Piloto De Fuga escrita por Blue Butterfly


Capítulo 32
Capítulo 32


Notas iniciais do capítulo

OIEEE
Atendendo a pedidos,trago o útimo capítulo do ano :)
Boa leitura
-É de livre e espontânea vontade que os dois proclamam tais votos? o pregador perguntou sorrindo.
-Sim Jacob respondeu com exultação.
Abri a boca para dizer qualquer coisa que confirmasse aquilo, menos um sim. O meu sim eu já tinha dado a outro. Foi quando a harmonia da cerimônia foi interrompida com um monumental e histórico berro.
-Eu protesto!



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Todos viraram para trás, inclusive eu e Jacob, olhando para o inicio do corredor. Meu queixo caiu. De pé, numa calça jeans preta e rasgada com uma blusa vermelha provocante Alice olhava para nos com diversão, adorando o que estava fazendo. Ao seu lado Seth, vestido de maneira discreta com calça jeans de um azul escuro e camisa clara, balançava a cabeça, irritado.

         -Não é a hora do “eu protesto” Lice – ele murmurou.

         Mas no silêncio de morte suas palavras foram como um grito.

         -Que seja, eu sempre quis dizer isso – e ela deu de ombros, sorrindo para mim – O importante é que a gente chegou a tempo. Vamos embora Bella.

         Os convidados exclamaram, ultrajados com aquela menina, ao meu lado Jacob estava como eu, petrificado pelo espanto, sem saber o que falar e muito menos o que fazer. Alice ficou impaciente.

         -Bella, assim não vai dar tempo, vamos embora!

         -O que você acha que está fazendo? – Jacob berrou ao meu lado, furioso.

         A explosão dele me tirou do modo estátua e eu pisquei, acreditando seriamente que aquilo tudo era um sonho.

         -Livrando ela de você – Alice revidou irada.

         -Bella – Seth chamou, parando de prestar atenção na briga entre Alice e Jacob – Achamos onde ele está. Precisamos correr.

         As palavras dele esmurraram meu corpo e eu cambaleei.

         Erick!

         Seth achara onde ele estava!

         -Isabella– Jacob me chamou assustado – Não, por favor.

         Eu olhei para ele, depois para meus amigos, voltei a olhar para ele, confusa.

         -Me desculpe – pedi dando alguns passos para trás.

         -Isabella, por favor, não! – ele pediu com mais urgência.

         -Me desculpe, eu realmente nunca quis fazer isso com você.

         E saí correndo da igreja, sem me importar com os convidados, com os gritos de Sue ou com qualquer coisa atrás de mim. Minha Ferrari estava na rua, Seth e Alice corriam do meu lado. Quem passava pela calçada me encarou, surpreso, mas eu corri e tomei a direção, fechando a porta e acelerando.

         -Para onde? – gritei para Seth.

         -Pisa fundo, temos que chegar ao bairro nobre do lado sul da cidade – Seth mandou.

         -Ele está lá? – perguntei com frieza tirando a velocidade máxima do carro.

         -Sim, ele está na casa de um dos Senadores, eu consegui rastrear a mensagem do último e-mail.

         Se eu não estivesse tão concentrada e aflita, eu teria estranhado o silêncio de Alice, mas tudo o que eu conseguia fazer naquele momento era pensar no meu irmão.

         -Como vamos entrar? – perguntei.

         -Com artilharia pesada – Seth explicou – Provavelmente vamos acabar com tudo que Dino nos deu, mas é por uma boa causa.

         -Trouxeram alguma roupa para mim?

         O vestido enorme e redondo estava me incomodando. Seth, do meu lado, olhou para trás, Alice já tinha uma muda de roupa nas mãos e passava para ele. Eu parei o carro bruscamente em frente de um restaurante cafona e vazio. Com esforço, e alguma ajuda de Alice, eu me livrei do vestido, jogando-o para trás, e vesti a calça jeans e a blusa preta. Levou dez minutos tudo isso, principalmente por causa do vestido, mas assim que eu passei a cabeça pela gola, minha mão voou para o volante e eu voltei a pisar fundo.

