XXVI

 ‘ É incrível como uma simples e pequena palavra pode acabar com seu dia inteiro ‘

                                   …

Ponto de Vista: Kiryuu Zero.

Hoje eu estava estranho.

Minha cabeça estava latejando, meu corpo doía e eu sentia uma dor estranha no peito.

Eu não ia sair daquele quarto escuro nem com policia e aí de quem abrisse a porta ou a janela.

Não. De novo não.

Isso não está acontecendo comigo novamente.

- Você está bem? – perguntou a garota entrando no quarto, fiz uma careta quando a porta ao ser aberta fez uma barulho irritante.

- Er, eu estou bem. – menti, eu sabia que não estava. – Não precisa se preocupar comigo.

Sentei-me na cama com uma careta horrenda e com a cabeça girando. Yuuki se sentou do meu lado e me abraçou.

Aquela aproximação dela tão perto de mim fez minha dor no meu peito aumentar.

Aquele cheiro que só a garota tinha fazia minha cabeça girar.

Calma Zero, não faça nada.

- Zero você está frio. Isso não é normal.

- Eu já disse Yuuki, eu estou bem. – resmunguei, ela me ignorou.

- Pare de mentir Zero. Eu vou fazer um chá e você vai ficar bem. – falou Yuuki rumando até a porta.

- Yuuki, não precisa.

- Zero não seja teimoso. Eu vou fazer o chá e ponto final. – falou ela determinada, fechando a porta.

Respirei pesadamente e me afundei na cama, na esperança que um simples chá melhorasse ou curasse completamente esse meu “resfriado” repentino.

Bem, eu queria que um simples chazinho resolvesse esse problema.

Mas era esse o problema.

Esse problema não tinha uma solução.

[...]

Eu não estava bem.

E esse chá não resolveria em nada meu problema.

Eu irei me odiar por isso, mas terei que ser um merda com a garota antes que aconteça algo pior com ela.

Antes que eu faça alguma coisa pior com ela.

- Aqui está o chá. – avisou ela, não esboçei reação alguma.

- Eu já disse que eu não quero essa merda de chá, Yuuki. – respondi ríspido e ela suspirou.

- È para o seu bem, larga de ser teimoso e tome logo o chá.

- Eu não quero esse chá. A única coisa que vai me fazer bem agora é você sair do quarto e me deixar sozinho.

- Mas Zero... – tentou argumentar.

- Eu não vou repetir de novo Yuuki.

- Ok. – foi o que ela falou.

Yuuki saiu correndo e bateu a porta com força.

Provavelmente eu teria magoado ela com essas palavras.

Merda, porque tem que ser assim?

Eu me odeio.

Mais uma vez senti um forte dor no peito e aquela vontade insasiavel tomava conta do meu subconsciente.

Eu tinha que ser forte, eu jurei para mim mesmo que não ia fazer aquilo de novo e não sou homem de quebrar promessas.

Eu não posso machucar a Yuuki.

Esse cheiro adocidado que ela tinha não ajudava em nada nisso.

Seria doloroso, mas eu tinha que fazer isso.

Eu tenho que sumir.

Vai ser pelo bem da garota, é.

Eu espero.

[...]

- Cara, isso vai dar merda. – avisou Ichiru se sentando do lado de Yagari naquele bar.

- Dá para entender que eu não posso machucar a Yuuki! – falei esmurrando a mesa e a mesma fazendo um barulho estridente. Minha cabeça doeu depois disso.

- Larga de ser idiota Zero, se você ama a Yuuki você vai saber se controlar.

- E se eu não consiguir? Eu vou transformar ela em um monstro, aquela criatura angelical e meiga em uma criatura grotesca. Jamais irei me perdoar.

- Merda, mais cedo ou mais tarde ela vai descobrir isso Zero. Conta logo para ela! – falou Yagari fumando um cigarro.

- Seus instintos vão falar mais alto. E se ela te amar de verdade, ela vai entender. Sem falar que se você desaparecer, ela vai sofrer muito.

- Se você não contar sua verdadeira natureza para Yuuki, eu juro cortar essa coisa que você chama de aparelho reprodutor. – ameaçou Yagari, fiquei irritado com todos esses conselhos.

- A Yuuki não merecer ter um monstro como namorado.

- Para de bancar o Edward Cullen! Eu sei que você pode se controlar, Zero.

