Entre O Brilho Das Estrelas escrita por Anny Andrade


Capítulo 13
Capítulo 13: O significado de amar




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— Já chega... Hermione você não pode continuar assim.

— Eu estou bem! – Hermione disse saindo do banheiro com uma toalha nas mãos.

— Olha você pode está tudo, menos bem.

— Só porque estou passando mal não significa que tenha algo errado comigo. — Hermione sentou-se na cama e suspirou cansada.

— Você está passando mal há quase um mês. No começo achei que era a mudança de país, as comidas, ou o fato de seu pai ter lhe procurado e você se recusado a atendê-lo.

— Ronald não quero falar sobre isso... – Hermione disse se amuando na cama.

— Mas deveria, eu já disse que seu pai não teve absolutamente nada haver com tudo que nos aconteceu, as escolhas foram nossas...

— Ele deu um belo empurrão, ou seja, ele teve tudo haver com isso sim. – Hermione disse fazendo bico.

— Está sendo teimosa. E já está na hora de ver o que está acontecendo, não é normal vomitar tanto assim. — Rony se aproximou e afastou os cabelos da testa dela.

— Eu me sinto bem... — Hermione sorriu. — É só o cheiro das coisas que estão muito fortes.

— Não. Não estão. — Rony suspirou. — Mesmo assim minha irmã alucinada já marcou um consulta para você.

— O que?

— Luna já estava cansada de fazer chás e você simplesmente correr para o banheiro. Gina não aguenta mais você teimando que está bem. E eu quero que fale com seu pai. — Rony disse a beijando no topo da cabeça. — Se arrume porque Gina já está pronta e prestes a te arrastar pelo prédio e ruas.

— Mas...

— E eu vou marcar um jantar para você falar com seu pai e ele finalmente parar de ir ao meu restaurante conversar com a Katty e implora ajuda. Ele nem me chama mais de Ralph. — Rony disse saindo e deixando a garota se arrumar.

— Ele poderia decidir né? Odiava o Ralph e agora está reclamando pela falta dele. — Hermione disse se arrastando para o guarda roupa e tentando aceitar o fato de realmente precisar ir para um médico.

Um mês tinha se passado e realmente os enjoos matutinos de Hermione tinham apenas piorado. Depois de dez tentativas sem resultado de conseguir falar com a filha Philipes desistiu de passar todos os dias em frente ao prédio e tentar se aproximar. Ele sofria, mas não poderia obrigar Hermione a escutá-lo, aparentemente já tinha a obrigado a fazer muitas coisas e dessa vez queria deixa-la escolher.

O que doía era ver que sua vida perfeita tinha se desmoronado. Rosa aceitou conversar com ele, mas disse que realmente precisavam de um tempo no relacionamento. Ela afirmou que eles tinham se perdido e que ela precisava se encontrar antes de voltar ou partir. Ele esperaria porque de uma coisa ele tinha certeza, Rosa era a mulher de sua vida e isso não mudaria. E nesse momento ele estava entendendo o que Katty falou quando ele foi procurar Rony. Alguns amores são eternos.

Philipes estava começando a entender o significado de amar.

xxx 

— Eu deveria está em casa! Gina vai levar Hermione ao médico, mesmo eu achando que sei o que ela têm queria ir juntos. — Luna disse rindo. — Por que os olhos vendados?

— Porque você é a única pessoa que adivinha as coisas antes de acontecerem e isso é surpresa.

— Draco? Você não se cansa de fazer surpresas? – Luna sorriu.

— Mas o casamento já fez um mês... — Draco falou guiando a loira para dentro de um elevador.

— Então é isso? Presente de um mês de casamento? – Luna sorriu. – Hei espera, não combinamos isso... Eu esqueci?

— Não é nada disso... – Draco riu. — É só uma surpresa.

— Eu gosto de surpresas, elas normalmente fazem com que tudo fique melhor. – Luna suspirou.

— Luna não são as surpresas... É você que faz com que tudo fique melhor. – Draco disse assim que saíram do elevador. – Vamos andar um pouco...