         -Como estão os meios de comunicação da casa? – eu perguntei só para checar, sabia que Seth não cometeria um erro tão fundamental como esse.

         -Tudo sobre controle, eles não receberão nenhum tipo de informação, seja por telefone, internet, pager ou qualquer coisa que tenham.

         Corremos por cerca de meia hora, atravessando a cidade no limite da velocidade permitida, desviando das ruas mais movimentadas. Eu não podia acreditar que meu irmão estava tão perto de mim, na mesma cidade. Sempre que pensava no nosso encontro eu imaginava algo demorado, envolvendo uma viagem de uma semana. Mas só foi dar a última virada brusca no carro que eu cheguei ao bairro das grandiosas mansões.

         -Que casa? – perguntei olhando para os dois lados.

         Ele deu a informação, eu diminuí a velocidade e atravessei as ruas, vários seguranças olharam para a Ferrari, mas nenhum deles se aproximou. Estavam acostumados com aquele tipo de veículo.

         -Como pegaram a Ferrari? – perguntei de repente, só agora eu percebia aquele pequeno detalhe.

         -Invadimos sua casa – Alice respondeu, falando pela primeira vez – Não vai ficar chateada, vai?

         -Claro que não – a tranqüilizei – Só estava curiosa. Chegamos.

         Eu diminuí ainda mais a velocidade.

         -Pare o carro, eu me livro dos dois seguranças – Alice comandou numa voz fria.

         Obedeci. Ela desceu do carro e andou sinuosamente até eles. No início, eu vi, com pavor, eles segurarem as armas, mas assim que ela se aproximou eles trocaram um olhar que eu não entendi e se aproximaram dela.

         -Oi gatinhos – Alice começou pondo a mão no peito de um deles – Eu e minha amiga fomos convidadas para uma festinha ai dentro, podemos entrar? – e piscou para o outro segurança.

         -Não estamos sabendo de nenhuma festinha – o que estava mais longe falou, parecia que o outro estava atordoado de mais com ela.

         -É a nossa deixa Isabella– Seth avisou.

         -O que eu faço? – perguntei surpresa.

         -Isso está armado com tranqüilizantes – e deu uma arma para mim – É só mirar certo e atirar.

         Para minha surpresa, minhas mãos não tremeram, eu seria capaz de tudo para tirar meu irmão dali, até mesmo achar coragem para fazer aquilo. Num gesto rápido, eu e Seth saímos do carro, miramos nos dois rapazes e atiramos. Seth errou o primeiro tiro, mas Alice fez o trabalho dele socando o rapaz e o segurando para que Seth fizesse certo. Eu, com uma habilidade desnatural, atirei direto no peito largo do segurança. Quase que instantaneamente ele caiu.

         -Rápido temos que colocar os dois no carro – Alice mandou já arrastando o primeiro. Ela estava certa, não podíamos dar na vista o que estávamos fazendo, embora as casas fossem muito afastadas uma das outras, não era sensato abusar da sorte.

         -Onde conseguiram isso? – perguntei enquanto ajudava Alice a arrastar um deles para o porta-malas.

         -É tranqüilizante para cavalo, compramos num pet-shop – ela contou sorrindo.

         E eu tive que sorrir junto. Fechamos o porta-malas com os dois corpos embolados e voltamos para o carro. Seth digitava no computador, a testa franzida em concentração. O portão se abriu por algum comando dele e eu entrei na mansão.

         -Agora começa o bang-bang – Alice contou feliz.

         Seth sacudiu a cabeça, pelo visto ele desistira completamente de pôr um pouco de juízo na cabeça daquela menina.

         -Tome Bella, é uma automática, use com cuidado – e me deu uma arma enorme que eu nunca pensei em tocar – E você, Seth, fica com a irmã gêmea da Bella – e deu uma arma igual a ele – O resto é meu.

