Waiting For The End escrita por Raquel


Capítulo 14
Someone, Somewhere


Notas iniciais do capítulo

Oiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiie *-* como vão minhas amoras? Tudo ok?
Acho que dessa vez não demorei muito né? Eu queria ter postado ontem, mas estou doente então ficou meio difícil... mas tá aí *-* Obrigado de coração por todos os reviews que vocês me mandam, eu posto o mais rapido possivel por vocÊs meus amores *-* Continuem aqui comigo ta? bjoooos Aproveitem...
Música do Capítulo: Someone, Somewhere - Asking Alexandria (http://letras.terra.com.br/asking-alexandria/1829896/#traducao)
Capítulo dedicado à minha nova leitora : Babi Uchiha ♥'



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POV Thalia Grace

Depois que a enfermeira acabou de me contar me acompanhou até uma porta, me deixou ali na frente saindo logo após.

Eu não queria abrir a porta. Fazia tanto tempo que eu não o via... E agora quando o vejo novamente ele está morrendo.

Busquei toda a força que ainda restava em meus membros e me concentrei para não chorar na frente dele. Para ser forte, novamente. Girei delicadamente a maçaneta da porta e entrei sem fazer barulho. Era um quarto simples, com paredes tom de beje enjoado. Havia uma cama ao lado da janela, um sofá, um aparelho de televisão, uma mesinha e uma porta que provavelmente daria para um banheiro. Deitado na maca estava o meu pai. Ele estava ressonando pesadamente. Cheguei perto e o que vi me assustou. Ele estava incrivelmente magro e pálido, os olhos estavam fundos e eu podia sentir cada osso de seu corpo salientados na pele.

Então a verdade me atingiu, mesmo sabendo de tudo que a enfermeira me contou, uma parte de mim ainda acreditava que ele ficaria bem, que ele estava bem, que ele teria mais uma chance... Mas ao vê-lo ali, minhas esperanças desmoronaram e eu chorei.

Chorei como nunca havia chorado antes. Meu herói estava morrendo. Meu herói falho e ausente, mas meu herói. Eu já nem tentava estancar as lágrimas, simplesmente subi na cama e me aconcheguei nele, deixando todas as lágrimas que me restavam saírem. Uma dor dilacerante tomava conta do meu peito, minha cabeça estava explodindo em dores físicas e psicológicas.

Passei mais ou menos uma hora ali, a enfermeira havia me avisado que quando ele dorme, pode durar muito. Quando as lágrimas secaram eu me levantei e chamei uma enfermeira, pedi mais cobertores e outro travesseiro, arrumei ele com três cobertores a mais do que os que ele estava quando cheguei e arrumei o sofá para eu dormir ali. Não poderia ir embora, não podia e não conseguiria. Fui ao banheiro e levei um susto. Eu estava horrível. Os olhos estavam inchados e vermelhos, borrados de preto, meu rosto estava pálido e meu corpo esgotado. Lavei bem meu rosto o deixando limpo, porém a cara de drogada não ia sair assim tão fácil, não que eu me importasse, tanto faz. Dei mais uma olhada em meu pai e fui procurar a lanchonete ali dentro. Achei rapidamente porém não consegui comer nada do que comprei, não descia, não dava. Quando consegui morder um pastel acabei saindo correndo e vomitei. Desisti de comer algo sólido, saí rapidamente do hospital e fui em direção à um Starbucks, saí de lá com uns seis Capuccinos. Voltei e deixei na mesinha e fui me deitar um pouco no sofá. Acabei adormecendo, um sono leve.

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—Thalia? Tha... ugh... Thalia? —Ouvi um sussurro distante e despertei, meu pai havia virado o rosto e me encarava. Levantei num pulo e fui para perto de sua cama.

—Pai? Pai.... Aah papai... -Ele sorriu e abriu os braços me convidando para um abraço que eu não podia recusar. O abracei tomando cuidado com a força, mas mesmo assim não pude conter o ímpeto de abraça-lo pra sempre, de tentar o manter comigo para sempre. O abracei como se a qualquer momento ele fosse sumir.

—Ahh filha... Como você cresceu hein? —Ele tinha um sorriso no rosto, mas ele parecia tão frágil. Ele não era a pessoa que eu lembrava. Meu pai sempre fora forte, inteligente, astuto.... Tudo o que eu me lembrava dele parecia ter se esvaído de seu corpo. —Me perdoe por esses anos todos... —Ele começara a se desculpar, fazendo meus olhos arderem.