— Gina vai me matar porque eu disse que ia juntos com elas para o médico. — Luna sorriu. — Mas acho que consigo chegar a tempo.

— Conseguirá. – Draco riu. – O que Hermione tem?

— Draco eu acho que ela tem algo ótimo, acho que ela vai pirar, e acho que teremos outro casamento... Mas o médico confirmará tudo isso. – Luna sorriu.

— Eu não entendi nada... – Draco riu. – E pode abrir os olhos.

Luna puxou a venda e encontrou em sua frente uma porta branca com o número sete em dourado. A porta era toda decorada com flores e nos pés tinha um tapete verde com dizeres em laranja, ela se afastou para ler a frase e dizia: Cuidado com os Narguilés!

— Draco?

— Luna... – Draco abriu a porta e mostrou todo o espaço de dentro do apartamento.

Estava tudo vazio exceto pelas latas de tintas e papéis de jornal espalhados. Era intensamente branco e tinha uma janela enorme.

— Isso...

— Não está pronto... – Draco disse dando de ombros. – Mas daqui a dois meses estará.

— Draco... – Luna sorria abertamente. – É lindo... E o tapete... E a janela... E o número da porta...

— É nosso lugar... Onde vamos ser felizes... – Draco a abraçou por trás.   

— Nosso... – Luna suspirou. – Isso está realmente acontecendo e é mágico.

— Gostou? – Draco perguntou.

— Eu... Simplesmente amei... – Luna se virou o abraçando pelo pescoço. – E nossos vizinhos ainda serão sempre avisados sobre os narguilés...

— Eu te amo... – Draco disse rindo.

— Eu sempre vou te amar. – Luna sussurrou encostando seus lábios.

Poderia passar o tempo que fosse e os beijos deles continuavam com a mesma intensidade. Quando se ama de verdade, e sente o calor percorrendo por seu corpo não importa se estão juntos a um ano, dois anos, ou uma década, os beijos vão continuar sendo aquilo que os liga e os completa. E os beijos de Draco e Luna são cheios de amor, de desejo, de paixão. São beijos únicos e completos.

Eles realmente sabem o significado de amar, de viver, e de sentir.

xxx     

— Eu estou realmente pensando em te contratar como garçon, porque você passa a manhã toda aqui importunando minha funcionaria.

— Sabe como é difícil dividir casa com um casal? É totalmente perturbador, eu preciso fugir de lá o mais rápido possível.

— Você não tem um trabalho?

— Léo só abre o escritório depois do almoço. — A garota que arrumava as mesas disse sorrindo.

— Não está muito informada senhorita Katherine?

— É Katty... E Brian fala muito enquanto estamos arrumando o restaurante já faz um mês... – Ela deu de ombro.

— É sério Brian, as pessoas podem me processar por trabalho escravo já que você sempre está aqui e eu não te pago um sálario. Já me basta o quatro olhos que parece me perseguir.

— Eu ouvi Rony... Eu estou gostando de ficar no restaurante, e como sua irmã nunca aparece aqui estou seguro.

— Harry, pelo menos ninguém me processaria por sua causa, afinal todas as garotas te odeiam. — Rony disse começando a rir compulsivamente.

— O que eu não entendo... — Harry disse tristemente. — Foi apenas uma fase, Draco ficou praticamente uma vida inteira sendo cafajeste e todas a garotas amam ele.

— Eu nunca fui um cafajeste e aparentemente as garotas só ficam felizes quando me deixam no fim do posso. – Brian disse relembrando suas experiências. Concluiu que todas tinham sido péssimas.

— Garotas são meio burras... — Katty disse distraidamente.

— Hei, você é mesmo uma garota né? — Harry disse rindo.

— Há há há... — Katty riu sarcasticamente. — Sou uma mulher.

— Um pouco baixinha... — Disse Brian a analisando.

— E as roupas são bem adolescentes... – Harry falou reparando no all star verde limão.

— Não fale nada. – Katty disse apontando furiosamente para Rony.

— Mas...