- Eu não sei se eu consigo. O cheiro dela me domina a cada dia, eu vou perder a consiencia.

- Porque você não vai conseguir? Cara, nada é impossível para Kiryuu Zero.

- Porque eu sou um vampiro, caralho! – gritei.

                            -x-

- O que você acha que está acontecendo com ele, Yori? – perguntei. – Ele nunca falou comigo daquela forma.

- Ele deve estar de mau humor por não estar bem de saúde. Não se preocupe amiga. – confortou Yori me abraçando.

Eu realmente espero que essa mudança repentina de humor de Zero seja apenas um mau humor por conta do seu resfriado.

É, vai ser só isso.

De repente a porta se abriu e toda esperançosa abri um lindo sorriso pensando que era o Zero.

Era o Ichiru e não estava com uma cara boa.

- O que aconteceu Ichiru? – perguntou Yori se levantando e abraçando o namorado.

- O Zero. Ele foi embora.

Ele foi embora.

Apenas essa frase bastou para que eu me desesperasse por completo.

Calma Yuuki, não entre em total desespero.

- Como assim foi embora? – perguntei tentando esconder meu desespero.

- Foi embora Yuuki e não vai voltar.

Ok, agora eu posso entrar em total desespero.

- Não! Ele não fez isso comigo, Ichiru! – gritei deixando transparecer meu obvio desespero. – Eu sei que ele vai aparecer nessa porta a qualquer momento como sempre faz. Eu sei!

- Ele não vai! – gritou Ichiru olhando para baixo, depois diminuindo o tom de voz. – Ele não vai mais voltar. Eu tentei convencer ele a ficar, mas ele é teimoso. Preferiu ir.

- Por qual motivo? – perguntei com a voz falho devido o choro.

- Você. – foi direto. – Ele não queria machucar.

Ouvir aquilo doeu mais do que pareceu que fosse doer.

Ele foi embora por minha culpa.

Por quê?

Eu fiz alguma coisa errada, ou foi por causa daquela historia do Andy?

Ou pior ainda, será que ele não me amava mais?

Não importava qual desses motivos.

Doía e muito saber que a pessoa que você ama e abandonou.

E ainda por sua causa.

Eu era uma idiota mesmo.

[...]

Passaram alguns dias e nada de Zero aparecer.

Eu praticamente dormia todos os dias perto da porta na esperança de ver o momento exato que ele chegaria aqui em casa, me abraçaria e me chamaria de garota.

Mas pelo jeito isso demoraria mais do que eu esperava.

- Yuuki, você quer comer alguma coisa? - perguntou Yori se sentando do meu lado do sofá.

- Obrigada Yori, mas estou sem fome. – respondi praticamente sem voz.

- Você tem comer Yuuki. Quer ficar doente?

- Eu quero o Zero. Eu o quero aqui do meu lado e agora. – falei sentindo meus olhos encherem de agua novamente.

- Yuuki. – falou ela me abraçando. – Ele deve ter um motivo muito importante para ter ido embora sem se despedir. Talvez ele não quisesse te magoar ou coisa do tipo.

- Se essa foi intenção dele, ele falhou miseravelmente. Onde ele está agora?

- Só sei que irei obrigar você a comer alguma coisa a força. Não quero cuidar de gente doente. Já basta o Ichiru. – resmungou Yori, sorri de leve com a piadinha.

- Está bem. – tentei sorrir.

- Er, vamos buscar qualquer coisa para gente comer com o Ichiru e se você tentar fazer algo perigoso eu juro te matar. – ameaçou Yori com uma careta fofa, assenti. – Ichiru, vamos! – gritou ela, logo ele apareceu.

- Aonde vamos? – perguntou ele abraçando a namorada, aquela cena amorosa não estava ajudando em nada.

- Comprar algo para comer. Vamos logo antes que a chuva pega a gente na rua.

- Eu não quero que a chuva te pegue. A única pessoa que pode fazer isso sou eu. – falou Ichiru beijando Yori, que ficou vermelha. Cara, só porque eu estou mal esses dois tem que ficar na maior melaçao na minha frente?

- Er, vamos logo. – tentei mudar de assunto, rumando até a porta.

E saímos os dois apaixonados e uma depressiva para comprar algo para me comer.

Ficando Yori e Ichiru na maior melação e eu e meus pensamentos em Zero naquela casa.

