momento.


— Eu também te amo. — Luna falou enquanto levantava uma das mãos e começava a ligar as estrelas como se fossem pontos.


Draco sorriu.


— Seus cabelos parecem que brilham como a lua. — Ele disse agora de olhos abertos. — Não sei porque estou dizendo isso agora, é obvio que brilham como a lua, afinal você é a minha Luna. E tem um brilho único, um brilho que me guia.


— Então você é o dragão que toma conta da lua e a protege da escuridão. Sem você ela não poderia brilhar da mesma maneira que brilha. — Luna disse se apoiando no peito dele e o encarando.


— Luna... Nós não podemos simplesmente ficar assim para sempre?


— Vivendo de vinho e torta?


— Não... Sendo nós mesmos.


— Nós iremos ficar assim para sempre. — Ela sorriu.


— Não quero o casamento que estão organizando.


— Não?


— Luna, não fique triste. Por favor... Mas é que... Nós já nos casamos, do nosso jeito. E foi perfeito...


— Sério?


— Foi incrível. O melhor casamento do mundo. Sem pessoas falsas nos dando parabéns mesmo que achem que somos loucos, sem docinhos dourados, sem um bolo ruim, sem tios bêbados, sem garotas desesperadas por um buquê de flores murchas.


— Draco... Obrigada... — Luna sorriu.


— O que?


— Eu também não quero outro casamento... Eu casei exatamente do jeito que queria. Tinha a natureza. O sol. O mar. O vento. Eu não preciso de tudo que as outras precisariam para ser feliz. Eu só preciso de você... — Ela riu. — Foi o casamento perfeito.


— Então podemos fugir?


— Fugir?


— Desse casamento que Gina e Flavinho estão fazendo... Podemos fugir dessa cerimonia errada, falsa, sem vida?


— Podemos fugir sim. Para onde quer ir?


— Vamos para a nossa praia... — Draco disse sorrindo.


— Vamos. — Luna respondeu.


Draco tomou os lábios da loira para si. O beijo foi lento e não apenas cheio de amor, mas de confiança, de complemento, de verdade, um beijo que é mais que algo físico, um beijo com a alma.


Um beijo banhado pela lua e abençoado pelo amor.


— Um beijo entre o brilho das estrelas. — Luna disse e deitou sua cabeça sobre o peito de Draco deixando que ele começasse a mexer em seus cabelos lentamente.


xxx


— Hum... Uma verdade?


— Os homens são todos iguais.


— O que? Isso é um tremendo preconceito.


— Não. É uma verdade. Uma dura e cruel verdade.


— Está totalmente equivocada. Os homens não são iguais, ninguém é igual.


— Errado. Não são iguais fisicamente, aparentemente, são iguais nas atitudes. Isso é a minha verdade.


— Sua verdade na realidade é uma mentira.


— Qual a sua verdade?


— Nada é eterno.


— Sua verdade é mais profunda que a minha.


— Porque a minha verdade é realmente uma verdade e não uma mentira como a sua.


— Me convença que a minha verdade é errada. — Ela sorriu desafiadora.


— Hum... Primeiro me diga os motivos de crer nessa verdade. — Ele disse pensativo.


— Eles gostam de garotas bonitas.


— O que há de errado com isso?


— Eles deveriam gostar das garotas legais.


— Garotas bonitas são legais... — Ele sorriu. — Você é.


— São legais até o momento que destroem seu coração. — Ela simplesmente ignorou a ultima afirmação, sobre ser bonita e legal, e apenas continuou com seus argumentos. — O que me leva ao fato de que eles, os homens, gostam de destruir o coração das garotas não bonitas, mas legais.


— Isso é um absurdo.


— Está na defensiva. O que prova o quanto estou certa. — Ela tomou um longo gole do copo de refrigerante. — Eles, ou melhor dizendo, vocês ama futebol, o que não faz sentido, nós garotas deveríamos gostar de ver vinte e dois homens correndo atrás de uma bola e não vocês. Vocês gostam de revista de mulher pelada, não seria melhor um relacionamento em que ao menos pudessem tocar na mulher? Hello. Vocês amam vídeo game, o que é plausível, mas também é uma característica universal. — Ela suspirou cansada. — Todos os homens são iguais, e essa é minha verdade.