—Não pai... Para, tá tudo bem... -Minha voz já estava embargada novamente.

—Não filha... Eu, ah eu preciso. —Ele falava baixo, mas ainda tinha seu tom incontestável intacto. Assenti com medo de começar a falar e a chorar. —Tudo começou quando você nasceu, nossa você era um bebê lindo, seus olhos vieram aos meus e eu agradeci por isso, porém os seus sempre foram mais vivos e os seus cabelos eram tão macios, tão pretinhos... Aah você era tão pequenina, minha pequenina. Você tinha que ver como era fácil cuidar de você nos primeiros meses... Quase não chorava e quando chorava era um choro suave... Ahh como era bom dançar com você nas noites que você não conseguia dormir, você sabia que eu colocava músicas tocadas apenas em piano e ficava dançando com você à noite? É... Foram bons tempos. Lembra quando completou um ano? Não né? Acho que não... Foi uma festa linda, na hora do parabéns eu estava com você no colo, só que me ligaram da empresa, coloquei você em cima da mesa e atendi, quando consegui desligar você estava com o rostinho enterrado no bolo, com as mãos sujas de glacê... Sua mãe ficou furiosa, você não imagina o quanto. Acabou que eu tive que te dar um banho, admito, foi um desastre... Mas você não chorou por causa da minha indelicadeza, ficamos os dois rindo no banheiro... Seu sorriso era lindo, nossa e quando você ria... Era uma risada gostosa.. Nos... Nos fazia rir junto. Quando você fez dois anos a festa foi cancelada por causa de meu trabalho... Me arrependo tanto... Mas você não ligou, quando cheguei em casa tarde da noite você estava me esperando no sofá da sala com um livro na mão... Naquela noite eu li pra você até que nós dois adormecemos na sua cama.... Numa noite em que eu e sua mãe brigamos você ficou chorando baixinho no quarto, quando eu fui lá te ver você me acalmou... Você me tratava como seu filho e um dia até me pediu em casamento sabia? Er... Eu sei, estranho.... Você crescia tão rápido.... Ficava cada vez mais bonita, seus olhos sempre me fizeram sorrir... Quando você aprontava eu não conseguia brigar com você, afinal, era a minha pequenina crescendo... Acabávamos por brincar de pega-pega pela casa inteira... Você era uma menina muito levada sabia? .... Sim.... Você era. Mas também era esperta e muito inteligente... Quanto tempo eu perdi hein? ... Quando começaram as brigas... Nossa você era tão pequena... E teve que aguentar tudo aquilo... Eu, eu sinto muito... A culpa é minha e aaah... Como me arrependo de ter perdido... Eu era um irresponsável, só pensava em minha empresa... Mal vi você crescer... Acho que é por isso que acho que passou rápido demais... E aquela audiência em que eu te perdi... Eu queria tanto ter ganhado, poder te ver virar uma mulher... Mas sua mãe usou meu trabalho contra mim... Eu não tinha condições para cuidar de você... Nessa última audiência eu lembro de ter chorado.. Eu implorei que me deixassem cuidar de você... Eu também lembro que você chorava e se agarrava à mim... O jeito como sua mãe lhe puxou de mim com um sorriso vitorioso... Doeu tanto... Mas tanto Thalia... E quando você fugiu lá pra casa... Eu quis muito ficar com você, mas não podia... Ela veio te buscar. E nossa... No dia em que te achei na banheira, com aquele corte... Aquele corte no pescoço... Eu pude sentir a vida se esvair de meu corpo... Eu senti medo... Como nunca tinha sentido antes... Ver você se recuperando no hospital me deixou tão feliz... Mas triste... Eu queria te levar pra minha casa, mas não podia, eu sabia que não iria conseguir cuidar de você... Então te larguei naquele apartamento e continuei a cuidar da minha empresa... Ah Thalia me perdoe... Eu perdi tanto tempo, tantas coisas... Tantas histórias... Tanto de você. Eu sinto muito... Eu errei tanto, mas tanto... Eu... Ahhh como dói, como dói pensar em todos esses anos que eu sonhava com minha pequenina e ela estava crescendo sem mim... Como dói pensar que eu perdi toda minha vida para o trabalho... Como dói pensar que eu perdi toda a sua vida... Me perdoe, eu te amo demais minha filha... Eu ainda posso ouvir as músicas que colocava pra te embalar nas noites... Posso ver seus olhos azuis eletricamente perfeitos me fitando... Posso ver seu sorriso travesso... Eu podia sentir você dentro de meu coração todos os dias da minha vida... Você não sabe como senti saudades suas todos esses anos... Sei que isso não significa nada... Eu podia ter ido te ver no apartamento... Eu... Eu podia... Eu... Me perdoe por favor, eu queria tanto poder mudar isso... Mas não posso. Olhe Thalia... Eu construí um império com minhas empresas espalhadas pelo mundo e deixei de lado o único mundo que eu queria fazer parte... O seu... E aaah como dói aqui dentro... Saber que eu não vou poder mais te ver daqui a um tempo... Que esse tempo passou e não volta... Nossa, como dói... Eu me sinto fraco Thalia... Mas você está aqui comigo, o que mais eu poderia querer? Nossa.... Eu te amo tanto.... Tanto.... E te desprezei por tanto tempo... Te deixei apenas com a babá aquele tempo todo e agora você já é uma mulher... Olhe pra você! Como está linda... Estou orgulhoso... Meu Deus Thalia, como você cresceu... E eu não vi... Você é uma mulher agora... Aaaaa eu te amo tanto.... Vou sentir sua falta... Sei que vou... Mas não se esqueça, eu te amo muito... Nunca vou te esquecer tá? ... Cuide-se filha.... —Eu já estava em prantos depois de ouvir isso tudo, me agarrava a ele como quando tinha três anos e os problemas haviam acabado de começar. Ele estava se despedindo, ele já estava se despedindo... Tão cedo...

