Quase Sem Querer escrita por Loly Vieira


Capítulo 2
Capítulo 2 - Primeiro dia. Madrugada.


Notas iniciais do capítulo

"E ainda estou confuso,
Só que agora é diferente:
Sou tão tranquilo e tão contente."



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Senti algo babado em meu rosto. Praguejei algo e me virei, apalpando ao redor da cama a procura de uma coberta que certamente não estava lá. Sentei-me na cama, cocei os olhos e deixei um bocejo escapar. Olhei para o criado-mudo, certificando-me que meu relógio iria cumprir seu trabalho daqui a pouco tempo. Mas, para minha infelicidade, ele marcava 4h: 30min.

Pulei da cama, alvoroçada. Cocei os olhos mais uma vez. Os malditos números continuavam os mesmos. Quer dizer... agora já era 4h: 31min.

Droga. Eu nunca pensei que estaria atrasada em plena madrugada.

Corri para o banheiro e tomei um banho rápido, que serviu mais que o relógio para me acordar. Enrolei-me numa toalha e peguei o pijama.

Porque diabos eu não tinha arrumado minha mala ontem?

Peguei o máximo de roupas decentes que eu encontrei no guarda-roupa, enfiando todas numa mala média e com alças que eu tinha encontrado. Olhei novamente pro relógio. 4h: 53min brilhavam em um verde provocante. Estava prestes a sentar em cima da mala para conseguir fechar o zíper quando meu celular tocou. Uma música histérica e apaixonante da minha banda favorita (insira o slogan do McFLY e todos eles segurando uma lata da coca-cola aqui) começou a soar de algum canto do quarto.

-Celular - chamei-o baixo.

Finalmente o achei debaixo do travesseiro, piscava o nome de Gabi. Lógico. Quem mais me incomodaria a essa hora da manhã? Bem que poderia ser meu namorado ligando pra dizer que me ama e que sentiria minha falta... se eu tivesse um, obvio.

-Oi.

-Já está pronta, não é? - certificou-se.

-Só falta algumas coisas.

-Hum, irei passar ai daqui a uns 10 minutos, tudo bem?

-Tudo. Tudo sim.

-Ok. Tchau.

Não respondi. Agora eu não parava pra analisar qual roupa eu levava, apenas colocava todas elas dentro da mala em uma última chamada.

Fechei a mala, ofegante. Escova, escova de dente, pasta de dente, sabonete e todas essas coisas, eu havia colocado junto num nécessaire. Olhei-me na penteadeira, escovei os cabelos com as mãos. Coloquei o celular no bolso e corri até a cozinha carregando a mala, quase caindo da escada pelo peso.

Anotei um recado na cozinha, pregando-o no interruptor, tendo a total certeza que eles leriam. Digo, minha mãe e meu padrasto.  Eu não estava fugindo de casa (e não aconselho a nenhum de vocês a fazerem, se caso desejam, ouçam repetidas vezes Pais e Filhos do Legião Urbana, que a vontade passa). Havia dito a proposta a eles no dia anterior, agarrando-me a uma chance muda que minha mãe não a aprovasse, ela não só aprovou como adorou e quase foi junto comigo se não fosse seu trabalho, é.

Algo em meu bolso tremeu e eu atendi rapidamente.

-Estou aqui fora.

Peguei novamente a mala e fui até a porta de entrada. Estava deixando para trás minha mãe, meu padrasto, meu irmão caçula, seu porquinho da índia e uma cama para forrar, por uma semana. Só uma semana.

Devo dizer que a Gabriela era filha única? Devo dizer que com isso, ela pediu aos pais, numa forma de suprir esse sentimento inconsolável de solidão além de coisas invejáveis da tecnologia moderna, um ser?

-Dougie, para com isso.  - Pedi. - Dougie...

E aqui estava ele, com as duas patas dianteiras em minha coxa, tentando se aproveitar de mim para chegar a sua fonte de felicidade suprema: a janela aberta.

-Gabi, pede pra ele parar. - Sua mãe, tia Dora, decidiu salvar a nação mesmo estando no banco da frente do carro.

-Doug - ela bateu palmas, chamando a atenção do ser enorme. - Vem, garoto.

Mas isso não durou dois minutos, porque logo a loira cansou de dar atenção ao canino e ele voltou pra mim. Suspirei. Ele subiu no banco, ficando entre nós duas, deitou e fitou-me, curioso.

-Não me faz essa carinha - sussurrei pra ele. Inclinou a cabeça e levantou as orelhas. Sorri. - Ok, mas só um pouco.

Bati as palmas das mãos na coxa e ele subiu em mim. Enfiando o focinho pela brecha da janela. Longa, longa viagem. 



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Notas finais do capítulo

Hey!
Agradecendo a AhMely e a Allison que comentaram no 1º capítulo.
Muito, realmente muito obrigada meninas :3
Talvez eu poste o capítulo 3 ainda hoje se alguém quiser.
Vale uma miniatura de ovo de chocolate pra quem comentar.