         Nos aproximamos da casa, dez seguranças se aproximaram da porta, confusos com a entrada da Ferrari. Mas eles não estavam com as armas apontadas para nós, pelo menos não por enquanto. Alice abriu um pouco o vidro e lançou algo no chão. Os homens olharam para o objeto, alguns tocando as armas, mas a bomba explodiu antes que eles fizessem qualquer coisa, jogando seus corpos inconscientes para todos os lados. Me assustei, eu nunca pensei em ferir ninguém.

         -Eles estão bem – Alice garantiu com frieza – Isso não é forte o suficiente para matá-los.

         Acreditei nela, não tinha outra escolha, e corri para fora junto com os outros. Seth ia na frente, Alice ao seu lado, apontando a arma para todos os lados com habilidade. Atravessamos a porta de entrada e demos com uma mulher vestido num roupão de seda divino, os cabelos presos num coque elegante.

         -Mas o que está… Ah! – e berrou ao ver as armas.

         -Cala boca – Alice mandou.

         Ela obedeceu, trêmula. Alice se aproximou e a acertou na cabeça com violência, deixando-a cair no chão, apagada.

         -Ela também vai continuar viva – ela disse antes que eu me sentisse mal.

         Nós corremos para cima, os funcionários se espantaram com a explosão e por isso não ficaram no nosso caminho, era o que eu achava, não tinha tempo para conferir se estava certa ou não.

         Foi só quando chegamos no andar que queríamos que Alice nos fez parar de correr.

         -Eles estão aqui – ela anunciou – E com certeza estão armados, vai ser atirar ou morrer, eles não terão piedade de nós, não podemos ter piedade deles. Entendeu Bella? Se você vacilar, seu irmão morre.

         -Tudo bem – eu concordei.

         Ia contra todos os meus princípios. Mas era meu irmão! Era Erick! E por ele eu era capaz de tudo.

         -Seth – Alice chamou – Eu não quero que você morra, então trate de se manter vivo, entendeu?

         -Sim.

         Respiramos bem fundo, acertamos as armas e prosseguimos com calma. Alice estava certa (acho que já repeti isso várias vezes), havia homens armados lá, mas não demos tempo para eles nos acertarem, Alice jogou duas bombas, uma de fumaça e uma igual a que derrubou os homens lá embaixo.

         -Corram – ela mandou.

         Seth tomou minha mão e me guiou no meio da fumaça e da confusão, tropeçamos em corpos caídos e fomos acertados por pessoas que ainda estavam em pé, mas mesmo assim continuamos correndo, até chegar numa porta fechada. Seth apontou a arma ao nosso redor enquanto eu atirava na fechadura, eu tentei primeiro abrir, mas ela estava trancada.

         Quando a arma atirou, meu corpo foi lançado para trás batendo com força na parede, o som de tiros explodia nos meus ouvidos, mas eu controlei a automática com custo, ela lembrava minha Ferrari quando ficava descontrolada, quando me dei por satisfeita chutei a porta e entrei. Entrei e congelei onde estava.

         -Você? – perguntei surpresa.

         -Surpresa, querida Isabella– ele me provocou.

         Erick estava nos braços dele, uma arma apontada na sua cabeça cheia de cachos louros.

         -Por favor, não. Nós podemos chegar a um acordo, não precisa matá-lo – eu sugeri nervosa.

         Erick me olhava com angústia, seus bracinhos estavam estendidos na minha direção, lágrimas rolando em seus olhos.

         -Você não sabe atirar, Isabella, é só uma patricinha fingindo que é rebelde, nós dois sabemos que eu posso matar vocês dois antes mesmo de você atirar.

         -Por que está fazendo isso comigo? – perguntei, lágrimas rolando no meu rosto.

         -Por esporte – e riu diabolicamente.

         -Por favor, não. Me mate, ele não – implorei.

         -Eu não cometo o mesmo erro duas vezes. Um dia eu fiz isso, deixei a mãe morrer no lugar do filho, e adivinha? Ele cresceu e se tornou um dos piores inimigos do Partido. Deixar Edward vivo foi um grande erro, um erro que eu não cometerei de novo.

