Chicago Softcore escrita por KingTrick


Capítulo 1
Capítulo 1




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Acordei com a barulho do despertador e levantei logo da cama. Tomei um banho rápido, vesti o uniforme e coloquei meu boné preferido. Arrumei minha mochila e desci as escadas, já direto para a cozinha. Peguei uma maçã, embrulhei e a deixei junto com os livros. Meus pais já deviam estar trabalhando, então saí de casa e tranquei a porta.

Fui andando até a escola e na porta encontrei quem mais queria ver. Fazia um ano desde que Peter Lewis Kingston Wentz - Terceiro - tinha entrado na minha vida e no meu coração. Ele fazia parte do time de futebol, gostava de Blink e Green Day e a gente sempre se falava na escola, mais na detenção, que, vez ou outra, nós dividíamos. Às vezes, ele segurava o meu braço e sorria de um jeito que me deixava sem palavras. 

Ele estava sentado no gramado, lendo alguma coisa. Pensei em ir até lá de dizer oi, mas quem disse que eu conseguia me mexer? Acabei dando meia volta e fiquei esperando Joe chegar do lado de fora do portão. Covarde? É, eu sei...

- E ai, baixinho! - Joe carregava a pasta na mão direita e a case da guitarra no ombro. Ele fazia parte da banda do colégio desde a quarta série e era o melhor guitarrista que eu conhecia. Não que eu conhecesse muitos guitarristas...

- Oi - Percebi que Pete tinha se levantado e passei a observá-lo enquanto falava com alguém, provavelmente Travie. O sorriso dele era tão lindo, mesmo de longe, e não conseguia não sorrir de volta. Tudo ao redor era secundário.

- Patrick, alô? Rick?! 

- Quê?

- Tá secando o Wentz de novo? Por que não vai falar com ele logo?

- E-eu... Eu não sei o que dizer...

- Mas você é tipo, apaixonado por ele desde... Sempre. Para de ser covarde e vai lá falar com ele.

- Tá... - Mal acabei de falar e Joe me empurrou para frente, me fazendo cair de cara no chão. Amaldiçoei-o enquanto tentava levantar. Meus joelhos doíam e era difícil manter o equilíbrio.

- Deixa que eu te ajudo - Alguém segurou meu braço e me tirou do chão. Ele ainda tinha o sorriso no rosto, muito mais bonito de perto, e apertava meu braço de uma forma que me deixou sem-graça.

- É...

- Toma - Ele soltou meu braço e pegou meu boné do chão, colocando na minha cabeça. Senti o sangue fluindo para o meu rosto e me sentia um completo idiota. Tudo culpa do Joe.

- Obrigado.

- Hm... Você tem um minuto?

- C-claro.

- Bom, você sabe que meu aniversário é domingo né? Então, eu vou fazer uma festa e... Eu queria que você fosse. 

- F-festa? Er, eu não sei... 

- Por favor? - A cara que ele fez quase me fez cair no chão de novo - Você nem precisa ficar muito. Vai ser divertido. Hm?

- Tá bom, eu vou. Posso levar o Joe?

- O Trohman? Claro - Ele tirou um pedaço de papel do bolso e me entregou - Esse é o endereço. A festa começa às oito. Vou esperar você lá.

Ouvimos o sinal tocar e ele foi embora. No caminho para a sala, Joe voltou e me perguntou como tinha sido. Expliquei a ele sobre a festa e ele aceitou na hora. Entramos na sala e sentamos bem no fundo, como sempre. Sexta-feira era o "dia feliz" do nosso professor de história, o Sr. Massucco. Ninguém quer ficar muito perto dele quando ele está nesses dias.

- Calem a boca e abram o livro na página... Na- Naquela que a gente estava na aula anterior, se é que alguém lembra.

Ele começou a organizar alguns papéis na mesa e eu fiquei criando padrões do jeito que ele colocava as páginas (porque eu não dou a mínima para história). A ordem era: Folhas maiores atrás, escritas na frente, pequenas lisas ou escritas no meio. Meio bizarro pro meu gosto.

- Stump!

- Hm? - O susto foi tão grande que bati a cabeça na parede - Au... 

- Abra o livro.

- Tá...

- Se não você quizer pode ir para a sala do diretor. 

- Ele tá de bom humor hoje? Ouvi que ele ganhou um gato novo.

- É, ele tá alegrinho sim. Vai logo, guri.

Saí da sala, Joe quase já sem ar de tanto rir, e fui direto para a sala do diretor, que ficava a um corredor inteiro de distância. Bati na porta duas vezes e abri. Ele estava lá, parecendo um bonequinho, sentado na sua cadeira, as mãos sobre a mesa de madeira nobre, o sorriso escondido pela barba grossa.