— Sou mais madura que essas garotas com quem saem... Não uso as pessoas, e não engano as pessoas, e não fujo quando parece que as coisas vão ficar difíceis, e não desisto. — Ela saiu pisando duro em direção a cozinha.

— Acho que ela estava falando sobre nossos relacionamentos... – Brian suspirou. — Não existe uma garota/mulher normal e com personalidade previsível?

— Está querendo um bichinho de estimação? E a Katty até é controlada, namore Hermione Granger. – Rony disse pensando no tanto de brigas que tinham frequentemente.

— Sério, eu já trabalho com ela e não obrigado. — Brian disse assustado.

— Por que vem sempre para o restaurante? Não deve ser tão ruim morar com Léo e Flavinho, e dissemos que poderia continuar no apartamento com a gente. — Harry questionou.

— Não poderia negar o convite do Léo... – Brian suspirou. — Somos quase irmãos...

— Mas... – Rony insistiu.

— Ficar durante a manhã lá está fora dos meus padrões. — Brian disse. — Café da manhã animado demais, e outras coisas que meu nível de constrangimento não me permite relatar.

— Certo. Pode ficar ajudando a Katty sempre. – Rony disse sério adquirindo um tom vermelho igual ao do Brian. — Eles precisam de privacidade né? Todos precisam.

— Não entendi. — Harry disse confuso.

— Algumas coisas não mudam... – Rony disse dando um soco em Harry. — E já que você está também tão envolvido com o restaurante, eu estive pensando em uma coisa.

— Em que?

— Em breve te digo. — Rony disse sorrindo.

— Hei, as donzelas podem continuar me ajudando? — Katty disse voltando com os braços cheios de toalhas e guardanapos.

Brian foi realmente mais o rápido de todos, mas quando ele se aproximou tropeçou perdendo o óculos e caindo sobre Katty. Os dois juntos sempre acarretavam quedas, e em alguma taça quebrada. Se existissem almas gêmeas desastradas com toda certeza seriam eles. A amizade dos dois havia realmente crescido no mês que tinha se passado, Brian sempre estava no restaurante e algumas vezes faziam maratonas de vídeo game ou discutiam livros que aparentemente ambos tinham lido diversas vezes. Era divertido e parecia que o tempo simplesmente evaporava. Já tinham madrugado juntos diversas vezes.

Um sentimento crescia lentamente, mas estava aos poucos tomando conta dos espaços mais importante que uma pessoa possui. Estava tomando conta da mente, já que os pensamentos percorriam vários lugares e acabavam chegando sempre a mesma pessoa. Estava tomando conta do coração, já que um breve sorriso acabava acelerando o ritmo sem nem mesmo um aviso. A amizade crescia junto com outro sentimento que tinha medo de se fixar, mas que já estava fixado há tempos.

Saber que amar significa muito mais que beijos, abraços e sexo leva tempo, mas algumas pessoas já nascem sabendo.

Harry estava gostando de passar os dias no restaurante, na verdade ele gostava de olhar a cara de satisfação no rosto dos clientes ao sair do lugar. Pareciam realmente felizes e aquilo parecia aquecer o coração dele. Ver que mesmo com tudo que o mundo estava oferecendo as pessoas ainda conseguiam sorrir, conseguiam ter um momento só delas. Fora que tinha dado varias idéias para cardápios novos. Ter viajado metade do mundo com Gina tinha lhe dado algo de bom, uma lista imensa de sabores e cores. Comidas das mais variadas e todos deliciosas.

Sua convivência com o padrinho tinha acarretado um conhecimento grande sobre vinhos e afins. Um restaurante era o lugar perfeito para se ficar, além de ter certeza que Gina passaria longe de tudo que fosse ligado a cozinhas e a trabalho. Ela gostava de mandar e não de receber ordens, e ali Rony era o único que mandava, cedendo algumas vezes só para Katty, quase do mesmo jeito que cedia a Luna. Harry sempre se lembrava da sua amizade com Hermione quando observava os três juntos. Mais pareciam irmãos e não amigos.