         -Você matou os pais dele? – perguntei sem esperar uma resposta, eu acreditava que ele era capaz – Então por que deixou nós dois vivos? – perguntei confusa.

         -Simples: por causa dos Black. Jacob te protegeu de todas as maneiras possíveis, eu não tive chance de te matar depois que acabei com seus pais, ele é muito mais inteligente do que eu esperava, ele sabia que alguma coisa estava errada com a morte dos seus pais e o seqüestro de seu irmão, então te protegeu, você não tem idéia do que ele foi capaz para protegê-la. Mas eu queria você morta, então o pressionei para usar você como isca para os anarquistas. E foi aí que eu cometi meu segundo grande erro: eu não pesquisei qual dos anarquistas você conhecia, nem imagina o quanto eu fiquei furioso quando soube que te entreguei de bandeja para Edward. Das duas uma: ou ele ia te matar, deixando tudo mais fácil para mim, ou ele ia deixar você viver e te protegeria, e com ele, eu não poderia te matar. Eu fiquei muito frustrado, foi então que tive a brilhante idéia de te chantagear com seu doce irmão. No fim, eu sabia que me acharia e viria atrás de mim. Ainda bem que eu não o matei quando quis, ele se tornou uma arma muito interessante.

         -Acabou – eu falei sem emoção – Seu jogo acabou, estou aqui, pode me matar agora, não precisa mais do meu irmão.

         -Muito pelo contrário, Edward gosta de você e você gosta dele, invadiu Concluán por ele, agora eu vou usar seu irmão para fazer o mesmo com ele.

         -Não sou eu – eu percebi com espanto – É ele, é ele que você quer atingir!

         -Não, é você, sempre foi você, mas não custa nada aproveitar um pouco mais. Enquanto ele for útil, seu irmão permanece vivo, quando eu não precisar mais dele, eu o matarei. Não vai dizer que prefere ele morto?

         E então eu vi o jogo todo na minha frente, e o meu lado não era nada bom. Alice e Seth estavam lá fora da sala, lutando pela própria vida, meu irmão estava preso nos braços dele, uma arma apontada para sua cabeça. Minha mente estava vazia, eu não tinha plano nenhum para salvar meu irmão. Deitei a arma no chão devagar, para que ele visse bem o que eu estava fazendo, me afastei da arma e olhei para ele.

         -Você venceu – admiti – Não sou idiota, sei quando não tenho mais chances. Posso pedir só uma coisa?

         -Depende – e sorriu para mim.

         -Pode deixar meu irmão vivo? – pedi.

         -Não – e riu para mim com maldade.

         -Então posso abraçar meu irmão, por favor? – implorei.

         -Tudo bem! Mas se você tentar qualquer coisa, eu mato os dois.

         Eu me aproximei do meu irmão, instintivamente ele se afastou um pouco, a arma apontada para nós. Erick correu para mim, chorando, e me abraçou com seus braços pequenos e magros. Eu o apertei no meu peito, forte.

         -Eu te amo Erick – disse – Nunca esqueça disso, eu sempre te amarei.

         -Isabella, não me deixe – ele pediu chorando.

         Eu o apertei com mais força.

         -Jogada um sete dois – eu sussurrei para ele.

         -Se afastem, já chega de despedidas.

         Eu me afastei um pouco, Erick voltou para trás, o homem o pegou com violência e voltou a apontar a arma na sua cabeça. Eu parei de andar para trás, olhei para meu irmão, a compreensão e o medo invadiam sua face. Ele entendera o que eu queria, ensaiar jogadas era uma das brincadeiras preferidas entre ele e Edward. Olhei para meu inimigo, contei até cinco mentalmente, tinha a mania de contar mentalmente sempre que precisava de coragem para algo impossível. Então corri na direção dele.

