Quase Sem Querer escrita por Loly Vieira


Capítulo 7
Capítulo 7 - Uma pitada de clichê




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-Você não vai? - arqueei uma sobrancelha para o garoto. Todas já estavam de saída e não, não deduzi isso pelas despedidas e sim pelas batidas nas portas.

-Não, vou ficar com a Laura.

Tive que engolir o que estava em minha garganta e assenti com a cabeça, na verdade eu queria encarar Diego e exigir uma explicação a qual ele não me devia.

Desde quando um garoto que me conhece num tempo tão curto é capaz de me fazer sentir tão... desarmada como Diego estava conseguido me fazer sentir? Não pode isso Dilma, não pode isso Obama, não pode isso 1º ministro da Inglaterra.

Além de ficar nessa casa vizinhança da Transilvânia eu teria que assistir um casal se agarrando no sofá ao lado, enquanto eu abraçava uma almofada, desejando que o cachorro da minha melhor amiga estivesse ali, para me fazer companhia?

 A vida é bonita, mas pode ser linda, não é mesmo?

-Vou dar uma volta por aí com o Doug.

-Você sabe voltar? – Dei de ombros, desejando me perder em algum lugar, cair de um precipício e... Não, eu não estava realmente desejando isso. Só imaginando. Vocês ouviram né pessoal lá de cima? – Tenho um lugar para irmos. – Ah é, mesmo? Vai lá ficar com a Laura. – Só vou pegar a Laura.

Ah droga, ele lê pensamentos? Você não ouviu a voz mental e totalmente sarcástica?  E eu esperei brincando com a guia do cachorro que estava em minhas mãos, já conseguindo ouvir os choramingões do canino do outro lado da porta. Sorri, chamando-o com a voz mais melosa que usava. Ok, sabem a parte do esperar? Então, eu esperei... do lado de fora.

Assim que abri a porta do quintal, um cachorro Retrivier pulou em mim e eu cambaleei vários passos para trás.

-Oi, garoto - eu gargalhava, tentando me esquivar de suas demonstrações de carinho. - Você sentiu a minha falta? Hm? Sentiu a falta da Mah?

Seu rabo em forma de lontra debatia-se e ele ainda insistia de me fitar mais de perto, pulando em minha direção com saltinhos alegres.

-Eu também senti sua falta, Doug. - Seus olhos caramelos e expressivos me fitaram num misto de alegria e quase entendimento.

-Eu sabia que ela estava aqui - uma voz rouca murmurou - Laura, essa é a menina do cachorro.

Um cheiro suave penetrou minhas narinas e um aroma familiar me fez sorrir. Aquele perfume...

-Menina do cachorro, essa é a Laura, minha irmã caçula.

Bingo! É o que diria minha avó... Não, ela não diria isso, bingo já não é tão popular assim, ela diria algo como “Policia!” em um cassino, típico da vovó.

O tal perfume era o perfume que os bebês pareciam ter impregnados na pele.

Tive que segurar Dougie pelas patas, que se encontravam uma a cada lado da minha cintura para que ele não se chocasse junto aos dois logo à frente.

-Oi Laura! - sorri para a garotinha totalmente curiosa nos braços de Diego, seus cabelos loiros e cacheados estavam arrumados, usava um vestido rosa e branco de um tecido aparentemente macio e os olhinhos esbugalhados denunciavam a tamanha semelhança, o azul da sua íris brilhava, de uma forma mais inocente e curiosa, mas mesmo assim, de uma forma entrelaçada ao Diego.

Eu precisava conhecer meus sogros... Oi? Sogros? Quis dizer os pais de Diego. Meus pais poderiam ser Brad Pitt e Angelina Jolie e talvez eu até saísse bonitinha feito aqueles dois irmãos a minha frente. Mundo cruel.

Eu tentava manter certa normalidade em meu andar. Acompanhando lado a lado de Diego e sua irmã, mas era quase impossível e assim eu seguia sendo arrastada pelo cachorro.

Enfim, depois de longa caminhada (para uma sedentária feito eu), Diego me fitou sorrindo e apontou com o olhar.

E dali se tinha a vista mais linda de um pôr do sol privilegiado. Graças ao afastamento do centro urbano, ao nosso redor, só se ouvia o zumbido familiar e repetitivo de alguns grilos e o arfar do cachorro.

Nosso campo de visão dava para algumas dunas que embaçavam com a aproximação lenta da grande esfera amarela.

Eu passava a mão na cabeça do cachorro, que incrivelmente descansava ao meu lado.

-Eu gosto daqui. – Diego sorriu para mim. Ele segurava com um cuidado exagerado a garotinha ao seu colo, como se a qualquer momento ela pudesse quebrar ao seu toque, eu ri baixinho com isso. – O que foi?

-Nada – dei de ombros, voltando a encarar a vista.– Como descobriu aqui?

-Já faz algum tempo. Eu gostava de vir andar pelas redondezas e então descobri um atalho até aqui.

Eu sorri em sua direção.

-Eu sinto falta do silêncio às vezes – Confessei baixinho. – E de como tudo nele parece mais claro.

E diante de seus olhos eu me senti pequena, não só por estar praticamente perdida em algum lugar de sua íris. Mas pelo reflexo que elas mostravam, por saber que algum lugar ali existia um tipo diferente de Diego.

Seu modo carinhoso era adorável, a forma que ele agia era admirável e eu estava totalmente, irrevogavelmente e todos esses “mente” em função de exagero, ferrada. Exageradamente ferrada por estar analisando até a forma que ele me olhava agora, por corar como uma garota apaixonada pelo seu professor na 4ª série, por estar tentando ignorar aquilo que estava na minha cara estampado com cores fosforescentes, com direito a dentinhos de vampiro e asinhas de morcego.

Pode falar e admitir: completamente ferrada.


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Notas finais do capítulo

Desculpem por demorar um pouco. Acabou o feriado, acabou o chocolate (mentira). Vou tentar postar amanhã já que quinta eu não vou poder e se entrar sexta vai ser de noite e sábado só de tarde U-U
Mas vou me esforçar porque vocês merecem.
As pimpolhas que comentaram no capítulo passado: iMitch (bem vinda), Sonhadora00, allison e Nathalia (as veteranas).
Vocês não tem ideia o quanto eu leio e respondo cada review com o maior carinho.