- Olá, Patrick. Há que devo a honra?

- Nada, Dan. O Massucco tá naqueles dias e eu resolvi ficar com você - Ele pediu que eu me sentasse e colocou um pedaço de papel em cima da mesa.

- Entendo - Ele puxou uma caneta esferográfica do bolso da camisa e me entregou - Jogo da velha dessa vez?

- Claro - Fiz o jogo no papel e entreguei a caneta à ele para que começasse. A partida durou 40 segundos e eu não lembro da última vez que fui derrotado tão rápido. Disputamos mais umas trinta partidas e eu já estava ficando irritado.- Impossível. 

- Eu chamo de talento.

- Nhé.

- Você tem que ir agora. E vê se presta atenção, Patrick.

- Eu vou tentar... Mas não prometo nada.

Saí da sala e voltei para o começo da aula de matemático com o Sr. Day. Joe me passou as páginas do livro da aula anterior e eu apenas fiquei fazendo rabiscos no caderno ao invés de realmente prestar atenção. Eu disse que ia tentar, não que ia conseguir. O sinal do recreio tocou e nós saímos para a cantina. Joe comprou um hamburguer e nós nos sentamos em uma das mesas próximas a saída. 

- Quer um pedaço?

- Não. Você sabe que eu não posso comer isso.

- Aé... Foi mal.

- Tá.

- Você vai na festa dele, né? 

- Acho que vou... Não é muito longe.

- Ai você dá uns amassos nele.

- O quê?! - O sangue subiu todo para o meu rosto e quando eu dei por mim, já tinha jogado minha maçã na cabeça dele.

- Tá doido?! Au!

- V-você mereceu...

- Er... Mas não é isso que você quer? - Ele pegou a maçã do chão e deixou sobre a mesa. Eu não iria voltar a comer aquilo.

- Bom, é mas... Sei lá.

O sinal tocou mais uma vez e todo mundo começou a levantar das mesas e voltar para as salas, deixando apenas nós dois na cantina. Peguei a maçã, joguei no lixo e comecei a andar pelo corredor até o meu armário. Joe não me seguiu. O armário dele ficava do outro lado.Voltei para a sala e me sentei no mesmo lugar ao lado de Joe. Era aula de geografia com o Sr. Weiss. Ele até que era legal, mas fumava feito um condenado e eu quase morria com aquele cheiro insuportável. No meio da aula, Dan entrou e anunciou que o treinador Lyford tinha se demitido por causa de "problemas pessoais". Ninguém conteve a felicidade e demoramos meia hora para ficarmos quietos de novo. Sr. Weiss descontou 200 pontos da turma inteira, mas ninguém deu a mínima. 

- Acalmem-se. Isso não quer dizer que vocês vão ficar sem professor de educação física pelo ano inteiro.

- E quem vai ser, Sr.? - Joe levantou o braço - Vai ser uma mulher dessa vez?

- Ainda não sei, Sr. Trohman. Por enquanto, as aulas na quadra ficam restritas à banda.

- Mas e o time de futebol? - Alguém da primeira fileira perguntou e eu pensei em Pete. Ele era capitão do time.

- O time vai ficar parado por um tempo... Hm, indeterminado. Bom, é isso. Pode continuar a aula, Joseph.

- Claro, senhor. Turma, abram os livros na página...

Depois da aula, fomos liberados e chamei Joe para jogar Sonic 3 lá em casa. Pete passou por nós com Gabe quando saíamos do colégio e sorriu para mim. Assumo, não consegui me mexer por quase meia hora.

Chegamos em casa e fomos direto para o meu quarto. Lawrence estava em casa, e estava se apossando da sala inteira. Joe ligou o jogo e, enquanto a introdução passava, peguei meu violão e o deixei em cima da cama. Eu tinha algumas composições que eu achava que eram incríveis e queria que ele ouvisse depois.

- Você já me mostrou isso, Rick. São boas.

- É, mas agora estão terminadas - Ele me entregou o controle, mas eu o devolvi - Ei, minha casa, lembra? O player 1 sou eu.

- Moleque chato - Trocamos os controles e começamos a jogar. Passamos por umas cem fases até a mãe do Joe começar a ligar que nem uma louca pra minha casa.

- Acho melhor eu ir. Tchau, Rick - Ele levantou e abriu a porta.

- Tchau, até a festa.

- É, até. Vai que você consegue dar uns beijinhos no Petey?

- Desgraçado - Joguei uma almofada na direção dele, mas ele já tinha fechado a porta. Desliguei o jogo e coloquei o violão dentro do armário. Tomei um longo banho e fui pra cama. Pensei no que Joe tinha dito e não consegui tirar da minha cabeça a imagem do beijo. Ridículo, eu sei, mas foi um dos melhores sonhos que eu já tive.


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