O restaurante era bom porque estava resgatando o bom e velho Harry Potter que ele tinha orgulho de ser, e não o idiota e baladeiro dos últimos tempos. Só faltava concertar uma coisa nele, a raiva. Evitava Gina exatamente por isso, sempre que a olhava sentia vontade de dizer coisas ruins, sempre usava o arsenal de palavras maldosas e que furam a alma. Era melhor não vê-la, porque na realidade machuca-la doía muito mais nele do que nela.

Alguns amores não encontram o significado da sua existência até o momento que percebe ser muito mais triste quando precisa viver a sua ausência.

xxx

A sala de espera era aconchegante, tinha pequenos vasos de flores com perfumes suaves, e uma música de fundo que dava a estranha sensação de se está a décadas sem dormir e de a qualquer momentos todos ao seu redor vão deitar-se ao chão para um cochilo rápido.

— Não vejo necessidade disso. — Hermione resmungou enquanto folheava uma revista.

— Está constantemente passando mal, não consegue comer nada por dias e de repente sente uma vontade de se entupir de maçã com sal. Isso não pode ser normal. — Gina disse exasperada. — E onde será que a Luna está?

— Provavelmente em um lugar menos tedioso. — Hermione sorriu para a mulher ao seu lado que parecia está muito contente para alguém que estava esperando o medico.

— Ela disse que chegaria a tempo de comprovar a teoria dela. — Gina disse encontrando uma revista de fofocas escondida embaixo de uma pilha de revista sobre politica e horoscopo.

— Que teoria? — Hermione perguntou.

— Ela não quis me contar disse que iriam chamar ela de louca, mas também disse que era tão obvio que não entendia como ninguém tinha sugerido a hipótese. Mas afinal quem entende o que Luna diz? Só o Draco mesmo, e eu ainda tenho minhas suspeitas que ele apenas fingi entender. — Gina sorriu quando uma mulher saiu do consultório dando lugar a outra. — Somos as próximas, finalmente.

— Gina já disseram que às vezes você fala muito rápido? — Hermione perguntou olhando para a amiga ruiva.

— É, algumas vezes. — Gina respondeu pensativa. — Os psicólogos disseram que é a ansiedade. 

— Está indo em psicólogos?

— Quase há um ano, sabe ninguém levo muito na brincadeira eu ter fugido com aquele quatro olhos fingido, então família Weasley resolveu me fazer visitar o psicólogo do Percy. Eu só digo uma coisa: é divertido.

— E útil?

— Hein?

— Está te ajudando?

— Bom... Estou começando acreditar na teoria “antes só do que mal acompanhada”, acho que é um progresso. — Gina sorriu confiante.

— É eu também acho... — Hermione disse um pouco confusa.

— Que bom que cheguei a tempo.

Luna entrou na sala de espera com sua exuberante alegria matutina o que fez algumas mulheres que aguardavam olharem para ela como se fosse algum ser de outro planeta, ou talvez fosse somente inveja do quanto ela parecia contente e animada.

— Por que está tão feliz? — Gina perguntou. — E tanta cor assim é cegante.

— Estou feliz porque finalmente vamos saber que Hermione está... — Luna sorriu e abraçou a amiga. — E Gina minha saia é muito menos cegante que essa sua blusa.

— Hermione está o que? — Hermione questionou exasperada. — Foco, por favor.

— Não posso falar, o médico é quem deve fazer isso. — Luna riu. — Mas é tão obvio!

— O que é obvio? — Hermione perguntou.

— Que Luna tem sério probleminhas. — Gina disse rindo.

— Não tenho não... Enxergo além do que as pessoas acham visível. — Luna suspirou. — Sou uma pessoa especial.

— Draco disse isso né? — Hermione sorriu, somente Luna para animar sua manhã.

— Sim. — A loira corou.

— E estava com ele? — Gina perguntou e de repente fez uma careta. — Como vocês são tão apaixonados? Chega a ser nojento.

