Quase Sem Querer escrita por Loly Vieira


Capítulo 11
Capítulo 11 - Where are you, Scob... Dougie?


Notas iniciais do capítulo

Eu postei novamente o capítulo, corrigindo alguns erros.



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Ele espalmou minha mão, a apertando de leve, típico daquele contato que transmite “hey, eu estou aqui”.

–Eu esqueci... - engoli em seco.

–Mah, você já viu o tamanho daquele cachorro?

–Deve ser uns 30 quilos de pura idiotice, Diego - falei com a voz trepidada. - Nós temos que voltar lá.

–Tudo bem - ele segurou-me pelo punho, quase me arrastando até a porta. Eu ainda parecia em estado de transe.

Diego pegou a chave do carro, julgando que seria mais rápido e logo depois que fechamos as portas do carro ele pisou no acelerador. Se minha incompetência não fosse tamanha eu até riria da forma enlouquecida que o garoto dirigia.

Procurei com os olhos qualquer vestígio daquele cachorro idiota. Nada. Nem sequer sombra do seu rabo em forma de lontra. Nada mesmo.

Meu coração apertou.

Não era por não ser meu que eu não adorava aquele canino estúpido. Eu realmente adorava.

–Vamos dar mais uma volta e a gente vol...

–Não – neguei ferozmente.

–Depois a gente volta para ver se ele voltou. – Tratou de dizer.

–E se não voltou, nós pegamos biscoitos com manteiga – acrescentei baixo e de forma boba como se quem falasse fosse uma garotinha de 4 anos. – O Dougie adora biscoitos com manteiga.

Ele assentiu. Provavelmente se perguntando como me aturou mais de 5 minutos ao lado dele.

Parecíamos numa competição do Rali dos Sertões, para dizer a verdade. Eu espremia os olhos, procurando por todo o local, já estava com metade do corpo de fora da janela para ouvir qualquer barulho possível.

Nada. Novamente nada.

Eu já estava ficando angustiada, a culpa pesava em minha cabeça, esmagando a parcela de esperança que eu já tinha.

Era um ambiente de muitos animais, tinha me dito Diego na noite anterior, muitas cobras ou outros tipos de animais.

–Desce dai, Marina – ele ordenou. Ele estava retomando o caminho.

–Não – sentei no banco, puxando-o pela gola da camisa – Você não pode voltar, a gente tem que achar o Dougie antes que a Gabi descubra.

–Ela já deve está sabendo – falou para minha total calmaria.

Soltei um resmungo baixo. Se tinha alguém que dizia idolatrar aquele cachorro de pedigree impresso era Gabriela.

Então o choro baixo me deixou alarmada.

–Diego – berrei, ele freou o carro e eu nem esperei que tivesse parado completamente para descer do carro aos pulos. Chamei pelo cachorro e o choro se repetiu.

–Você quer me deixar louco? – o garoto já estava ao meu lado, puxando um maço de cabelos com as mãos.

–Shhhh – coloquei o dedo em seus lábios. Retirando-os assim que ele fez uma careta estranha. O choro se repetiu e quem saiu correndo dessa vez foi Diego e eu o segui.

–Chama de novo – pediu baixo.

Chamei mais umas centenas de vezes e o mesmo choro se repetiu mais algumas. Finalmente nos levando para debaixo de uma árvore cujo qual meus altos conhecimentos de botânica não me fizeram conhecedora de tal espécie (Olá, prima distante e atropelada da Clarice, perco o cachorro mas não perco a piada).

E ali estava o cachorro estúpido, idiota, o mesmo que quase me fez ter um problema cardíaco. Sua guia estava embolada num tronco caído e seus pelos amarelados estavam marrons, seu focinho completamente preto e seus olhos pareciam prestes a transbordar. Foi quando ele nos viu. Sem me importar com o tamanho de sujeira acumulada ele tinha, eu o abracei como se abraça um bicho de pelúcia grande. Xingando-o de todos os nomes possíveis.

Diego desatou a guia.

–Vem, vamos pra casa que você ainda vai ter que dar um banho nele.



Bati a porta do carro, Diego dividira as tarefas comigo (olha que lindo, já estamos feito marido e mulher. Só ele que ainda não sabe que tá comprometido). Ele colocaria o cachorro no quintal enquanto eu prepararia alguma coisa para ele comer. Divisão “igualitária”, que na minha humilde opinião, não foi nem um pouco justa já que logo em seguida, eu teria que dar um banho no cachorro. Mas antes de abrir o pote de biscoitos vi uma cabeleira loira se meter no meio do caminho. Os olhos estavam vermelhos.