         Automaticamente, ele apontou a arma para mim, nesse momento Erick se jogou completamente para trás e desequilibrou o homem, eu pulei em cima dele e segurei a mão com a arma, Erick correndo para fora e gritando por ajuda.

         Nós dois rolamos no chão, furiosos, era uma luta mortal, o jogo tinha virado, estávamos equilibrados agora. Os dois com as mesmas chances de viver. E de morrer. Ele ia me dar um soco quando seu corpo desabou, um barulho ensurdecedor invadindo o quarto.

         Eu o empurrei para longe de mim e ele não reagiu. Olhei para frente e vi Alice, seu rosto estava com marcas, seu lábio rasgado e seu nariz sangrando, ela suava e parecia com dor, mas a arma estava firme em suas mãos.

         -É matar ou morrer – ela citou com frieza – E eu não vou deixar vocês morrerem. Vamos embora, está na hora de sair daqui de vez.

         Eu concordei, meu irmão se aproximou, tremendo.

         -Isabella, você está bem? – ele perguntou angustiado

         -Erick!

         E eu o abracei com força, enchendo suas bochechas de beijos.

         -Eu te amo, te amo meu querido, eu juro que nunca mais alguém vai tocar em você, vai separar você de mim, eu juro meu amor, eu juro.

         Ele começou a chorar.

         -Bella, vamos – Alice mandou me ajudando a ficar de pé, meu irmão no meu colo.

         -Como está o Seth? – perguntei apertando meu irmão com força.

         -Ele está bem, meio surdo, mas bem.

         -Vocês se machucaram?

         -Não, estamos bem.

         Encontramos Seth sentado no chão, a cabeça enterrada nas mãos, pálido.

         -Seth? – perguntei assustada.

         -Ele está bem, pelo menos fisicamente – Alice explicou se aproximando dele – Ele acabou matando alguém tentando me proteger.

         Alice tomou a mão dele e o ergueu

         -Vamos, temos que sair daqui.

         Ele nos seguiu, Alice apontava a arma na nossa frente, nenhum dos outros queria fazer isso.

         Voltar para o carro foi menos complicado, eu tomei a direção de novo, Seth foi atrás com Alice e Erick.

         -Para onde? – Alice perguntou para Seth.

         Ele não respondeu, seus olhos fitavam a janela sem nada ver, o rosto vazio de expressão.

         -Vamos para casa – Alice decidiu.

         -Para nossa casa? – Erick perguntou num sussurro de choro.

         -Para a casa dos Black – Seth respondeu numa voz vaga.

         -Como é? – Alice e eu perguntamos juntas.

         -Precisamos do apoio dos Black agora – Seth revelou cansado.

         -Por quê? – Alice perguntou, ela ainda não tinha percebido o que eu e Seth tínhamos.

         -Por que acabamos de matar o vice presidente, Yan Caalabe – ele respondeu rispidamente – Por que somos um grupo de assassinos foragidos, buscados por toda a polícia, por que precisamos de proteção para a droga do plano dar certo, por que… – e um choro estranho subiu por sua garganta e ele começou a tremer.

         Eu conseguia entender o que ele sentia, embora não pudesse sentir o mesmo: eu jamais seria capaz de matar alguém, percebi isso naquela sala, no momento que vi meu irmão correndo risco de vida. Por mais que eu o odiasse, eu jamais poderia atirar nele. Eu não era capaz disso, meu pai me ensinou a respeitar a vida acima de tudo. Eu jamais seria uma assassina por vontade.

         Seth matara alguém, embora fosse para proteger Alice, o sangue estava nas mãos dele, ele matara e aquilo assombraria sua vida para sempre, ele nunca mais esqueceria aquele dia tenebroso. Mesmo que ele se tornasse um matador profissional, aquela primeira morte seria seu tormento interior.

