-Onde você estava?

-Por aí – dei de ombros. Eu adorava e confiava totalmente em minha melhor amiga, até mais do que o devido. Mas há certas coisas que bem... são só coisinhas. Nada demais.

-Você o viu, né? – Ela parou de flertar o barman do outro lado do balcão e me olhou com aqueles olhos bem definidos com a maquiagem pesada.

-Pois é – Olha o blush minhas caras, só blush natural.

-Ele tá lindo pra cacete né?

-Gabriela... – revirei os olhos, ouvindo sua risada baixinha no fundo. Corrigindo-a. – Ele é lindo pra cacete.

Nossos filhos também poderiam ser uns lindos né? Seria a salvação de minha família Adans: eu  casar com Diego. E tais pensamentos era devido ao meu alto instinto materno em só querer bem para meus filhotes, beleza era um bem que minha mãe não fez questão de se importar no meu caso.

-Hey Mah – ela riu já de pilequinho.

Peguei o copo que tinha em mãos.

-O que você anda bebendo sua alcoólatra? – tentei cheirar aquela bebida mas quase me engasguei só com a fungada.

-Olha aquele ali que gracinha – apontou para o barman, tomando sua bebida de minhas mãos.

-Ele não está trabalhando?

-E você acha que eu não sei diferenciar o trabalho de vida pessoal?

-Ah que bom que...

-É só você fazer ele sair de trás do balcão.

-O quê? – Ela me puxou pela a cabeça, aproximou minha orelha de sua boca, gritando logo em seguida.

-Tenho um plano, MAHZITA!

-Que legal, hein? Olha Velma, eu vou para esse lado com o Scooby e você vai para aquele com o Fred e a Dafne.

Eu soltei risadas com minha própria piadinha estilo ‘stand up’ e ela ergueu uma sobrancelha. Nossa que sem humor.

-Vai me ajudar ou não?

-Só se você me der biscoitos scooby’s – irritei e ela simplesmente bateu a mão no balcão com exagerada força, atraindo a atenção do barman.

E NOSSA SENHORINHA DAS BEBINHAS!

Pode contratar aqueles tipos de barman com cara de stripper de festa de despedida de solteira, produção? Maria... Pode isso?

Ele veio desfilando até nós e eu o senti vindo em câmera lenta. Injustiça isso já que a baba que escorria de nossas bocas ia à velocidade real.

-Ela quer ter uma conversa com você. – Gabi denunciou, assim, na cara dura. Eu engasguei. Opa!

-Pode dizer, bebê.

Vai chamar de bebê... nosso futuro filho que já está a caminho. Sim né, porque só de olhar eu engravidei (Status no face: Buxuda / Nome: Eu. Função: engravidar só de olhar aquele homem). Beijo mãe que arcará com as despesas. Vem cá, seu lindo.

-Eu... ér... – olhei desesperadamente para a Gabi e a vi apontar com o olhar para meu irmão que estada do outro lado rodeado de amigos. – Preciso de ajuda para que você diga uns melhores drinks sabe... – sorri torto – Para o pessoal.

-Hm. – Eita que ele não comeu a isca. Quem ai acerta o nome da futura isca?

-O noivo quer a sua opinião para os melhores drinks – melhorei a mentira. Tá ficando até descente.

-E você é do noivo...?

-Irmã – falei no maior orgulho que nunca tive. 

Ele balançou a cabeça. E com isso uma luz que iluminava o bar precariamente iluminou seu rosto. Os olhos pretos não brilharam. Não causaram arrepios, desejo e nem nada do tipo. E foi impossível não compará-lo, era exatamente isso que eu fazia com todos os homens que eu conhecia durante o último ano. Porque eu não estava me importando se ali tinha um cara que com toda certeza, poderia estar numa daquelas capas de revista meio obscenas. Não que eu tivesse visto alguma... Só algumas da Attitude. Nada demais. (Procurem no google: Harry Judd na Attitude e não vão se arrepender. Dica pro sábado a noite).

Grande poça de músculos aquele barman tinha e nem me fazia querer pular em seus ombros gritando “É PRECISO AMAR AS PESSOAS COMO SE NÃO OUVESSE AMANHÔ. Sabe como é que é... O Renato sempre surge nos meus momentos mais complicados. Er.

Suspirei alto. Olhei para a Gabi e ela ainda piscava os olhinhos em direção ao homem musculoso a nossa frente. Ela não parecia se importar e se estava se importando, enganava muito bem.

Então quando aquele homem de quase de 2 metros de altura vinha em minha direção eu apenas esquivei, do jeito francesa de ser (olha os parentescos, tataravovozinha é com você!).

Busquei minha mãe mas a única pessoa que eu encontrei familiar já me puxava pelo braço.

-Vem Marina.

-Que foi?

-Vamos ter uma banda, você disse que gostava dessas coisas no ensaio – eu sorri. Maria era uma fofa que eu poderia sequestrar e manter em minha casa.

-Só se você dançar também. – Ela riu alto.

-Menina deixa disso e aproveita a festa que eu estou aqui de maneira profissional!

Ela me encaminhava até o palco que ali tinha. O aluguel do espaço deveria ter custado uma fortuna.

-Aproveite bem – ela sussurrou e eu quase não entendi direito se não fosse pelo movimento dos seus lábios, a música já começava a tocar e ela não estava fazendo muito esforço para gritar.

-O quê?                                                                                                                  

-Não deixe ir, tá?

-Deixar o quê? – Não respondo por nenhum assassinato. Foi o tratado que eu fiz comigo aos 7 anos.

-Você vai ver – então sorriu largo, mostrando todos os dentes e logo em seguida seu celular chamou sua atenção. Despediu-se com um aceno e me deixou plantada ali, a uns 3 metros do palco.

Balancei a cabeça confusa e olhei só por curiosidade para o palco. Eu admirava essas coisas, mas não quando minha amiga estava aproveitando com o barman do outro lado da festa. Festa para mim é só festa quando se tem amigos na mesma. Desculpa ai piriguetes da minha ex escola.

A música eletrônica do DJ parou, alguém que tinha o microfone em mãos limpou a garganta, o som de várias pessoas conversando ficou mais claro.

Mas elas já estavam muito distantes naquele momento.