—Para papai! Eu... Eu te amo... Não vai... -Pedi beirando o desespero, parecia uma criança novamente.

—Eu preciso ir... Você é forte... Vai superar... Eu sei disso... Eu tenho que ir... As dores são quase insuportáveis, preciso descansar.... Já falei que você é linda? .... Bem... Você é.... —Ele deixou as palavras pairarem no ar e fechou os olhos, liberando duas grossas lágrimas brilhantes.

—Eu te amo pai... E te perdoo... Mesmo tendo sentido muita falta de você, eu te perdoo.... Você pode não ser o pai mais presente do mundo, mas eu te amo... Muito, e é assim, como você é... Pode descansar agora... Boa noite... -Beijei sua bochecha e esperei ao seu lado até ele recomeçar a ressonar, com um leve sorriso nos lábios. Levantei e fui me arrumar no banheiro, pelo menos limpar meu rosto, quando voltei ao quarto uma enfermeira entrou no quarto silenciosamente.

—Thalia? Tem algumas pessoas querendo te ver... E acho que você iria preferir que fosse no corredor, não? Ohh ele dormiu... Que bom querida. -Ela tinha um sorriso solidário no rosto.

—Mas é claro... Diga que já vou. E hey... Obrigado por estar cuidando dele até agora. -Sorri para ela que me devolveu um olhar caloroso e se foi porta à fora. Dei mais uma olhada no espelho, eu estava melhor depois de jogar muita água gelada no rosto. Fui para o corredor e encontrei Silena, Annabeth e... Nico? Why? Fui em direção a eles, todos pareciam comovidos e chocados, deve ter sido o estado de meu rosto.

—Oi Lia, como ele tá? -Annie perguntou me abraçando. Abracei-a e a Silena também, Nico que me abraçou depois; na realidade, me apertou como se eu fosse fugir. Convidei-os pra sentar num dos bancos que estavam dispostos pelo corredor.

—Ele não está nada bem... Conversamos agora pouco e bem, foi muito bom sabe? Ele falou tanta coisa... A gente se abriu um pro outro.. Mas eu estou com medo de ser a última noite dele aqui e que eu nunca mais possa dizer pra ele o quanto o amo. -Eu estava mais controlada, o que ajudava a manter minha voz forte. -Eu vou ficar aqui com ele Annie, eu não vou conseguir deixa-lo aqui.

—Mas é claro... Eu entendo Lia. Nós podemos te trazer algumas roupas, o que acha? Você vai ficar bem? -Ela toda preocupada comigo já parecia minha mãe.

—Claro que sim Annie, fique tranquila quanto a isso. Vocês trariam pra mim mesmo? Obrigado... Ia ser ótimo.

—Tudo bem, então nós traremos. -Silena falou com um sorriso triste.

Conversamos algumas banalidades até ficar um pouco tarde e elas decidirem ir embora. Pediram para vê-lo e eu as deixei entrar, ficando no corredor com o Nico. Eu não aguentaria ver elas se despedindo dele... Não conseguiria. Mesmo que todas nós soubéssemos que provavelmente elas não mais o veriam, não pronunciamos isso, elas apenas foram conversar com ele.

