Piloto De Fuga escrita por Blue Butterfly


Capítulo 30
Capítulo 30


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :)



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Era uma manhã clara de domingo, uma brisa suave percorria o jardim imenso fazendo com que as folhas secas rodassem sem um caminho definido. Minha cabeça acabou caindo na árvore imensa em que apoiava minhas costas e o sono me levou para longe…

Eu amava o cheiro daquele perfume, seu odor entrava em mim numa mistura de calor e flores. Mamãe sorriu para mim, espirrando um pouco do perfume no meu braço. Mais uma vez eu cheirei meu punho, deliciada com aquele perfume.

         -É tão bom mamãe.

         -Eu sei minha querida, é meu perfume preferido também.

         Ouvi o choro baixinho e insistente subindo as escadas. Logo papai entrou pelo quarto com Embry nos braços.

         -O que foi meu querido? – mamãe perguntou ternamente pegando meu irmão no colo.

         Embry deitou a cabecinha pequena de criança de dois anos no ombro de minha mãe, parando de chorar. Papai sentou ao meu lado e bagunçou meu cabelo, sorrindo para mim. Eu sorri de volta e olhei para a barriga fabulosa de minha mãe, pensando no irmãozinho que estaria lá aguardando para nascer. De repente, fui tomada por uma onda de amor que não consegui explicar, só sentir. E o que eu sentia é que eu amava aquele menininho profundamente.

         -Quando o bebê vai nascer papai? – perguntei deitando minha cabeça no seu braço.

         -Logo, minha princesinha.

         -Como ele vai se chamar? – perguntei curiosa.

         -Erick, meu amor – mamãe respondeu com carinho se aproximando de nós.”

As imagens foram ficando estranhas, meio borradas, até que um manto negro cobriu tudo.

“-Ele não pára de chorar – Embry reclamou tapando as orelhas e fazendo careta.

         Mamãe entrou na sala carregando o bebê pequeno e rosado para sala, sem saber como parar aquele choro. Papai vinha atrás, tão perdido quanto ela. Eu levantei do sofá e me aproximei do bebê com cuidado, ele deixava a boquinha rosada aberta num “o”  enquanto gotinhas minúsculas saíam de seus olhinhos.

         -Posso pegar ele um pouquinho? – pedi para minha mãe.

         Ela concordou, já que tanto ela como meu pai não conseguiram acalmar meu irmãozinho. Eu o levei até o sofá e dei um leve beijo na sua testa, dizendo com muita seriedade:

         -Não chore bebê, não tem por que chorar, todo mundo aqui te ama – e toquei suas mãozinhas, sorrindo para ele – Um bebê tão lindinho não pode ficar chorando desse jeito, vamos lá pequeno Erick, sorria para mim, sorria – pedi.

         Ele foi se acalmando, eu aproveitei e fiz algumas das caretas que eu ensaiava de frente para o espelho e ele acabou rindo da minha cara.

         -Quem é o bebê mais lindo do mundo? É o Erick – e beijava seu nariz pequenino.

         -Você conseguiu! – minha mãe se surpreendeu.

         Sorri para ela e voltei a brincar com Erick, meu coração aquecendo cada vez mais com o amor avassalador que me contagiava.

As imagens foram ficando estranhas, meio borradas, até que um manto negro cobriu tudo.

“-Erick? Erick, onde está você?

         Eu caminhei até o grande carvalho, olhando ao redor em busca de cachos loiros e um sorriso cândido, não achei nenhum dos dois, mas ouvi a risada familiar e segui o som. Passei por alguns arbustos de porte médio até chegar finalmente no gramado, Erick estava perto de uma bola de futebol, um garoto muito ruivo a poucos metros se posicionando como goleiro.

         -Então é aí que você está! – eu chamei indo na direção dos dois.

         -Isabella– a vozinha infantil cortou o ar enquanto ele corria para me abraçar – O tio Aiec tá ensinando a joga bóia.

         Eu o peguei no colo, o apertando com força.

         -É mesmo meu amor? Que bom. Você já marcou algum gol no Edward?

         -Dois – e levantou dois dedinhos minúsculos para mim, sorrindo candidamente.

         -Nossa, então você é um super jogador – elogiei beijando a ponta de seu nariz mínimo.

         -Ele é incrível – Edward concordou vindo até nós.

         Ele beijou minha testa e pegou meu irmão quando Erick estendeu os braços para ele. Como se carregasse uma pluma, Edward o colocou nos ombros e, com uma mão, segurou suas costas para que ele não tombasse. Eu peguei a bola e os levei de volta para casa, já passava da hora de Erick tomar banho.

         -Obrigada por ter vindo ensiná-lo – agradeci.

         -Não foi nada, Erick aprende rápido e vai ser um jogador muito bom, não é garotão?