— Katty você é muito teimosa. Muito. Mesmo.


— Seus argumentos são fracos, vamos para a próxima pergunta.


— Tudo bem... Então... Uma mentira?


— Não vou mais me apaixonar. Sempre digo isso quando alguma coisa dá errada, mas sei que é uma grande mentira. — Katty suspira.


— Por que não quer mais se apaixonar? Nem todos os homens são iguais...


— Brian... Quando a gente sempre se apaixona pela pessoa errada, se apaixonar perde todo o romantismo que tinha quando éramos crianças.


— Katty... Não existe pessoa certa, e sim momento certo.


— Qual o momento certo? — Katty questionou olhando fundo nos olhos do garoto.


— O momento certo acontece quando você não percebe, quando está rindo e se divertindo, quando é você mesmo e a pessoa gosta do que vê... — Brian meche nos óculos desconfortavelmente, mas mantém o olhar preso ao de Katty.


— Esse seria um momento certo?


— O que?


— Qual seria sua mentira?


— Fingir que não escutei a questão anterior na esperança de escutá-la novamente e ter a certeza de que não foi alucinação.


Os olhos de Brian continuavam presos aos olhos de Katty.


xxx


Ela realmente não esperava encontrar alguém em casa quando chegasse. Tinha feito o caminho mais longo na esperança de se perder e não precisar voltar. Ela não se perdeu. E lá estava, entrando no apartamento. Sozinha. Sempre Sozinha.


— Alguém em casa? — Perguntou com uma falsa esperança. — Ninguém? Ok. Então Gina é só você mesmo aqui hoje. — Suspirou cansada. — Que tal sorvete? Muito sorvete? Ótima idéia.


Enquanto andava para a cozinha apenas se perguntava o que havia de errado com ela. Era sempre a mesma história, a mesma confusão, a mesma pessoa que nunca mudava. Egoísta. Mandona. Corajosa e também fraca. A garotinha que não cresceu, que não soube amar, que não se deixou ser amada.


— Gina você é uma idiota. — Sua voz pareceu estranha, possivelmente culpa das lágrimas que tinham começado a molhar seu rosto sem que ela percebesse.


O congelador estava cheio de sorvete. Coisas estranhas de mulheres gravidas. Hermione tinha feito um estoque com sorvetes normais, e com sabores estranhos que Gina não gostava nem de ler para não precisar imaginar o gosto horrível. Pegou o tradicional chocolate com pedaços de chocolates deliciosamente doces. Foi só quando a porta fechou que enxergou um papel com seu nome grudado na porta branca da geladeira se destacando muito.


— Gina... — A ruiva leu colocando o sorvete sobre a pia e retirando a carta da geladeira. — Conheço essa letra...


Seus dedos trêmulos por tudo que havia acontecido e por tudo que ela sentia, abriram ao envelope com dificuldade, puxaram de dentro uma carta e uma foto que caiu no chão com apenas a parte branca visível.


Gina se abaixou para poder ver do que se tratava, seus dedos viraram a foto e assim revelando a imagem. Por um minuto ela conseguiu segurar as lágrimas, mas foi por pouco tempo, apenas o tempo suficiente para que ela acabasse escorregando para o chão gelado da cozinha.


— Harry... — Sua voz saiu cortada enquanto seu dedo pousava em uma das pessoas que apareciam na foto que agora segurava.


xxx


Ela achou estranho o fato do restaurante está tão silencioso, ainda mais quando se esperava os amigos barulhentos e animados que possuía já tivessem chegado, afinal ela estava um pouco atrasada. Mas o lugar estava completamente vazio, exceto por uma mesa em um dos cantos mais escuros.


Hermione caminhou até lá já que reconheceu de longe os cabelos de Rony. Ele estava de costas encobrindo a pessoa que ocupava a mesa. Somente quanto faltava poucos passos é que ela reconheceu a pessoa, e sentiu uma raiva crescendo dentro de si. Não podia acreditar que eles tinham convidado justamente seu pai para uma comemoração que parecia tão intima. Ela não estava preparada para resolver esse problema, não ainda.