         Apesar de entender por que ele chorava como uma criança, desconsolado, eu não era capaz de dizer nada para ele, nada parecia suficiente para diminuir sua angústia. Olhei pelo retrovisor, Erick estava encolhido num canto, assustado e confuso com aquela situação e com aquelas pessoas, mas ainda sim feliz por estar comigo. Alice, no meio deles, olhava para frente, fria e dura como uma estátua. De todos que estavam ali, só ela podia entender o que Seth passava, e se ela achava que sendo fria e deixando ele sozinho seria melhor, eu não questionaria. Não sabia exatamente o que Alice fez antes de nos conhecer, mas era muito claro que armas e rapazes a acompanhavam de perto.

         Mas com tudo aquilo acontecendo eu ainda não podia deixar de me sentir angustiada por ter que encontrar Jacob e os Black. Eu o abandonara no altar da forma mais humilhante que eu podia imaginar, me odiar seria o mínimo que ele poderia fazer. Eu duvidava que eles fossem nos ajudar, mas se Seth achava melhor… O plano era dele, eu obedeceria.

         -Isabella– a voz fina e infantil cortou nosso silêncio com um misto de pavor e cansaço – É verdade que a mamãe e o papai e o Embry morreram.

         Senti o sangue fugir do meu rosto e tudo ficou muito sombrio. Seth saiu do seu topor e Alice abandonou a posição de estátua, os dois olhando com dor e piedade para meu irmão.

         -É verdade Erick, aqueles homens mataram nossa família – respondi num sussurro.

         Ele começou a chorar com a sinceridade e a dor que só uma criança que perde sua infância poderia fazer.

         -Isabella, você vai morrer também? – ele grasnou entre seus soluços.

         Não agüentei, parei o carro sem me importar com as buzinas irritantes atrás de mim, virei meu tronco para trás e estendi meus braços para ele, pegando-o no colo e o trazendo para frente, abraçando seu corpo pequeno com força.

         -Nunca vão nos separar, Erick, eu juro que não. Eu nunca vou deixar você, você sempre poderá contar comigo. Não importa o que acontecer, nós dois vamos ficar juntos, eu vou cuidar de você – prometi do fundo do coração.

         -Eu também vou cuidar de você – ele prometeu me abraçando também.

         Alice e Seth esperaram em silêncio, sem interromper aquele momento de reencontro e promessas. Quando terminamos, ele voltou para trás, mais calmo, ela sentou meu irmão em seu colo e sorriu para ele, brincando com seus cachos.

         -Erick, está e a Alice e ele é o Seth – apresentei com carinho – São meus – eu ia dizer amigos, mas eles eram mais do que isso – Eles são como irmãos para mim.

         Alice abriu um sorriso ainda maior e Seth acenou para ele.

         -Bella – Seth se dirigiu a mim antes que eu voltasse a dirigir – Acha que os Black nos ajudarão?

         -Não – respondi sem hesitar – Jacob deve estar furioso comigo agora.

         -Então esqueça os Black, somos foragidos mesmo, vamos voltar para o esconderijo. Eu quero ver Laura.

         -É uma ótima idéia – Alice concordou sorrindo de leve para ele.

         Seth não respondeu, apenas balançou a cabeça e olhou para fora. Mais aliviada, eu voltei a dirigir.

         Alice saberia lidar com Seth.

         Eu finalmente tinha minha família de volta na figura do meu amado irmão.

         E eu estava voltando para o homem com quem o pregador disse que deveria me casar: meu melhor amigo.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam?
Alguns avisinhos:
-Vou viajar na próxima semana, então ficarei sem postar. Assim que voltar, eu mando notícias.
-Seus comentários estão cada dia mais lindos ^^, muito obrigada,alguns realmente me emocionam
-Estou postando uma nova fic,ela é bem diferente de Piloto de Fuga, mais romântica. O nome é Romance a Dois, quem quiser ler e comentar, fique a vontade
-E finalmente...
Nunca pensei que em menos de um ano pessoas tão especiais iam fazer tanta diferença na minha vida como vocês fizeram. Obrigada pelo carinho,paciência e consideração com a fic e comigo. Espero que ano que vem possamos firmar mais ainda essa bela relação. Amo vocês ^^
Feliz 2013 pra todo mundo ^^



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