Chicago Softcore escrita por KingTrick


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Último capítulo.



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- Parick? Você ainda está dormindo? - A voz de Joe ecoou pela minha cabeça. Ainda não podia ser de manhã.

- Só mais 5 minutos...

- Dude, já são quase 3. Pete quer ensaiar logo, antes do pessoal chegar pra fila.

- Grrr.

- Sério, levanta. 

- Não, Joe. Me deixa em paz, vai.

- Patrick. Tricky... Pattycakes-

- Não ouse me chamar assim! - Joguei a coisa mais perto da minha mão direto na cara dele. Era um dos chinelos do Andy.

- Au! Doeu. Mas, anda. Para de ser preguiçoso e tira essa banha toda daí.

- Também te amo, Joseph.

- Não quis ofender... Tanto assim. Olha, 'cê vai sair por conta própria ou eu vou ter que jogar água em você? Porque você sabe que eu não tenho pena.

- Já tô indo, tá bom? Cruzes.

O cheiro de suor e energético contaminava o ar de dentro da van. Joe e eu tínhamos dormido a última noite no banco de trás e Andy ficou acordado para impedir que Pete batasse em algum poste. Quando chegamos, eu já devia estar dormindo. Nós tínhamos ensaiado muito e nos tornado melhores como uma banda desde o anúncio desse show. Pete e eu éramos uma dupla imbatível e nossa demo estava passando de mão em mão por todas as grandes gravadoras. Estávamos ficando relativamente grandes.

Caminhei para fora da van e peguei minha guitarra no porta-malas. O palco estava a cinco quilômetros de distância de onde estacionamos e tivemos que correr. Quando chegamos, eu já estava completamente suado. Pete sorriu para mim e eu corei. Andy me abraçou.

- Tricky!

- Que tipo de droga você tá usando? - Ele apertava meus braços com muita força.

- Dude, eu sou straight edge, lembra? 

Ele me soltou e voltou a se sentar em frente ao kit. Joe estava no chão, afinando a guitarra. Pete não tirava os olhos de mim.

- Então, vamos começar logo? - Alguma coisa estava muito errada com Andy.

Ensaiamos todo o set cinco vezes e depois ficamos sentados na beirada do palco em duplas, observando as pessoas chegarem. Pete apontava para todos os garotos bonitos que passavam e dizia coisas absurdas que me matavam de rir. Ele parecia muito bem. Fazia um bom tempo desde que ele me contou da depressão. Não sei porquê, mas nunca me passou pela cabeça que ele poderia ter isso. Era como se não se encaixasse dentro da sua personalidade. Uma hora depois, tivemos que sair porque a primeira banda iria se apresentar. Punchline era o nome. Pete disse que conhecia o baixista do tempo que morou em Willmette e a banda dele abriu pros caras. Pensei em perguntar mais algumas coisas, mas ele já estava se agarrando com todo mundo e rindo e me envergonhando, que eu apaguei esse pensamento.

Andy e Pete ficaram para ver o show e Joe e eu fomos para a barraca tentar vender pelo menos uma camiseta, afinal, a gente precisava comer. O barulho do show chegava aos nossos ouvidos como facas, mas de um jeito bom. O tédio me consumiu logo depois da primeira música e eu bati a cabeça na mesa e grunhi.

- Que ótimo vendedor é você, hein? - Levantei a cabeça e vi Gabe, sorrindo amistoso. Fazia tempo que eu não o via tão feliz. Fazia tempo que eu não o via, na verdade. Depois que ele se mudou para Willmette.

- Gaybe! O que a senhora faz aqui?

- Cala a boca, Stumpy. Me vê uma camiseta dessa sua bandinha meia-boca.

- Vou contar pro Pete.

- Conta - Ele deu de ombros, ainda sorrindo - Ah, aproveita e autografa ela. E você também Joseph.

- Ma-neiro.

- Gabe, preciso de mais U$ 2 pra cerveja - Um garoto apareceu do nada e passou o braço pela cintura de Gabe. Ele usava os jeans mais apertados que eu já tinha visto um homem usar e os cabelos castanhos até os ombros. De longe, você podia jurar que era uma garota.