         Meu irmão, perdido brincando com uma borboleta que voava ao seu redor, certamente encantada com seus cachos louros e brilhantes, concordou com uma risada gostosa e voltou sua atenção para a borboleta.

         -Jacob não ia ensinar? – Edward perguntou com curiosidade.

         -Ele tentou – respondi afetadamente – Mas ele achou muito difícil ensinar uma criança de três anos a chutar uma bola.

         Na verdade, Jacob tinha sido um pouco grosso com meu irmão, gritando com ele quando Erick não fazia o que ele mandava, mas não era uma coisa que eu contaria a Edward, da última vez que ele soube que Jacob gritou com Erick ele tinha dado uma surra no rapaz.

         -Jacob é um imbecil Bella – Edward falou com simplicidade, como se anunciasse que a noite logo viria.

         -Não fale assim dele, ele só não tem paciência – eu o defendi.

         -Ele só não tem paciência, ele só é um pouco mandão, ele só estava de mau-humor… quando vai parar de inventar desculpas para ele? Bella, Jacob é um completo imbecil.

         -Competo imbecil – Erick repetiu rindo.

         Nós dois olhamos para ele, alarmados, aquilo estava na lista de coisas que Erick não devia sair por aí dizendo.

         -Tá vendo – eu briguei olhando feio para o ruivo.

         -Que culpa eu tenho se até o garoto percebe o óbvio – Edward provocou se fazendo de inocente.

         Dei um leve tapa em seu braço e acabei sorrindo.”

As imagens foram ficando estranhas, meio borradas, até que um manto negro cobriu tudo.

“-Deixa que eu atendo – e corri para o aparelho – Alô.

         -Bella? É o Edward!

         -Oi! – eu gritei muito feliz.

         -Eu posso ir aí hoje a noite? – ele pediu.

         -Fala mais alto – o barulho das crianças correndo estava quase me deixando surda.

         -EU POSSO IR AÍ HOJE A NOITE? – ele gritou.

         -Ai! Não tão alto! Pode, eu deixo a porta aberta para você.

         Eu não consegui ouvir mais nada, os meninos correram até mim cheios de apitos barulhentos e eu desliguei o telefone, tapando as orelhas. Jacob surgiu na sala, horrorizado com aquela bagunça de crianças correndo.

         Nós fomos para fora, buscando um pouco de tranqüilidade. No jardim, um bolo imenso estava todo enfeitado de carrinhos de chocolate e pipas de coberturas diferentes, bexigas voavam por toda a parte enquanto uma vela de seis anos ostentava-se no topo do bolo, imperiosamente. Era o aniversário de Erick.

         -Isabella, olha só o que eu ganhei! Foi o Jacob que deu para mim!

         Meu irmão apareceu correndo com um embrulho enorme nas mãos, um grande caminhão cheio de carrinhos dentro dele.

         -Muito bonito Embry. Onde está o Erick? – perguntei procurando meu irmão no meio daquelas crianças todas.

         -Ele está lá naquele canto – e apontou para uma região cheia de árvores no nosso jardim – Ele disse que não quer brincar agora.

         Com um pedido de desculpas, eu deixei Jacob conversando com Embry e fui atrás do aniversariante, preocupada com sua reclusão. Embry estava certo quando ao sentido que meu irmão tomara, ele realmente estava lá, encolhido perto de uma árvore, triste.

         -Oi meu amor – cumprimentei sentando ao seu lado.

         Nas mãos dele estava um barco de tamanho considerável, todo mecanizado e com controle remoto. Um presente perfeito, não fosse o pequeno fato que ele odiava tudo o que se relacionava com o mar.

         -Quem te deu? – perguntei tocando no brinquedo.

         -Jacob – ele respondeu inconformado.

         Trocamos um olhar de divertimento e piedade.

         -Ele não acerta uma, não é mesmo? – brinquei o empurrando de leve.

         -Nunquinha.

         -É isso que te chateia? Se quiser, eu falo para o Jacob que você não gostou do presente, tenho certeza que podemos trocar…

         -Não, não é por isso – ele me interrompeu com desânimo.

         -Então o que é?

         -O Edward não vai vir? – e seus olhinhos caíram em mim, buscando uma resposta.

         Erick adorava Edward, eu nunca pude negar isso. Quando Jacob reclamava da preferência descarada do meu irmão por ele, eu dizia que era apenas algo de nome, Erick só preferia Edward por que ele também tinha o nome começando com A. Mas eu sabia que aquilo era mentira, Erick gostava do meu melhor amigo por que ele sempre tratava meu irmão da melhor maneira possível, com uma paciência e uma bondade sem limites.

         -É claro que ele vem. Alguma vez Edward deixou de faltar ao seu aniversário?

         -Não, mas ele tá demorando – meu irmão reclamou.