— Gina... Eu sei que está na fase “odeio o amor”, mas é só aceitar a realidade e pedir desculpas que tudo ficará bem e você volta para a fase “o amor é lindo”. — Luna sorriu. — Um abraço para você sentir o quanto amamos você.

Luna envolveu a ruiva em um abraço apertado e sufocante que fez as outras pessoas que esperavam para serem atendias olharem com expressões assustadas enquanto Hermione quase se engasgava de tanto rir.

— Agora suas vibrações estão muito melhores. — Luna soltou Gina e sorriu carinhosamente.

— Você é maluca e bagunçou meu cabelo. — Gina disse arrumando os fios arrepiados, mas sorria.

— Onde foi com Draco? — Hermione perguntou recuperando o folego.

— Ele... — Luna sorriu e suspirou. — Ele comprou um apartamento, é pequeno, e não tem nada ainda. Mas é lindo, e a porta é encantadora com tapetinho e tudo.

— Um apartamento? — Gina perguntou.

— Sim...

— Vão se mudar para longe de nós? — A ruiva parecia prestes a começar a chorar.

— Não agora Gina. — Luna segurou na mão da amiga. — Só depois do casamento que você e Flavinho estão organizando tão animadamente.

— Mas...

— É pertinho, e não vamos ficar realmente longe, ainda mais com a novidade que vem por ai. — A loira olhou para Hermione.

— Que novidade? — Gina questionou.

— Vamos descobrir agora. — Luna disse.

A secretária chamou o nome de Hermione e elas viram a mulher sair do consultório no momento em que Luna disse que descobririam a novidade.

— Sério. Você é uma bruxa. — Gina falou enquanto elas entravam na sala imensamente branca do médico.

— Bom Dia. — Ele sorriu. — Vamos descobrir o que temos de errado com a senhorita Granger.

— O que temos de certo doutor. — Luna sorriu.

xxx

            Parecia que finalmente tudo estava de volta ao lugar. Seus amigos, sua amada, sua vida finalmente do jeito que sonhava. Podia se lembrar das noites em que bebia até tarde e tentava se esquecer de um adeus doloroso e sem volta. Naquele momento tinha se esquecido de que na vida nada é estável e eterno. O mundo gira e com ele nossas certezas viram dúvidas, e dúvidas deixam de existir.

            Agora ele sabia que não existe uma pessoa que seja completamente boa ou completamente má. Que não existem somente momentos ruins e momentos bons. Ele aprendeu que a maioria dos momentos se mistura, fazendo com que os seres humanos possam passar pela tristeza, e chegar lentamente a alegria. Ele sabia que finalmente o final feliz se aproximava. O que ele não sabia que não era o final que deveria ser feliz, era o caminho até ele.

            — Esse telefone não toca.

            — Era para ele tocar? — Harry questionou olhando o ruivo nervoso a sua frente.

            — Minha irmã arrastou Hermione para o médico, estou preocupado.

            — Os enjoos e tonturas? — Harry perguntou. — Hermione se queixou um dia desses, mas me obrigou prometer que não diria isso a você.

            — E você prometeu? — Rony perguntou não acreditando naquilo.

            — É difícil se livrar dela. — Harry se defendeu.

            — Disseram enjoo e tontura? — Katty perguntou olhando incrédula para os dois.

            — Acha que é algo ruim? — Rony perguntou desesperado.

            — Estão falando sério? — Katty começou a rir. — São tão burros assim?

            — O que? — Harry parecia confuso.

            — Eu venho dizendo a ela sobre isso, mas a resposta é sempre a mesma: Está louco Brian? — Brian suspirou.

            — Não estou entendendo o que querem dizer. – Rony falou olhando para o telefone. — Acho que vou ligar para Gina e perguntar o que está acontecendo.

            — Espera que Hermione vai acabar te contando. — Katty sorriu. — Em todo caso meus parabéns.

            — Parabéns?

            — Serio cara, relaxa. Hermione não está doente. — Brian sorriu. — E vai ser muito divertido perguntar a ela: Quem é o louco aqui? — O loiro começou a rir.