Definitivamente nos últimos tempos os problemas foram surgindo e se acumulando de uma maneira que fazia ela se torturar diariamente, e se sentir fraca, com medo e sem saber como os resolver. E agora estava sendo obrigada a se defrontar com um dos piores problemas de sua vida. Seu pai pediria novamente perdão e ela não saberia novamente o que dizer. Ambos voltariam a sofrer. Por que os amigos estavam fazendo isso?


— O que está acontecendo aqui? — Sua voz saiu enérgica e mandona assustando tanto Rony como seu pai.


— Her... Hermione... — Rony gaguejou e sorriu debilmente. — Não percebi que já tinha chegado... Eh... Podemos conversar um minuto?


— Sobre o que? — Hermione tinha seus olhos em seu pai nesse momento.


— Filha...


— O que está fazendo aqui? — Hermione perguntou já um tanto transtornada. — O que ele está fazendo aqui? — Virou-se para Rony.


— É sobre isso que precisamos conversar... — Ele sorriu e respirou fundo sabendo o que viria pela frente.


— O que? Eu só quero saber onde estão as outras pessoas?


— Não tem outras pessoas.


— Nossos amigos?


— Hermione, isso era uma desculpa para você aceitar vir conversar com seu pai.


Os olhos de Hermione corriam de Rony ao seu pai em uma completa expressão de descrença. Tudo um plano. Ela não conseguia acreditar nisso, no motivo que Rony teria para ajudar seu pai. É claro que ela sabia que ele já havia desculpado o que seu pai tinha lhe feito, mas ela ainda precisava de um tempo.


— Eu não acredito que fez isso comigo...


xxx


Sentada no chão da cozinha Gina começou a sentir uma estranha sensação que todos aqueles que começam a se lembrar do passado conhecem tão bem. Não é apenas saudade, é uma vontade incontrolável de voltar no tempo, de aproveitar cada segundo melhor do que foi aproveitado, uma vontade de voltar ao passado e de lá não sair mais. Porque quando se é mais feliz não se quer deixar tal felicidade escapar.


E ela havia deixado a felicidade escapar não uma ou duas vezes, mas muitas. Tantas vezes que não conseguia mais contar, e na realidade gostaria de esquecê-las. Dizem que é mais fácil se tornar feliz quando nunca se reconheceu a felicidade plena. Isso é uma mentira. Mas em momentos de desesperos acreditamos nas mais bobas mentiras e invenções.


Sua mão ainda pousava sobre o rosto do garoto que sorria na foto. Ela estava ao lado dele com os olhos brilhando e com as bochechas rosadas. Fazia quanto tempo que não corava ao lado dele, mas antes, no começo mal podia vê-lo que já sentia o rosto se alterar. Sentia frio e calor ao mesmo tempo, e tudo vinha acompanhado daquela terrível vontade de sorrir. Sorrir tanto que a boca chega a dor.


Era exatamente assim que ela estava na foto. Sorrindo tanto que provavelmente no fim da foto sentiu uma dor nas bochechas, e ela sabia que naquela época não se importou em sentir essa dor, porque ele também estava sorrindo igual a ela. Virou a foto por um segundo apenas para ler a legenda que sabia que a foto possuía.


— Harry e Gina... — Sua voz ainda estava estranha por culpa das lágrimas, que nesse momento tinham parado de cair.


Não que a vontade de chorar tivesse passado, mas chega um momento que a gente simplesmente se esquece de chorar, é quando você já chorou tanto e já sentiu tanta dor que acaba se anestesiando e para de sentir, para de chorar, para. Gina fez bem em parar de chorar, pois somente com os olhos secos poderia ler a carta que ainda estava em uma das suas mãos.


E foi exatamente isso que ela fez.


Gina,

Essa foi a melhor forma que encontrei de começar essa carta, não sabia como te chamar, deve ser porque os nomes, apelidos e formas já mudaram tanto durante todos esses anos né?

Nós mudamos. E isso deveria ser algo bom né? Então porque no nosso caso não foi? Não entendo muito sobre o destino, sobre as pessoas, sempre achei que de todos fosse eu o que mais entendesse sobre sentimentos e pessoas, mas observando bem acho que sou o que menos entende. Por isso não demos certo. Nós não entendemos nada sobre sentir, sobre ser, e sobre estar.

