Chicago Softcore escrita por KingTrick


Capítulo 9
Capítulo 9




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Passei a manhã inteira do sábado na cama. Não estou brincando, eu não saí pra nada mesmo. Mamãe me trouxe o almoço e eu fiquei o resto da tarde tocando violão, tentando achar o ritmo em que eu estava a cada 10 segundos. Joe me ligou logo depois das seis perguntando se eu queria ir a um show. O nome da banda era Manchester Orchestra e era a primeira vez dos caras em Chicago. Não pensei duas vezes e aceitei. Já estava cansado de ficar em casa.

Saí pela porta dos fundos e fui direto para a casa do Joe. De lá, pegamos um táxi até o Teatro de Chicago. O lugar estava completamente lotado. Perguntei à ele como havia conseguido os ingressos, mas ele só disse que "tinha alguns contatos". Entramos e ficamos na sacada, de frente para o palco. Faltavam só seis minutos para o começo do show, quando minha mãe ligou. Desliguei na hora.

Tentei mandar uma mensagem para Pete avisando onde estava, mas não tinha sinal. Logo as luzes se apagaram. Joe estava pendurado na sacada e eu, encostado na parede, mais atrás. Ainda sim era uma bela vista. Segundos depois, os primeiros riffs começaram e as luzes voltaram com tudo, mostrando os cinco membros da banda. A melodia era tão suave por dentro da bateria monstruosa que eu cheguei a babar. Fui me aproximando cada vez mais até colidar com a sacada. Joe murmurava a letra conforme o vocalista cantava e balançava a cabeça no ritmo da música. Era insano.

17 músicas depois, as luzes se apagaram novamente e o show terminou. Só não comprei uma camiseta porque não tinha dinheiro. No final, conseguimos falar com os caras e o Boca-Grande logo foi dizendo que também tínhamos uma banda. O vocalista, Andy Hull, nos deu o número dele para que pudéssemos tocar juntos algum dia. Achei aquilo o máximo. Joe quase chorou.

Voltamos à pé para a nossa rua. Quando chegamos à casa do Joe, vi o carro de polícia estacionado em frente a minha casa. Gelei.

- Você tá ferrado, velho.

- Cala a boca.

- Seu pai vai te matar.

- Ele não é meu pai...

- Que seja. O que vai fazer?

- Posso dormir aqui hoje?

- Minha cama é de solteiro, desculpa.

- Eu te odeio - Soquei seu braço meio forte demais e ele gritou - E eu tô falando sério. Só por hoje, vai?

- Depois de 24 horas, você é desaparecido. Todo mundo vai ficar procurando você por ai... À toa. Volta pra casa, E.T.

- Aff...

Saí da casa dele e andei devagar até a minha. A viatura estava atravessada na entrada da garragem e tinha derrubado o vaso de plantas da mamãe. Abri a porta bem devagar e dei os primeiros passos até a sala. Lá, mamãe, William, Lawrence e Scott estavam sentados no sofá com dois policiais. Ela chorava. O primeiro que me viu foi Scott, que sorriu e veio correndo me abraçar. Mamãe veio depois e por fim Lawrence. William nem se moveu.

Lawrence falou com os policiais e eles acabaram indo embora. Mamãe queria que eu jantasse, mas já está cansado demais pra comer qualquer coisa e fui direto para o quarto. Tomei banho e separei as coisas para o trabalho de amanhã. Joe me deixou uma mensagem, só assim eu lembrei...

(-'Dude, temos um probema

-Eu sei. Faltou um l ali...

-Seu jege. Nate tá fora. Pneumonia/sei lá

-Como você consegue escrever pneumonia certo e problema errado? Sério.

-Tchau, babaca)

Sentei na beirada da cama e fiquei pensando sobre tudo o que tinha acontecido ultimamente. Será que dá pra ficar mais complicado do que isso?

- Oi, já entrei - Lawrence estava em pé na minha frente, tentando parecer feliz. Nem notei quando ele abriu a porta.

- Fique a vontade.

Ele se sentou do meu lado e me olhou de cima a baixo, preocupado. Odeio deixar as pessoas assim.

- Pra onde você foi?

- Joe me ligou... Tinha um show no CT.

- Você podia ter avisado.

- Não.

- Poxa, ficamos preocupados. Eu até liguei pro seu namoradinho e-

- O que? Desde quando tem o número dele?

- Eu tenho meus contatos...

- Sei.

- Olha, você não pode sumir assim, tá? Já é um homem, não mais uma criança mimada.

- É só que... Tudo é tão difícl.

- O que é difícil, exatamente?

- Tudo...

- Tá. Vamos falar de outra coisa... Como vai o seu namoro?

- Bem.

- E?

- Acho que ele está me escondendo alguma coisa...

- Acha que ele está te traindo?

- Não, sei lá. Ele parece triste, sabe? Magoado com alguma coisa. Não sei o que fazer.

- Talvez vocês tenham que conversar sobre isso.

- Ele nunca vai me contar.

- Tente. Amanhã vai estar ocupado? - Sim. Trabalho da escola - Então, segunda. À tarde. Vou te buscar e vocês podem passar um tempo comigo.

- E o Scott?

- Vai trabalhar até tarde. Sabe, alguém tem que ganhar dinheiro.

- Sei. Vou ligar pra ele amanhã. Valeu, Lawrence.

- De nada. Fique bem, certo?

- Vou tentar. 

Lawrence levantou e foi embora, fechando a porta devagar ao sair. Peguei o telefone e disquei o número de Pete, mas caiu na caixa postal. Deixei uma mensagem, então.

(-Petey, Lrence chamou a gente pra passar um tempo em Chicago essa Segunda. Vc vem?

p.s: ja estou em casa.)

E fiquei esperando que ele respondesse. Já passava das onze e meu estômago roncava. Eu tinha começado a suar e pelo jeito teria que tomar outro banho. Ele demorou mais 47 minutos para responder.

(-Ta. vou falar com a minha mãe.

Que bom que ja voltou. quando seu irmao ligou fiquei desesperado. promete que não vai mais fazer isso?

-Prometo.

-Sabe que eu vou cobrar.

-OK. Te vejo segunda, então?

-É... eu acho.

-Tchau.

-Tchau. Te amo.)

Te Amo. Te Amo. Te Amo. Te Amo. Isso ficou ecoando na minha cabeça até umas 2 da manhã, quando eu finalmente consegui dormir. O que ele queria dizer com isso? Será que realmente tinha um significado ou eu sou mesmo meio paranóico? Nunca desejei que uma segunda-feira chegasse tanto na minha vida.


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