–Cadê meu cachorro? – não falava de maneira áspera, era mais chorosa. -Meu cachorro – repetiu. – Eu quero meu cachorro.

Coloquei a manteiga na mesa da cozinha.

–Marina me fala! – ela quase chacoalhou meu corpo.

–Para com isso! – eu gritei. – Já chega, tá?

Gabi me olhou assustada.

–Para de mostrar que se importa – berrei, esquecendo dos biscoitos na mesa – Para! Você nunca sequer parou pra colocar nem água na tigela do cachorro.

–Mas...

–Eu realmente escorreguei, o perdi de vista e esqueci, ok, ele voltou imundo parecendo uma digivoluição de um cachorro, pura verdade. – Erguei as duas mãos para cima. - Mas ele não é minha responsabilidade e nem meu tapa buraco para o vazio instalado de uma inexistente ausência.

Eu me calei para recuperar o fôlego.

–Você quer ajuda... Quer dizer... - engoliu em seco - Você me ajudar a dar um banho nele?

Olhei-a meio torto. Sabendo que ela sabia que eu tinha razão. Relaxei os ombros, sabendo também que não conseguiria ficar muito tempo brigada com ela.

–Está pronta para se molhar?


Gargalhadas.

–Ai para de me molhar, sua...

Eu jogava mais jatos d’água.

–Eu to toda molhada, Marina - ela choramingava.

O cachorro latia enquanto eu tentava passar shampoo pela sua cabeça.

–Segura ele no três. - A loira consentiu. - Um... Dois...

–Três! - ela se jogou, acompanhada de mim.

E no final estávamos duas loucas rindo horrores e um cachorro do outro lado do quintal, abanando o rabo.

–Ai minha barriga - eu estava literalmente rolando de tanto rir.

–Meu cachorro não me obedece - ela falou entre os risos.

–Seu cachorro não obedece a ninguém - falei, encarando o retriever com a bunda empinada e nos fitando desafiadoramente.

O quintal estava ensopado e cheio de espuma. Causa: um certo canino. Consequência de muitas: Gargalhadas.

–Mas o que diabos está acontecendo aqui?

Ergui o olhar e me deparei com um dono de olhos azuis de cabeça pra baixo. Ele estava com cada uma das pernas ao lado do meu corpo. Uy, isso parecia sexy. Não, brincadeira. Diego ergueu uma das mãos para mim e com um puxão eu já estava em pé.

–O que deram em vocês duas? - Gabi ainda gargalhava, agora já sentada.

–Somos inocentes - falei, erguendo os braços, passando espuma por toda sua blusa branca e limpa. - Ai desculpa - eu tentei tirar a espuma, mas burra que sou não notei que na minha outra mão tinha mais... terra, é. Combinação perfeita, pode falar.

–Deixa pra lá - ele sorriu de canto de boca, me afastando pelos ombros. Fiz um biquinho triste e ele riu.

Mas sua tentativa de não se molhar foi por água a baixo quando Dougie pulou em seu peito. Gargalhei, pulando em suas costas. Agora além de espuma e terra, ele estava ensopado de baba.

Não demorou muito para que caíssemos no chão. Quase morri asfixiada com Diego em cima dos meus pulmões e depois de muitas batidas ele me puxou de lá de baixo.

–O dia não parece ótimo? - eu ri, encarando de barriga pra cima, o céu incrivelmente azul.

Inclinei a cabeça para cima, procurando os olhos dele, mas os azuis estavam ocupados encarando a loira ao nosso lado, ele me sorriu e apertou mais o braço a minha volta. Ouvimos Dougie se remexer, os pelos balançarem até o rabo. E vários e vários pingos caírem sobre nós.

–É - admitiu o garoto, aconchegando-me em seu peito. - Realmente ótimo.



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Notas finais do capítulo

Olha eu compensando vocês pelo capítulo anterior >.<
O próximo capítulo também será grandinho se vocês forem tão legais quanto foram no capítulo anterior. Não levem isso como chantagem UASHUAS
A encomenda do garoto dos olhos azuis está sendo duplicada a pedidos, todo mundo querendo um (não esquecendo de incluir a autora aqui, por favor): Sonhadora00, allison, iMitch, Joyce Nunes e Nathalia.
Estou muito feliz percebendo que leitoras novas tão aumentando e as antigas continuam acompanhando.
Já sabem né, qualquer um que bobear e você notar que tem olho azul pode ir seguindo, a decepção pode vim depois: pode ser lente.