         -Erick – e segurei seu queixo, olhando para seu rosto – Edward não pode vir agora, mas ele já ligou avisando que vem de noite. Ele te adora garoto, é claro que ele não vai deixar de te ver. E tenho certeza que ele vai acertar no seu presente.

         Eu estava certa, naquela noite Edward apareceu com um embrulho redondo nas mãos. Ele não chegou a entrar, estava com pressa, então, enquanto minha mãe comandava a limpeza da casa e meu pai estava no hospital, eu e Erick nos esgueiramos pelo jardim chegando até o ponto de encontro.

         -Edward – meu irmão gritou assim que o viu.

         -E aí garotão – o ruivo cumprimentou o abraçando com força.

         -Você veio!

         -É claro que vim, acha que eu esqueceria do aniversário do meu melhor amigo? Trouxe até um presente, espero que você goste.

         Erick abriu o embrulho, uma bola velha apareceu.

         -Ela foi a minha primeira bola, meu pai que comprou para mim quando eu tinha seis anos. Agora eu dou ela para você, espero que cuide dela tão bem quanto eu cuidei. Você pode fazer isso pra mim?

         Os olhos de Erick se encheram de brilho enquanto ele apertava a bola velha no peito, guardando-a como se fosse o objeto mais precioso do mundo.

         -Eu posso, prometo que vou cuidar dela muito bem. Obrigada Edward, foi meu melhor presente.

         -Que bom – e abraçou meu irmão.

         -Eu vou mostrar para o Embry – Erick contou saltitando de felicidade.

         Só depois que ele se afastou é que eu corri para Edward e o abracei com força.

         -Desculpe – ele me pediu envergonhado – Foi a única coisa que eu consegui. Prometo que, assim que puder, eu compro um presente de verdade para ele.

         -Está brincando? Foi o melhor presente da vida dele – eu o tranqüilizei ainda abraçada a ele – Ele vai passar dias e dias limpando aquela bola, se duvidar vai escondê-la a sete chaves. Ele te adora, Edward, qualquer coisa que você der a ele vai ser sempre especial.

         -Uma bola velha Bella? Em que lugar do mundo isso é especial? – ele ainda estava envergonhado.

         Me separei dele e, com cuidado, retirei do pescoço uma corrente fina e prateada, sem nenhum detalhe especial ou um pingente.

         -Isso passou pela família da minha mãe de geração em geração, sempre nos pescoços das filhas mais velhas. Eu já ganhei muitas coisas de minha mãe, mas esse foi o melhor presente que ela me deu.

         Ele tomou a corrente da minha mão, analisando-a com cuidado, por fim sorriu e me devolveu o objeto.

         -Eu não sei se minha bola vai durar tanto tempo assim – ele brincou.

         -Sinceramente, pouco me importa quem já usou isso além da minha mãe. Para Erick vai ser igual. Se você falasse que a bola está na família de alguém por bilhões de anos, ele não gostaria tanto dela do que se você dissesse que ela já te pertenceu. Fique tranqüilo, ele gostou do presente. Pelo menos foi melhor do que o do Jacob – garanti.

         -O que aquele imbecil deu para o Erick? – Edward perguntou rindo como se já soubesse a resposta.

         -Um barco – respondi, deixando o imbecil passar.

         -Mais é um idiota mesmo – e riu comigo.”

-Isabella?

         Abri os olhos, acordando de repente.

         Desorientada, olhei ao redor, não me lembrando exatamente como eu parara naquele lugar.

         -Jacob? – eu resmunguei.

         -Mamãe está te chamando, ela quer que você decida a textura do convite.

         Eu me ergui, meio zonza, e cambaleei para dentro da casa, ainda atordoada com os sonhos que tive no pequeno jardim dos Black.

         Entrei numa das inúmeras salas e achei Sue sentada em frente de uma mesa gigantesca, inúmeros papeis cobrindo cada cantinho dela. Só de olhar eu podia ver que tinha mais de mil deles. E uma menina ao lado dela, usando um uniforme colorido, colocava ainda mais.

         -Ah, que bom que você chegou, minha querida – Sue suspirou – Temos que escolher a textura do convite do casamento, outra do cartão da festa e uma para o envelope.

         Meu queixo caiu enquanto eu admirava toda aquela variedade. Se só para o convite eu teria que passar por tudo aquilo, como seria a escolha do vestido???????????

         Ainda boquiaberta, caí numa das cadeiras almofadadas e comecei a tocar os papéis com desânimo, aquilo levaria horas…


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam desse capítulo?
Eu gosto muito de trabalhar com as lembranças dela, porque vão explicando as decisões que ela toma. Para quem imaginou que o rosto que ela não conseguia esquecer no capitulo anterior era do Edward..........
Acertou!!! Bem no final,ela fala sobre o sorriso rasgado, e esse é o sorriso dele :)
Bem,comentem, seus comentários me motivam muito e me fazem cada dia mais feliz!!!



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