Não sabemos sentir tudo que o amor nos oferece, não sabemos ser namorados, e não sabemos onde estamos indo, ou pior, onde pretendemos chegar. Erro nosso. Erro que trás consequências. Trás muita coisa. Dor. Raiva. Rancor. Magoa. Coisas ruins.

Eu ainda me lembro de quando tiramos a foto que provavelmente você está segurando... Talvez você também se lembre, mas em todo caso acho melhor contar sobre esse dia.

Eu tinha 14 anos e você está com 13 anos e Rony tinha acabado de ganhar uma câmera e resolveu testar durante o dia todo. Quando ele nos obrigou a tirar essa foto juntos eu realmente me senti contente, porque era uma maneira de ter uma foto sua sem precisar roubá-la, ou pior ainda, pedi-la a ele. É estranho pensar nisso agora, depois de tudo que se passou, mas naquela época era difícil ficar muito tempo ao seu lado, porque parecia surgir algum tipo de monstro dentro do meu estomago, e eu tinha vontade de correr para longe para não sentir mais nada, e ao mesmo tempo sentia vontade de ficar perto de você.

Eu gostava de você, não por ser a única garota com quem conversava, e muito menos por ser irmã do meu melhor amigo, eu gostava de você porque tinha os olhos mais brilhantes e sempre ficava vermelha perto de mim. Suas bochechas combinavam com os cabelos. Eu gostava de você porque sabia brigar, discutir, e bater muito bem, mas ainda assim estava sempre bonita e delicada. Você era uma junção de opostos que me agradava. Estávamos sempre juntos. Sempre conversando. Sempre rindo. Sempre planejando o futuro. Você dizendo que moraria sozinha, e teria uma marca de roupas que todas as garotas iriam querer usar, e nas horas vagas faria aulas de boxe para poder se defender. Eu iria fazer Educação Física e depois daria aula para crianças porque dessa maneira nunca iria precisar parar de brincar.

Nós éramos felizes. Toda criança é né? Com todos os planos, com todos os sentimentos escondidos, com todas as esperanças. Eu sonhava em sempre te ter por perto, tinha planos de namorar com você, de casar e de ter filhos. E eu tinha a esperança de que sempre ficaríamos juntos fosse como amigos ou como namorados.

Infelizmente as pessoas crescem e tudo muda.

Eu queria dizer que a culpa é toda sua. Que eu te odeio e mais um monte de palavras ruins e que te fariam chorar. Mas a culpa não é toda sua, é minha também. Eu não te odeio. Na verdade um dia desses Hermione me fez assistir um filme desses que ela tanto gosta e no filme a personagem dizia “Eu te amo, só não gosto mais de você” e é exatamente isso que eu sinto.

Eu te amo, só não gosto mais de você. Não gosto do que se tornou e não gosto do que me tornei ao seu lado. Somos o que não queríamos ser e isso é culpa dos dois. Nós já tentamos demais, já perdemos nosso tempo e os dias estão passando tão rapidamente que daqui a pouco não teremos chances de recomeçar.

Por isso eu decidi recomeçar, sem você.

Estou sendo muito duro? Bom, é a única forma de dizer.

Sinto muito por todo o tempo que passamos fazendo o que não queríamos fazer. Sinto falta desse tempo da foto quando sorrir era fácil e sonhar bom. Espero que um dia eu possa voltar a gostar de você.

Harry


A verdade dói, e infelizmente isso é verdade. Não gostamos muito de ouvir a verdade, mas sempre reclamamos das mentiras. Gina estava lendo a verdade mais dura que se pode ouvir, suas lágrimas de repente voltaram a cair e o pior era que ela entendia cada coisa que Harry havia dito, ela sentia a mesma coisa, talvez ela ainda amasse e gostasse dele, muito mais naquele momento, mas ela sentia que tinham se perdido nas tentativas de ficarem juntos, sempre perto um do outro.


Seu coração insistiu em bater mais rápido quando leu que ele gostava dela desde aquela época, ela gostava tanto dele que sempre roubava fotos do quarto do Rony e escondia em sua agenda. Sua garganta secou quando percebeu que seus sonhos tinham escapado de suas mãos como se fosse água. E percebeu que também deveria recomeçar. Sem ele.


— Harry, obrigada... — Sussurrou para a carta.


