Trigésima Edição escrita por Liv


Capítulo 9
Capítulo 9




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— Eu observei os Carreiristas por muito tempo; eles tem muita comida ainda, eles são muito fortes.

Túlio parou de mexer na espada.

— Nós também estamos alimentados e somos fortes, Dex.

Era estranho. Túlio não matou o garotinho dos olhos azuis como fez com a garota morena do arco e flecha e a loira com duas espadas, um canivete e uma adaga. Deve ser porque Dex estava com as armas enquanto ele dormia.

Pelo menos, alguém aqui era de confiança ao contrário de Túlio.

— Eles estão em menor número agora. – continuou. – Você viu de noite? Os tributos do 4 morreram junto com um tributo do 8.

— Eu sei. Mas ainda tem os tributos do 1, 2, um do 7 e os tributos do 12.

Túlio deu um sorrisinho.

— Iremos acabar com todos eles. Você com o lança-dardos e eu com minha espada. – ele mostrou o punho para Dex, como um cumprimento do tipo “toca aqui”. – Sacou?

 Dex bateu o punho no dele.

— Saquei.

Blane corria.

Como nunca correu antes.

Kieran e Halee vinham logo atrás com seus passos pesados, ágeis, longos e fortes.

Halee jogou um machado fazendo Blane cair no chão de repente.

Ele olhou para sua perna vendo que foi atingido pelo machado gigante; sangue começou a jorrar. E então a dor veio.

Blane deu um grito ao tentar se levantar, não dava certo, não poderia se defender. Ele só tinha um soco inglês; só poderia utilizá-lo se conseguisse levantar e conseguir dar diversos socos nos dois sem antes ser atingido novamente por um machado ou por uma cimitarra.

Impossível.

— Ah, meu machado. Não queria acertar sua perna, desculpa mesmo. – disse Halee sorridente chegando perto. – Estava planejando mirar na sua cabeça.

Halee parecia uma maníaca. Uma espécie de barbie dos olhos verdes lunática com machados super poderosos prontos para acertar você.

Kieran e Halee ainda estavam sujos de sangue.

— Você é bem espertinho, cara. – começou a dizer Kieran. – Fugiu da Cornucópia sem nenhum ferimento, mas só conseguiu essa bosta de soco inglês. Uma pena.

Depois cortou a barriga de Blane enquanto Halee cantarolava uma música antiga não conhecida. Algo a ver com sacrifícios, anjos e demônios.

Eram risadas diabólicas, demônios por todo o lado, chamados.

Jordan havia sumido; onde ele estava? Cadê ele?

Talvez estivesse morrido, ou não, talvez ela que estivesse morta.

A fome dominava sua mente. Ah, meu Deus, Luvye precisava daquelas sobremesas deliciosas da Capital, não insetos como estava tendo que comer agora.

E os biscoitos? Acabaram.

A sede era sufocante. Sua garganta agora doía, seus pensamentos estavam sendo bloqueados toda hora por visões sobrenaturais. Talvez ainda tivesse veneno no corpo dela.

Maxxie, seu irmãozinho, como ele estava? Ele estava orgulhoso dela.

Mana, vai lá, acaba com eles. Eu te amo, você consegue.

Será que ele estava orgulhoso dela agora? Com certeza ela não é mais a Luvye de antes. Cadê aquele vestido super brilhante e espetacular que estava usando no Desfile? Cadê aquela garota linda?

Sumiu.

Agora estava uma garota magrela, com olheiras, sangrando e com veneno percorrendo seu sangue. Pelo menos, ela não morreu por isso.

O veneno era só pra deixar ela louca, e realmente, estava funcionando.

Filha, não nos decepcione. Arranque a cabeça de alguns, corte as gargantas de outros, quebre um pescoço. Faça o que for preciso; mas nos orgulhe, vença.

Minha irmã mais nova vai pros Jogos? Quem deveria ir sou eu. Sou bem mais bonita e melhor. Ah, dane-se, tente só não morrer na Cornucópia, certo? Chega de ser uma fracote.

Luvye abriu os olhos.

Não estava mais naquela praia horrível, estava em algum outro canto da floresta, pelo menos aqui tinha mais comida.

Não ousaria entrar em mais nenhuma água depois das sanguessugas.

Levantou-se lentamente do chão, com dores no pescoço, provavelmente por dormir de qualquer jeito. Não fazia diferença, sentia dor pelo corpo todo.

Foi andando lentamente procurando Jordan, ele havia realmente sumido, como no sonho. No seu sonho, tinha explosões que quase estouravam seus ouvidos de tão alto. Bestantes saíam da praia, rastejavam, voam e só queriam uma coisa; comida.

Carne humana, para ser mais específica, a carne de Luvye.

Era surreal.

— Jordan? – ela chamou, com a voz medida, sem ser muito alto ou baixo. Se falasse alto demais, alguém por perto poderia ouvi-la, ela não poderia arriscar. – Jordan, cadê você?

Um vulto passou na frente dele. Possuía chifres.

Fechou os olhos com força depois abriu eles.

Na verdade, Luvye não dormia de verdade por muito tempo. Isso fazia ela às vezes cair no sono e nem perceber, como se estivesse sonhando acordada. Isso lhe dava mais alucinações.