            — Eu começo a achar que só têm loucos aqui, porque essa conversa não fez sentido algum. — Harry suspirou. — Podemos continuar falando sobre os vinhos, eu ainda acho que deveria adquirir safras melhores Rony. Todos amam vinhos de boas safras, suaves, secos, doces, perfumados. Deveria pensar nisso.

            — Harry, eu começo a achar que vou te dar mais responsabilidades aqui.

            — Eu estou tentando ajudar. — Harry disse sério. — Conheço fornecedores de vinhos bons.

            — Ligue para eles então. — Rony respondeu dando as costas para o telefone. — Preciso me concentrar em algo mesmo.

            — Pode deixar.

            Harry se afastou para um lugar com menos barulhos e procurou o número na agenda de celular, minutos depois ele conversava e ria parecendo um especialista em compra de vinhos. Eis algo em que era bom, conversar com pessoas e convencê-las.

            — Posso dar uma sugestão? — Brian falou pensativo.

            — Qual? – Rony e Katty perguntaram ao mesmo tempo.

            — Encomendar doces. — Brian disse constrangido. — Suas sobremesas são boas, mas são poucas, deveria encomendar tortas. Ou quem sabe...

            — Quem sabe o que? — Rony perguntou animado.

            — Usar alguém apenas para isso, para as sobremesas. — Brian disse olhando diretamente para Katty. Ele sabia que era o sonho dela. Abrir uma confeitaria com bolos, tortas, e doces de diferentes estilos, além de chocolates.

            Katty olhou assustada para o amigo e balançando a cabeça negativamente, mas ele a ignorou. Nunca tinha visto alguém falando de um sonho com tanto brilho no olhar como ela fazia. Eles estavam conversando na porta do quarto onde ela morava, ao fundo do restaurante, eles sempre conversavam ali. E ela deixou escapar que amava doces e que pretendia um dia abrir ou uma confeitaria ou um café. E seus olhos pareciam estrelas.

            — Quem poderia fazer isso? Não estamos em condições de contratar ninguém ainda. É um restaurante simples, popular. — Rony disse pensativo. — Mas tem razão sobre as sobremesas, penso nisso sempre.

            — Katty. — Brian disse. — Katty gosta da área de confeitaria.

            Rony olhou para a empregada, que era muito mais considerada como amiga, algumas vezes até mesmo como irmã e analisou o sorriso tímido dela e as maçãs do rosto vermelhas.

            — Nunca me disse isso.

            — Não é importante, é só um sonho bobo. — Katty disse dando de ombros.

            — Não é um sonho bobo, já experimentei seus bolos. — Brian disse e se virou para Rony. — São excelentes.

            — Katty, deveria ter me falado sobre isso. — Rony sorriu. — Somos amigos.

            — Eu sei é só que...

            — É perfeito. — Rony disse. — Podemos fazer um teste, se os clientes gostarem você passa de ajudante para responsável pelas sobremesas.

            — Sério?

            — Deveria ter me falado sobre isso antes. — Rony disse olhando para a moça. — Isso vai ser ótimo. Mas não posso aumentar seu salario, não ainda.

            — Rony! Quem precisa de salário? — Katty disse abraçando o ruivo. — Obrigada! Obrigada!

            — Eu que agradeço, vai ajudar o restaurante. — Rony disse rindo da reação da amiga.

            — Obrigada... — Katty sorriu novamente. E se virou para o loiro que ria da situação. — Obrigada Brian...

            — Seu sonho se realizando.

            — Não era para contar isso pra ninguém... Mas... — Katty sorriu. — Obrigada, muito obrigada por se lembrar dessa conversa.

            — Sempre me lembro das nossas conversas. — Brian sorriu corando.

            — Sinto que estou segurando vela. — Rony disse saindo para a cozinha.

            Katty e Brian coraram profundamente e não responderam. Ficaram apenas lado a lado respirando lentamente e tentando não dizer que o que mais queriam era que ele realmente estivesse segurando vela. Mas naquele momento eles não tinham nada além de uma amizade. Uma boa amizade.