—Como você está? -Nico perguntou na minha frente, enquanto eu estava encostada na parede.

—Bem... -Minha voz saiu num fiapo.

—Thalia você pode confiar em mim, pode conversar comigo. Eu quero que você confie em mim poxa. -Eu estava buscando um tom de voz menos embargado do que seria realmente quando Silena e Annie saíram da sala, elas estavam com os olhos vermelhos.

—Vamos Nico? A gente ainda precisa pegar as roupas da Lia. -Annie falou olhando para ele, que assentiu.

—Ok, vamos. -Ele me deu um leve beijo na bochecha e depois fui esmagada por um abraço duplo das garotas.

—Fique bem... E lembra, você não precisa ser forte sozinha, ok? -Silena sussurrou para eu ouvir, assenti com a cabeça e eles se foram. Voltei para dentro do quarto pensando no que eles falaram. Principalmente no que o Nico falou. Meu pai estava dormindo com um sorriso de canto, quase imperceptível, mas estava ali. Dei uma arrumada no sofá, tirando as almofadas e colocando lençóis e os cobertores extras, a noite estava muito fria, um travesseiro e um bom copo de Capuccino. Fiquei observando meu pai por algum tempo mais até que ouvi leves batidas na porta. Fui atender e era o Nico sozinho.

—Oi. -Ele sorriu torto.

—Thalia? Quem é ele? —Meu pai havia acordado de repente e olhava para nós dois. —Você não ia me apresentar seu namorado? Que feio hein? —Ele disse divertido com um sorriso no rosto, eu já estava pronta pra negar, mas Nico se adiantou falando.

—Olá Sr. Grace, meu nome é Nicolas Di Ângelo e é um prazer conhece-lo. -Falou sério e meu pai sorriu apertando sua mão.

—Sinto muito ter que conhece-lo nessas condições, mas é um prazer. —Meu pai deveria estar se divertindo muito com minha cara, então resolvi entrar no jogo, nem assentindo nem negando.

—Bem... Se vocês já se conhecem, eu vou tomar um banho. Você faria companhia para ele Nico?

—Claro. -Ele sorriu e eu fui para o meu banho os deixando conversarem.

 

POV Nicolas Di Angelo

Conversei muito com meu "sogro", ele estava abatido, mas fazia de tudo pra se manter forte. Eu via muito dele em Thalia.

Nós falamos de música, literatura, escola, trabalho, família, amigos... De tudo que se pode imaginar. Ele era incrivelmente sábio e era fácil falar com ele. No momento estávamos num silêncio confortável quando ele o quebrou.

—Nicolas, eu não tenho muito tempo de vida, como você já deve ter percebido. E de tudo que consegui em vida, Thalia é a mais importante. Sinto que posso confiar em você rapaz, e se posso pedir alguma coisa a você, é que cuide dela para mim. Ela é uma boa garota e eu a amo muito... Mas meu tempo de cuidar dela já se foi... E eu preciso que alguém faça isso... Preciso saber que ela ficará bem... Preciso... Prometa-me por favor, prometa isso a um velho homem que tem que partir... —Mal havíamos nos conhecido e ele já estava se despedindo, sua voz era entrecortada por respirações fortes e falta de voz. Mesmo não sendo chegado a ele, um nó se formou em minha garganta.

—E-Eu prometo... -Gaguejei involuntariamente e ele sorriu.

—Obrigado... —E assim dormiu novamente, com um sorriso no rosto.

Meio atordoado, me recompus e sentei no sofá para esperar Thalia.

 

POV Thalia Grace

Quando voltei do meu banho quente encontrei meu pai dormindo e Nico no mesmo estado, só que em meu sofá. Já estava pronta para acorda-lo e expulsar ele dali, mas desisti. Ele estava dormindo profundamente e no canto do sofá, dei um beijo em meu pai e desajeitadamente deitei ao lado de Nico, o arrumando na "cama" e nos cobrindo com três cobertores, estava muito frio. No meio da noite senti ele abraçar minha cintura, diminuindo o espaço entre nós, não fiz nada, eu precisava de uma boa noite de sono depois desse dia. E se fosse pra eu te-la nos braços musculosos do Nico, eu a teria. Afinal, quem iria reclamar?

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Notas finais do capítulo

Nhaaaac *-* E aí? o que acharam? A opinião de vocês tem sido muito importante pra mim sabiam? Obrigado por tudo e até o próximo :333' bjoooooos
Amo vocês minhas amorinhas *-*