Alto tocou o ombro de Luvye, fazendo-a dar um salto para frente.

E era algo bem real.

— Luvye.

Ela virou bruscamente para trás, encontrando Jordan olhando-a.

Por impulso, deu um abraço nele.

— Eu to ficando louca.

— Mas o veneno…

— Ele ainda está em mim e eu não sei se ele tá me matando aos poucos. – ela enfiou a cara no peitoral dele, como se quisesse se esconder de alguém e continuou com a voz abafada: - Eu escuto e vejo coisas; estou realmente ficando louca. E não só pelo veneno, por tudo.

Noah sorriu ao ver o pássaro caindo ao chão.

Ele tinha mira perfeita.

Mas Astrid também tinha.

Outro pássaro caiu no chão.

— Teremos um banquete desse jeito. – ele disse.

A barriga de Astrid roncou.

— Não como aqueles lanches da Capital… Eu sonho com eles às vezes; quer dizer, quando eu consigo dormir.

Sonhar com comida.

Bebidas. Bolos. Chocolate. Sorvete.

Ai. Meu. Deus.

Porque eles não podiam ser bem alimentados aqui? Melhor, lutariam mais dispostos e as lutas seriam bem mais chamativas.

Que graça tem ver dois esfomeadas magrelos cortando um e outro?

Ah, mas a Capital gosta.

Diversão, pura diversão.

Mas não era hora de falar disso, eles conseguiram comida, era isso que importava. Dois pássaros para o jantar! O céu como de costume, foi escurecendo rapidamente e uma leve brisa começou.

Enquanto comiam já estava com o céu totalmente escuro, então houve uma explosão distante.

Astrid e Noah arregalaram os olhos azuis.

— Alguém morreu?

— Não era som de um canhão. – respondeu Noah depois apertou os olhos. – Era como o chão se levantando. Algo pesado sendo levantado depois caindo com toda força. E não muito longe daqui.

Eles ficaram parados, sem se mexer; não tinha mais nenhum som.

Um silêncio mortal.

Nem pegaram mais nenhum pedaço de carne.

Então outra explosão.

Dessa vez, mil vezes mais alta.

As árvores começaram a cair.

Uma. Duas. Três. Quatro.

Vinte e cinco.

Caiam e depois se despedaçavam ao meio. Cada explosão vinha com uma espécie de som robótico, como de um robô gigante empurrando as árvores e explodindo-as.

Noah e Astrid começaram a correr, quase sendo esmagado por uma árvore enorme.

O chão começou a tremer; estava sendo dividido.

A Arena estava sendo dividida.

Outra explosão. O chão foi completamente aberto.

Eles quase caíram em um buraco; não sabiam para onde ir.

O que eles queriam? Os prender e deixar eles aí para caírem em algum buraco e se afogarem?

Ou serem esmagados por uma árvore?

Os dois caíram no chão enquanto o chão tremia; como um terremoto.

— Astrid, olha lá!

Ele apontou para a esquerda, lá não tinha nenhuma árvore, nem o chão tremia. Era o lugar certo.

— Vai, corre! Pra lá! Pra lá!

Quatro árvores caíram.

Seis explosões seguidas.

Mais árvores caíram.

Noah tropeçou em um galho e caiu; as raízes de uma árvores estavam se rompendo, estava começando a se rachar no meio, um dos pedaços gigantescos cairia em Noah em um segundo.

Astrid parou de correr ao ouvir o som estrangulado de Noah, virou e olhou para ele no chão preso e depois rapidamente para a árvore. Correu até ele.

— Sai, Astrid! Quer ser esmagada por essa árvore, quer?

— Cala a boca que eu to tentando te ajudar!

Puxou ele. Algo o prendia no chão, era como uma garra.

Puxou de novo.

Mais uma explosão.

Puxou e ele caiu em cima dela.

Começaram a rolar para o lado enquanto os dois pedaços da árvore caíram e quase os atingiram.

Noah olhou para sua perna agora cheia de sangue e folhas secas grudadas na pele. Fez uma careta.

— Você tá bem? Você tá bem? – perguntava Astrid repetidamente enquanto tocava o rosto dele, como quase para confirmar que ele estava realmente vivo e que eles quase não foram esmagados.

Mais árvores caíram ao longe.

— Astrid, vamos dar o fora daqui.

Halee e Kieran corriam.

Dessa vez, não era para matar alguém.

E sim para sobreviverem.

— Halee, olha a árvore!

Kieran agarrou o pulso de Halee e a levou para outro canto enquanto outra árvore caía.

Não sabiam para onde correr. O caminho da parte inicial estava livre, perto da Cornucópia. É, eles irão para lá.

Eles tem que ir para lá.

Os sons das explosões foram diminuindo; agora não era como uma bomba interna no seu ouvido era mais como uma pequena agulha espetando.

— A Arena está sendo dividida, é isso? – perguntou Kieran.

Outra árvore caiu.

— A Batalha final, Kieran. Ela tá chegando. – ela disse como se anunciasse o Apocalipse com os olhos verdes ligeiramente abertos e brilhando. – A Grande Decisão. 

Cinco árvores caíram e o chão começou a balançar com o mesmo som robótico.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem, eu curti esse capítulo. ^^



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