            E era bom fazer parte de um grupo onde a amizade era tão sincera e tão importante. Era um tipo diferente de amor, mas um tipo muito importante. E muito doce. Possuindo um significado puramente sentimental.

xxx

            Sua boca estava seca, e sua cabeça girando como se ela estivesse presa em algum brinquedo em um parque de diversão fantasma. Não sabia o que dizer, o que pensar e muito mesmo o que sentir. As palavras do médico estavam sendo repetidas de diferentes maneiras, lentamente, rapidamente. E mesmo assim sua mente parecia confusa e ela não conseguia entender.

            As vozes de Gina e Luna estavam distantes e ela não sabia como tinha chegado até ali. O taxi parecia está rodando há alguns minutos já, mas para ela isso não fazia sentido. Naquele momento nada fazia sentido. E o enjoou voltou. E a tonteira. E ela volto a si a tempo de gritar para que o motorista parasse o carro, e em seguida se debruçar sobre o banco em direção a rua.

            — Hermione... — Gina falou ajudando a amiga que continuava debruçada. — Vai ficar tudo bem quando a gente comprar os remédios que o médico recomendou. — A ruiva sorriu.

            — Não acho que esses remédios sejam bons, conheço chás ótimos. — Luna disse. — Que vão fazer os enjoos passarem.

            — Está dando chá a ela há um mês e não resolveu nada. — Gina retrucou.

            — Eu não podia dar qualquer chá sem saber o que ela tinha. — Luna disse.

            — Mas você disse que já sabia.

            — Gina, eu precisava ter certeza. Imagina se nosso futuro afilhado acaba recebendo o chá errado? — Luna sorriu.

            — Eu serei tia Gina... — Gina sorriu e de repente voltou ao normal. — Titia? Eu vou ficar para titia? Oh Meu Deus.

            — Eu acho que vai ser uma menina. — Luna suspirou. — Sinto isso.

            — E a Bruxa Luna ataca outra vez.

            — Eu tenho um sexto sentido, não precisa me chamar de bruxa. Apesar que eu acho as bruxas seres muito interessantes.

            — Gosto mais das princesas. — Gina sorriu.

            — Mas nessa história foi a Bruxa que ficou com o príncipe. — Luna disse rindo da amiga. — E a Princesa está ficando pra titia.

            — Luna... — Gina disse quase chorando. — Eu vou desencalhar tá...

            — Estava só brincando... Sem drama Gina. — Luna sorriu.

            — Isso foi sua pior maldade. — Gina disse fungando.

            — Hermione está melhor? — Luna olhou para amiga que agora respirava mais calmamente e acenou positivamente.

            Hermione se ergueu e olhou para as duas amigas. Seus olhos estavam vermelhos e cheios de lágrimas. Ela abriu a boca algumas vezes, antes de Gina mandar o motorista seguir em frente. Naquele momento as palavras tinham simplesmente fugido dela. Era muita coisa em uma única cabeça.

            — Eu... — Hermione suspirou e as lágrimas voltaram a seus olhos.

            Depois disso a viajem foi curta e sem nenhuma conversa.

            Foi Luna quem abriu a porta do apartamento delas. E finalmente Hermione se deixou cair sobre o sofá. Respirou profundamente três vezes. Limpou as lágrimas dos seus olhos. E a pergunta saiu da sua boca como se fosse a coisa mais obvia a ser feita.

            — Gravida? Eu?

            O significado de amar está em cada detalhe da vida. Na rosa que se dá por motivo algum. No apartamento vazio, e ainda assim completo. No chocolate que te faz sorrir. No nascer do sol junto com a pessoa amada. No pôr do sol que traga tranquilidade. O significado de amar está no passado se cruzando com o presente e definindo o futuro. Está nas lembranças e naqueles momentos que revivemos todos os dias. Está nos sonhos se realizando e nas amizades que te cativam. O significado de amar está no inesperado, na nova vida que se forma. E nas histórias de amor que escrevemos sem nem imaginar. 


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