- E? Por que não pega um água? Custa menos.

- Aff, Gabe. 

- Quer uma camiseta? É autografada. E barata.

- A banda é de vocês? - Joe e eu acenamos com a cabeça e ele passou os olhos pelas camisetas penduradas na parede - Aquela lá em cima. Do meio. Hm, vocês vão tocar quando?

- Depois do Punch - Joe autografou a camisa e passou para mim, enquanto eu entregava a de Gabe - Vai assistir?

- Talvez - Os dois saíram e ninguém mais veio comprar nada. Passamos o resto do tempo fazendo jogos da velha na mesa. 

Logo o show do Punch terminou e começaram a arrumar o palco para nós. Joe parecia nervoso e eu não podia dizer que também não estava; Era nossa primeira vez num palco de verdade com gente de verdade ouvindo. Pete me abraçou, tirou meu boné e beijou o topo da minha cabeça.

Entramos em fila e pegamos os instrumentos. Pete contou até cinco e começamos. A primeira música era Growing Up, uma das minhas primeiras composições. Era estranho cantar algo tão pessoal para esse bando de garotos suados e provavelmente bêbados, então baixei o boné no rosto e fechei os olhos, fingindo que não tinha ninguém ali, que estávamos tocando na casa do Andy, há apenas alguns quilômetros dali. Pareceu funcionar.

Entre a quarta e a quinta música, o amplificador do Joe quebrou e eles tiveram que trocar. Para passar o tempo (e impedir que todo mundo fosse embora), Pete pediu que eu tocasse alguma coisa no violão porque ele queria contar uma história. Corri até a van o mais rápido possível e voltei com o instrumento. Pete começou a contar a história da branca de neve, mas com os sete anões sendo sete gangsters do Brooklyn, para quem ela devia um bom dinheiro. No final, consertaram o amp do Joe e toda a plateia estava rindo em coro. Era surpreendente. Bonito, até.

Terminamos nosso set e voltamos para a barraca. Dessa vez, tinha umas vinte pessoas lá, esperando por nós. Autografamos tudo que colocaram na nossa frente e vendemos um número tão bom de camisetas, que dava até para pagar um jantar para quatro em um dos restaurantes da região. Ficamos para ver mais um show até que começou a escurecer. Pegamos nossas coisas, colocamos tudo de qualquer jeito na van e seguimos para Glenview. Deixamos Andy em casa primeiro, com a sua parte do dinheiro e paramos em um McDonald's na entrada da cidade. Pete queria comer comida de verdade, mas iríamos morrer de fome antes de chegar em casa.

No caminho até a nossa rua, Joe era o único que ainda falava. Pete apenas balançava a cabeça às vezes para demonstrar que continuava ouvindo. Ele tinha que prestar atenção na estrada, mas olhava para mim a cada cinco minutos. Eu devia temer pela nossa segurança, mas não conseguia não achar aquilo fofo. 

Deixamos Joe na esquina e Pete me deixou na porta de casa. Já eram oito e meia e o jantar já devia ter saído. Mamãe provavelmente estava me esperando na sala com Lawrence, chorando porque Susi não consegue se decidir entre John e Derick. As chances eram mínimas de William estar em casa.

- Você não hm, quer entrar?

- Também tenho família, Stump. Minha mãe disse que se eu passar de meia-noite, nem preciso mais voltar.

- Certo... - Abri a porta e caminhei em direção à porta esperando que ele me seguisse. E ele o fez - Então, até segunda.

- Até - Ele chegou mais perto e colou nossos lábios num longo celinho - Vou sentir saudade. Sabe, são 48 horas sem você.

- Claro...

- Hey.

- Oi? 

- Te amo.

- Também te amo - Passei meus braços pela cintura dele e apertei o mais forte possível. Ele cheirava a suor e ao desodorante do Joe, mas de um jeito único - Muito


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Fiquem com uma foto do Patrick: http://4.bp.blogspot.com/-MZxjqkg-ZZw/T9qllkLEaMI/AAAAAAAAEfY/JbFA6-Q5FWw/s1600/pp.jpg



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