Dessa vez ela conseguiria recomeçar. Sozinha. Mas também muito bem acompanhada por seus sonhos e esperanças. Talvez ela conseguisse fazer com que ele voltasse a gostar dela, mas esse não seria seu principal objetivo, talvez apenas uma consequência.


Existem tantas frases prontas, e naquele momento Gina tinha a certeza de que apenas uma estava correta. Gostar antes dela mesma, para poder gostar de qualquer pessoa.


Gina Weasley estava de volta.


xxx


Os olhos são uma das portas da alma, mas não a única. Quando dois olhares estão conectados é possível entender sobre o que se passa dentro e fora da pessoa, não é fácil se entender por apenas um olhar, e poucas pessoas conseguem isso nos tempos atuais quando quase ninguém te olha realmente no fundo dos olhos.


Katty e Brian continuavam na mesma posição, com as respirações meio presas meio soltas. Seus olhares não haviam movido nem um milímetro, pareciam está travando algum tipo de conversa silenciosa, talvez estivesse perguntando um ao outro se tinham certeza de que ela aquilo que queriam. Se não estavam apenas se entregando a sentimentos confusos. Se não sofreriam no instante seguinte, se poderiam voltar a se olhar da mesma maneira, se continuariam sendo as mesmas pessoas.


É difícil de acreditar que um olhar fosse capaz de tantas perguntas, mas os olhos são capazes de decifrar todos os sentimentos ocultos pelo resto do corpo, um olhar fala mais que qualquer boca, e demonstra amor mais do que qualquer atitude ou gesto. Um olhar faz com que você duvide ou tenha certeza.


— Brian... — A voz de Katty não fez com que os olhos se afastassem.


— Se você repetir a pergunta... — Ele disse com uma voz suplicante, e seus olhos transmitiam o mesmo sentimento.


— E... E... Esse seria um momento certo? — Ela disse com uma voz ansiosa e cheia de expectativa. Seus olhos vacilaram e por um momento desviaram do olhar de Brian.


— Esse seria o momento perfeito. — Ele sorriu fazendo com que seus olhares voltassem a se conectar.


Quando esperamos muito por algo quase nunca esse algo acontece da melhor maneira, mas algumas vezes é muito melhor do que se espera, do que se imagina. Naquele momento Katty sabia disso, e Brian concordava com ela.


Eles esperavam por amores elaborados, por histórias de livros que não acontecem na vida real, esperavam por algo que nunca chegava. Não deveriam esperar. Porque quando não se espera, acontece mais docemente. Quando não se espera você acaba se surpreendendo. Uma surpresa boa.


Era o momento certo. Esses que os tolos acham que não existem, que os loucos gritam aos quatro ventos, que os sonhadores vivem a esperar, que os cansados esquecem, esses momentos que sempre chegam quando você desiste de esperar. Esse era o momento certo deles.


Seus lábios se juntaram aos poucos e ainda continham os restos dos medos, mas a cada segundo que se passava ia se aprofundando, ganhando sabor e conquistando um ao coração do outro. Suas línguas entrelaçadas dançavam em um ritmo lento e romântico, assim como os batimentos cardíacos. Seus olhos fechados não precisavam mais se comunicar em silencio. Existia agora uma certeza, mesmo que quando acabasse nada mais seria igual como antes. Seria melhor.


Amores acontecem de tantas maneiras. Alguns a primeira vista, outros com o passar dos dias. Uns duram por tanto tempo, e outros são apenas momentâneos. O importante é que acontecem e transformam pessoas, dão esperanças, e realizam sonhos.


— Brian...


— Não devemos estragar o momento certo com as palavras erradas... — Ele disse enquanto sentia ela ainda em seus braços.


— Só ia dizer que pode me beijar novamente... — Ela sorriu.


— Bom saber. — Ele sorriu de volta e voltou a beijá-la.


Palavras erradas podem estragar momentos certos, mas uma hora ou outra as mesmas palavras erradas podem salvar momentos importantes.


xxx


Foi difícil impedir que ela atravessasse a porta, mas Rony foi rápido e antes de Hermione fugir ele a puxou para junto de si. Não adiantaria fugir, ela mesmo dizia isso em uma passagem do seu livro que tinha feito tanto sucesso, mas é sempre mais fácil escrever do que fazer, e ele deveria saber disso.


