Monstros?

Não são os bichinhos que os livros da carochinha tanto falam. Muito menos imaginários. Podem acreditar que não. As histórias infantis sempre diziam que os monstros eram criaturas malígnas, que só queriam fazer com que os elfinhos, anõezinhos e outras criaturinhas mágicas ficarem infelizes. Não. Não é assim que a coisa rola. Monstros são bem diferentes disso. Como posso saber disso?

Eu sou um monstro.

Nós não somos peludos, nem temos narizes enormes, não grunhimos, não gostamos de ferir as pessoas. Nós, monstros, não vivemos debaixo das camas puxando criancinhas que não dormem. Atualmente, somos obrigados a sermos agressivos com os seres humanos. Eles, se achando superiores, nos capturam e nos forçam a sermos humilhados. Nos jogam em um palco nojento para um monte de gente idiota ficar rindo das nossas caras. Mas alguns, como eu, nos controlamos. Servimos de capacho para os humanos e obedecemos as ordens idiotas deles. Afinal, o que podemos fazer? Mas outros se rebelam. Partem para cima dos humanos e sofrem com as consequências depois.

Foi assim que eu perdi meus pais e o resto do meu bando.

Éramos felizes antes dos humanos nos arrastarem para circos. É uma pena.

Meu pai era líder de um bando. Ele estava acostumado a mandar em todos, mas em casa, ele não maltratava ninguém por extresse. Minha mãe passava o tempo todo em casa, cuidando de mim e de Sorae, a minha irmã caçula. Éramos a família perfeita. Até nos encontrarem.

Todos do bando fugiram, só sobramos nós quatro. Levaram Sorae para Tóquio e tentaram me obrigar a dizer aonde estava o resto do bando. Foi um erro negar. Prenderam meus pais e começaram a torturá-los na minha frente. A minha mãe estava grávida de 5 meses e um dos humanos deu um chute nela. Lá se foi meu irmãozinho. Meu pai se descontrolou, revidou e... Bum! Fiquei órfão em menos de um minuto.

Depois que fui levado até o circo, perdi as esperanças de que Sorae estava viva. Desde pequeno, fui torturado e obrigdo a bancar o palhaço para aqueles humanos idiotas se divertirem. Dez anos naquele circo estúpido. Fiquei mais frio do que imaginava.

- Anda, Monstro - O dono do circo dizia, me empurrando - Faça seu show, ou fique sem comida hoje

Que homem detestável.

Não sei como aquele ali tinha esposa. Ele maltratava a mim e aos outros monstros. Mas, por alguma maneira, tinha um prazer em chicotear minhas costas. Assim que fiz 13 anos, tive que usar um casaco para cobrir as marcas do meu corpo.

Eu só queria duas coisas na vida.

A primeira era sair daquele circo.

A segunda, era matar aquele nojento que eu nem pronunciava o nome.