Onde ele estaria nesse momento?

Eu juro, eu daria qualquer coisa só para ouvir a voz dele.

Ele não precisaria explicar nada e nem pedir desculpas.

Era só falar que ia ficar comigo para sempre e me beijar que estaria tudo perfeito novamente.

Entrando na lanchonete, meu coração se partiu em milhões de pedacinhos.

Zero estava beijando uma garota.

Não pude deixar de chorar ao ver essa cena.

- Zero. – falei.

Ele me olhou sem expressão. A garota me olhou e saiu correndo meio com medo.

Balancei minha cabeça, fechando meus olhos na esperança que aquilo tudo seria um sonho e ia acordar a qualquer momento.

Olhei em volta e todos me olhavam com um ponto de interrogação no rosto.

Yori e Ichiru me olhavam com um peso no olhar.

Sai correndo daquela lanchonete, eu não conseguia ficar ali.

Aquela cena não saia da minha cabeça por mais que eu tentasse e meu coração doía.

Senti minhas pernas falharem e fui deslizando até sentar na calçada. Fechei os olhos por um longo tempo na esperança que aquilo seria um pesadelo. Quando abri meus olhos, Zero estava na minha frente me olhando ainda sem expressão.

- Fala que aquilo foi um acidente Zero. Por favor, fala que foi. – falei entre soluços olhando para ele.

- Não foi um acidente Yuuki. Eu quis beijar aquela garota.

- A gente tava tão bem. Você não me ama mais, é isso Zero? – arrisquei atropelando as palavras da ultima frase.

Ele me olhou friamente e disse:

- Não.

Meu mundo pareceu escapar das minhas mãos, uma cratera enorme se abriu em meu coração e ninguém podia reparar isso.

- Não faz isso Zero, eu te amo. Eu te imploro não me deixa... – chorava mais ainda ao ver que tudo que construímos não se passava de nada a partir de agora.

- Para Yuuki. Pelo o seu bem, eu não posso continuar com você.

- Eu prometo que vai ser diferente, mas não vai embora assim... – implorava balançando a cabeça negativamente.

- Dá para entender que eu não quero ficar com você? – gritou ele, me fazendo chorar ainda mais com aquela frase.

- Você não pode me deixar Zero, eu te amo. Por favor, não me deixa sozinha.

Estava chorando segurando sua perna, numa tentativa idiota de impedir que ele fosse embora.

- Você é patética Yuuki – disse ele soltando da minha tentativa – Ah, mas uma coisa: não venha atrás de mim, se arrependerá amargamente.

Ainda com as pernas bambas, me levantei e me aproximei de Zero.

De cabeça baixa, criei coragem e falei.

                             -x-

- Você me prometeu Zero.

Eu pensei que não ia ser, mas estava sendo pior do que eu havia pensado.

Ver a garota chorar dessa forma me destruía por completo.

Mas ela tinha que entender que isso era para o bem dela, eu não podia morder ela.

Eu iria me odiar para o resto da minha vida.

Por isso fiz isso tudo.

A Yori e o Ichiru sabiam disso tudo, pedi para eles que trouxessem a garota para essa lanchonete.

Eu era uma merda mesmo.

- Prometi?

- Você prometeu que ficaria comigo para sempre e que nada e ninguém ia impedir de ficarmos juntos. Então porque está fazendo justamente ao contrario? – perguntou Yuuki de cabeça baixa.

-... – preferi não falar nada.

- Você quebrou essa promessa, você mentiu para mim. E o pior que eu acreditei.

-... – preferi ainda ficar calado. Já não basta ter que ficar longe da garota, magoar ela, tenho que ouvir da boca dela que eu sou um mentiroso. Eu era um fudido mesmo.

Ouve um silencio enorme, só se ouvia o choro da garota.

Eu queria abraçar ela e falar que tudo isso era uma mentira, mas não podia.

É, acho que era a hora de eu ir embora.

- Me desculpa Yuuki, mas eu não posso ficar com você. – por fim, falei andando.

- Não me deixa aqui Zero. Zero! – gritava Yuuki, sua voz foi ficando cada vez mais distante.

Parei em um bar um pouco mais longe dali.

Aquela imagem da garota chorando, implorando para que eu ficasse não saia da minha cabeça.

É isso que você ganha quando deixa seu coração ganhar.