— Eu precisava fazer isso.


— Por que? — As lágrimas dela escorriam por seu rosto deixando a maquiagem borrada.


— Hermione, ele é seu pai... — Rony disse se sentindo horrível por fazê-la chorar. — Você o ama, porque não podem conversar?


— Eu.. Eu.. Rony eu não sei se posso perdoá-lo. Não quero magoar ele... — Ela disse ainda com as lágrimas caindo.


— Filha... — Philipes continuava ali escutando cada palavra que eles diziam. — Não vai me magoar. Nunca. Eu te amo, e sei que a culpa é toda minha.


— Hermione... — Rony tentou fazê-la falar algo.


— Tudo bem. Eu achei que seria uma boa idéia, mas eu posso esperar até o momento que esteja melhor... Eu vou indo. — Philipes disse começando a se levantar.


— Por que não me entendem? — Hermione desabou ao gritos.


— Hermione... — Seu pai falou indo em sua direção.


— Não me toque... Eu ainda estou triste e magoada com tudo que o senhor fez... Eu ainda estou com raiva... — Ela gritou. — Mas não quero magoá-lo, não quero que o senhor sofra, é meu pai.


— Ele já está sofrendo... — Rony disse. — Mas se conversarem, talvez os dois possam se acertar...


— Rony porque está o ajudando?


— Eu te vejo sempre triste e chorando... Seu humor muda toda hora... Não quer mais sair de casa, e está sempre usando camisetas e roupas estranhas. Hermione você está sempre tão triste, o que mais poderia ser? Está com saudades de seu pai, de como tudo era antes... Eu só queria te ajudar...


— Rony... Não entende né?


— Entender o que?


— Droga! Eu estou bem! Não se meta na minha vida. — Hermione chorava enquanto tentava formular frases completas e não conseguia.


— Eu te amo...


— Pare de dizer isso... Por favor...


— Hermione o que deu em você? — Rony perguntou a olhando com tristeza. Ela chorava, estava irritada, mas mesmo assim ele se sentia triste com o jeito como ela o estava tratando.


— Eu estou gravida! — E finalmente as palavras saíram da sua boca. O segredo que guardou e que não deveria ser revelado em uma situação como essa.


Seu pai ficou a olhando sem entender muito bem o que ela havia dito, assim como Rony que parecia perdido entre um sorriso e uma cara de espanto. Ela estava gravida. Como pode dizer aquilo no meio de uma discussão, assim de repente. Isso ela não sabia, mas provavelmente foi bom falar antes que fosse tarde demais.


— Hermione... Eu...


— É por isso que estou mudando tanto de humor... É por isso que choro sempre... Eu estou gravida... Eu não sei se posso perdoar meu pai... Não consigo terminar meu próximo livro... E tenho tantos problemas que não sei fazer outra coisa além de fugir de todos eles. — Hermione gritou.


Dessa vez Rony não conseguiu alcança-la antes que ela passasse pela porta. Ele estava paralisado com a noticia. Se Hermione estava gravida, ele naturalmente seria pai e isso fazia seu coração bater mais forte e seu corpo todo foi tomado por uma alegria.



Alegria, sentimento que é tão intenso, mas que às vezes dura por tão pouco tempo. Rony sentiu esse tipo de alegria, um sentimento tão puro e simples que foi arrastado e aproveitou para devastar muitas pessoas. A alegria indo embora como se fosse apenas uma visitante apressada.


Primeiro foi o grito que invadiu o restaurante, e depois o barulho de algo sendo parado a força. Os breques de um automóvel sendo pisado até o fim. Foi assim que a dor tomou o lugar da alegria. Foi assim que seus pés começaram a andar e depois a correr até chegar à porta.


Rony a abriu com violência apenas para ver a pior cena da sua vida.


— HERMIONE... — Sua voz foi alta e cortou o coração de quem observava a cena.







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Notas finais do capítulo

Olá, provavelmente já terminaram de ler esse capitulo né? Então o que acharam? Espero que tenham gostado. E preciso avisar que possivelmente posto o próximo semana que vem no sábado! E assim vou postando uma vez por semana até o fim!
Espero que continuem gostando e acompanhando...
Beijinhos e Obrigada!!!



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